segunda-feira, 17 de novembro de 2025
É justo transformar tragédias reais em entretenimento?
Um dos principais streamings do Brasil acaba de estrear uma série que conta, em formato de ficção, algumas das tragédias e crimes que mais abalaram o país nos últimos anos. Tremembé, enquadrada na categoria de true crime, poderia facilmente se confundir com qualquer série de suspense ou ficção que estamos acostumados a maratonar, se não fosse o fato de as histórias ali serem reais e terem chocado toda uma nação. É como se estivéssemos novamente vivendo esse processo de luto coletivo. Eu acreditava que, em 2015, após as cerca de 3 horas de entrevista realizada por Augusto Liberato (Gugu) com Suzane Von Richthofen e toda a polêmica gerada na época, já havíamos consensado que a espetacularização de crimes e tragédias não era aceita pela sociedade brasileira. Na época, a pergunta mais recorrente nos meios de comunicação era: “Vale tudo pela audiência?”
Agora, novamente, nos vemos diante dessa pergunta: vale tudo pela audiência, pelo capital, pela geração de lucro para empresas privadas do setor de telecomunicações?
Pensei nos familiares dos envolvidos, nas famílias, nas vítimas. Acredito que tampouco foram consultados ou necessitaram emitir qualquer tipo de autorização prévia para que a série fosse realizada.
Ocorreu-me também pesquisar se os criminosos envolvidos tinham alguma participação na construção narrativa ou recebiam pela obra. As informações públicas que localizei afirmam que, por se tratar de informações de domínio público, já há muito reviradas pela mídia, trata-se de dados históricos.
Como mencionei, pensei então nos brasileiros: que sentido faz para nós revivermos essas histórias em formato de entretenimento? Além disso, ao que tudo indica, não estamos falando de uma obra acabada, com começo, meio e fim. Ao final do último episódio, fica evidente o gancho para que haja outras temporadas. Quantas? Não sabemos!
Os envolvidos são coisificados ao serem tratados como meros personagens e não como pessoas reais; o compromisso com a veracidade dos fatos se perde, afinal, não é um documentário. A espetacularização da tragédia vai, aos poucos, sendo banalizada, e somente um agente ganha: a empresa proprietária do streaming.
Impossível não lembrar de Hannah Arendt, filósofa que nos alerta sobre a banalização do mal. Acredito que a maior vilania, neste contexto, reside em uma empresa privada que decide revisitar algumas das maiores dores de uma nação sem qualquer compromisso público, ético ou social que não seja o de promover o próprio enriquecimento. Por fim, reflito: com uma legislação tão fraca nesse sentido, hoje são essas famílias, essas pessoas, essas histórias. Amanhã, pode ser qualquer um de nós. Qualquer história que ocorra no país e se torne de domínio público poderá ser revirada, exposta, devassada por uma rede de streaming?
Diante desse cenário, cabe a nós, enquanto sociedade, refletir profundamente sobre os limites éticos entre informação, entretenimento e mercantilização da dor. O debate que se impõe não é apenas sobre uma série, mas sobre os valores que estamos dispostos a preservar em nome do lucro e do consumo cultural. Ao naturalizarmos a exploração da tragédia humana como espetáculo, corremos o risco de enfraquecer nossa sensibilidade coletiva e o respeito à dignidade das vítimas, de seus familiares e da própria memória social. O Brasil já viveu dores demais para que agora sejam transformadas em produto de entretenimento. É urgente que revisitemos nossos marcos legais, nossos valores e nossa responsabilidade enquanto público, para que o direito à privacidade, à memória e à dignidade não seja sacrificado no altar da audiência.
Agora, novamente, nos vemos diante dessa pergunta: vale tudo pela audiência, pelo capital, pela geração de lucro para empresas privadas do setor de telecomunicações?
Pensei nos familiares dos envolvidos, nas famílias, nas vítimas. Acredito que tampouco foram consultados ou necessitaram emitir qualquer tipo de autorização prévia para que a série fosse realizada.
Ocorreu-me também pesquisar se os criminosos envolvidos tinham alguma participação na construção narrativa ou recebiam pela obra. As informações públicas que localizei afirmam que, por se tratar de informações de domínio público, já há muito reviradas pela mídia, trata-se de dados históricos.
Como mencionei, pensei então nos brasileiros: que sentido faz para nós revivermos essas histórias em formato de entretenimento? Além disso, ao que tudo indica, não estamos falando de uma obra acabada, com começo, meio e fim. Ao final do último episódio, fica evidente o gancho para que haja outras temporadas. Quantas? Não sabemos!
Os envolvidos são coisificados ao serem tratados como meros personagens e não como pessoas reais; o compromisso com a veracidade dos fatos se perde, afinal, não é um documentário. A espetacularização da tragédia vai, aos poucos, sendo banalizada, e somente um agente ganha: a empresa proprietária do streaming.
Impossível não lembrar de Hannah Arendt, filósofa que nos alerta sobre a banalização do mal. Acredito que a maior vilania, neste contexto, reside em uma empresa privada que decide revisitar algumas das maiores dores de uma nação sem qualquer compromisso público, ético ou social que não seja o de promover o próprio enriquecimento. Por fim, reflito: com uma legislação tão fraca nesse sentido, hoje são essas famílias, essas pessoas, essas histórias. Amanhã, pode ser qualquer um de nós. Qualquer história que ocorra no país e se torne de domínio público poderá ser revirada, exposta, devassada por uma rede de streaming?
