terça-feira, 12 de janeiro de 2016
Vitória da regra, irmão!
No primeiro momento, o “balizamento” do rito do “impeachment” chocou um país que chegou a alimentar a esperança de que o STF da “Era PT” pudesse sair melhor que a “encomenda” que, muito menos que veladamente, pautou cada nomeação dos últimos 13 anos.
Desde então, o país tem estado prostrado. Se a mãe de todas as instituições presta-se a ginásticas hermenêuticas daquela qualidade para impor à Câmara dos Representantes dos 204 milhões de brasileiros o “lider” Leonardo Picciani de que ela acabara de se livrar pelo voto, quanto vale qualquer outro direito do cidadão a ser exigido no mesmo palco onde o meritíssimo Barroso encenou o seu numero arrastando sete votos consigo?
O que veio depois foi a pá de cal.
A imprensa pouco fala do que quer que não inclua Eduardo Cunha nessa disputa mas os fatos que dão sentido ao movimento com que o STF amarrou à família Picciani, que vem mais que dobrando a sua fortuna declarada todos os anos, faça chuva ou faça sol, o destino da democracia brasileira, são um nervo exposto. Jorge, o pai, tem todas as qualidades que se requer para presidir a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro ha quatro mandatos e foi o “coordenador” da campanha de Luiz Fernando Pezão. Rafael, o irmão, vem a ser o secretario dos Transportes do prefeito Eduardo Paes. Os demais irmãos e sócios – com a conversão de estações de trens públicas em shopping centers privados e outras peripécias impressionantes no currículo – operam as pedreiras da família que fornecem toda a materia prima da construção do Parque Olímpico e da reforma geral dos corredores da “Cidade Maravilhosa” por onde hão de passar os “ingleses” fãs de esporte, para as quais sobram os bilhões negados aos doentes que morrem sem atendimento nas portas dos “hospitais” imundos do Estado do Rio de Janeiro…
Na sequência, com a mesma mão com que, lá da presidência do conselho, assinou todas as falcatruas que levaram a Petrobras (e o Brasil) à falência, Dilma Rousseff chamegou, na véspera do Natal, a MP-703 que dá aos empreiteiros réus da Lava-Jato condição de se safar do juiz Moro sem fazer mais delações premiadas como as que puseram meio PT na cadeia, enquanto Ricardo Lewandowski, agindo em concerto com a camarilha do PMDB picciano-carioca, expedia liminares transformando em deputados federais vereadores e suplentes embaralhados numa sucessão de renuncias e promoções feitas sob medida para fabricar uma “maioria” capaz de confirmar no voto o “passe” que pos Leonardo na primeira linha de defesa do impeachment ao lado do translúcido Renan Calheiros, manobra em tudo idêntica, só com sinal invertido, à de Nicolas Maduro, da Venezuela, para desmontar a maioria conquistada no voto pela oposição nas últimas eleições legislativas.
São esses os fatos, por enquanto.
Mesmo assim, Dilma Rousseff, “a impoluta”, está longe de ser nosso maior problema. É da genética antidemocrática do PT essa incapacidade insuperável de viver dentro da regra. Nascido e criado para destruir a “ordem burguesa” e tendo vivido desde sempre à margem das leis que a sustentam, o PT só está brevetado para trabalhar a vitória sobre a regra. Não sabe fazer outra coisa.
O problema é que esses expedientes adquirem vida própria. Cada derrota da regra põe o Brasil mais longe de uma remissão pois é precisamente esta a crise e a única saída dela está no restabelecimento da certeza da vitória da regra sempre, e o próprio PT mais distante de uma reconciliação com o Império da Lei que se define, exatamente, pela implacável anulação de toda e qualquer força que venha a desafia-la.
