sexta-feira, 18 de setembro de 2015
Os nossos deuses
Se há alguma coisa que a criatura Dilma herdou do criador Lula é uma forma diferenciada de “húbris”, que é a definição que os gregos davam ao sentimento de pessoas que não tinham comedimento e passavam dos limites.
A húbris de Lula gira em torno da crença de julgar-se ele o criador do céu e da terra, sem cuja augusta presença o Brasil ainda estaria no estágio em que os índios comiam bispos fervidos e amaciados em grandes caldeirões aquecidos a lenha.
A húbris de Dilma é um pouco diferente. Ela é apenas a criatura que está livre da fragilidade humana do erro, e além disso concentra em si toda a essência, as virtudes e a representação da própria democracia. Ela é a democracia, enfim.
De uns tempos para cá, pra ser mais exato depois da segunda posse, a presidente tem andado às voltas com problemas administrativos, econômicos e políticos dos quais não têm conseguido dar conta.
Por conta da farra fiscal do seu próprio mandato anterior, ela se vê obrigada a conviver com a tarefa de consertar o que ela acha que não está errado e isso cria uma realidade esquizoide com a qual a mais sábia das criaturas não conseguiria lidar- quanto mais ela, que não é propriamente um monumento à sabedoria.
Se ela acha que fez tudo certo, mas tudo deu errado, como, quando e onde consertar?
Esse dilema existencial é praticamente insolúvel. Ela lançou mão de um Chicago boy, como Joaquim Levy, para tranquilizar o mercado e deu-lhe a tarefa de consertar o que ela estragou. Mas se ela não reconhece que foi ela própria quem estragou, como transferir confiança e apoio para quem ter a impossível tarefa de consertar o que, segundo a chefe, não está tão estragado assim?
Pode parecer uma espécie de mito de Sísifo. A pedra é empurrada até o topo da montanha e quando chega lá em cima volta a rolar, e é carregada para cima de novo, e assim será até o fim dos tempos.
Entre uma faina e outra para tentar consertar o inconsertável, lutando contra os moinhos de vento assoprados pelo seu próprio partido e fustigada pela oposição, pela sociedade e por uma popularidade que beira o chão, a presidente encontra espaço, em suas perorações públicas, para fazer-se de vítima, o que ela deve achar que lhe cai bem, pois se tornou um dos seus papéis preferidos.
Por isso ela transformou o tema do pedido de impeachment (que agora existe de verdade, embora não se possa garantir que venha a ser colocado na ordem do dia) num assunto obsessivo de seus solilóquios hamletianos que não costumam ter começo, meio e nem fim.
Da última vez, ela criticou quem pretende “usar a crise para golpe” e disse que “qualquer forma de encurtar o caminho da rotatividade democrática é golpe, sim”.
A húbris da presidente se manifesta de maneira menos arrogante do que aquela do criador do céu, da terra e dela mesma, mas o conceito termina por mostrar que ela se considera a própria encarnação da democracia, acima da lei e da justiça, e que qualquer um que ouse contestá-la dentro dos instrumentos que a própria democracia disponibiliza, é um “golpista”.
Com tantos deuses nos protegendo e pairando acima de nós- encarnados no Criador e na Criatura- é de se perguntar, afinal de contas, porque o País está tão longe do paraíso, e cada vez mais longe.
A húbris de Lula gira em torno da crença de julgar-se ele o criador do céu e da terra, sem cuja augusta presença o Brasil ainda estaria no estágio em que os índios comiam bispos fervidos e amaciados em grandes caldeirões aquecidos a lenha.
A húbris de Dilma é um pouco diferente. Ela é apenas a criatura que está livre da fragilidade humana do erro, e além disso concentra em si toda a essência, as virtudes e a representação da própria democracia. Ela é a democracia, enfim.
Por conta da farra fiscal do seu próprio mandato anterior, ela se vê obrigada a conviver com a tarefa de consertar o que ela acha que não está errado e isso cria uma realidade esquizoide com a qual a mais sábia das criaturas não conseguiria lidar- quanto mais ela, que não é propriamente um monumento à sabedoria.
Se ela acha que fez tudo certo, mas tudo deu errado, como, quando e onde consertar?
Esse dilema existencial é praticamente insolúvel. Ela lançou mão de um Chicago boy, como Joaquim Levy, para tranquilizar o mercado e deu-lhe a tarefa de consertar o que ela estragou. Mas se ela não reconhece que foi ela própria quem estragou, como transferir confiança e apoio para quem ter a impossível tarefa de consertar o que, segundo a chefe, não está tão estragado assim?