Diante desse cenário, cabe a nós, enquanto sociedade, refletir profundamente sobre os limites éticos entre informação, entretenimento e mercantilização da dor. O debate que se impõe não é apenas sobre uma série, mas sobre os valores que estamos dispostos a preservar em nome do lucro e do consumo cultural. Ao naturalizarmos a exploração da tragédia humana como espetáculo, corremos o risco de enfraquecer nossa sensibilidade coletiva e o respeito à dignidade das vítimas, de seus familiares e da própria memória social. O Brasil já viveu dores demais para que agora sejam transformadas em produto de entretenimento. É urgente que revisitemos nossos marcos legais, nossos valores e nossa responsabilidade enquanto público, para que o direito à privacidade, à memória e à dignidade não seja sacrificado no altar da audiência.
Tremembé e o risco de assassino virar influencer
Na primeira cena da série sensação do momento, Tremembé, o presídio dos famosos, Suzane von Richthofen, interpretada com maestria por Marina Ruy Barbosa, aparece atordoada e linda, sentada sozinha na sala de sua casa enquanto seus pais são assassinados a pauladas. Em seguida, a garota está assustada no meio de um presídio. A trilha sonora animada e a direção esperta já mostram o tom pop que a série da Amazon vai tomar, apesar dos acontecimentos horríveis que vai retratar, como pessoas mortas a pauladas, crianças jogadas de apartamentos e corpos esquartejados.
A direção moderna e a pegada jovem de Tremembé não seriam problema algum – muito pelo contrário –, se a série fosse somente uma peça totalmente de ficção. Mas a produção, baseada no livro do escritor e jornalista Ulisses Campbell, conta a história de presidiários famosos – um termo que já é esquisito em si, assim como o título da obra –, como Suzane von Richthofen e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, responsáveis pelo assassinato dos pais de Richthofen; Elize Matsunaga, condenada por matar e esquartejar o então marido, Marcos Kitano; e Ana Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni, condenados pela morte da menina Isabella Nardoni, que foi jogada de um prédio aos cinco anos.
Apesar de falar por alto de outros presos, a série conta principalmente a história de Suzane, que é a protagonista, Elize e Ana Carolina Jatobá. Os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos figuram como espécies de galãs sensuais do presídio Tremembé. As moças, branquinhas e com jeito de boazinhas, contribuem para essa "fetichização" do crime.
Olhando para esses rostinhos inocentes de classe média, pensamos: "Como essa moça que tinha tudo foi fazer isso?" "Como essa menina loirinha e inocente pode ser tão cruel?" Entendo que esses casos causem fascinação em todos nós. Confesso que eu mesma corri para ver a série. É natural que histórias como as de Suzane e Elize causem um fascínio esquisito, aquele que faz com que a gente pense: "Como ela foi capaz?" Ou mesmo um alívio de "não sermos tão malvados assim". Isso é normal, demasiadamente humano e explica em parte a febre das histórias de "true crime" (os crimes reais).
Mas precisamos estar atentos e não podemos romantizar os personagens ou banalizar seus crimes. Na série, uma das trilhas sonoras de Suzane é "Perigosa", uma música antiga das Frenéticas que diz: "Sei que eu sou/ bonita e gostosa [...] cuidado, garoto/ eu sou perigosa." É preciso lembrar que Suzane não é uma "fofinha perigosa", mas uma assassina cruel, responsável – vamos repetir – pela morte dos pais a pauladas.
"Ah, mas é apenas entretenimento", alguém pode dizer. Pois então, é aí que mora o problema. No caso da série e de outros produtos do gênero "true crime" estamos nos entretendo com crimes reais, com dramas que realmente mataram pessoas e destruíram famílias.
E, por isso mesmo, precisamos ouvir Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni. Ao comentar a série em sua conta no Instagram, ela disse: "O que me preocupa nessas questões é trazer criminosos para os holofotes e tratar como se eles fossem celebridades e não com a seriedade de cada caso. Nós que ficamos somos vítimas secundárias e isso faz parte da nossa vida; a gente tem que ser respeitado." Ela pediu para que os espectadores tomassem cuidado "para que eles [criminosos] não se tornem pessoas públicas e até virem aí os seus extremos de terem, como a gente já viu, pessoas idolatrando".
Ana Carolina identificou algo que, acredito, infelizmente já está acontecendo. As notícias sobre os "personagens" da série em páginas de fofoca, os vídeos de criminosos condenados comentando trechos da série sendo reproduzidos em todo canto e notícias do estilo "Suzane reativa página no Instagram e chega a 100 mil seguidores", provam que a mãe de Isabella está coberta de razão.
Os personagens da série caminham, com ajuda da nossa curiosidade mórbida e de parte da mídia, para ocupar um dos postos mais cobiçados do momento: o de "influenciadores". É tanto holofote que muitos estão esquecendo que os personagens de Tremembé são pessoas reais, que cometeram crimes terríveis. Se continuar nessa toada, logo veremos Suzane von Richthofen fazendo publi.
A direção moderna e a pegada jovem de Tremembé não seriam problema algum – muito pelo contrário –, se a série fosse somente uma peça totalmente de ficção. Mas a produção, baseada no livro do escritor e jornalista Ulisses Campbell, conta a história de presidiários famosos – um termo que já é esquisito em si, assim como o título da obra –, como Suzane von Richthofen e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, responsáveis pelo assassinato dos pais de Richthofen; Elize Matsunaga, condenada por matar e esquartejar o então marido, Marcos Kitano; e Ana Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni, condenados pela morte da menina Isabella Nardoni, que foi jogada de um prédio aos cinco anos.
Apesar de falar por alto de outros presos, a série conta principalmente a história de Suzane, que é a protagonista, Elize e Ana Carolina Jatobá. Os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos figuram como espécies de galãs sensuais do presídio Tremembé. As moças, branquinhas e com jeito de boazinhas, contribuem para essa "fetichização" do crime.
