sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
Como conviver com a lambança
Argumentos
jurídicos podem ser despejados em cascata para justificar a liberdade do
ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, concedida em habeas-corpus pelo ministro
Teori Savaski, do Supremo Tribunal Federal. Mas parece no mínimo vingança da
natureza que no mesmo dia, quarta-feira, tenha sido conhecida a delação
premiada do empresário Augusto Ribeiro de Mendonça, da Toyo Setal, braço
brasileiro de uma multinacional japonesa. Porque o agora candidato à diminuição
da pena a que será condenado revelou haver a empresa repassado 152 milhões de
reais a título de suborno, por orientação de Renato Duque, para o clube das
empreiteiras conseguir contratos com a Petrobras. Aliás, 4 milhões foram doados
a campanhas eleitorais do PT.
Os outros 148
milhões foram distribuídos entre dirigentes da Petrobras e políticos de
variados partidos, registrando-se que um subordinado de Renato Duque na estatal
petrolífera, o ex-gerente Pedro Barusco, por enquanto preso, comprometeu-se a
devolver 248 milhões depositados em bancos na Suiça. Ele também pretende uma
condenação menor, aguardando-se com curiosidade sua delação premiada,
certamente mais explosiva ainda.
Dá para
entender que um ladravaz confesso se encontre fora das grades apenas porque o
ministro Teori considerou que dinheiro depositado no exterior não justifica
prisão preventiva? Mesmo tendo sua origem sido confessada?
Não se passa
um dia sem que mais detalhes do escândalo da Petrobras ganhem as manchetes.
Pelo jeito, não só da Petrobrás, mas conforme depoimento de outro bandido, por
sinal cumprindo pena em casa, estão envolvidas várias empresas públicas
encarregadas dos setores hidroelétricos, rodoviários, ferroviários e ligados a
portos e aeroportos. Toda essa roubalheira aconteceu nos últimos anos,
parecendo difícil ter sido ignorada pelo primeiro escalão do governo.
Só falta,
agora, conhecer a lista de dezenas de políticos implicados nesse assalto aos
cofres públicos na forma de contratos superfaturados, escolhas fajutas de
empreiteiras, propinas entregues a partidos e centenas de milhões desviados
para o exterior.
Pode um
governo conviver com tamanha lambança? Agora que se aguarda a composição do
novo ministério, que tal se candidatarem o Tigrão, o Melancia e o Eucalipto?
O papel do Estado
A boa: não haverá nenhum tipo de racionamento de energia
elétrica nesta Administração.
A ruim: a população precisa economizar papel higiênico.
Com o lobby ecológico, não se pode mais sair desmatando por
aí como antigamente, usando motosserras em qualquer jacarandá. Um número enorme
de entidades internacionais vêm nos boicotando. E nossa dependência a elas é
considerável.
Como papel é feito de celulose e celulose vem de árvores,
não temos mais condição de esbanjar folhas de nenhuma espécie. Pedimos assim a
todos os brasileiros: diminuam em 50% a utilização de papel higiênico.
Temos consciência da enorme importância da assepsia nas
áreas íntimas corpóreas. Uma nação nunca será altiva em meio ao caos e à
catinga. Mas existem formas criativas de se manter asseado, sem consumir meio
rolo a cada ida ao toalete.
Nunca dobre muitas vezes o papel antes de efetivar a
operação em si. Dobrando-o apenas uma vez, já é possível evitar que ele se
fragmente, causando danos a você e ao meio-ambiente.
Enrolar um pedaço pequeno de papel no dedo indicador e fazer
todo o procedimento apenas, e tão-somente, com essa pequena faixa é a
recomendação mais sensata, segundo respeitados institutos de pesquisas
tecnológicas. Corre-se o risco de algum acidente, mas nada que uma ducha rápida
(lembre-se de que a água continua sendo racionada) não resolva.
O uso de algodão pode ser uma alternativa à necessidade
premente de não gastar papel. Desde que não se use álcool ou benzina no momento
da limpeza.
Cortar os pedacinhos em cima do picote é igualmente
recomendável, posto que um milímetro economizado multiplicado por milhões de
habitantes evitaria o Privadão – retirada de todo papel higiênico do mercado
pelo Governo Federal por tempo indeterminado.
O consumidor de mais de um rolo semanal receberá uma
notificação informando-o de quanto será sua economia-mês. Quem consumir mais de
três rolos semanais será inicialmente notificado e, repetindo a infração,
pesadamente multado (valores e cálculos no sítio do Ministério da Fazenda). Se
continuar infringindo, o banheiro da casa será lacrado pelo Ministério da
Saúde.