Pode parecer uma espécie de mito de Sísifo. A pedra é empurrada até o topo da montanha e quando chega lá em cima volta a rolar, e é carregada para cima de novo, e assim será até o fim dos tempos.
Entre uma faina e outra para tentar consertar o inconsertável, lutando contra os moinhos de vento assoprados pelo seu próprio partido e fustigada pela oposição, pela sociedade e por uma popularidade que beira o chão, a presidente encontra espaço, em suas perorações públicas, para fazer-se de vítima, o que ela deve achar que lhe cai bem, pois se tornou um dos seus papéis preferidos.
Por isso ela transformou o tema do pedido de impeachment (que agora existe de verdade, embora não se possa garantir que venha a ser colocado na ordem do dia) num assunto obsessivo de seus solilóquios hamletianos que não costumam ter começo, meio e nem fim.
Da última vez, ela criticou quem pretende “usar a crise para golpe” e disse que “qualquer forma de encurtar o caminho da rotatividade democrática é golpe, sim”.
A húbris da presidente se manifesta de maneira menos arrogante do que aquela do criador do céu, da terra e dela mesma, mas o conceito termina por mostrar que ela se considera a própria encarnação da democracia, acima da lei e da justiça, e que qualquer um que ouse contestá-la dentro dos instrumentos que a própria democracia disponibiliza, é um “golpista”.
Com tantos deuses nos protegendo e pairando acima de nós- encarnados no Criador e na Criatura- é de se perguntar, afinal de contas, porque o País está tão longe do paraíso, e cada vez mais longe.
Os '47 Segundos de Sabedoria', de José Mujica
Ele era chamado de “o presidente mais pobre do mundo”, embora sempre tenha insistido que não se tratava de pobreza, mas de sobriedade. Agora, o ex-presidente uruguaio explica a ideia no vídeo "47 Minutos de Sabedoria" de José Mujica. As imagens, publicadas no Facebook tiveram a 2,5 milhões de visualizações e mais de 95 mil compartilhamentos em quatro dias.
Inventamos uma montanha de consumo supérfluo, e é preciso jogar fora e viver comprando e jogando fora. E o que estamos gastando é tempo de vida. Porque quando eu compro algo, ou você, não compramos com dinheiro, compramos com o tempo de vida que tivemos de gastar para ter esse dinheiro. Mas com esta diferença: a única coisa que não se pode comprar é a vida. A vida se gasta. E é miserável gastar a vida para perder liberdade.O vídeo é um fragmento da entrevista que o ex-presidente concedeu ao documentário Human. Também foi publicado, junto com outras entrevistas, na página oficial do filme, mas até agora com menor repercussão.
Sim, Dilma pode!
Descobri que o governo Dilma não desafia apenas a minha inteligência –ou falta dela, segundo alguns desafetos de estimação. Sim, é razoável, pensando o que penso, que veja com maus olhos boa parte das ações da presidente. Queremos coisas distintas. Imaginamos formas diferentes de atender aos anseios dos brasileiros. Divergimos sobre o papel do Estado na economia. Eu me quero, ainda que certamente imperfeito, um liberal. Dilma é sei lá o quê. Talvez ainda se diga socialista. Estamos em campos ideológicos opostos. Não que eu me proíba de eventualmente concordar com ela quando julgo ser o caso. Isso até já aconteceu.
Acontece que a presidente desafia também a inteligência de seus aliados e, o que é pior, até daqueles que demonstram alguma boa vontade com ela, ainda que movidos apenas pelo espírito solidário. Todos concordamos, acho, que não fazia sentido enviar ao Congresso um Orçamento
Com um deficit de R$ 30,5 bilhões –até porque, insisto, trata-se de uma ilegalidade. Agride a espinha dorsal da Lei de Responsabilidade Fiscal. Se, nos itens componentes de um Orçamento, não pode
existir despesa sem que se aponte a receita, o principio se transfere para o conjunto. É elementar.
E que sentido, faz, então, propor um confisco de 30% dos recursos do chamado "Sistema S", ainda que se possa alegar que, na origem, trata-se de dinheiro público, sem nem manter uma conversa prévia com Armando Monteiro, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior? O homem é ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria, uma das áreas diretamente afetadas pela medida.
A presidente também se encontrou com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) antes do anúncio do pacote, que prevê que R$ 4,8 bilhões relativos a emendas individuais dos parlamentares sejam direcionados para obras do PAC para compensar cortes feitos no programa. A proposta deixou furiosos deputados e senadores. Muito bem! Dilma não tratou do assunto com o presidente da Câmara, que ficou sabendo de tal pretensão, da qual ela já recuou, quando Joaquim Levy e Nelson Barbosa concederam a entrevista coletiva.
