segunda-feira, 7 de março de 2016

Lula nunca mais!

Lula (Foto: Arte: Antônio Lucena)
Arte: Antonio Lucena
Pensei: o cara pirou. Só pode ser. Tudo bem que tenha se sentido ofendido pela reportagem do The New York Times sobre seu gosto por bebidas alcoólicas. Pega mal para um governante ser citado assim.

Mas o presidente russo Boris Ieltsin também o fora. E na rede de televisão CNN protagonizara cena memorável dançando em um palco no centro de Moscou depois de ter bebido todas as vodcas possíveis.

Daí a Lula determinar a expulsão do país do correspondente do jornal, Larry Rother? Sinto muito, era exagero. E também um abominável ato de arbítrio.

Foi isso o que ele ouviu dos poucos assessores com alguma gota de coragem para enfrentar seus costumeiros ataques de cólera - “exagero”. Em público, ele vestia a fantasia do “Lulinha paz e amor” com a qual se elegera pela primeira vez.

Um dos assessores, em reunião no gabinete presidencial do Palácio do Planalto, sacara de um exemplar da Constituição e apontara o artigo que garantia ao jornalista o direito de permanecer no Brasil.

Então Lula cometeu a célebre frase que postei no meu blog no dia 12 de maio de 2004, poucas horas depois de ela ter sido pronunciada: “Foda-se a Constituição!”.

Naquele dia, mais de um deputado e senador discursou no Congresso a propósito do que Lula dissera a respeito da Constituição, embora nenhum, por pudor ou receio de ferir o decoro, tenha reproduzido a frase ofensiva e grosseira.

Diretores de jornais e revistas me telefonaram perguntando se eu estava seguro do que publicara. Nenhum ousou escrever sobre o episódio. Eram outros os tempos.

Nos tempos das redes sociais, a imprensa não é mais reverente com os poderosos até porque perdeu o monopólio da informação. Algo que não se dê, a internet dá.

Palavras e frases consideradas chulas antigamente foram assimiladas pela linguagem corrente. De resto, como ignorá-las quando saem da boca de homens públicos e têm a ver com fatos públicos relevantes? Foi o que aconteceu outra vez com Lula.

Um vídeo postado na internet deu conta do que ele disse em conversa com a presidente Dilma poucos minutos depois do fim do seu depoimento forçado à Lava-Jato na última sexta-feira.



Lula disse: “Eles que enfiem no cu todo o processo". Referia-se, certamente, aos procuradores que o haviam interrogado. E ao processo que apura a roubalheira da Petrobras e a sua eventual culpa por ela.

A saída encontrada por Lula para sobreviver foi se declarar desde já candidato a presidente da República em 2018, correr assustado para o colo do PT, anunciar seu retorno às ruas e reconciliar-se com o discurso incendiário da época em que era inimigo das elites e a elas não se associara ainda, adotando apenas o que elas têm de pior.

Dará certo? Difícil que dê. Seria preciso combinar antes com os adversários.

Com a Lava-Jato. Com a crise econômica que se anunciou no seu segundo governo. Com a sucessora eleita e reeleita, sem talento para administrar, sequer, uma loja de produtos baratos, quanto mais um país.

Com o PT devastado pela corrupção e em queda acelerada no ranking dos partidos mais admirados. E com a maioria dos brasileiros que diz rejeitar a hipótese de votar nele, Lula, novamente.

Só há um responsável pela tragédia política e pessoal que Lula enfrenta: ele mesmo. Lula está quase nu. E o que já se vê não é recomendável para eleitores com 16 anos ou mais.

Jararaca irrelevante

A jararaca parece ser a novidade. Todos dizem que ela apanhou. Alguns dizem que a pancada pegou na cabeça. Outros juram que foi no rabo. Mas todos concordam. A jararaca parece não ter saído incólume.

Confesso que não lembrava exatamente o que era uma jararaca. Fui pesquisar. A original, segundo a Wikipédia, é uma serpente muito venenosa e responsável por grande parte das picadas de cobra em sua região de origem. Na natureza, tem jararaca de todo tipo e atendendo por muitos e diferentes nomes... Jararaca-do-campo, jararaca-do-cerrado, jararaca-dormideira, jararaca-preguiçosa e jararaca-verdadeira... E que todas gostam de ratos.

Já em sua forma humana, jararaca, na gíria, é Pessoa fofoqueira, traiçoeira. Qualidades adequadas para descrever a jararaca em questão. Esta, sem duvida alguma, foi atingida pela paulada metafórica. E virou noticia. Apesar do golpe, sobreviveu. Meio tonta, fez barulhos, esperneou, reclamou. Tem o direito.

Alguns podem achar que esta jararaca luta contra a extinção. É improvável. Ela provavelmente sobreviverá para ver o futuro, viver nele, testemunha-lo. Para esta jararaca, o futuro, especialmente o imediato, é importante. Para o futuro, é possível que a jararaca não tenha importância alguma.

Futuros são assim. Relegam a (no máximo) notas de rodapé personagens menores da trama. Lembram somente daquilo que vale a pena preservar. E, convenhamos, muita coisa e muita gente nos dias de hoje merecem ser esquecidos. Ou ignorados. A jararaca, inclusive.