Olhando para esses rostinhos inocentes de classe média, pensamos: "Como essa moça que tinha tudo foi fazer isso?" "Como essa menina loirinha e inocente pode ser tão cruel?" Entendo que esses casos causem fascinação em todos nós. Confesso que eu mesma corri para ver a série. É natural que histórias como as de Suzane e Elize causem um fascínio esquisito, aquele que faz com que a gente pense: "Como ela foi capaz?" Ou mesmo um alívio de "não sermos tão malvados assim". Isso é normal, demasiadamente humano e explica em parte a febre das histórias de "true crime" (os crimes reais).
Mas precisamos estar atentos e não podemos romantizar os personagens ou banalizar seus crimes. Na série, uma das trilhas sonoras de Suzane é "Perigosa", uma música antiga das Frenéticas que diz: "Sei que eu sou/ bonita e gostosa [...] cuidado, garoto/ eu sou perigosa." É preciso lembrar que Suzane não é uma "fofinha perigosa", mas uma assassina cruel, responsável – vamos repetir – pela morte dos pais a pauladas.
"Ah, mas é apenas entretenimento", alguém pode dizer. Pois então, é aí que mora o problema. No caso da série e de outros produtos do gênero "true crime" estamos nos entretendo com crimes reais, com dramas que realmente mataram pessoas e destruíram famílias.
E, por isso mesmo, precisamos ouvir Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni. Ao comentar a série em sua conta no Instagram, ela disse: "O que me preocupa nessas questões é trazer criminosos para os holofotes e tratar como se eles fossem celebridades e não com a seriedade de cada caso. Nós que ficamos somos vítimas secundárias e isso faz parte da nossa vida; a gente tem que ser respeitado." Ela pediu para que os espectadores tomassem cuidado "para que eles [criminosos] não se tornem pessoas públicas e até virem aí os seus extremos de terem, como a gente já viu, pessoas idolatrando".
Ana Carolina identificou algo que, acredito, infelizmente já está acontecendo. As notícias sobre os "personagens" da série em páginas de fofoca, os vídeos de criminosos condenados comentando trechos da série sendo reproduzidos em todo canto e notícias do estilo "Suzane reativa página no Instagram e chega a 100 mil seguidores", provam que a mãe de Isabella está coberta de razão.
Os personagens da série caminham, com ajuda da nossa curiosidade mórbida e de parte da mídia, para ocupar um dos postos mais cobiçados do momento: o de "influenciadores". É tanto holofote que muitos estão esquecendo que os personagens de Tremembé são pessoas reais, que cometeram crimes terríveis. Se continuar nessa toada, logo veremos Suzane von Richthofen fazendo publi.
Ignorância ultraprocessada
Há tempos as escolas seguem repetindo em seus livros didáticos que o Brasil é o celeiro do mundo. Livros esses que agora passam pelo crivo de uma censura disfarçada, como deseja a Frente Parlamentar da Agropecuária que “busca a atualização de livros didáticos aplicados em escolas sobre a realidade da agropecuária”, seguindo a lógica falaciosa e arcaica de que temos que produzir mais alimento porque a população mundial está em crescimento.
O que não se fala é que há hoje no mundo alimento suficiente para eliminar a fome de todas as pessoas no planeta. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), temos uma produção de alimento de 2,5 bilhões de toneladas anuais suficiente para alimentar 10 milhões de pessoas (e a população mundial atual é de 8,2 bilhões). Ao mesmo tempo, há um desperdício 1,3 bilhão de toneladas anuais, ou ainda, mais de 1bilhão de refeições diárias.
Alimento sobrando e pessoas passando fome. Por que isso? Usando o Brasil como exemplo, temos que a produção, em grande maioria (70%), não é alimento, mas matéria-prima bruta para exportação, principalmente soja, milho, algodão e cana-de-açúcar, a ser transformada em ração animal, por exemplo. As chamadas commodities, sem valor agregado e que favorece/enriquece apenas os grandes latifúndios.
Com isso temos 750 milhões de pessoas no mundo ainda passando fome (escassez grave e generalizada de alimentos que leva à desnutrição, à inanição e à morte), ou ainda 2,3 bilhões de humanos (sobre)vivendo em insegurança alimentar (falta de acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente para uma vida saudável, sem saber se terão o que comer até a fome crônica, causada por fatores como falta de renda, crises econômicas, conflitos e mudanças climáticas).
Quando focamos apenas em crianças menores de 5 anos, essa fome (pela falta de distribuição de alimento e não pela falta de produção), anualmente são 6 milhões delas que morrem de fome! Apenas a título de curiosidade em 6 anos da 2ª Guerra Mundial, matou-se um décimo do que se mata hoje em relação às crianças pela fome (excluirei dessa análise as guerras que causam fome e miséria no Sudão, Congo, Somália, Haiti e até mesmo o holocausto palestino, que além do genocídio impetrado pelos sionistas aliados dos nazistas desde 1948, seguem sob cerco desde 2007, sob condições ainda mais desumanas, racistas e de limpeza étnica, que agora tenta novamente se reerguer sob um pseudo cessar-fogo).
A concentração de renda – e terras – promove a desigualdade social, como nos alertou Marx. Para se ter uma pequena – e revoltante – ideia sobre isso e a barbárie que esse sistema econômico impõe, lembremos que 1% da população mundial (o que corresponde a cerca de 80 milhões de pessoas, possui 45% da riqueza mundial (um patrimônio de 210 trilhões (!) de dólares. No Brasil, o relatório da Oxfam mostra que 63% da riqueza está nas mãos de apenas 1% da população, enquanto os 50% mais pobres detêm apenas 2% do patrimônio do país.
(Em tempos de COP30, é importante dizer também que a pequena porcentagem de 0,1% dos mais ricos do mundo, são os responsáveis diretos por emitirem mais carbono na atmosfera em um único dia.)