Usuários de fraldas e consumidores de menos de um rolo
semestral estão fora do novo racionamento.
Os pedidos de revisão de meta devem ser enviados por e-mail
para o Ministério da Justiça acompanhados de provas materiais da necessidade de
mais rolos (relatos juramentados de situações constrangedoras em público, perda
de emprego, estados diarréicos crônicos).
São medidas duras e que não vão cheirar nada bem na
Comunidade Internacional.
Mas sem elas, o país vai descarga abaixo.
Belo Monte: anatomia de um etnocídio
A procuradora da República Thais Santi conta como a terceira maior hidrelétrica do mundo vai se tornando fato consumado numa operação de suspensão da ordem jurídica, misturando o público e o privado e causando uma catástrofe indígena e ambiental de proporções amazônicas
Quando alguém passa num concurso do Ministério Público Federal,
costuma estrear no que se considera os piores postos, aqueles para onde os
procuradores em geral não levam a família e saem na primeira oportunidade. Um
destes que são descritos como um “inferno na Terra” nos corredores da
instituição é Altamira, no Pará, uma coleção de conflitos amazônicos à beira do
monumental rio Xingu. Em 2012, Thais Santi – nascida em São Bernardo do Campo e
criada em Curitiba, com breve passagem por Brasília nos primeiros anos de vida
– foi despachada para Altamira. Ao ver o nome da cidade, ela sorriu. Estava tão
encantada com a possibilidade de atuar na região que, no meio do curso de
formação, pegou um avião e foi garantir apartamento, já que as obras da
hidrelétrica de Belo Monte tinham inflacionado o mercado e sumido com as poucas
opções existentes. Thais iniciava ali a sua inscrição na tradição dos grandes
procuradores da República que atuaram na Amazônia e fizeram História.
Ela (Hannah Arendt) lia o mundo do genocídio judeu. E eu acho que é possível ler Belo Monte da mesma maneira
Ela já teve a oportunidade de deixar Altamira três vezes, a primeira antes mesmo de chegar lá. Recusou todas. Junto com outros procuradores do MPF, Thais Santi está escrevendo a narrativa de Belo Monte. Ou melhor: a narrativa de como a mais controversa obra do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento dos governos Lula-Dilma, um empreendimento com custo em torno de R$ 30 bilhões, poderá ser julgada pela História como uma operação em que a Lei foi suspensa. E também como o símbolo da mistura explosiva entre o público e o privado, dada pela confusão sobre o que é o Estado e o que é a Norte Energia S.A., a empresa que ganhou o polêmico leilão da hidrelétrica. Fascinante do ponto de vista teórico, uma catástrofe na concretude da vida humana e de um dos patrimônios estratégicos para o futuro do planeta, a floresta amazônica.
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A jovem procuradora, hoje com 36 anos, conta que levou quase um
ano para ver e compreender o que viu – e outro ano para saber o que fazer
diante da enormidade do que viu e compreendeu. Ela se prepara agora para entrar
com uma ação denunciando que Belo Monte, antes mesmo de sua conclusão, já
causou o pior: um etnocídio indígena.
Leia a entrevista
O mundo do tudo é possível é um mundo aterrorizante, em que o Direito não põe limite. O mundo do tudo possível é Belo Monte.
Medida de Mujica
O presidente do 'Clube'
O empresário Ricardo Pessoa, presidente da empreiteira UPC e
do “Clube” do cartel das 13 empresas, que o professor Helio Duque chama de
“Clube da Roubança”, ainda hoje preso na Policia Federal, confessou :
– “Só tenho um amigo no governo, o Lula”
É por isso que de repente Lula sumiu. Ele está sentindo a
batata assando perto dele. As “delações premiadas” continuam, cada dia mais
numerosas e mais reveladoras. O Ministério Publico já começou a encaminhar ao
Supremo Tribunal Federal, que é o relator da ação, as confissões, denúncias e
provas de crimes de políticos ou onde os políticos são citadas ou denunciados.
Um paiol de escândalos. Lula e Dilma já ardem.
O doleiro confessou que Lula e Dilma sabiam de tudo. E é
evidente que sabiam. Com tantos milhões de dólares escorrendo por cima e por
baixo das mesas e gavetas deles, seria impensável não saberem de nada.
Quando deixou o Governo, Lula saiu pelo mundo, em jatinhos
dos empreiteiros, financiado pelos empreiteiros, fingindo que estava fazendo
“conferências lá fora” (logo ele que mal e tropegamente fala o
português), mas na verdade fazendo lobby para os empreiteiros, patrões do
“Clube”.
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