Com sorte, em alguns anos, os ratos, as jararacas, o veneno, o bote, os ataques, enfim, estes tempo com muito calor e nenhuma luz talvez façam parte de passado distante que a gente possa ignorar. E dele levar somente o aprendizado para que nada disso se repita.

No meio tempo, a gente vai ter que ouvir e presenciar o estrebucho e barulho da jararaca. E entender que ela luta não pela sua sobrevivência. A jararaca (ou pelo menos esta jararaca) não está nem corre o risco de ser, extinta. Ela apenas perdeu a importância.

A gente já cansou dela. E prefere que ela continue sua caminhada relutante em direção ao ostracismo, enquanto, infelizmente, abusa da paciência, dos ouvidos e da boa educação. Continua viva. Mas cada vez mais esquecida. E irremediavelmente irrelevante.

Investigação sobre Lula faz Brasil flertar com crise institucional

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Uma república não prospera sem o funcionamento pleno de suas instituições, ensina a literatura política e econômica mais moderna. Na sexta-feira, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi coagido a depor à Polícia Federal por conta da Operação Lava Jato houve sinais de que a convivência entre os Poderes no Brasil estava prestes a cruzar uma linha perigosa.

A presidenta Dilma Rousseff manifestou "integral inconformismo" após ver seu mentor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ser coagido a depor à Polícia Federal por conta da Operação Lava Jato. Lula, por sua vez, reivindicando seu legado enquanto presidente, dirigiu as baterias contra os procuradores e juízes que investigam sua relação com os maiores empreiteiros do país. O problema, segundo o ex-presidente, não é a oposição ao Governo, mas “uma parcela do Judiciário brasileiro que está trabalhando com certos setores da imprensa”.

O mundo judiciário de fato não reagiu bem à condução coercitiva de Lula para o posto avançado da Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas. Juristas ouvidos pelo EL PAÍS questionaram o procedimento, classificado como exagerado e até inconstitucional por alguns deles. O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse à Folha de S.Paulo que a coerção de Lula foi "um ato de força" e questionou as justificativas utilizadas pelo juiz Sergio Moro para embasar a decisão: "Será que ele [Lula] queria essa proteção? Eu acredito que na verdade esse argumento foi dado para justificar um ato de força. Isso implica em retrocesso, e não em avanço".

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) reagiu, dizendo em nota que a força-tarefa da Lava Jato atua "de acordo com a mais rígida e cuidadosa observância dos preceitos legais, sem violência ou desrespeito aos investigados". Os procuradores argumentam ainda que "a condução coercitiva é instrumento de investigação previsto no ordenamento e foi autorizada no caso do ex-presidente Lula de forma justificada e absolutamente proporcional, para ser aplicada apenas se o investigado eventualmente se recusasse a acompanhar a autoridade policial para depoimento penal".

Exagerada ou não, a condução coercitiva foi autorizada pela Justiça outras 117 vezes ao longo das 24 fases da Operação Lava Jato. A utilização do procedimento para ouvir Lula, portanto, mostra que, apesar do desconforto e dos tumultos que isso possa causar, não foi uma exceção entre os investigados. Em entrevista à BBC Brasil, o presidente da ONG Transparência Internacional, José Ugaz, disse que a investigação contra Lula "mostra que o combate à corrupção não deve levar em conta a importância política ou econômica de ninguém".

A Operação Lava Jato parece ter sentido o impacto das reações. Neste sábado e de maneira inusual, o juiz Sergio Moro divulgou nota para dizer que a condução coercitiva de Lula "não significa antecipação de culpa do ex-presidente" e para "lamentar que as diligências tenham levado a pontuais confrontos em manifestação políticas inflamadas, com agressões a inocentes, exatamente o que se pretendia evitar". O juiz ainda repudiou "atos de violência de qualquer natureza, origem e direcionamento, bem como a incitação à prática de violência, ofensas ou ameaças a quem quer que seja, a investigados, a partidos políticos, a instituições constituídas ou a qualquer pessoa". Mais tarde foi a vez do time de procuradores da Lava Jato se defender também em nota.

Comedido ao comentar a crise e ao mesmo tempo um personagem importante dela, o vice-presidente da República, Michel Temer, disse durante evento com juízes no Mato Grosso do Sul na sexta-feira que o país passa por um "refluxo institucional". "A cada 25, 30 anos, há um refluxo, quase um fatalismo histórico, um fluxo e refluxo institucional, começam a aparecer crises que demandam novas providências do povo brasileiro", registra O Estado de S.Paulo. Fazendo menção ao golpe militar de 1964, Temer disse que o poder Executivo tem uma "vocação centralizadora muito forte" e que, para evitar o rompimento de ciclos históricos, é preciso "mudar as instituições" periodicamente.

Os sintomas de uma crise institucional já vinham sendo sentidos desde que a Lava Jato começou a tocar os altos escalões da República — gerando troca de farpas entre membros do Judiciário, do Executivo e do Legislativo —, e se acirrou quando o Governo perdeu o controle da Câmara, com a eleição de Eduardo Cunha, em fevereiro de 2015. Sem base no Congresso Nacional, Dilma se vê forçada a optar entre fazer as reformas para equilibrar as contas públicas — com os ônus políticos que as acompanharão — e ser fiel à sua base social.

