sábado, 8 de agosto de 2015

Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil

Fazia tempo que o Brasil não era perscrutado com tanta atenção e preocupação fora de suas fronteiras, sobretudo porque a crise da Petrobras e a Operação Lava Jato já afeta vários países estrangeiros. Todos querem saber como a crise vai acabar. A mídia internacional está contatando os correspondentes de seus países em busca de notícias e comentários.

O jornal The New York Times cunhou uma frase que acendeu o alarme ao afirmar que o Brasil passou de nação “emergente” a nação “em emergência”. Este país preocupa, neste momento, não só ospaíses-irmãos do continente latino-americano, mas todas as chancelarias da Europa e Ásia.

“É que tudo foi muito rápido”, comentavam comigo, intrigados, os colegas de uma emissora de rádio chilena e de outra que transmite em espanhol nos Estados Unidos.

Perguntam o que Lula pensa da crise, se é verdade que a presidenta Dilma Rousseff pode cair, se o ministro da Fazenda, Joaquim Levy,tem ainda margem de manobra para frear os gastos e garantir um ajuste final digno de confiança.

Também me perguntam o que a oposição está fazendo e o que pensam as pessoas da rua e dos círculos empresariais. E o jornalista fica perplexo ao ver como a crise é vista e acompanhada até os últimos detalhes longe das fronteiras brasileiras.

Isso é bom ou ruim? É positivo esse interesse e preocupação pelo que até ontem era visto como o gigante econômico da região, capaz de começar a ter protagonismo mundial? Ou está mais para uma atenção mórbida?

Difícil saber. Há quem prefira pensar que seria melhor que esses países se preocupassem com seus problemas domésticos e deixassem o Brasil em paz, ao mesmo tempo que não poucos brasileiros desejam saber como o que se passa aqui dentro é visto e sentido fora do país.

Pessoalmente, acho que em um mundo globalizado nem é possível nem positivo que um país se isole, submerso em suas crises e problemas, sem que os demais se interessem por ele.

Não deixa de ser positivo que o mundo se preocupe e se surpreenda com o que um editorial deste jornal chamou de “tripla crise brasileira”, porque sabe que uma derrocada deste país, de posição-chave na América Latina e que começava a ser uma peça importante no xadrez mundial, pode afetar a todos.

Hoje, dificilmente existem crises econômicas e políticas isoladas no mundo. Umas se alimentam, enriquecem ou empobrecem com as outras. De algum modo todos estamos em um mesmo barco planetário.

Sempre se disse que, quando um país importante com o os Estados Unidos se resfriavam, os outros pegavam uma pneumonia. Hoje, estamos todos tão perto, tão conectados para o bem e para o mal que ninguém fica doente sozinho.

Existe o desejo de que se dissipem quanto antes os fantasmas que hoje, como em todas as crises do mundo, assustam e golpeiam as camadas mais fracas da cadeia social

Apesar da crise atual, o Brasil continua sendo visto como um país invejado por suas possibilidades, suas riquezas naturais e humanas e seu papel estratégico no tabuleiro mundial.

E há algo positivo que se observa na preocupação externa com a crise que o golpeia: não existe satisfação nem sequer dissimulada com os males que afligem o Brasil. Pelo contrário, nota-se uma mescla de simpatia por este país. Ninguém gosta de vê-lo caído no ringue, mas percebe-se, ao se constatar esse interesse pela crise, um desejo de vê-lo novamente vivo e erguido

E os brasileiros? O que pensam da crise?, perguntam no exterior. A resposta não é fácil nem é única porque a sensibilidade proverbial dos brasileiros está ferida e os sentimentos estão à flor da pele.

No entanto, não acho que me engano, escutando pessoas de diferentes estratos sociais, ao acreditar que há um denominador comum que atravessa todos os segmentos da crise e que poderia ser resumido assim: o Brasil é mais importante que seus políticos; os presidentes passam, e os brasileiros com suas virtudes e defeitos e seu desejo de ser felizes seguem seu caminho. Ninguém deseja o pior, nem como vingança. E embora custe às vezes confessar e até acreditar, existe a esperança, às vezes muda e às vezes verbalizada, de que a crise acabe o mais rápido possível para que o país volte a crescer.