E de acordo com o relatório da Oxfam, apenas 1% da riqueza acumulada em dez anos no mundo poderia acabar com a pobreza mundial por 22 anos. Mas como sabemos, a fome é uma questão política. Ou seja, o que o mundo produz de riqueza hoje é suficiente para assegurar o bem-estar econômico de todas as pessoas do planeta.
Mas a questão é: por que não fazem isso? Por que esse 1% insiste em manter essa desigualdade e, mais ainda, ser o principal responsável pela destruição acelerado do planeta? Por que o 1% mais rico do planeta polui tanto quanto cerca de 5 bilhões de pessoas e não se preocupam em diminuir ou acabar com isso? O que parece teoria conspiratória, de que desejam acelerar a destruição para sobreviverem em seus bunkers de luxo e até colonizarem novos planetas, parece não ser tão conspiratório assim.
Como diz o diretor executivo da Oxfam Internacional, Amitabh Behar, a crise climática é uma crise de desigualdade. Os indivíduos mais ricos do planeta financiam e lucram com a destruição do clima, enquanto a maioria da população mundial paga o preço das consequências fatais do seu poder sem controle.
Mas voltando a questão dos alimentos. Atualmente atingimos um índice preocupante anunciado pela UNICEF: temos mais obesos do que pessoas desnutridas no mundo. A princípio isso pode parecer uma grande incoerência com o que foi escrito acima, afinal, se as pessoas estão obesas, é porque estão comendo mais, certo? Errado! Obesidade é uma doença séria e crônica. Há problemas sérios relacionados a tudo isso: primeiro que obesidade não significa necessariamente uma pessoa bem nutrida, e junto dela, além das doenças já conhecidas (diabetes, colesterol elevado, problemas articulares, invalidez etc.), os índices de obesidade estão sendo atingidos pelo modo de vida que temos adotado (leia-se, sedentarismo) e pelos tipos de alimentos ingeridos, com base em ultraprocessados.
E quem está por trás desse tipo de comida? Corporações globais de indústrias do agronegócio e farmacêutica. Uma sacada sensacional do sistema capitalista, afinal, os ingredientes usados nesse tipo de comida são de baixo custo, carregados de conservantes, aromatizantes viciantes, açúcar, sal e todas as formas que garantem não apenas uma produção à baixo custo, mas grande durabilidade e, principalmente, fácil acesso, seja para o transporte ou pelo preço acessível – em especial para a grande maioria das pessoas de baixa renda e que “em seu corre diário”, não tem tempo/dinheiro para se alimentarem de forma correta.
Esse tipo de postura imposta à sociedade (do cansaço, como diria Byung-Chul Han) é o que podemos chamar de nutricídio, termo criado na década de 90 pelo médico Llaila Afrika: dificuldade ou falta de acesso a alimentos saudáveis e que deveriam fazer parte da cultura alimentar, incluindo as consequências que isso traz à saúde.
Além de baixa qualidade, carente de nutrientes essenciais e repleto de aditivos sintéticos, usam como base produtos contaminados com agrotóxicos. Agrotóxicos, em sua grande maioria, banidos na própria Uniao Europeia, mas que seguem sendo liberados e usados no Brasil e em vários países do sul global em concentrações extremamente abusivas.
Apenas para ilustrar, cito como exemplo o glifosato. De acordo com dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), mais de 90% do milho e da soja produzidos no país são geneticamente modificados (os chamados “transgênicos”) para tolerar esse herbicida. Em estudo publicado pela revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA), foi constatado um aumento da exposição dos estadunidenses em 500% desde a introdução desse químico nas lavouras a partir de 1996. As amostras de urina de crianças e adultos, realizadas em 2022 pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, revelou a presença do agrotóxico em 80% das pessoas.
Não preciso falar novamente dos danos que esses agrotóxicos causam não apenas nos seres humanos, mas nos demais seres vivos e no ambiente como um todo – a quem interessar tenho outros artigos tratando especificamente sobre isso, além de relatar em um dos capítulos de meu livro Entre mitoses e revoluções.
E contrariando o desejo de omitir os fatos do agronegócio negacionista, mais evidências surgem do problema que o combo ultraprocessados/agrotóxicos causam nas pessoas.
Uma pesquisa publicada pela revista científica BMJ Oncology, mostra que no mundo houve um aumento de 79% nos novos casos de câncer entre pessoas com menos de 50 anos nas últimas três décadas (1990-2019). Entre os fatores estão o tabagismo, sedentarismo e obesidade. O que chamou a atenção foi o aumento expressivo, nas últimas décadas, de câncer de intestino em jovens, tornando esse a principal causa de morte por câncer em homens com menos de 50 anos.
No Brasil, a situação não é diferente. Dados apresentados pelo DataSUS também mostra um aumento significativo de 284% nos registros de câncer entre jovens até 50 anos no Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2013 e 2024. Por um lado, isso se deve a melhoria nos diagnósticos, mas é inegável que fatores ambientais também respondem por esse incremento.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Nacional de Câncer (Inca) foram enfáticos em afirmar e reconhecer que a exposição aos agrotóxicos sintéticos eleva o risco de alguns tumores, principalmente em trabalhadores rurais e populações vulneráveis (as mesmas que ingerem alta quantidade de ultraprocessados).
Outro aspecto que chama atenção é o boom de pessoas intolerantes ao glúten. É fato que existem sim pessoas intolerantes (a ciência prova isso através da genética), no entanto, estudo pouco conhecido e publicado em 2019 mostrou que muitas pessoas diagnosticadas como intolerantes a essa proteína apresentavam similaridades com uma intolerância/alergia ao glifosato (agrotóxico químico utilizado amplamente na sociedade – sendo o Brasil seu maio consumidor – o tal “mata-mato”).