A presidenta talvez estivesse na melhor posição para liderar um processo de estabilização, mas, já abalada pelo turbilhão político, foi diretamente envolvida pela primeira vez nesta semana no enredo da Lava Jato, graças ao vazamento do princípio de um acordo de delação premiada do senador Delcício do Amaral (PT). Não bastasse, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), que já é tratado pelo STF como réu por conta da mesma operação, foi denunciado mais uma vez pelo Ministério Público por irregularidades cometidas no âmbito da Petrobras — a denúncia contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), ainda aguarda parecer dos ministros, após ter sido retirado da pauta de julgamentos.

Além disso, o ministro da Justiça deixou o cargo por conta de pressões do partido da presidenta, insatisfeito com os rumos da Lava Jato — no final do ano passado, Joaquim Levy já havia deixado o Ministério da Fazenda por atritos com o PT. Tudo isso ocorre em meio à maior recessão desde os anos 1990 e a perspectiva de um segundo ano seguido com encolhimento da economia. De todo esse caos, pode surgir boa notícia se o Brasil conseguir enfrentar e atravessar todos seus problemas políticos e os Poderes passarem por esse "teste de estresse" sem derrapagens. Se a Operação Lava Jato for um sucesso, o país dificilmente estará em pior condição do que quando ela começou, há dois anos — e isso não será pouco.

Reservada a bacanas

Foi-se o tempo em que ser corrupto no Brasil estava ao alcance de qualquer um.

Numa das fabulosas boates do Rio nos anos 50, um boêmio sentado ao lado da mesa de um assessor do ministro da Agricultura, por exemplo, ouvia-o dizer que o governo iria fazer uma importação de tratores. O sujeito puxava conversa e convencia o assessor de que, se essa importação incluísse discretamente 50 Cadillacs rabo-de-peixe, eles poderiam ganhar um bom dinheiro revendendo-os na praça e dividindo a féria. Era assim nos governos Dutra, Getúlio, Juscelino.

No tempo da ditadura, muitos generais trocaram a agrestia dos quartéis, com seu perfume de estrebaria, pela presidência de órgãos públicos, com salários que lhes permitiam pedir reforma do Exército e trocar a casinha no Maracanã pelo apartamento em Copacabana. As obras do "Brasil grande" também podiam não sair das pranchetas, mas, enquanto estavam em estudos, socorriam muitos coronéis desamparados.

Nos governos Sarney, Collor e FHC, foi preciso ser mais criativo para ser corrupto.

Políticos e empresários desenvolveram afinidades jamais sonhadas, donde surgiram as concorrências com cartas marcadas, o loteamento dos cargos públicos e as privatizações marotas. Ali a corrupção começou a encarecer.

Sob Lula e Dilma, explodiu. Nunca neste país foi preciso pagar tanta propina, superfaturar transações, investir em refinarias falidas, subornar políticos, nomear ministros, lubrificar tribunais, silenciar aliados, socorrer amigos, comprar medidas provisórias, pagar por palestras fantasmas e bancar a tomada do Estado por um partido. Para não falar nas boquinhas -é um filho aqui, outro ali, um instituto, um sítio, um tríplex, um pedalinho. E tudo em milhões, nada abaixo de sete dígitos.

Haja dinheiro. Hoje, só bacana pode ser corrupto.

Ruy Castro

Quem é Lula?


A Polícia Federal avança em busca da verdade disparando Aletheia, a mais nova e politicamente complexa fase da Operação Lava-Jato. Lubrificadas pela delação premiada de Delcídio Amaral, as investigações exigiam o depoimento do ex-presidente Lula, o que foi previamente assegurado por eventual condução coercitiva autorizada pelo juiz federal Sergio Moro. A delação de Delcídio embola os governos Lula e Dilma em uma engrenagem única em sinistra associação com piratas privados e criaturas do pântano político para a apropriação indébita de recursos públicos e para a permanência no poder. O mensalão e o petrolão seriam duas faces do mesmo fenômeno. E a autorização da condução coercitiva por Sergio Moro irritou o ex-presidente e inflamou a militância que o esperava na sede do PT após o depoimento.

Olívio Dutra, um dos fundadores do PT, diz que quem mudou foi o partido, e não seus adversários, atribuindo práticas degeneradas à política do pragmatismo, o “enorme guarda-chuva aberto por Lula”. O líder maior de seus adversários, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, parece concordar com essa avaliação: “É preciso abrir o jogo: não se trata só de Dilma ou do PT, mas da exaustão do atual arranjo político brasileiro.” Compreendem os leitores o profundo silêncio das oposições? Entendem por que a defesa da República depende agora da Polícia Federal, do Ministério Público e do Poder Judiciário?