Existe o desejo de que se dissipem quanto antes os fantasmas que hoje, como em todas as crises do mundo, assustam e golpeiam as camadas mais fracas da cadeia social.

A esses, por exemplo, que se viram forçados a lançar mão de suas pequenas economias. Haviam começado a fazê-las com orgulho, como os cidadãos dos países desenvolvidos, pensando que amanhã seus filhos poderiam usá-las, mas hoje se veem obrigados a gastá-las para enfrentar a crise.

O Brasil voltará a poder sorrir quando os pobres, que se haviam livrado da miséria, puderam voltar a poder economizar.

Máximas de Ulysses, reincidência de Dirceu, aviso das ruas

"Não há Direito nem Liberdade para o mal". Eis uma das mais sintéticas e verdadeiras máximas de Ulysses Guimarães. O pensamento do saudoso parlamentar e estadista ganha especial relevância e atualidade nesta semana da nova prisão de José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil do Governo Lula, já condenado por corrupção no processo do Mensalão (relatado no Supremo pelo ministro Joaquim Barbosa). Agora, reincidente, ele terá que responder pela agravante acusação de "enriquecimento pessoal ilícito”, perante o juiz Sérgio Moro.

Semana também do programa político do PT, apresentado em rede nacional na agitada noite de quinta-feira, 6, cheirando a fósforo e gasolina espalhada em pleno horário nobre da televisão brasileira. Ancorado pela presidente Dilma Rousseff e seus coadjuvantes petistas Rui Falcão, Lula e o ator José de Abreu (em desempenho mais caricato que do inverossímil e tresloucado mendigo que encarnou na novela "Avenida Brasil).

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Um espetáculo de incrível precariedade e insensatez sob qualquer ângulo de observação e análise. Medíocre, mambembe, quase chinfrim (tanto do ponto de vista do formato e do conteúdo geral - comparados com outros programas do gênero -, quanto sob o estrito ângulo de peça de marketing partidário ou de propaganda institucional).

Só superado, talvez, pelo inglório, grotesco e insano ato de provocação pública protagonizado, no plenário do Congresso, pelo senador e ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello (banido do cargo supremo de governo por corrupção), ao chamar (entre os dentes raivosos) o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de "filho da puta".

A reação negativa foi simultânea e para jamais ser esquecida. Enquanto o programa transcorria, levantou-se um clamor de ensurdecer, na noite das capitais e de centenas de grandes e pequenas cidades do País. Onda avassaladora de indignação e protestos: Caçarolaços, buzinaços, apitaços, foguetaços e todos os aços possíveis de imaginar. Além de momentos de marcante originalidade, sentimento ético e de cidadania. Emoção à flor da pele e tudo na direção contrária das cenas do programa petista na TV.

O exemplo mais bonito e significativo, talvez: o saxofonista tocando um solo de arrepiar do Hino Nacional na sacada de um prédio na escuridão da noite em Salvador, durante os 10 minutos de duração do programa do PT. No fim, com as panelas ainda batendo contra o show de arrogância, insensibilidade e provocação de Dilma, Lula, Rui Falcão e José de Abreu, os aplausos e gritos de entusiasmo das ruas, dirigidos ao músico da Bahia em sua sacada. O vídeo gravado começou a correr as redes sociais logo em seguida e não há peça melhor que sua exibição, na convocação dos protestos nacionais de rua contra a corrupção e o governo Dilma, marcado para o dia 16. A conferir.

E estamos de volta à máxima de Ulysses na abertura deste artigo. Está na coletânea das 100 melhores frases do parlamentar brasileiro. Recolhidas e selecionadas por sua mulher, Mora Guimarães, lustram e ilustram a abertura de "Rompendo o Cerco", livro referencial sobre lutas e pronunciamentos de Ulysses ao longo dos anos de resistência e brilho parlamentar.

Merece e deve ser relembrada nesta primeira semana de agosto (o mês promete ser digno como nunca da sua tradição de desgostos e eclosões de fatos surpreendentes na vida política nacional). Marcada por nova etapa da Operação Lava Jato - cada dia mais firme e inclemente na ação de profilaxia nacional contra malfeitos e malfeitores - que levou de volta à cadeia José Dirceu. Um quase renegado, atualmente, na cela da carceragem da PF em Curitiba.