E o que fazem as pessoas intolerantes ao glúten? Usam medicamentos para amenizar o problema ou são obrigadas a deixar de ingerir produtos à base de trigo (bolos e pães, por exemplo). E quando a inflação intestinal ocorre, mais medicamentos são necessários para amenizar o problema.
Ainda de acordo com a pesquisa, a American Cancer Society mostrou que a incidência de linfomas (um tipo de câncer no sangue) aumentou em 80% desde a introdução do glifosato no mercado (início da década de 1970).
E nunca é demais lembrar que há uma relação direta entre essas empresas que causam doenças e vendem a cura – lembremos do “casamento dos infernos” entre Bayer (produtora de medicamentos e suplementos) e Monsanto (produtora dos agrotóxicos e dos organismos geneticamente modificados).
Mas a questão como um todo não para por aí. Novos estudos relacionam também os ultraprocessados com danos cerebrais.
Estudo publicado na revista Neuropharmacology prova que esse tipo de alimento, presente cada vez mais na dieta de adolescentes (e de pessoas mais pobres), sendo ricos em gordura e açúcar, afetam a região cerebral do hipocampo e o córtex pré-frontal do adolescente, causando efeitos a longo prazo de ansiedade, dificuldade no controle de impulsos e efeitos duradouros na função de aprendizagem e memória.
Em uma sociedade cada vez mais hipnotizada pelas telas, sedentária e regada com má alimentação, teremos gerações não apenas mais doentes – sobrecarregando o sistema de saúde, consumindo mais remédios sintéticos – mas igualmente alienadas, sem memória e aptas a cometerem os mesmos erros do passado. Não seria esse o objetivo por parte da maioria desses políticos que hoje ocupam o Congresso Nacional sem qualquer preocupação com o povo?
Luiz Fernando Leal Padulla
O que não se fala é que há hoje no mundo alimento suficiente para eliminar a fome de todas as pessoas no planeta. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), temos uma produção de alimento de 2,5 bilhões de toneladas anuais suficiente para alimentar 10 milhões de pessoas (e a população mundial atual é de 8,2 bilhões). Ao mesmo tempo, há um desperdício 1,3 bilhão de toneladas anuais, ou ainda, mais de 1bilhão de refeições diárias.
Alimento sobrando e pessoas passando fome. Por que isso? Usando o Brasil como exemplo, temos que a produção, em grande maioria (70%), não é alimento, mas matéria-prima bruta para exportação, principalmente soja, milho, algodão e cana-de-açúcar, a ser transformada em ração animal, por exemplo. As chamadas commodities, sem valor agregado e que favorece/enriquece apenas os grandes latifúndios.
Com isso temos 750 milhões de pessoas no mundo ainda passando fome (escassez grave e generalizada de alimentos que leva à desnutrição, à inanição e à morte), ou ainda 2,3 bilhões de humanos (sobre)vivendo em insegurança alimentar (falta de acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente para uma vida saudável, sem saber se terão o que comer até a fome crônica, causada por fatores como falta de renda, crises econômicas, conflitos e mudanças climáticas).
Quando focamos apenas em crianças menores de 5 anos, essa fome (pela falta de distribuição de alimento e não pela falta de produção), anualmente são 6 milhões delas que morrem de fome! Apenas a título de curiosidade em 6 anos da 2ª Guerra Mundial, matou-se um décimo do que se mata hoje em relação às crianças pela fome (excluirei dessa análise as guerras que causam fome e miséria no Sudão, Congo, Somália, Haiti e até mesmo o holocausto palestino, que além do genocídio impetrado pelos sionistas aliados dos nazistas desde 1948, seguem sob cerco desde 2007, sob condições ainda mais desumanas, racistas e de limpeza étnica, que agora tenta novamente se reerguer sob um pseudo cessar-fogo).
A concentração de renda – e terras – promove a desigualdade social, como nos alertou Marx. Para se ter uma pequena – e revoltante – ideia sobre isso e a barbárie que esse sistema econômico impõe, lembremos que 1% da população mundial (o que corresponde a cerca de 80 milhões de pessoas, possui 45% da riqueza mundial (um patrimônio de 210 trilhões (!) de dólares. No Brasil, o relatório da Oxfam mostra que 63% da riqueza está nas mãos de apenas 1% da população, enquanto os 50% mais pobres detêm apenas 2% do patrimônio do país.
(Em tempos de COP30, é importante dizer também que a pequena porcentagem de 0,1% dos mais ricos do mundo, são os responsáveis diretos por emitirem mais carbono na atmosfera em um único dia.)
E de acordo com o relatório da Oxfam, apenas 1% da riqueza acumulada em dez anos no mundo poderia acabar com a pobreza mundial por 22 anos. Mas como sabemos, a fome é uma questão política. Ou seja, o que o mundo produz de riqueza hoje é suficiente para assegurar o bem-estar econômico de todas as pessoas do planeta.
Mas a questão é: por que não fazem isso? Por que esse 1% insiste em manter essa desigualdade e, mais ainda, ser o principal responsável pela destruição acelerado do planeta? Por que o 1% mais rico do planeta polui tanto quanto cerca de 5 bilhões de pessoas e não se preocupam em diminuir ou acabar com isso? O que parece teoria conspiratória, de que desejam acelerar a destruição para sobreviverem em seus bunkers de luxo e até colonizarem novos planetas, parece não ser tão conspiratório assim.
Como diz o diretor executivo da Oxfam Internacional, Amitabh Behar, a crise climática é uma crise de desigualdade. Os indivíduos mais ricos do planeta financiam e lucram com a destruição do clima, enquanto a maioria da população mundial paga o preço das consequências fatais do seu poder sem controle.