Com a CPMF, a trapalhada não foi menor. Primeiro houve o anúncio de que se iria recriar tal imposto; depois, vieram as negativas. Em seguida, a confissão. E já não mais era dinheiro para a saúde, mas para a Previdência. Uma proposta que depende do Congresso chega na hora em que o prestígio da petista nas duas Casas legislativas vive o seu pior momento.
Nas suas andanças e entrevistas, Dilma decidiu atrair abertamente o debate sobre a possibilidade de impeachment para a sua cozinha. É evidente que, quaisquer que fossem os argumentos oficiais contra a tese –mesmo a boçalidade de que se trata de um golpe–, eles não poderiam jamais ser esgrimidos pela própria presidente. Afinal, ela tem 9.753 coordenadores políticos.
É claro que o país vive uma situação econômica muito difícil. Não é menos evidente que a crise política está às portas, vitaminada pela crise econômica, que, por sua vez, é agravada pela crise política, num ciclo infernal.
Mas, creiam: a intranquilidade que toma conta dos agentes políticos e econômicos não decorre daí. Já vivemos situações até mais graves. O que assusta é a sensação de que, a qualquer momento, Dilma pode fazer algo inédito e ruim.
E ela pode.
Com um deficit de R$ 30,5 bilhões –até porque, insisto, trata-se de uma ilegalidade. Agride a espinha dorsal da Lei de Responsabilidade Fiscal. Se, nos itens componentes de um Orçamento, não pode
existir despesa sem que se aponte a receita, o principio se transfere para o conjunto. É elementar.
E que sentido, faz, então, propor um confisco de 30% dos recursos do chamado "Sistema S", ainda que se possa alegar que, na origem, trata-se de dinheiro público, sem nem manter uma conversa prévia com Armando Monteiro, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior? O homem é ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria, uma das áreas diretamente afetadas pela medida.
A presidente também se encontrou com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) antes do anúncio do pacote, que prevê que R$ 4,8 bilhões relativos a emendas individuais dos parlamentares sejam direcionados para obras do PAC para compensar cortes feitos no programa. A proposta deixou furiosos deputados e senadores. Muito bem! Dilma não tratou do assunto com o presidente da Câmara, que ficou sabendo de tal pretensão, da qual ela já recuou, quando Joaquim Levy e Nelson Barbosa concederam a entrevista coletiva.
Com a CPMF, a trapalhada não foi menor. Primeiro houve o anúncio de que se iria recriar tal imposto; depois, vieram as negativas. Em seguida, a confissão. E já não mais era dinheiro para a saúde, mas para a Previdência. Uma proposta que depende do Congresso chega na hora em que o prestígio da petista nas duas Casas legislativas vive o seu pior momento.
Nas suas andanças e entrevistas, Dilma decidiu atrair abertamente o debate sobre a possibilidade de impeachment para a sua cozinha. É evidente que, quaisquer que fossem os argumentos oficiais contra a tese –mesmo a boçalidade de que se trata de um golpe–, eles não poderiam jamais ser esgrimidos pela própria presidente. Afinal, ela tem 9.753 coordenadores políticos.
É claro que o país vive uma situação econômica muito difícil. Não é menos evidente que a crise política está às portas, vitaminada pela crise econômica, que, por sua vez, é agravada pela crise política, num ciclo infernal.
Mas, creiam: a intranquilidade que toma conta dos agentes políticos e econômicos não decorre daí. Já vivemos situações até mais graves. O que assusta é a sensação de que, a qualquer momento, Dilma pode fazer algo inédito e ruim.
E ela pode.
De tanto falar a respeito, Dilma ajuda a tornar impeachment coisa natural
A primeira com a entrega a Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, de informações adicionais ao pedido de impeachment feito pelo jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT.
Segundo Miguel Reale, jurista ligado ao PSDB, foram incluídos no pedido de Bicudo dados sobre as “pedaladas fiscais” e decretos do governo Dilma sem suplementação de recursos, o que configuraria crime de responsabilidade.
Na ocasião, ao seu modo, Eduardo prometeu ser ágil:
- Nunca se pode pedir a um juiz o momento em que ele vai dar sua sentença. Não tenho prazo, mas é óbvio que não vou ficar a vida inteira para responder. Não o farei de forma leviana.
A segunda casa ocupada pelo impeachmenjt se deu com a decisão da ministra Luciana Lóssio, do Tribunal Superior Eleitoral, que liberou para análise em plenário um processo movido pelo PSDB em que o partido pede a cassação do mandato de Dilma.