"Rompendo o Cerco", cujo título é inspirado – a Bahia jamais esquecerá - na participação épica de Ulysses em episódio histórico de resistência nas ruas de Salvador, na noite do 1º de Maio de 1978, é referencial. Foi publicado antes do político desaparecer na trágica queda do helicóptero que o conduzia, em tarde de tempestade, na volta de um feriadão na região dos lagos (RJ) para São Paulo.

O corpo de Ulysses jamais foi encontrado. "Segue encantado no fundo do mar", crê firmemente e proclama por escrito em verso e prosa o advogado e poeta de Marília (SP), Luiz Alfredo Motta Fontana. Repórter da sucursal baiana do Jornal do Brasil, nos idos de maio de 78, recebí um exemplar das mãos de Ulysses, com uma das dedicatórias mais honrosas da minha vida profissional.

Isso é para dizer: Senti o espírito e as palavras de Ulysses flutuando, mais cedo, na encrespada quinta-feira, sobre o Congresso, no Planalto Central. E à noite sobre os céus do Brasil, durante o programa do PT e dos caçarolaços em Salvador e em todo País. Acredite quem quiser. Só lembro, para terminar, que é também do sábio timoneiro da política brasileira, outra frase lapidar e atualíssima: "Que beleza o convite de Jean Cocteau: Fechamos com doçura os olhos dos mortos. Com a mesma doçura devíamos abrir os olhos dos vivos". Grande Ulysses! Na mosca!

Dilma e a entropia

Dilma psicanalista freud esta ouvindo aplausos crise e grave

Uma das características em casos terminais é a legítima recusa do paciente em aceitar o oblívio iminente. É isso o que PT e o governo Dilma estão a fazer, como o programa de TV deles demonstrou.

Parece ínfima a chance de qualquer plano ter efeito além do prolongamento da crise, ao estilo Collor e seu "ministério ético" de 1992. Por isso, o que há hoje é uma série de cenários excluindo Dilma do jogo.

Não é golpe: atingimos o ponto em que a entropia impera. Conceito da termodinâmica, ela designa forças destruidoras dentro de um sistema de trocas de energia. Invariavelmente, segundo a teoria, num dado momento tudo é implodido por ela.

O governo hoje é um cadáver insepulto na Esplanada, e ninguém sabe bem o que fazer com o corpo. A Câmara está perdida, e o Senado é inconfiável. A economia está de joelhos e todos só temem o que mais sairá da Operação Lava Jato.

Normalmente, uma oposição forte surgiria como alternativa de poder, de aglutinação. Isso inexiste, até porque cada um quer uma coisa: Aécio torce por uma improvável nova eleição, Alckmin reza pela manutenção do cadáver em praça pública e Serra, pelo impeachment e por Michel Temer o transformar no que FHC foi para Itamar Franco. Tudo frágil.

O PMDB, fiel da balança em qualquer cenário, também está dividido, ainda que seus atores trabalhem mais em conjunto do que a vã filosofia afere. Temer e Eduardo Paes podem sonhar com horizontes. O vice está no fio da navalha, fiador da democracia ao mesmo tempo em que não pode parecer traidor; Eduardo Cunha lidera uma Casa inflamada, e Renan Calheiros sorri para os apelos infrutíferos de Dilma.

O desfecho é uma incógnita, como mostram os boatos (renúncia pronta, Lula ministro, Temer fora etc.) da sexta (7). Certezas: todo mundo está à mercê da Lava Jato, e o governo acabou sem começar. O resto fica por conta da potência da entropia.

Guerreiro do povo brasileiro

Vão longe os tempos do braço erguido e do punho fechado. A novidade da prisão de José Dirceu encontra-se na esfera das narrativas. Mesmo para o PT, o "preso político" do mensalão reduziu-se a um político preso. A lacônica nota partidária assinada por Rui Falcão sequer menciona seu nome. Na declaração agourenta do ministro Ricardo Berzoini, um homem de Lula, "cabe aos investigados tomarem as providências que julgarem necessárias para se defenderem perante a Justiça". O celebrado "guerreiro do povo brasileiro" não perdeu apenas os andrajos de liberdade pendurados no mancebo da prisão domiciliar: foi condenado por seu partido ao degredo político. É uma forma de adiar a reflexão inevitável sobre as fontes ideológicas do apodrecimento ético do PT.