Seremos testados nos próximos meses. Não apenas nossas instituições mas também o próprio Lula. Sua biografia não é a de Chávez, e o Brasil não é a Venezuela. Lula prestará um desserviço ao país, desmerecendo sua luta pela redemocratização, se incitar militantes à violência, em vez de enfrentar serenamente uma avaliação de suas responsabilidades perante a Justiça. Seria desesperada e temerária qualquer ameaça de convocar camisas negras, pardas ou vermelhas, “o exército de Stédile” e militantes de organizações sociais para brigar nas ruas. Seria uma provocação ao Exército de Caxias. Nossa democracia dispensa tanto a violência de milícias partidárias quanto as práticas transgressoras de bandos políticos, em que a cumplicidade e o silêncio solidário com os malfeitos colidem com a transparência e a integridade exigidas no trato da coisa pública.

Velho infrator

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Septuagenário, Lula, após ter sido convidado a prestar depoimento na Polícia Federal, foi levado ao aeroporto de Congonhas , e lá ficou por três horas. Ao sair, parecia um desses jovens infratores que, encaminhados às delegacias especializadas e, na certeza de que serão libertados , surgem nas televisões, com imagem distorcidas e vozes digitais, falando besteiras, afrontando policiais, xingando repórteres e proclamando que são "dimenor".

O líder dos enfurecidos companheiros, comportando-se como incentivador de badernas e violência, usando a sua emissora privada, prometeu colocar seus ilegais guerreiros nas ruas para exigir respeito e privilégios.

Sendo "dimaior", o ex-presidente, com a colaboração de vídeo postado nas redes sociais pela "aliada Jandira Feghali", fala ao telefone com a ameaçada sucessora, e diz que podem enfiar, no orifício anal - para não ser chulo como o ex-presidente - os processos contra ele. Lula, que já havia feito discurso midiático, debochando da Polícia Federal, do Ministério Público, da Justiça e da maioria do povo brasileiro, com a divulgação do vídeo de Jandira confirmou a sua fama de debochado e desbocado.

É inacreditável que tenhamos sido governado, por tantos anos, por uma pessoa que incita a violência, destrata interlocutores, desafia a mídia, além de preferir bebidas fortes a vinhos refinados, apesar de possuir adega climatizada em um sítio emprestado de um amigo.

A fama de apreciador contumaz de cachaça, Lula deve ter tomado uns tragos antes de proferir o seu discurso. Olhos empapuçados, cabelos ralos e desgrenhados, voz rouca vinda da garganta sofrida, o ex-presidente encontrou o palanque que ,a tempos, buscava e vociferou ameaças aos ventos.

Em um momento terrível para o Brasil, Lula deveria se espelhar no africano Nélson Mandela que, após vinte e sete anos de injusta prisão, pregou a paz e o perdão aos seus concidadãos. A preferência do assustado conduzido depoente pela África, governada por ditadores, aclara o interesse de investir fortunas naquelas paragens. Deve ser este o ideal do político decadente: governar o país sem oposição, sem democracia e sem justiça para todos.

Lula sabe que os seus dias de liberdade estão por um fio e, desesperadamente, retoma as rédeas do seu séquito e pretende sair às ruas do país, cobrando dos mais pobres a dívida por ter proporcionado a eles melhores condições de vida. Esses cidadãos não devem nada ao ex-presidente, ao contrário, todos governantes devem proteger os carentes, desde que não coloquem uma parte dos recursos em seus bolsos através de artifícios.

A derrocada da maioria dos nossos políticos é a verdadeira prova dos desmandos causados por corruptos e incompetentes. As investigações que desmancham as maravilhas do Brasil líder mundial já levaram à condenação e prisão homens de confiança de Lula e, agora, se aproximam, implacavelmente, ao governo da presidente Dilma.

Deve ser duro para uma menina que sonhava, erroneamente, implantar uma sociedade mais justa, estar atolada no lamaçal arrasador que destruiu não uma represa, mas, uma nação.

Dilma, que também é "dimaior", mas não tem os privilégios dos septuagenários, deveria se afastar das más companhias para não ser convidada, ao amanhecer, antes sair nas constantes pedaladas, a depor no processo da Lava-Jato perante ministros do Supremo Tribunal Federal.

A Igreja contra ofídios

A Igreja já não é mais aquela apoiando a luta dos petistas em favor dos pobres e oprimidos. Com a sutileza que lhe é conferida, inspirou a missa celebrada por Dom Darci José Nicioli, bispo auxiliar da Arquidiocese de Aparecida.

Lula consegue enterrar ainda mais a sua biografia

Em sua defesa na sexta-feira, o ex-presidente Lula cavou um pouco mais o buraco onde vai sendo enterrada sua biografia. O ex-presidente afirmou que os avanços sociais no país levaram as “elites” a persegui-lo, assim como à caça ao PT. O trabalho e o recolhimento de provas na Lava Jato e no Ministério Público seriam, em última análise, destinados a interromper o processo de melhora de vida dos mais pobres. Isso seria contrário ao desejo das elites.

Em 13 anos de poder, o PT promoveu a maior distribuição de renda da história brasileira. A renda dos 10% mais pobres aumentou, em termos reais (acima da inflação), cerca de 130% no período. A dos 10% mais ricos, 30%. Todos ganharam.

Ao final de seu governo, entregue com uma taxa de crescimento de 7,5%, a maior em 25 anos, Lula foi coroado como o presidente mais popular da história. Era apoiado pela grande maioria da população (83%), elogiado por empresários e reconhecido amplamente no exterior.