Correm ali quatro pedidos de abertura de processos contra Dilma. E já há maioria de votos de ministros favorável a abertura de um deles. Nesse, Dilma é acusada de ter abusado do poder político e econômico para se reeleger no ano passado.
Dilma está nervosa com tudo isso. Pelo terceiro dia consecutivo, chamou de golpe qualquer tentativa de removê-la da presidência. Alega que jamais impediu que a polícia e o Ministério Público investigassem casos de corrupção. E diz que nada fez de errado.
A insistência de Dilma em tratar do assunto em público contribui para banaliza-lo. Retira o ar de gravidade que o cerca. A discussão a respeito torna-se algo natural. Para Dilma, perigosamente natural.
Ao fim e ao cabo, é tudo o que desejam a oposição e aqueles que enxergam vantagens para o país no eventual impeachment dela.
Contra os corruptos unidos
O mercador de marolas
Lula não é idiota, que idiotas não chegam aonde ele chegou. É um analfabeto esperto, que, em seus delírios, deslumbrado com sua esperteza, imagina que todo mundo é besta. Nem todo mundo é, mas que existe muita gente besta neste mundo, existe. É a estes que ele dirige seu discurso hipócrita. Daí a confusão em que nós, brasileiros, estamos metidos. Bem dizia o saudoso Aureliano Chaves que “a esperteza, quando é demais, cresce, vira bicho e engole o esperto”.
Lula, ou ex-Luiz, começa a desconfiar, pelo barulho da lata, lá em Curitiba, onde uma confeitaria fabrica bolos e biscoitos (para festas e para velórios), que ele tem a cara da cereja que, ao final, enfeitará o enorme confeito. E começa a perder o rabicho da cela em que, de há muito, está montado.
No ano de 2008, esse camelô de consciências ocupava, por descuido do nosso povo, a Presidência da República e vagabundeava pelo mundo com ares de mercador de ilusões, à procura do título que o Comitê Norueguês do Nobel confere anualmente a grandes vultos da humanidade – o Nobel da Paz. Sem medir procedimentos, circulava pela África, com seu jeito maroto e bêbado, oferecendo financiamentos do nosso BNDES a juros convidativos, quando não a fundos perdidos. Assim também procedia na América do Sul, principalmente com Cuba e Venezuela, pela preocupação que poderia causar aos Estados Unidos.
Nessas andanças, ouviu falar em agências de risco e ficou sabendo que esse “troço” é, na verdade e mal comparando, como o gerente do banco que examina o cadastro de quem pede dinheiro emprestado. Se o cadastro é bom, ele empresta o cobre e passa a acompanhar a vida do credor. Se não é, ele arranja uma desculpa, e o pedinte sai do banco duro como entrou...
Nos idos de 2008, um pouco antes da crise financeira que, para os brasileiros, foi apenas uma “marolinha”, pois nessa época nos sentíamos cheios da gaita, já que nossas montanhas de minério de ferro estavam sendo transportadas para a China, o ex-Luiz anunciou, como um Cristóvão Colombo descobrindo a América: “acabamos de receber a notícia de que o Brasil passou a ser ‘investment grade’. Eu não sei nem falar a palavra, mas isso quer dizer que o Brasil foi declarado um país sério (...), passamos a ser merecedores de uma confiança internacional de que há muito tempo o Brasil necessitava”.
Pois bem: depois de toda a bandalheira e sacanagem por que passamos no seu governo e no desgoverno da terrorista Dilma, que resultou no roubo por inteiro do país e na operação Lava Jato, a agência de risco Standard & Poor’s rebaixou nosso grau de investimento, o que levou o mesmo artista (sempre bêbado) a declarar: “O fato de ter diminuído o grau de investimento não significa nada. Significa apenas que a gente não pode fazer o que eles querem. A gente tem que fazer o que a gente quer”.
Então, tá... Vamos ver como é que fica, mas rápido, que a batata está assando...
Então, tá... Vamos ver como é que fica, mas rápido, que a batata está assando...
É
É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Pra passar a mão nela...
Gonzaguinha
Cobrar imposto dos mortos
A fúria de arrecadação governamental acelera os piores danos à sociedade. Com a CPMF e outras medidas, o contribuinte é aterrorizado pelo fisco, que ameaça subtrair o alimento da sua mesa. João Santana, sem pudor algum, profetizou que Marina Silva arrancaria o sustento dos pobres. Dilma Rousseff cumpre o vaticínio. As mentiras espalhadas na campanha da candidata oficial irritaram 70% dos brasileiros. Agora, mesmo setores alinhados ao Partido dos Trabalhadores se levantam contra as prescrições emergenciais. CUT, MST e outros movimentos resistem ao improvisado plano de estabilização, redigido sigilosamente nos gabinetes. A desfaçatez no anúncio dos projetos deixa clara a falta de respeito pela cidadania, mostra que no Planalto a vergonha foi enterrada.
