quarta-feira, 1 de abril de 2015

Bom dia, Presidenta

Primeiro de abril dia da mentira dilma nariz pinochio

Novo governo Dilma mais parece peça surrealista

Em função da flagrante derrocada do governo Dilma Rousseff, a política brasileira está se tornando uma das atividades mais estranhas e esquisitas da humanidade. Sabe-se que o ex-presidente Lula está mais ou menos de volta ao poder. No caso, mais ou menos quer dizer que Lula dá pitacos nos principais assuntos, manda Dilma fazer isso ou aquilo, mas ela só obedece quando quer, porque a caneta oficialmente ainda lhe pertence e faz uso dela como e quando quiser.

Por exemplo: Lula lhe ordenou que tirasse os ministros Aloizio Mercadante e Pepe Vargas do comando da articulação política. Dilma disse que sim, prometeu atender, mas foi empurrando a decisão para frente, não mudou nada e o governo vai continuar se relacionando precariamente com a base aliada, que na verdade já nem existe mais.

.Porém, Lula gostou que Dilma tenha nomeado o ex-deputado Edinho Silva para a Secretaria de Comunicação Social da Presidência, mas isso também não muda nada e o governo vai continua sem recuperar a popularidade perdida, até porque não há mais a menor possibilidade de reverter a queda da aprovação, por causa do inexorável agravamento da crise política, econômica, administrativa e… ética.

A grande novidade agora é a tentativa de reabilitação do ex-ministro Antonio Palocci, que passou a ser participante assíduo das discussões mais amplas promovidas pelo Instituto Lula em busca de uma solução para a atual crise.

Reportagem de Catia Seabra e Marina Diaz, na Folha, mostra que nos últimos quinze dias Palocci participou de ao menos três encontros a convite de Lula. Segundo as jornalistas, o ex-ministro seria apontado como “uma ponte informal do governo com a classe média e o empresariado”, o que representa uma justificativa muito esdrúxula, digamos assim. Palocci com o empresariado, tudo a ver, dado o sucesso dele como “consultor”. Mas com a classe média, francamente…

Essa volta de Palocci coincide justamente com o surgimento de denúncias de seu envolvimento no esquema da Petrobras. O ex-ministro foi acusado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, de ter pedido recursos para a campanha de Dilma em 2010, através do doleiro Alberto Youssef. A revista IstoÉ deu uma vasta matéria sobre o assunto, mas Lula não costuma ler o que a imprensa divulga…

O mais estranho é que, ao mesmo tempo em que tenta reabilitar Palocci, Lula se recusa a falar com José Dirceu, também já envolvido no esquema da Petrobras.

Não dá mesmo para entender. E tudo isso demonstra que no novo governo Lula Rousseff as coisas funcionam sem pé nem cabeça, uma confusão total, em clima de surrealismo puro.

De que valeu o tudo desse nada?

Credibilidade é condição da qual Dilma está cada dia mais distante. Presidente desnorteada, ajuste covarde, trapalhadas sem fim. Mentiras e engodos como marca do governo
“De que valeu o tudo desse nada?”. Essa foi a frase usada por Carlos Drummond de Andrade no último crayon da série feita por Portinari sobre D. Quixote. A imagem ocorreu ao poeta após observar o quadro com Sancho Pança, caído com a mão na testa, depois de tantas loucuras acompanhando seu mentor, Dom Quixote de La Mancha, o cavaleiro da triste figura.

Tenho lembrado da frase. Talvez porque, cada dia mais, acredito que a aventura de Dilma está chegando ao fim. Não no sentido institucional, de ruptura ou descontinuidade. Mas no sentido pleno do tempo escoado, quando mais nada de novo pode ser gestado ou construído. Como se nenhuma esperança pudesse ali ser emulada.

O que nos oferece hoje uma presidente recém-eleita? Uma realidade assombrosa (escondida antes da eleição) de ruína das contas públicas, das empresas estatais, dos programas de indução dos investimentos, dos projetos de Estado para a Educação, do setor energético, da política externa e tantos outros.

O economista Marcos Lisboa, no Estadão de domingo, calculou algo entre 200 e 300 bilhões de reais de erosão provocada pela alucinação nos gastos públicos – descontrole surgido da incompetência, da corrupção e do desejo da reeleição a qualquer custo. O desprezo a qualquer limite.

Para sobreviver, Dilma aceita um ajuste fiscal que impõe a expropriação da renda das famílias brasileiras. Conta de luz vai nas alturas, aumenta-se os impostos, os juros são majorados impiedosamente no país dos endividados. A carestia é geral - e nos alimentos em particular. Afora tentar evitar uma intolerável agudização da crise econômica à custa de um assalto a economia popular, o que Dilma e Levy estão fazendo não nos oferece nada para a frente a não ser recessão e crescimento negativo. Nenhum sacrifício por parte do governo. Em meio à seca, Dilma e Levy confiscam sementes.