Além de distribuir renda, Lula conseguiu dobrar a taxa de crescimento do PIB em relação a FHC. Fez o Brasil acumular bilhões de dólares em reservas e ampliou como nunca o mercado consumidor, com mais acesso a bens e serviços.

No Nordeste, garantidor das últimas vitórias do PT, o ex-presidente virou rei. E a “mulher de Lula”, a “Vilma”, foi a escolha natural para a sua sucessão. Lula chegaria assim a presidente “tribom”, com disse nesta sexta. Eleito, reeleito e fazedor de sucessor.

Dilma depois arruinou a economia e pôs os pobres no caminho de volta. É jogo jogado. Ela foi eleita democraticamente e tinha o direito de governar como julgasse necessário. Se mentiu e o povo engoliu na conquista de um segundo mandato, problema do país. Donald Trump também está aí.

Ao mesmo tempo que tenta dividir o país entre “nós” e “eles”, Lula demonstra todo o seu isolamento ao voltar a se abraçar em Dilma. O naufrágio econômico também seria culpa das mesmas investigações contra ele, que teriam paralisado o governo.

Apesar dos prováveis imprevistos, a Lava Jato e a atual recessão parecem ter definido a sua dinâmica. O grau de degradação na ação e discurso de seus envolvidos passa agora à grande incógnita

Ou lava ou racha

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Agora, não há mais como escapar do julgamento da História, com letra maiúscula. A explosão de dois homens-bomba deixou o país perplexo e espalhou estilhaços no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto. Os homens-bomba não são meros doleiros, ou diretores de estatal, ou empreiteiros, mas líderes de nossa República, investigados pela Lava Jato no exercício de seus mandatos. O ex-líder do governo Dilma Rousseff no Senado, Delcídio do Amaral, (ainda) do PT, e o (ainda) presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB, se tornaram reféns e protagonistas explícitos do grande esquema de corrupção e guerra suja de poder que apequenou a política brasileira e desacreditou seus maiores representantes.

Primeiro, como aperitivo, caiu em desgraça Eduardo Cunha, depois de um ano de manobras irritantes. Cunha foi, enfim, para felicidade geral da nação, transformado em réu pelo Supremo Tribunal Federal e por unanimidade: 10 votos a 0. É acusado de receber ao menos US$ 5 milhões desviados da Petrobras. Pouco mais de uma hora após ser proclamado réu, cinco partidos pediam seu afastamento da presidência da Câmara: PT, PSDB, PSOL, PPS e Rede. Cunha parecia o único capaz de reunificar o país – contra ele.

Ele perde o mandato se pelo menos 257 de seus 512 colegas quiserem, em votação aberta. Não há mais clima para Cunha se manter presidente da Câmara e driblar a cassação, a não ser que faça comoRenan Calheiros, que renunciou para não perder o mandato – e voltou, como o afilhado favorito de José Sarney, à presidência do Senado. Sobre o correligionário Cunha, Renan já se pronunciou: “Me inclua fora dessa. Não me ponha nessa confusão”.

O maior homem-bomba explodiria logo depois, deixando a presidente Dilma Rousseff anestesiada, sem capacidade de reação imediata. A explosão veio em forma de palavras, trechos devastadores de um depoimento de 400 páginas que o senador petista Delcídio do Amaral teria dado ao procurador-geral da República, como parte do acordo para ser solto no dia 19 de fevereiro. Foram quase três meses de prisão, acusado de atrapalhar as investigações da Lava Jato e desmascarado em vídeo gravado num quarto de hotel pelo filho de Nestor Cerveró.

A revista IstoÉ antecipou sua edição para publicar com exclusividade o depoimento de Delcídio, ainda não formalizado pelo STF como delação. Collor e Nixon caíram por muito menos. Em vez de afirmar que as declarações publicadas são uma fraude e não passam de mentiras, Delcídio disse apenas “não reconhecer o teor, a origem e a autenticidade”, em nota assinada com seu advogado. Não confirmou o conteúdo, mas não o desmentiu.

O que veio à tona com o homem-bomba e ex-braço forte de Dilma e Lula no Congresso é um conjunto de crimes contra a democracia, que vão muito além da corrupção passiva ou compra de votos. Articulação para barrar a Lava Jato e sabotar a Justiça, nomear desembargadores simpáticos ao PT, influenciar o voto do Supremo Tribunal Federal, soltar presos como Marcelo Odebrecht. Complôs tendo Lula como mentor das mesadas para Cerveró calar a boca – mesadas que teriam saído do bolso do amigo pecuarista José Carlos Bumlai.

Se um terço desse depoimento ficar comprovado, o governo implodirá, por renúncia ou impeachment. Antes disso, cabeças rolarão – espero que essa expressão não passe de uma metáfora. Tem muita gente preocupada com a sobrevivência física e política. O filho de Cerveró deixou o país. O senador Delcídio tornou-se, para o PT, réu confesso, inimigo declarado do partido e do governo e forte candidato a ser cassado rapidamente.