O PT traçou uma linha na areia separando a "corrupção pela causa", virtuosa, da "corrupção pelo vil metal", pecaminosa. Corrupção virtuosa: no mensalão, intelectuais petistas produziram doutos textos consagrados à defesa da apropriação partidária de recursos públicos, e a relativa pobreza de Genoino tornou-se símbolo e estandarte. Corrupção pecaminosa: Dirceu, indicam as provas oferecidas pelos delatores, usou sua influência no governo para constituir patrimônio pessoal. O guerreiro caído cruzou a linha proibida. Seu degredo é uma desesperada tentativa de perenizar a fronteira que se apaga sob ação do vento.

Não existe pecado do lado de cá do Equador. Se o país se divide entre Povo e Elite, e se o Partido é a ferramenta da emancipação popular de um jugo de 500 anos, então a "corrupção pela causa" não é corrupção, mas um expediente legítimo na jornada libertadora. A fórmula inflexível, refletida nos punhos cerrados do mensalão, tem suas próprias implicações. É em nome dela que Dirceu experimenta a condenação mais implacável. Numa ordem unida à qual só escapam cortesãos inúteis e vozes periféricas de aluguel, o Partido imprime-lhe na fronte o estigma do traidor. "Bode expiatório", disse seu advogado, numa referência aberta a interpretação.

Dirceu é Dirceu, a segunda face do PT, não um Duque qualquer, um Paulinho Land Rover ou um Vargas que só era André. Dobrando-se ao vil metal, o guerreiro traidor remexe a areia, desmarca um limite, desfaz uma certeza. Se até ele transitou de uma corrupção à outra, como separá-las nitidamente, sanitizando a primeira e satanizando a segunda? O degredo silencioso de Dirceu, que equivale a uma gritaria, destina-se a abafar a pergunta incômoda. Os juízes do Partido temem menos a hipótese improvável de uma delação premiada do guerreiro traidor que a exposição pública das conexões entre a corrupção virtuosa e a corrupção pecaminosa.

A linha divisória riscada pelo PT reflete uma lógica religiosa, típica dos partidos autoritários. A corrupção virtuosa é aquela que serve à finalidade transcendente de salvação do Povo; a pecaminosa, pelo contrário, serve ao objetivo terreno de acumulação individual de bens materiais. Na política democrática, contudo, a oposição relevante é entre o público e o privado, não entre a salvação coletiva e o enriquecimento pessoal. Segundo essa lógica, cujo critério são os meios, o guerreiro não caiu sozinho.

Revisito as fotografias do líder estudantil preso, com centenas de outros, no Congresso da UNE de Ibiúna, em 1968, e de sua partida para o exílio, na base aérea do Galeão, com 12 outros, em 1969. Vistas da torre de observação do presente, elas têm algo de profundamente melancólico: os sinais de um fracasso coletivo. Mas, na história que se encerra, há também a prova de um teorema: a "corrupção virtuosa" conduz, inelutavelmente, à "corrupção pecaminosa". O PT não deveria renegar seu guerreiro caído, nem defendê-lo, mas reavaliar a si mesmo no espelho de sua trajetória. Para nunca mais cerrar o punho contra as instituições da democracia
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Patrimônio nacional

Arrogância da TV. Coisa do PT!

Com o seu programa, para quem falou o PT? Para os 3 de cada 10 brasileiros que aprovam o governo? Então falou para os convertidos


• Que arrogância! O programa do PT na televisão pergunta se não é melhor errar por querer acertar do que o contrário... É um falso dilema.

• O programa do PT usa o medo para assustar. Fala em ditadura. Como se uma nos esperasse na esquina.

• Dilma no programa do PT!. Mais magra, mais bonita, mais rejeitada.

• Como o PT, no seu programa de televisão, fala em encher panelas de comida no momento em que a comida escasseia nas panelas por culpa dos erros dele?