Mas o que é a vergonha? Na Grécia, que deu nascimento à ética, o termo aidóssignifica agir contra os princípios do que é bom, belo, reto. É vergonhoso um homem forte bater em crianças, velhos ou doentes. Aristóteles liga tais atos aos impostos excessivos. “Nos envergonhamos diante dos malfeitos como se eles fossem uma desgraça para nós e para quem protegemos. Tais são as coisas devidas ao vício, como não honrar um depósito, porque é algo injusto. Ou obter lucro com abuso do pobre ou cadáver segundo o provérbio ‘roubar mesmo de um morto’, porque tal coisa se deve ao amor do ganho e mesquinharia” (Retórica, 1383b). Roubar mesmo dos mortos. A frase comove porque o trespasse é sagrado nos tempos antigos. A cobrança de taxas à beira do túmulo era vista como cruel pelas famílias. O Estado moderno chegou ao ápice da falta de vergonha para controlar a vida coletiva. A fúria na arrecadação chegou ao torpe sacrilégio.
Na Inglaterra que buscava firmar o domínio do rei, muitos juristas enunciavam que os bens oficiais seriam sagrados. Segundo Ernst Kantorowicz, na diabólica teologia jurídica “bona patrimonialia Christi et fisci comparantur” (pode-se comparar os bens patrimoniais do Cristo e do fisco). Cristo e fisco são igualizados quanto à inalienabilidade e à prescrição. O “sacratissimus fiscus” torna-se alma do Estado. Como Jesus Cristo, “fiscus ubique praesens” (o fisco está em toda parte). Semelhante teologia destrói o mistério religioso, mas funciona no pavor político. Quanto mais o Estado aspira à eternidade (no limite, o Reich de mil anos...), mais exige tributos. Certa feita o rei da França cobra novos impostos. O Terceiro Estado pede o exame dos cofres. O clero, amigo do trono, profere a sentença vergonhosa: “O tesouro real é como o Santíssimo Sacramento no altar. Só o podem ver os ordenados para tal mister”.
Aí reside uma causa das revoluções democráticas no século 17 (inglesa) e 18 (a norte-americana e a francesa). O Leviatã tem fome de impostos para manter o monopólio da força física, da norma jurídica, da diplomacia. A pecúnia é um elixir que embriaga os governantes. Mas a paciência dos povos tem limites. Ela tomba quando o governo exige que se pague o que não foi fabricado, comercializado, plantado. A paciência acaba se ele quer tributos sem produção e o bolso dos contribuintes está vazio. Movimentos políticos democráticos (como os Niveladores ingleses) se levantaram contra o abuso fiscal, ligando a taxação injusta à tirania. E assim Carlos I foi deposto e logo executado, por exigir taxas não autorizadas pelo Parlamento.
Erasmo de Rotterdam escreveu o seguinte adágio : “A mortuo tributum exigere” (exigir imposto do morto). O texto serve ao Brasil de Rousseff: “De quem deseja obter dinheiro de qualquer jeito, sem indagar sobre a sua origem, se dizia que arrancava imposto do morto”. Como se escrevesse diretamente ao governo Dilma, Erasmo diz que os impostos imprudentes “são desumanos, pois os setores humildes perdem o necessário e toda uma série de taxas e contributos mordem, pedaço a pedaço, o pão do pobre”. Governos tirânicos, diz Erasmo, quando caçam impostos “ignoram medida e limite. A todo dia cogitam novas fontes de ganhos, se apegam com os dentes a todo imposto ocasional e extraordinário e nunca mais o abandonam”. Só faltou ao pensador profetizar o nome: CPMF.
Um governante é ilegítimo por defeito do seu título se fraudou a eleição ou deu um golpe de Estado. Outra fonte de ilegitimidade é o péssimo exercício do cargo, se desobedece às leis e impõe cargas tributárias excessivas e injustas. Pedir as contas do governo, antes de aceitar novos impostos, é coisa de golpistas? Não, senhora presidente! Os movimentos sociais estão irritados com as medidas anunciadas. Reinaldo Gonçalves, economista da esquerda, em entrevista ao site IHU (Unisinos) propõe o impedimento de Dilma “por desempenho medíocre, conduta grotesca e déficit cognitivo”. O acadêmico pede “investigação, indiciamento, julgamento, condenação e prisão de Lula – condição para a reconstrução das forças políticas de esquerda.”. Para ele, “Dilma é figurante supérfluo, enquanto Lula é protagonista no drama do desenvolvimento às avessas do Brasil”.