Seja qual for o desfecho desse drama, Lula – que na sexta-feira começou a ser investigado oficialmente pela Lava Jato – e Dilma devem estar arrependidos ao menos de um detalhe: não ter escutado o conselho de Delcídio. “Presidente, é perigoso deixar os feridos pelo caminho.” O senador disse isso aos dois, Lula e Dilma, ao longo de anos, antes de ser preso e experimentar o veneno do PT. “Coisa de imbecil” e “burrada” – foi a reação de Lula ao vídeo que derrubou Delcídio. O PT ficou dividido entre a expulsão sumária e a suspensão do senador. Delcídio ficou desesperado com a traição e o isolamento.

O panorama, aliado a uma crise econômica quase sem precedentes, é sombrio, mas pode ser o início real de uma depuração nunca antes vista no país. Militantes apaixonados que sonham com “O Regresso” podem se tornar dissidentes, também passionais, caso a verdade seja assim tão suja. Agora, é lava ou racha.

'Guerra' à legalidade

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O ex-presidente trava, sim, uma batalha. Guerra, no entanto, perdida para a legalidade, a impessoalidade, a probidade e a transparência de um grupo de policiais argutos e de procuradores muito bem preparados para fazer frente a uma gente que só tem em mente as conveniências e o bem estar da própria gente

Cuidado com a jararaca

Passei a última sexta-feira avaliando as manifestações sobre a “prisão” do ex-presidente Lula em seu apê, aquele que ele reconhece como “compro e pago” por ele, lá em São Bernardo do Campo. Na verdade um lixo de apart, uma espelunca, se comparado àquele que ele estava ajudando o proprietário amigo a reformar, com sugestões de decoração de ambientes. Lula é um homem exemplar sob todos os aspectos de análise. Operário de importante indústria automecânica, na região do ABC, ele ascendeu à condição de maior líder popular da América Latina dos últimos 40 anos. Uma trajetória invejável, especialmente porque foi o centro da fundação de um partido, o PT, em cuja história se abrigou relevante participação nos atos mais representativos e marcantes da vida política e social brasileira.

Como líder sindical e depois como dirigente partidário, enfrentou a ditadura militar, lutou pela reconquista das liberdades, foi preso e torturado nos porões da repressão. Lutou pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária, pela valorização dos salários, pelo acesso das classes mais pobres aos benefícios do desenvolvimento. No seu governo, negros se beneficiaram da política de cotas que, se reconhecidamente tem erros de concepção, que prejudicam seu caráter reformador, também é certo que fez abrigarem-se nas universidades públicas parcelas da população universitária antes excluídas. Na verdade, muito mais do que pela sua condição racial, pelo seu perfil socioeconômico.

genildo

Nos governos Lula também, segundo ele próprio, (o Lula), pobres passaram a andar de avião, a ter carro próprio, a fazer curso superior, a comer, a comprar cueca e lingerie de renda, a ir para a praia, ao baile funk, a não ter vergonha de torcer pro Curintiãs, pro Mengo e em Minas, porque sou cruzeirense, não falo.

Concordo com Lula em tudo, para não polemizar. Ele está correto. O que eu não entendo é porque um cara tão bom, tão criativo, tão sensibilizado com o drama vivido pela expressiva maioria dessa sociedade pobre, fu..., desassistida, desamparada, sofrida, faminta, consequência de uma histórica falta de políticas públicas concebidas com instrumentos claros e eficazes no seu objetivo; um cara reconhecido pelos eleitores que o levaram à Presidência da República e depois o reconduziram ao mesmo cargo; e que depois de oito anos de mandato, ele ainda elegeu “uma poste” como sucessora. Como que esse cara permite que um bando de corruptos, ratos profissionais, invada as licitações públicas, o erário e as reservas nacionais; assalte as empresas estatais e saque dessas, moeda-a-moeda, o seu patrimônio material e moral, como aconteceu com a Petrobrás e várias outras, menos expressivas e menos estratégicas? Não sabia? Alzaimou?

Querido: você perdeu o bonde. Junte o que ainda lhe sobra, se é que lhe sobra, e ajude a pensar um outro Brasil. Senão o Moro, (que realmente errou em mandar conduzi-lo coercitivamente, em invadir sua casa e a de seus filhos), vai pisar no rabo da jararaca e ela vai morder sua bunda.

Bombicídio e Aletheia

Duas bombas de forte impacto e alto grau de precisão acabam de explodir sobre as cadeiras onde se sentam a presidente Dilma, no Palácio do Planalto, e o ex-presidente Lula, no Instituto que leva seu nome.

O primeiro artefato foi a divulgação, pela revista Isto É, de trechos da delação premiada que o senador Delcídio Amaral negocia com a justiça, onde relata a participação de dois maiores protagonistas do PT nos casos da compra da refinaria Pasadena, pagamentos à família de Cerveró e compra do silêncio de Marcos Valério, operador do mensalão.

O segundo explosivo é esta 24ª. fase da Operação Lava Jato, de nome Aletheia ( Busca da Verdade), que tira Lula de sua casa para prestar depoimentos sobre os negócios envolvendo sua empresa, LILS Palestras, o Instituto Lula, o tríplex do Guarujá, o sítio em Atibaia e eventuais conexões com cinco empreiteiras.

O bombicídio, a bomba de Delcídio, terá um efeito devastador, eis que puxa Dilma e Lula para o centro da fogueira aberta pela Operação que apura desvios e propinas nas cercanias da Petrobras.