Mas voltando a questão dos alimentos. Atualmente atingimos um índice preocupante anunciado pela UNICEF: temos mais obesos do que pessoas desnutridas no mundo. A princípio isso pode parecer uma grande incoerência com o que foi escrito acima, afinal, se as pessoas estão obesas, é porque estão comendo mais, certo? Errado! Obesidade é uma doença séria e crônica. Há problemas sérios relacionados a tudo isso: primeiro que obesidade não significa necessariamente uma pessoa bem nutrida, e junto dela, além das doenças já conhecidas (diabetes, colesterol elevado, problemas articulares, invalidez etc.), os índices de obesidade estão sendo atingidos pelo modo de vida que temos adotado (leia-se, sedentarismo) e pelos tipos de alimentos ingeridos, com base em ultraprocessados.
E quem está por trás desse tipo de comida? Corporações globais de indústrias do agronegócio e farmacêutica. Uma sacada sensacional do sistema capitalista, afinal, os ingredientes usados nesse tipo de comida são de baixo custo, carregados de conservantes, aromatizantes viciantes, açúcar, sal e todas as formas que garantem não apenas uma produção à baixo custo, mas grande durabilidade e, principalmente, fácil acesso, seja para o transporte ou pelo preço acessível – em especial para a grande maioria das pessoas de baixa renda e que “em seu corre diário”, não tem tempo/dinheiro para se alimentarem de forma correta.
Esse tipo de postura imposta à sociedade (do cansaço, como diria Byung-Chul Han) é o que podemos chamar de nutricídio, termo criado na década de 90 pelo médico Llaila Afrika: dificuldade ou falta de acesso a alimentos saudáveis e que deveriam fazer parte da cultura alimentar, incluindo as consequências que isso traz à saúde.
Além de baixa qualidade, carente de nutrientes essenciais e repleto de aditivos sintéticos, usam como base produtos contaminados com agrotóxicos. Agrotóxicos, em sua grande maioria, banidos na própria Uniao Europeia, mas que seguem sendo liberados e usados no Brasil e em vários países do sul global em concentrações extremamente abusivas.
Apenas para ilustrar, cito como exemplo o glifosato. De acordo com dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), mais de 90% do milho e da soja produzidos no país são geneticamente modificados (os chamados “transgênicos”) para tolerar esse herbicida. Em estudo publicado pela revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA), foi constatado um aumento da exposição dos estadunidenses em 500% desde a introdução desse químico nas lavouras a partir de 1996. As amostras de urina de crianças e adultos, realizadas em 2022 pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, revelou a presença do agrotóxico em 80% das pessoas.
Não preciso falar novamente dos danos que esses agrotóxicos causam não apenas nos seres humanos, mas nos demais seres vivos e no ambiente como um todo – a quem interessar tenho outros artigos tratando especificamente sobre isso, além de relatar em um dos capítulos de meu livro Entre mitoses e revoluções.
E contrariando o desejo de omitir os fatos do agronegócio negacionista, mais evidências surgem do problema que o combo ultraprocessados/agrotóxicos causam nas pessoas.
Uma pesquisa publicada pela revista científica BMJ Oncology, mostra que no mundo houve um aumento de 79% nos novos casos de câncer entre pessoas com menos de 50 anos nas últimas três décadas (1990-2019). Entre os fatores estão o tabagismo, sedentarismo e obesidade. O que chamou a atenção foi o aumento expressivo, nas últimas décadas, de câncer de intestino em jovens, tornando esse a principal causa de morte por câncer em homens com menos de 50 anos.
No Brasil, a situação não é diferente. Dados apresentados pelo DataSUS também mostra um aumento significativo de 284% nos registros de câncer entre jovens até 50 anos no Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2013 e 2024. Por um lado, isso se deve a melhoria nos diagnósticos, mas é inegável que fatores ambientais também respondem por esse incremento.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Nacional de Câncer (Inca) foram enfáticos em afirmar e reconhecer que a exposição aos agrotóxicos sintéticos eleva o risco de alguns tumores, principalmente em trabalhadores rurais e populações vulneráveis (as mesmas que ingerem alta quantidade de ultraprocessados).
Outro aspecto que chama atenção é o boom de pessoas intolerantes ao glúten. É fato que existem sim pessoas intolerantes (a ciência prova isso através da genética), no entanto, estudo pouco conhecido e publicado em 2019 mostrou que muitas pessoas diagnosticadas como intolerantes a essa proteína apresentavam similaridades com uma intolerância/alergia ao glifosato (agrotóxico químico utilizado amplamente na sociedade – sendo o Brasil seu maio consumidor – o tal “mata-mato”).
E o que fazem as pessoas intolerantes ao glúten? Usam medicamentos para amenizar o problema ou são obrigadas a deixar de ingerir produtos à base de trigo (bolos e pães, por exemplo). E quando a inflação intestinal ocorre, mais medicamentos são necessários para amenizar o problema.
Ainda de acordo com a pesquisa, a American Cancer Society mostrou que a incidência de linfomas (um tipo de câncer no sangue) aumentou em 80% desde a introdução do glifosato no mercado (início da década de 1970).
E nunca é demais lembrar que há uma relação direta entre essas empresas que causam doenças e vendem a cura – lembremos do “casamento dos infernos” entre Bayer (produtora de medicamentos e suplementos) e Monsanto (produtora dos agrotóxicos e dos organismos geneticamente modificados).
Mas a questão como um todo não para por aí. Novos estudos relacionam também os ultraprocessados com danos cerebrais.