As falas dos que apoiam o governo, repetem de modo grotesco as técnicas de João Santana. Sem nomear grupos ou pessoas, recurso tíbio usual, José Guimarães (PT-CE) parola: “O discurso de que o governo não está fazendo sua parte é dos portadores do caos, daqueles que querem sempre ganhar, e não ajudar o País a superar as dificuldades”. Tais frases abarcam o povo todo, e ninguém. É clara a intimidação do governista ao empresário (mas também ao trabalhador) “que só sabe falar: imposto, imposto e imposto, e não quer ajudar; quer só acumular, sem distribuir pelo País”. Sublime! Talvez o mensalão, o petrolão e outras técnicas – como esconder dólares nas peças íntimas de assessores e alegar “razão de Estado” – bem distribuam socialmente as riquezas!
Presidente Dilma e áulicos: lembrem o vocábulo grego – aidós – que designa a vergonha: não nos apresentem a conta da sua desídia. Peçam a sua.
Erro de pessoa
Vocês já repararam que Lula e dona Dilma usam a mesma expressão quando se dirigem ao distinto público? Os dois iniciam suas perorações com um curioso “Quero dizer a vocês” em vez de só dizer e pronto, nós entenderíamos que era para nós que estavam dizendo fosse lá o que fosse.
Pois agora também eu quero dizer a vocês que tanto a presidente quanto o ex-presidente tudo fizeram para tornar o Estado brasileiro insuportavelmente pesado até para o gigante que recém acordou, a tal ponto que o gigante, coitado, mesmo quando se esforça, mal consegue se mexer.
Pois agora também eu quero dizer a vocês que tanto a presidente quanto o ex-presidente tudo fizeram para tornar o Estado brasileiro insuportavelmente pesado até para o gigante que recém acordou, a tal ponto que o gigante, coitado, mesmo quando se esforça, mal consegue se mexer.
Desde que me entendo por gente, e lá se vão muitas décadas, o futuro prometido ao gigante que nos carrega é lindo e maravilhoso. Passado um tempo, esquecem o que prometeram e saem buscando culpados pelo fracasso da viagem. Culpa que nunca recai sobre quem planejou a rota.
Só uma vez presenciei uma travessia exitosa, a do Plano Real. Infelizmente, o tempo não anda para trás e o gigante vai ter mesmo que dar um jeito de sacudir as engrenagens e se livrar do peso para poder nos defender.
Para mal de nossos pecados, que são muitos, o mapa de dona Dilma e sua trupe econômica só mostra um caminho: aumentar taxas, tarifas, tributos. Segundo os ministros da área econômica, o governo não tem um Plano B. Como a nos ameaçar: ou isso, ou isso.
Ao contrário da maioria da população, pois essa tem seu Plano B: trocar o comando por um que saiba como ajudar o gigante a se livrar de mais da metade do excesso de peso que carrega.
Volto a bater numa tecla que já acionei em 23 de outubro de 2009 em artigo intitulado Erro de Pessoa. No casamento, se caso com o João das Couves e depois descubro que ele na verdade é o Antonio dos Brócolis, houve um Erro Essencial de Pessoa que, uma vez comprovado, vai permitir a dissolução da sociedade conjugal. Por que na Sociedade Eleitoral, ao comprovar que me venderam um candidato mas empossaram outro, não posso ter meu voto de volta?
Votamos em A porque acreditamos que ele (a) faria o que foi prometido, aliás, garantido que faria. Se ele (a), depois, vira o disco e faz exatamente o contrário, por que cargas d´água não podemos alegar Erro Essencial de Pessoa e pedir nosso voto de volta?
Não me venham com a desculpa que isso é golpe. Não é. Golpe é quando nos enganam para poder se reeleger. Aí é golpe e golpe baixo.
O PT já foi fundamental no impeachment mais do que justo de Fernando Collor. Sobre esse momento, o Lula chegou a dizer que pedia a Deus que o brasileiro nunca mais se esquecesse dessa lição: que podia destituir o político uma vez comprovado que foi enganado durante a campanha.
Nos países onde esse instituto está na Constituição, como é o nosso caso, impeachment é um direito do povo desde que baseado em sólidas premissas. Dona Dilma devia pensar nisso em vez de sair pelo país a dizer que impeachment é a ‘versão moderna de golpe’.