Além de pagar, fica em dilema

Divagações na boca da urna

Política é exercício de poder, poder é o exercício do desprezível. Desprezível é tudo aquilo que não colabora para o enriquecimento do humano, mas para a sua (ainda) maior degradação. Como se fosse possível. Pior é que sempre é.
Ah, a grande náusea desses jeitos errados que os homens inventaram para distrair-se da medonha ideia insuportável de que vão morrer, de que Deus talvez não exista, de que procura-se o amor da mesma forma que Aguirre procurava o Eldorado: inutilmente.

Porque você no fundo sabe tão bem quanto eu que, enquanto a jangada precária gira no redemoinho, invadida pelos macacos enlouquecidos, e você gira sozinho dentro da jangada, ao lado da filha morta com quem daria início à primeira dinastia — mesmo assim: com a mão estendida sobre o rio, você julgará ver refletido no lodo das águas o brilho mentiroso das torres de Eldorado. E há também aquela outra política que os homens exercitam entre si. Uma outra espécie de política ainda menor, ainda mais suja, quando o ego de um tenta sobrepor-se ao ego do outro. Quando o último argumento desse um contra aquele outro é: sou eu que mando aqui.

Ah, a grande náusea por esses pequenos poderosos, que ferem e traem e mentem em nome da manutenção de seu ego imensamente medíocre. Porque sem ferir, nem trair, nem mentir, tudo cairia por terra num estalar de dedos. Eu faço assim — clack! — e você desmonta. Eu faço assim — clack! — e você desaparece. Mas você não desmonta nem desaparece: você é que manda, essa ilusão de poder te mantém. Só que você não existe, como não existe nem importa esse mundo onde você se julga senhor, O outro lado, o outro papo, o outro nível — esses, meu caro, você nunca vai saber sequer que existem. Essa a nossa vingança, sem o menor esforço.

Mais nítido, no entanto, que as ruas sujas de cartazes e panfletos, resta um hexagrama das cores do arco-íris suspenso no centro daquele céu ao fundo da rua que vai dar no mar.

É o único rosto vivo em volta, nunca me engano. Chega devagar, pede licença, sorri, pergunta: “E você acha que aqui também é um deserto de almas?” Não preciso nem olhar em volta para dizer que sim, aqui também. E os desertos, você sabe — sabe? — não param nunca de crescer.

Ah, esses vastos desertos em torno das margens do rio lodoso e tão árido que é incapaz de fertilizá-las. Da barca girando no centro do redemoinho, se você estender a mão sobre as águas escuras e erguer bem a cabeça para olhar ao longe, julgará ver as árvores, além do deserto que circunda o rio.

Entre os galhos dessas árvores, macacos tão enlouquecidos quanto aqueles que invadem tua precária jangada, pobre Aguirre, batem-se os humanos perdidos em seus pequenos jogos que supõem grandes. Para sobrepor-se ao ego dos outros, para repetir: sou eu que mando aqui. Para fingir que a morte não existe, e Deus e o amor sim. Pulando de galho em galho, com seus gestos obscenos e gritinhos histéricos, querendo que enlouqueças também. Os dentes arreganhados, os macacos exercitam o poder. Exercitam o desprezível nos escombros da jangada que gira e gira e gira em torno de si mesma, sempre no mesmo ponto inútil, em direção a coisa alguma, enquanto o tempo passa e tudo vira nada.

Do meu apartamento no milésimo andar, bem no centro da ilha de Java, levanto ao máximo o volume do som para que o agudo solo da guitarra mais heavy arrebente todos os tímpanos, inclusive os meus.
Caio Fernando Abreu (O Estado de S. Paulo, 19/11/1986)

Em cena, o velho Lula de sempre


Com um intervalo de poucas horas entre uma ocasião e outra, Lula, ontem, falou bem e falou mal de Dilma.

Falou bem no discurso que fez para sindicalistas e militantes do PT no Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Falou mal no mesmo lugar ao se reunir um pouco antes com um grupo pequeno de seguidores mais ou menos fiéis.

Foi um deles, autorizado pelo próprio Lula, quem saiu dizendo que ele falara mal de Dilma.

Ingrato, esse Lula!

Falar mal de Dilma logo agora que ela cedeu aos seus apelos e nomeou para o Ministério da Educação e para a Secretaria de Comunicação nomes indicados por ele...

Lula envelheceu. E junto com ele seu discurso e seus truques. Aparentemente, ele não se dá conta disso.

Um truque: defendeu a Petrobras, que está sendo atacada por seus inimigos, inimigos do Brasil.

Ora, foi ele que nomeou diretores da empresa que passaram a roubar tão logo assumiram seus cargos. Nos 12 anos de governos do PT, a Petrobras foi dilapidada e perdeu valor de mercado.

Outro truque: Lula se disse “indignado” com a corrupção. Mas se alguém pensou que ele aproveitaria o momento para admitir erros, quebrou a cara.

Corruptos são os outros. Corruptos são “bandidos que passaram a virar heróis” por terem negociado a delação premiada.

O ataque aos “corruptos” mascara a defesa que ele faz dos seus companheiros suspeitos de envolvimento com a roubalheira na Petrobras.