Estudo publicado na revista Neuropharmacology prova que esse tipo de alimento, presente cada vez mais na dieta de adolescentes (e de pessoas mais pobres), sendo ricos em gordura e açúcar, afetam a região cerebral do hipocampo e o córtex pré-frontal do adolescente, causando efeitos a longo prazo de ansiedade, dificuldade no controle de impulsos e efeitos duradouros na função de aprendizagem e memória.
Em uma sociedade cada vez mais hipnotizada pelas telas, sedentária e regada com má alimentação, teremos gerações não apenas mais doentes – sobrecarregando o sistema de saúde, consumindo mais remédios sintéticos – mas igualmente alienadas, sem memória e aptas a cometerem os mesmos erros do passado. Não seria esse o objetivo por parte da maioria desses políticos que hoje ocupam o Congresso Nacional sem qualquer preocupação com o povo?
Luiz Fernando Leal Padulla
A nova onda autoritária
O populismo autoritário se espraia em diversas regiões do mundo, sob uma avalanche de vitórias obtidas por partidos da Direita. Em 2024, das 63 eleições realizadas no mundo, 27 foram conquistadas por candidatos da direita, com destaque para Trump (EUA), Putin (Rússia) e Modi (Índia).
Na América Latina, as eleições municipais no Brasil, de outubro de 2024, os partidos de direita e centro-direita avançaram significativamente, vencendo em quase 60% das prefeituras do país, o que confirmou um país mais conservador.
Na Argentina, a demanda por populismo de direita permanece forte, como evidenciado pela ascensão de Javier Milei, candidato de extrema-direita, eleito no final de 2023.
A direita tem obtido vitórias significativas em países do Cone Sul e em outras nações da América do Sul. No Paraguai, Santiago Peña, do conservador Partido Colorado, venceu a eleição presidencial em abril de 2023, mantendo a direita no poder (o partido governa o país há décadas com uma breve interrupção). A direita também tem governos no Equador (Daniel Noboa, desde novembro de 2023) e no Peru (Dina Boluarte, desde dezembro de 2022, e seu sucessor em 2025). A Bolívia, em outubro passado, elegeu Rodrigo Paz, um presidente de centro-direita.
Na Venezuela, o autoritarismo se manifesta através do controle de instituições e meios de comunicação pelo governo, repressão a opositores e restrição de liberdades. Esse processo, intensificado sob o governo de Nicolás Maduro, inclui a detenção de jornalistas e opositores, o fechamento de veículos de mídia independentes, o controle da justiça e a supressão de protestos. As eleições de julho de 2024, que teriam dado vitória à Maduro, foram amplamente contestadas, sob a denúncia de fraudes.
No Paraguai, o autoritarismo se manifestou em diferentes períodos, com destaque para as ditaduras de José Gaspar Rodríguez de Francia (1814-1840), Francisco Solano López (1862-1870) e, principalmente, Alfredo Stroessner (1954-1989).
Nos Estados Unidos, Donald Trump continua a ser uma figura central do movimento populista de direita global. Na Europa, as eleições de junho de 2024 apontaram notável avanço dos partidos de extrema-direita em vários países-membros.
Na Áustria, o Partido da Liberdade (FPÖ), de ultradireita, venceu as eleições parlamentares de setembro de 2024, com quase 29% dos votos, embora a formação de uma coalizão governamental ainda esteja em negociação. Na Alemanha, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) alcançou resultados históricos em eleições estaduais e nas eleições europeias, obtendo seu melhor desempenho desde a Segunda Guerra Mundial em algumas regiões.
Na França, o Reunião Nacional (RN) de Marine Le Pen também registrou um forte avanço nas eleições europeias. Na Holanda, o Partido pela Liberdade (PVV), de Geert Wilders, também teve um bom desempenho, ficando em segundo lugar nas eleições para o Parlamento Europeu. Na Áustria, o Partido da Liberdade (FPÖ), de extrema-direita, obteve uma vitória inédita nas eleições parlamentares, tornando-se a força política mais votada do país, impulsionado por pautas anti-imigração e preocupações econômicas.
No Parlamento Europeu, houve um avanço notável dos partidos de extrema-direita em junho de 2024, especialmente na Itália, Alemanha e França, alterando o equilíbrio de poder no bloco e reforçando a presença dessas forças políticas no cenário continental
Em alguns Estados da Alemanha, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve seus melhores resultados desde a Segunda Guerra Mundial, consolidando sua força regional. Nos EUA, a reeleição de Donald Trump em novembro de 2024 é vista como um marco significativo, com sua retórica populista e autoritária mantendo uma influência global, servindo de referência para outros líderes.
O autoritarismo na Venezuela, sob o governo de Nicolás Maduro, é uma realidade amplamente documentada, sob a denúncia de terem sido fraudadas as eleições de 28 de julho de 2024. No Paraguai, o autoritarismo se manifestou em diferentes períodos, com destaque para as ditaduras de José Gaspar Rodríguez de Francia (1814-1840), Francisco Solano López (1862-1870) e, principalmente, Alfredo Stroessner (1954-1989).
Na Argentina, Javier Milei, de extrema-direita, continua a obter vitórias, após vencer as eleições em 2023. Seu partido obteve vitórias expressivas nas eleições legislativas de outubro de 2025, o que fortalece sua base de apoio no Congresso.
No Paraguai, Santiago Peña, do conservador Partido Colorado, foi eleito presidente em abril de 2023, mantendo a hegemonia da direita no poder do país. Na Bolívia, a Direita também conquistou uma vitória significativa com a eleição de Rodrigo Paz, fazendo com que passasse a governar cinco dos doze países da América do Sul (incluindo Equador e Peru fora do Cone Sul).
No Chile, embora o presidente atual, Gabriel Boric, seja de esquerda, a direita e a extrema-direita conquistaram maioria no conselho constituinte em 2023, e eleições futuras podem alterar o mapa político.