O senador pinça, ainda, a Ação Penal 470, para dizer que o ex-presidente manobrou para comprar o silêncio do ex-operador do mensalão, o publicitário Marcos Valério, que teria pedido de R$ 220 milhões para ficar de bico calado. (Diz-se que se conformou com menos no arranjo financeiro feito pelo ex-ministro da Fazenda, Antonio Palloci).

Como se pode aduzir, a delação do senador Delcídio, que aguarda homologação pelo ministro Teori Zavascki, do STF, mesmo sob a forma de roteiro, mostra potencial para ser o fato de maior impacto da Operação Lava Jato.

Afável e respeitado, o senador sul mato-grossense goza de prestígio junto aos pares, a ponto de ter sido escolhido pela presidente Dilma para ser líder do Governo no Senado. Nos últimos tempos, comandava a poderosa Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

Amigo de Lula, com quem conversava frequentemente, Delcídio é uma das maiores fontes de informações e segredos sobre as veredas do Planalto. Pois este “sabe tudo” decidiu entrar no jogo da delação premiada para aliviar o peso de eventual condenação pelo Supremo.

Não se trata de pessoa que perdeu a credibilidade, conforme a desconstrução de seu perfil que governistas tentam fazer. A nota em que o senador e seu advogado dizem não reconhecer trechos pinçados pela revista Isto É deve ser entendida como uma carta de seguro, na medida em que ainda não foi oficializada.

A Aletheia, abrigando 44 mandados judiciais, sendo 33 de busca e apreensão e outros 11 de condução coercitiva, incluindo Lula e seu filho Fábio Luis Lula da Silva, mesmo não tendo relação com a delação de Delcídio, se soma ao repertório de eventos negativos que se abatem sobre as principais figuras do governo e do PT, fornecendo munição para acirrar a luta política e o ânimo social. Analisemos alternativas que poderão advir a partir destas duas explosões.

O impeachment, como se sabe, iniciara uma descida no terreno das probabilidades. A delação de Delcídio puxa a ideia para o centro do debate político. Ele terá de comprovar o que disser, até para se apurar a extensão de eventuais sinais de vingança por se sentir abandonado pelos próceres petistas.

Mesmo considerando as idas e vindas que ocorrem num processo de impeachment (oitivas, recursos de apelação etc) trata-se de alternativa que ganha força. Mas o caminho da decisão passa pelo clamor das turbas. O dia 13 de março será um termômetro importante para aferirmos a temperatura social. Já a renúncia é hipótese descartada, tendo em vista a índole de auto-suficiência da presidente Dilma.

Já a busca de verdade no entorno do ex-presidente, com depoimentos e mandados de apreensão que ganharão ampla visibilidade, corroerá ainda mais os costados de Lula. Se houver prisão (dele ou de filhos), o incêndio chegará às alturas. Os eventos dessa fase da Lava Jato mancharão a imagem da presidente, contribuindo para desgastar a imagem da pupila.

O impedimento da presidente, decisão de cunho político, correria mais rápido que o percurso da análise de contas no âmbito do TSE. Nesse Tribunal, o affaire entraria no próximo ano, com a possibilidade de se ter a separação de contas entre as campanhas da titular e do vice.

A permanência de Dilma se apresenta também como hipótese viável, com o agravante de que seu governo seria um dândi na escuridão. Perdido e sem rumo. Jorrando sangue por todos os lados, perderia todas as forças. Cenário devastador na economia, paisagem caótica na seara social, guerra de guerrilhas na arena política, onde o lema seria: salve-se quem puder. Some-se a essas visões catastróficas a moldura da Câmara sem o comando de Eduardo Cunha, afastado da presidência pelo STF.

O pedido de afastamento, feito pelo Procurador Geral, Rodrigo Janot, deverá ser analisado pelo plenário da Corte. Mas o STF não tem tanta certeza de que este pode ser o rumo. Teme entrar no terreno do Legislativo. Enquanto isso, o Conselho de Ética dará encaminhamento ao pedido de cassação de Cunha. Se aprová-la, a decisão irá ao plenário, onde o deputado conserva grande parcela de aliados.

A equação do impeachment dependerá sempre do volume das ruas. Os números das multidões, por sua vez, inflarão ou murcharão nas ondas das marés alta e baixa, a primeira apontando para o bolso cheio, a segunda para o bolso vazio. Ora, a economia não melhorará nos próximos meses. Ou melhor, pode haver recuperação sob a égide de outro governante. Basta ver o movimento das bolsas nesses últimos dias.

Cresceu quase 10% com o perigo se aproximando de Dilma e Lula. Por último, resta acompanhar a estratégia traçada pelo PT para defender Luiz Inácio: mobilização da militância, enxurrada vermelha, slogans e palavras de ordem (“não vai haver golpe”), confrontos físicos, grupinhos de professores expressando “defesa da democracia” etc. Tudo sob o olhar aparvalhado do novo ministro da Justiça, Wellington César, que teria sido escolhido para “administrar a independência” da Polícia Federal.

Quem cala...