• Do primeiro ao último minuto, a velha arrogância do PT orientou o programa.

• Uma amiga, petista, chama de "arrogância paralisante" o que se passa com o PT. Faz sentido.

• Arrogância, a essa altura do campeonato, foi o simples ato de exibir um programa de televisão desses.

• E o deboche com o panelaço no programa do PT? É um deboche com os que escolheram essa forma de se manifestar. A Constituição garante a livre manifestação.

• Com o seu programa, para quem falou o PT? Para os 3 de cada 10 brasileiros que aprovam o governo? Então falou para os convertidos.

• Dilma orientou seus ministros a distribuírem cargos com políticos e partidos. Parece ser a única coisa que lhe resta fazer.

• O programa do PT serviu para aquecer o clima às vésperas de novas manifestações de ruas, marcadas para o próximo dia 16.

• E o José de Abreu, o apresentador do programa do PT, hein? É um oportunista. Sabe escolher o melhor momento para aparecer. Ou não?

• No Jornal Nacional, pelo menos, Temer parece o presidente da República. Não por culpa do jornal. Mas porque Dilma sumiu.
Ricardo Noblat

Aos amigos petistas

Petistas inteligentes sabem que o sonho acabou, ‘game over’, zé fini, pelo baixo nível e alta voracidade dos seus quadros
Nunca perdi um amigo por causa de política. Tenho vários amigos petistas que merecem meu afeto e respeito, alguns até minha admiração, e convivemos bem porque quase nunca falamos de política, talvez por termos assuntos mais interessantes a conversar. Mas agora o assunto é inevitável. E eles estão mais decepcionados do que eu.

Também tenho amigos tucanos, comunistas, conservadores, não meço a qualidade das pessoas pelo seu time, religião ou suas crenças políticas, em que sonhos, idealismo e equívocos se misturam com ambição, desonestidade e incompetência para provocar monstruosas perdas de vidas, dignidade e dinheiro ao coitado do povo que todos eles dizem amar.

O PT está caindo aos pedaços, depois de 13 anos no poder, com grandes conquistas e imensos desastres, mas a perspectiva de ser governado pelo PMDB ou pelo PSDB não é animadora. Claro que há gente decente e competente nos dois partidos, mas a maioria de seus quadros e dirigentes não é melhor do que os piores petistas, e vice-versa.

Chegamos finalmente ao “nós contra eles” que Lula tanto queria ... quando era maioria ... e agora se volta contra ele, perseguido como os judeus pelos nazistas e os cristãos pelos romanos ... rsrs.

Se não fosse tão arrogante e autoritária, Dilma mereceria pena, porque não é desonesta, mas é mentirosa e sua incompetência nos dá mais prejuízos do que a corrupção. Suas falas tortuosas são a expressão da sua confusão mental.

E se Lula não fosse tão vaidoso e ambicioso, tão irresponsável e inescrupuloso, não teria jogado a sua história na lama por achar que está acima do bem e do mal e que nunca descobririam que ele sempre soube de tudo.

Petistas inteligentes e informados sabem que o sonho acabou, game over, zé fini, não por uma conspiração da CIA, dos coxinhas ou da imprensa golpista, mas pelos seus próprios erros, pelo baixo nível e alta voracidade dos seus quadros, pela ganância e incompetência que nos levaram ao lodaçal onde chafurdamos.

É triste, amigos petistas, o sonho virou pesadelo, mas não foi a direita que venceu, foi o partido que se perdeu. O medo está dando de 7 a 1 na esperança.
Nelson Motta 

Dilma pensa em renunciar?


Pela crendice popular, um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Não é verdade. Agora, seria bom constatar, senão o fim do mundo, ao menos a iminência do fim do governo, quando quatro raios caíram no palácio do Planalto, todos pela chaminé. Foi o que aconteceu quarta-feira. Há quem diga que, de acordo com as leis da Física, os raios não vem do céu para a terra, mas, pelo contrário, são elaborados de baixo para cima, antes de despencarem das nuvens.