Lula defendeu a reputação de José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras nomeado por ele. Foi cínico para variar:

- Se tem um brasileiro indignado, este sou eu. Quero saber se alguém vai ter coragem de dizer que esse moço esteve envolvido com corrupção. Mas ele conquistou o direito de andar de cabeça erguida – disse, referindo-se a Gabrielli. "Já o bandido pega 40 anos de prisão, vai fazer delação premiada e vira herói. Diz 'ouvi falar', 'eu acho que...' e nem precisa de juiz, a imprensa já condenou."

Mais um truque: creditou em sua própria conta, e também na de Dilma, o esforço de investigação da Polícia Federal, capaz de ir fundo no combate à corrupção.

Ora, a Polícia Federal é um órgão do Estado. Assim como o Ministério Público. Não obedece às ordens do presidente da República. Atua com independência.

Lula sabe disso. Mas não resiste à tentação de manipular os fatos. É de sua natureza.

Sonho de Fidel


Uma das pessoas com quem tive uma enorme decepção depois de vê-lo pela televisão e pelos jornais foi Fidel Castro. Tivemos contato íntimo. Em abril de 1959,fomos a Washington, Nova Iorque, Montreal e ao Brasil, antes de seguirmos para Montevidéu e Buenos Aires. A intimidade de estar num avião para apenas vinte pessoas em companhia de Fidel Castro durante tantos dias me convenceu de que aquele indivíduo era um horror. Era um avião de hélice. Em direção ao Rio, o avião baixou para que víssemos a floresta amazônica. O piloto disse:''Comandante, estamos voando sobre a floresta!''. Eu estava sentado no banco logo atrás de Fidel Castro. O que foi que aconteceu? Fidel ficou olhando a floresta não sei por quanto tempo. De repente, disse: ''Que grande país!''. Eu pensava que era admiração pelo Brasil. Mas ele disse:''Aqui é que deveríamos ter feito a nossa Revolução!''.
Neste momento, entendi que Cuba era pequena para ele. Fidel se achava um líder tão grande que necessitava de um continente; não de uma ilha.
Guillermo Cabrera Infante (1929-2005)

O ABC da corrupção

Um fantasma percorre o sul da América Latina: o fantasma da corrupção. A coordenação fantasiada quando presidentas de tendências políticas afins assumiram o poder na Argentina, no Brasil e no Chile deu lugar a um eixo menos edificante. Cristina Kirchner,Dilma Rousseff e Michelle Bachelet estão envolvidas em escândalos. Como de costume, os desvios morais ganham visibilidade maior quando contrastados com o mal-estar econômico. A prosperidade prometida pelo kirchnerismo, o PT e o socialismo tornou-se muito duvidosa. Antes de alcançar o ideal da república igualitária, as sociedades sul-americanas atolaram nas misérias de uma república desonesta.


O pesadelo do Chile é inesperado. Começou em agosto passado, quando veio à tona que a Penta, um holding financeiro e imobiliário, faturou serviços inexistentes para financiar dirigentes da União Democrática Independente, uma força de direita. Houve derivações surpreendentes. Descobriu-se que a empresa Sociedade Química e Mineira do Chile (Soquimich) tinha fornecido fundos irregulares a alguns parlamentares da Nova Maioria, a aliança de esquerda liderada por Bachelet. Uma conexão escabrosa: a Soquimich pertence ao ex-genro do ditador Augusto Pinochet, Julio Ponce Lerou. A maré chegou até Bachelet quando foi divulgado que Natalia Compagnon recebeu um crédito de 10 milhões de dólares (32 milhões de reais) do Banco do Chile, destinado a comprar terrenos rurais que, depois de uma reavaliação, foram revendidos para uso urbano. Compagnon foi acompanhada por seu marido, Sebastiá Dávalos Bachelet, filho da presidente. Na operação, o casal ganhou cerca de dois milhões de dólares (6,4 milhões de reais).

Dilma Rousseff deve ver esse “nora-gate” como brincadeira de criança quando comparado a seu próprio terremoto: a Petrobras. E um novo buraco negro já se insinua no Ministério da Fazenda. No fim de semana passado, o número de empresários na prisão chegou a 20. A Petrobras não apresenta suas demonstrações financeiras porque isso traria à tona fraudes no valor de 10 bilhões de dólares (32 bilhões e reais). Já há 49 políticos envolvidos, quase todos da aliança governista. A própria presidenta foi atingida: várias empresas suspeitas financiaram sua campanha, e quando ela era ministra do governo Lula, presidiu o conselho de administração da Petrobras.
Leia mais o artigo de Carlos Pagni

Ajuste de Dilma só é bonzinho no Brasil

É uma mensagem clara: se num momento assim, com o movimento sindical dividido, fazemos esta greve, este protesto seria muito mais forte com um ajuste generalizado como o do Brasil. Agora sabem que vão ter que sentar e conversar.
Hugo Moyano é o sindicalista mais conhecido da Argentina. Já liderou quatro greves contra o Governo de Cristina Fernández de Kirchner. Seu filho, Facundo Moyano, secretário-geral do sindicato de pedágios e deputado da oposição, resume o significado da greve atual. Leia mais