Custo a crer que o governo não tenha um Plano B. Tanto é assim que depois do anúncio em que o ministro Levy usou como exemplos de mordidas pequenininhas da CPMF duas coisas que para ele devem ser fundamentais, a entrada do cinema e um sanduíche, já apareceram mais dois coelhos bem gordinhos na cartola: um bom bocado do Sistema S (talvez a melhor coisa que temos na área social) e a volta dos jogos de azar legalizados e, portanto, tributados.
Para mim, isso é que é versão moderna de golpe: as fortes emoções que teremos daqui para frente.
'Meu Presídio, Minha Vida' seria a saída para a crise?
O problema do Brasil não se resume à crise econômica, política e financeira. O problema do Brasil é, sobretudo, policial. Isso mesmo, enquanto os meliantes petistas, que vivem pendurados nas tetas do governo, não forem demitidos ou presos, não existe saída a curto prazo. Chega de dourar a pílula, o Brasil precisa ampliar o sistema carcerário para recolher todos os larápios petistas que roubam as empresas públicas ainda agarrados aos milhares de cargos no Governo. Dezenas deles já estão engaiolados no presídio do Paraná, mas muitos ainda serão candidatos ao “Meu presídio, minha vida”, o programa que poderá ser o mais bem sucedido e eficiente da Dilma.
Os economistas do PT, que afundaram o país, são figuras patéticas. Foram incapazes de apresentar à nação alternativas para revitalizar a economia. A mediocridade começou com o médico Antonio Palocci, prefeito de Ribeirão Preto, onde respondia a vários processos por falcatruas, logo guindado a gênio pela imprensa servil. Depois apareceu o outro coveiro, Guido Mantega, consultor de sindicatos petistas. Um cavou o buraco e o outro enterrou a economia. E agora, Joaquim Levy, a raposa no galinheiro, representante do Bradesco, que passa a maior parte do tempo negando que vai deixar o ministério. É o melhor que sabe fazer para tentar acalmar o mercado financeiro de quem perdeu a confiança.
A Dilma, como uma tonta, faz reunião todos os dias. Na última delas, disse que vai enxugar a máquina pública, começando pelos ministérios irrelevantes. Essa estória os brasileiros conhecem. Quando esteve ameaçado de deixar o Palácio do Planalto, Collor também trocou os ministros. Aliás, para melhor. Só que o seu tempo (“O senhor da razão”) acabou com o impeachment. A Dilma trilha pelo mesmo caminho, depois que perdeu o controle do Estado e da sua base de sustentação no Congresso Nacional. Quer mudar a cara do governo incompetente e ainda luta como pode para conquistar os votinhos na Câmara dos Deputados que a livrariam da abertura do processo de impeachment. Caiu nas mãos do venenoso Eduardo Cunha, que agora a mantém refém dos seus caprichos.
Enquanto isso, a Polícia Federal e o Ministério Púbico apertam o cerco contra os petistas mais gabaritados (?) . Depois de botarem na cadeia Zé Dirceu e os dois tesoureiros petistas João Vaccari Neto, Delúbio Soares, agora apontam seus mísseis para Edinho Silva, Ministro da Comunicação Social, acusado em delação premiada de ser o principal benfeitor do dinheiro roubado da Petrobrás para campanha da Dilma. É esse senhor, com essa folha corrida, que fala em nome do governo. Repreende a oposição e tenta dar aulas de ética e de comportamento. Se não tivesse fórum privilegiado, providenciado por Lula, certamente já estaria também em uma cela da Polícia Federal no Paraná.
Ora, de que adianta corrigir os rumos da economia e da política se os petistas vão continuar roubando nas empresas públicas? Nada. Limpar a máquina administrativa desses gafanhotos que devoram a folha de pagamento do Estado, desratizar os órgãos públicos dos sindicalistas pelegos e investigar as centrais sindicais para onde vão bilhões de reais do FAT é uma medida urgente e necessária para passar o país a limpo. Sem essa providencia, a tendência é o povo assistir inerte o governo aumentar impostos e dissolver a economia com propostas autoritárias para penalizar a população.
Os jornais brasileiros, que até então apoiavam esse governo desastroso da Dilma,, agora fazem um mea-culpa a julgar pelo último editorial de primeira página da Folha de S. Paulo que encerra com um ultimato à Dilma: “O País, contudo, não tem escolha. A presidente Dilma tampouco: não lhe restará, caso se dobre sob o peso da crise, senão abandonar suas responsabilidades presidenciais e, eventualmente, o cargo que ocupa”.