Já na China, o sistema político é predominantemente caracterizado como autoritário, de partido único, liderado pelo Partido Comunista Chinês (PCC). Esse modelo se aprofundou sob a liderança de Xi Jinping, que centralizou ainda mais o poder.
Em tempos de medo e descrença, o populismo autoritário encontra solo fértil. O eleitor, indignado, está dando sua resposta à democracia, que não tem cumprido suas promessas. P.S. Voltaremos ao tema.
Na América Latina, as eleições municipais no Brasil, de outubro de 2024, os partidos de direita e centro-direita avançaram significativamente, vencendo em quase 60% das prefeituras do país, o que confirmou um país mais conservador.
Na Argentina, a demanda por populismo de direita permanece forte, como evidenciado pela ascensão de Javier Milei, candidato de extrema-direita, eleito no final de 2023.
A direita tem obtido vitórias significativas em países do Cone Sul e em outras nações da América do Sul. No Paraguai, Santiago Peña, do conservador Partido Colorado, venceu a eleição presidencial em abril de 2023, mantendo a direita no poder (o partido governa o país há décadas com uma breve interrupção). A direita também tem governos no Equador (Daniel Noboa, desde novembro de 2023) e no Peru (Dina Boluarte, desde dezembro de 2022, e seu sucessor em 2025). A Bolívia, em outubro passado, elegeu Rodrigo Paz, um presidente de centro-direita.
Na Venezuela, o autoritarismo se manifesta através do controle de instituições e meios de comunicação pelo governo, repressão a opositores e restrição de liberdades. Esse processo, intensificado sob o governo de Nicolás Maduro, inclui a detenção de jornalistas e opositores, o fechamento de veículos de mídia independentes, o controle da justiça e a supressão de protestos. As eleições de julho de 2024, que teriam dado vitória à Maduro, foram amplamente contestadas, sob a denúncia de fraudes.
No Paraguai, o autoritarismo se manifestou em diferentes períodos, com destaque para as ditaduras de José Gaspar Rodríguez de Francia (1814-1840), Francisco Solano López (1862-1870) e, principalmente, Alfredo Stroessner (1954-1989).
Nos Estados Unidos, Donald Trump continua a ser uma figura central do movimento populista de direita global. Na Europa, as eleições de junho de 2024 apontaram notável avanço dos partidos de extrema-direita em vários países-membros.
Na Áustria, o Partido da Liberdade (FPÖ), de ultradireita, venceu as eleições parlamentares de setembro de 2024, com quase 29% dos votos, embora a formação de uma coalizão governamental ainda esteja em negociação. Na Alemanha, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) alcançou resultados históricos em eleições estaduais e nas eleições europeias, obtendo seu melhor desempenho desde a Segunda Guerra Mundial em algumas regiões.
Na França, o Reunião Nacional (RN) de Marine Le Pen também registrou um forte avanço nas eleições europeias. Na Holanda, o Partido pela Liberdade (PVV), de Geert Wilders, também teve um bom desempenho, ficando em segundo lugar nas eleições para o Parlamento Europeu. Na Áustria, o Partido da Liberdade (FPÖ), de extrema-direita, obteve uma vitória inédita nas eleições parlamentares, tornando-se a força política mais votada do país, impulsionado por pautas anti-imigração e preocupações econômicas.
No Parlamento Europeu, houve um avanço notável dos partidos de extrema-direita em junho de 2024, especialmente na Itália, Alemanha e França, alterando o equilíbrio de poder no bloco e reforçando a presença dessas forças políticas no cenário continental
Em alguns Estados da Alemanha, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve seus melhores resultados desde a Segunda Guerra Mundial, consolidando sua força regional. Nos EUA, a reeleição de Donald Trump em novembro de 2024 é vista como um marco significativo, com sua retórica populista e autoritária mantendo uma influência global, servindo de referência para outros líderes.
O autoritarismo na Venezuela, sob o governo de Nicolás Maduro, é uma realidade amplamente documentada, sob a denúncia de terem sido fraudadas as eleições de 28 de julho de 2024. No Paraguai, o autoritarismo se manifestou em diferentes períodos, com destaque para as ditaduras de José Gaspar Rodríguez de Francia (1814-1840), Francisco Solano López (1862-1870) e, principalmente, Alfredo Stroessner (1954-1989).
Na Argentina, Javier Milei, de extrema-direita, continua a obter vitórias, após vencer as eleições em 2023. Seu partido obteve vitórias expressivas nas eleições legislativas de outubro de 2025, o que fortalece sua base de apoio no Congresso.
No Paraguai, Santiago Peña, do conservador Partido Colorado, foi eleito presidente em abril de 2023, mantendo a hegemonia da direita no poder do país. Na Bolívia, a Direita também conquistou uma vitória significativa com a eleição de Rodrigo Paz, fazendo com que passasse a governar cinco dos doze países da América do Sul (incluindo Equador e Peru fora do Cone Sul).
No Chile, embora o presidente atual, Gabriel Boric, seja de esquerda, a direita e a extrema-direita conquistaram maioria no conselho constituinte em 2023, e eleições futuras podem alterar o mapa político.
Já na China, o sistema político é predominantemente caracterizado como autoritário, de partido único, liderado pelo Partido Comunista Chinês (PCC). Esse modelo se aprofundou sob a liderança de Xi Jinping, que centralizou ainda mais o poder.
Em tempos de medo e descrença, o populismo autoritário encontra solo fértil. O eleitor, indignado, está dando sua resposta à democracia, que não tem cumprido suas promessas. P.S. Voltaremos ao tema.
Assinar:
Comentários (Atom)