De repente, Aloísio Mercadante, chefe da Casa Civil, Michel Temer, vice-presidente da República, Joaquim Levy, ministro da Fazenda, e Renan Calheiros, presidente do Senado, falaram a mesma linguagem, anunciando a tempestade. O primeiro, numa entrevista improvisada nos corredores do Congresso, anunciou a iminência do caos, reconhecendo os múltiplos erros do governo e apelando para um acordo suprapartidário. O outro, reunindo os líderes dos partidos, falou da gravidade da situação e sugeriu que alguém tenha a capacidade de reunificar a todos antes de uma grave crise. O comandante da política econômica prenunciou “uma situação desagradável” por conta da alta dos juros e da cotação do dólar, apelando outra vez para a votação do ajuste fiscal. E o senador admitiu o impeachment de Dilma, que ele poderia dar andamento caso viesse da Câmara a abertura do respectivo processo. Foi a quarta-feira sangrenta.

Alguma coisa de muito grave aconteceu para tanta movimentação, cujo epicentro está na presidente da República. Chegou-se até à suposição de que Madame decidira entregar os pontos, ou seja, renunciar ao mandato. A possibilidade de não poder mais governar, a desagregação e a rebelião dos partidos da base, as sucessivas denÚncias e condenações promovidas pela Operação Lava Jato, a exigência de ampla reforma do ministério e a proximidade de monumental manifestação da sociedade, armada de panelas, no próximo dia 16, teriam levado a presidente à ameaça de saltar de banda.

Claro que diante da sombra de ações cirúrgicas do Tribunal de Contas da União e do Tribunal Superior Eleitoral, ambas capazes de mobilizar o Congresso para dar início à degola, com a óbvia participação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, transformado em inimigo número um do governo.

Daí terem os quatro cavaleiros do Apocalipse vindo a público na tentativa de evitar, mas, ao mesmo tempo, de prever a catástrofe. Só a hipótese da renúncia de Dilma poderia mobilizar tamanho potencial de crise. Teria ela dado algum sinal? A hipótese fica em aberto, por mais que se conheça sua personalidade arrogante e inflexível. Algo de explosivo ronda os gabinetes do palácio do Planalto.

Atente-se para a mensagem de Michel Temer, que nas entrelinhas e nas linhas coloca-se como alternativa para o pior. Vem coisa por aí.

Que dizer agora?

É possível que, no futuro próximo, o PT fique sem discurso. As palavras, até elas, talvez se desfiliem da legenda. Não haverá o que dizer, não haverá como dizer e, mais triste ainda, não haverá para quem dizer – os que esperaram tanto por ouvir já não estarão por perto. Só ficarão os funcionários, os burocratas, as bancadas, os parlamentares e seus assessores, plantados como postes anônimos, não eleitorais, numa cidade fantasma.

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A máquina partidária, suas sedes e suas mesas de fórmica, seus armários cheios de impressos e brochinhos “old fashion”, com os carros de som alugados estacionados na porta, comporão um cenário de edificações físicas sem alma, sem povo, sem urbe, sem polis, sem enunciados. Ocasionalmente, o vento de uma ideologia antiga passará por ali, movendo a poeira do assoalho, mas, quando os vigias de plantão moverem os olhos para identificá-lo – que golpe de ar foi esse? –, só divisarão o vazio, aquilo que foi deixado para trás e para trás ficou. Não dirão nada uns aos outros, pois nada haverá para ser dito. Eles sempre souberam de tudo e terminarão seus dias precisando fingir, calados, que não sabiam de nada.

No começo da queda, o silêncio tinha sido uma escolha. Silenciar sobre pequeninas erupções de vergonha parecia uma saída política, parecia um ato voluntário racional. Os desvios eram tão menores – tão “pontuais”, eles diziam intramuros – que não mereciam declarações públicas. O silêncio, naqueles tempos, deveria ser “ouvido” pela Nação como se fosse uma pausa em meio à grande sinfonia triunfal da luta gloriosa contra a exploração do homem pelo homem. Mais do que isso, melhor do que isso, o silêncio ainda funcionaria bem como um índice superior de reprovação: não se diria nada contra os pequenos delitos, mas também nada se diria a favor deles. Eram coisas mínimas, quase desprezíveis, e o silêncio dos companheiros bastaria para condená-las à insignificância em que deveriam perecer.