Jorge Oliveira
A Dilma, como uma tonta, faz reunião todos os dias. Na última delas, disse que vai enxugar a máquina pública, começando pelos ministérios irrelevantes. Essa estória os brasileiros conhecem. Quando esteve ameaçado de deixar o Palácio do Planalto, Collor também trocou os ministros. Aliás, para melhor. Só que o seu tempo (“O senhor da razão”) acabou com o impeachment. A Dilma trilha pelo mesmo caminho, depois que perdeu o controle do Estado e da sua base de sustentação no Congresso Nacional. Quer mudar a cara do governo incompetente e ainda luta como pode para conquistar os votinhos na Câmara dos Deputados que a livrariam da abertura do processo de impeachment. Caiu nas mãos do venenoso Eduardo Cunha, que agora a mantém refém dos seus caprichos.
Enquanto isso, a Polícia Federal e o Ministério Púbico apertam o cerco contra os petistas mais gabaritados (?) . Depois de botarem na cadeia Zé Dirceu e os dois tesoureiros petistas João Vaccari Neto, Delúbio Soares, agora apontam seus mísseis para Edinho Silva, Ministro da Comunicação Social, acusado em delação premiada de ser o principal benfeitor do dinheiro roubado da Petrobrás para campanha da Dilma. É esse senhor, com essa folha corrida, que fala em nome do governo. Repreende a oposição e tenta dar aulas de ética e de comportamento. Se não tivesse fórum privilegiado, providenciado por Lula, certamente já estaria também em uma cela da Polícia Federal no Paraná.
Ora, de que adianta corrigir os rumos da economia e da política se os petistas vão continuar roubando nas empresas públicas? Nada. Limpar a máquina administrativa desses gafanhotos que devoram a folha de pagamento do Estado, desratizar os órgãos públicos dos sindicalistas pelegos e investigar as centrais sindicais para onde vão bilhões de reais do FAT é uma medida urgente e necessária para passar o país a limpo. Sem essa providencia, a tendência é o povo assistir inerte o governo aumentar impostos e dissolver a economia com propostas autoritárias para penalizar a população.
Os jornais brasileiros, que até então apoiavam esse governo desastroso da Dilma,, agora fazem um mea-culpa a julgar pelo último editorial de primeira página da Folha de S. Paulo que encerra com um ultimato à Dilma: “O País, contudo, não tem escolha. A presidente Dilma tampouco: não lhe restará, caso se dobre sob o peso da crise, senão abandonar suas responsabilidades presidenciais e, eventualmente, o cargo que ocupa”.
Jorge Oliveira
Destruir uma floresta para quatro dias de competição
Preservar uma floresta, que há 500 anos é o habitat de quatro
espécies ameaçadas, ou destruir a floresta e construir uma pista de esqui para uma
competição olímpica.
Escolher preservar a floresta deveria ser a opção óbvia, mas
não foi o que os organizadores dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, na
Coreia do Sul, decidiram: uma floresta formada por árvores que existem há mais
de 500 anos está sendo simplesmente desmatada para abrir espaço para as novas
instalações de esqui.
O condado de Pyeongchang, na Coreia do Sul, venceu a licitação para realizar apenas duas competições de esqui nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018. Ainda assim, a maior área do mundo de árvores do tipo Wangsasre está sendo desmatada, devastando ao mesmo tempo um dos últimos habitats de quatro espécies vulneráveis: a lontra-europeia, o gato-leopardo, a marta e o esquilo-voador.
Há centenas de anos, o lugar é considerado sagrado na Coreia do Sul e tem sido protegido por legislação. Mas para ganhar a licitação e sediar os jogos, o governo removeu a proteção. Depois de deixar cicatrizes gigantes nas montanhas ao remover as árvores, agora estão desmatando áreas ainda maiores da floresta para criar um imenso resort de esqui.
Tudo isso sem necessidade: os jogos poderiam acontecer em outra cidade, como Muju, o que acarretaria ainda em uma economia de 138 milhões de dólares. Considerando ainda que o próprio Comitê Olímpico Internacional determinou o desenvolvimento sustentável como palavra de ordem para os jogos, é hora de responsabilizá-los por fechar os olhos diante da destruição da floresta no condado de Pyeongchang e exigir que suas próprias regras sejam cumpridas.
Por exigência do Comitê Olímpico Internacional, este evento deve ser
uma "Olimpíada Verde", construída e operada segundo princípios de
sustentabilidade. Se todos os países participantes dos jogos fizerem uma grande
pressão global, poderemos envergonhar o Comitê Olímpico Internacional e fazer
com que cumpra o que prometeu.
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