Um fato preocupa: o PT jamais julgou a conduta ética de seus militantes acusados pela Lava-Jato. Nem os absolveu, nem os condenou. Calou-se. E quem cala consente
Frei Betto

'Pato' bancou pavão e saiu depenado

'Pato' louco na porta da Globo quer aparecer
A solidariedade a Lula foi um grande sucesso pirotécnico apenas por dois dias. O ex ganhou a mídia, com aplausos espaço na televisão, não pela magnitude de gesto, mas por prestar esclarecimentos na Justiça.

A festa de confete acabou no domingo, mas os sempre prestativos militantes, com boquinha garantida, resolveram ampliar as manifestações. Sob a liderança do prefeito de Maricá e presidente regional do PT, Washington Quaquá, e a maricaense honorária Lurian Lula da Silva (filha de Lula), foram procurar os holofotes na porta da Rede Globo. Atacaram a empresa que nada tem a ver com a roubalheira petista no país com os velhos e surrados refrões partidários, que não incentivam nem defunto a sair da tumba.

Deram mais um espetáculo de cretinice como todos os demais liderados por Quaquá, há anos alcunhado de "Pato", que encontrou assim uma fórmula de apagar uma semana de derrotas consecutivas no próprio município .

O prefeito não foi sequer uma vez ao inundado conjunto do Minha Casa Minha Vida, em Maricá, durante as últimas chuvas. Os louros da luta em defesa dos desabrigados e desalojados ficou com o hoje arquiinimigo Marcelo Delaroli, secretário estadual, que se meteu até o joelho nas águas sujas e písou na lama, coordenando a ajuda que o governo petista negou, escondido atrás de câmeras e holofotes.

Defensor raivoso de Lula, de quem é fiel seguidor inclusive nas mentiras, Quaquá passou a semana desfilando na praia de Maricá defendendo uma abertura do canal da Barra, que seria, segundo ele, a salvação do povo sofredor com as enchentes. Mas por duas vezes foi obrigado a fechar rapidamente a abetura devido a entrada das águas do mar. Seria uma catástrofe pior e com assinatura do criminoso. O canal foi aberto apenas na taqrde de sábado quando todas as águas já haviam baixado.

Sem ter mais o que fazer para aparecer, o prefeito que não pisou na lama no conjunto habitacional dos pobres foi liderar marcha no Jardim Botânico para ganhar exposição na mídia. Ganhou a mandioca e saiu com o rabinho entre as pernas, ganindo para seus sustentados colaboradores a vitória popular. Fez vista apenas na imprensa companheira, na qual viceja sua insignificância.

Lula, Freud e o futuro da esquerda

Se um paciente inteligente rejeita uma sugestão de forma irracional, então a sua lógica imperfeita é evidência da existência de um forte motivo para a sua rejeição
Sigmund Freud

Não resta a menor dúvida, para qualquer pessoa minimamente razoável, de que o Partido dos Trabalhadores e seus principais dirigentes — entre eles José Dirceu, Antônio Palocci, João Vaccari e Luiz Inácio Lula da Silva — estruturaram uma organização criminosa com o apoio de outras facções da política brasileira (facção se aplica melhor à nossa realidade do que partido) com o objetivo precípuo de se perpetuar no poder. Para tal, desviaram recursos de empresas estatais, de bancos públicos e de fundos de pensão, se associaram a grupos de empreiteiros mafiosos, utilizaram laranjas, marqueteiros e doleiros em larga escala, fraudaram o processo eleitoral com recursos provenientes de corrupção e fizeram políticas públicas totalmente irresponsáveis, levando o Brasil à bancarrota. Não resta dúvida também, como disse o capitão Nascimento em Tropa de Elite, que “quem rouba para o sistema também rouba para família”. Isto está claro e transparente — como a luz que incide na cobertura 164 A do único edifício pronto no condomínio Solaris.

No entanto, ainda há quem tente negar a realidade revelada no processo do mensalão e nas provas e testemunhos das operações Lava-Jato e Zelotes. O que nos leva de volta a Sigmund Freud: por qual motivo há tanta relutância por parte da esquerda em encarar a realidade que lhes foi exposta ao longo dos últimos anos? A explicação é dupla. No caso da militância profissional, da UNE, da CUT e do MST, se aplica a máxima de Upton Sinclair, famoso escritor americano: “É difícil fazer com que alguém entenda algo quando o seu salário depende do não entendimento deste algo.”

Mas o que dizer dos intelectuais e artistas que não recebem salários por sua “militância”? No caso deles, não se trata de grana, mas de uma questão psicoanalítica. Investiram as suas vidas e reputações em posições pró Lula e pró PT. Agora, não suportam reconhecer o erro que cometeram por uma questão de autoimagem. Freud e sua filha Anna chamaram este fenômeno de negação. Trata-se de uma defesa contra realidades externas que ameaçam o ego. Saber lidar com a negação me parece ser a questão básica para a sobrevivência da esquerda brasileira hoje. Se os pensadores de esquerda não tiverem a grandeza de reconhecer o erro que cometeram com Lula e com o PT, se comprarem a tentativa de Lula e do PT de incendiar o país para criar um ambiente irracional posto na vigência da razão não há saída, a esquerda brasileira vai afundar com eles. Lula e o PT se tornarão os arautos da destruição do pensamento marxista no Brasil.