É um duelo de morte. Ao fim de 13 anos de derrotas da lei, só sobrevive, no Brasil, aquilo que não depende da certeza da vitória dela. O resto se esgueira como pode, no meio do fogo cruzado. Assim é que a indústria criadora e multiplicadora de empregos ficou reduzida a menos de 9% do PIB. Toda a que resta na categoria “grande” é sócia do Estado petista tendo, portanto, com a lei, a mesma relação que ele. O setor mais estruturado do agronegócio – o do álcool – foi destruído, desnacionalizado ou cooptado, restando a curiosidade de saber se isso foi um ato deliberado ou só um subproduto da compra de votos com gasolina barata. O “poder econômico” que resta é o do setor financeiro, tributário do Estado, e o dos recicladores de lixo empresarial cuja característica é não fincar raízes. Podem viajar numa mala para onde for mais conveniente. O resto é a miuçalha dispersa dos que vivem do trabalho, empregando ou sendo empregados, mas que, desprovidos de direitos exigíveis por cima do arbítrio do Estado petista e seus tribunais amestrados, são sugados por todos os lados até o bagaço e depois atirados uns contra os outros para se entrecomerem os restos na arena cínica do trabalhismo getulista.
São cada vez menores, portanto, as “condições objetivas” de uma volta do Brasil à institucionalidade, “habitat” das economias sustentáveis. O Judiciário está reduzido a pouco mais que uma trincheira em Curitiba cuja única arma de ataque a MP-703 acaba de desmontar. O Legislativo, a renans calheiros, leonardos piccianis e eduardos cunhas disputando o posto mais alto na venda de impunidade e ausência de limites ao Executivo. A “regra de ouro” dos tres é que, seja o que for que derem as disputas entre eles, ninguém toca nos “direitos adquiridos” daqueles a quem concedem a graça divina de viver “Sem Crise” sob as asas do Estado pois a esperança de “inclusão” nesse paraíso particular é a droga que todos eles traficam e sustenta todo o negócio.
O Brasil Real despertou perplexo diante de uma conta a descoberto gigantesca que não contratou e que não poderá ser paga sem a “inclusão” dos “Sem Crise” na crise. É isso que explica cada palavra e cada movimento das máfias em disputa na arena “política”. Só que isso nunca fica suficientemente claro porque a imprensa mudou-se para Brasilia, desaprendeu a lógica do mundo real e o uso do filtro dos fatos e mantém o país imerso numa balburdia de versões.
Desde então, o país tem estado prostrado. Se a mãe de todas as instituições presta-se a ginásticas hermenêuticas daquela qualidade para impor à Câmara dos Representantes dos 204 milhões de brasileiros o “lider” Leonardo Picciani de que ela acabara de se livrar pelo voto, quanto vale qualquer outro direito do cidadão a ser exigido no mesmo palco onde o meritíssimo Barroso encenou o seu numero arrastando sete votos consigo?
O que veio depois foi a pá de cal.
A imprensa pouco fala do que quer que não inclua Eduardo Cunha nessa disputa mas os fatos que dão sentido ao movimento com que o STF amarrou à família Picciani, que vem mais que dobrando a sua fortuna declarada todos os anos, faça chuva ou faça sol, o destino da democracia brasileira, são um nervo exposto. Jorge, o pai, tem todas as qualidades que se requer para presidir a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro ha quatro mandatos e foi o “coordenador” da campanha de Luiz Fernando Pezão. Rafael, o irmão, vem a ser o secretario dos Transportes do prefeito Eduardo Paes. Os demais irmãos e sócios – com a conversão de estações de trens públicas em shopping centers privados e outras peripécias impressionantes no currículo – operam as pedreiras da família que fornecem toda a materia prima da construção do Parque Olímpico e da reforma geral dos corredores da “Cidade Maravilhosa” por onde hão de passar os “ingleses” fãs de esporte, para as quais sobram os bilhões negados aos doentes que morrem sem atendimento nas portas dos “hospitais” imundos do Estado do Rio de Janeiro…
Na sequência, com a mesma mão com que, lá da presidência do conselho, assinou todas as falcatruas que levaram a Petrobras (e o Brasil) à falência, Dilma Rousseff chamegou, na véspera do Natal, a MP-703 que dá aos empreiteiros réus da Lava-Jato condição de se safar do juiz Moro sem fazer mais delações premiadas como as que puseram meio PT na cadeia, enquanto Ricardo Lewandowski, agindo em concerto com a camarilha do PMDB picciano-carioca, expedia liminares transformando em deputados federais vereadores e suplentes embaralhados numa sucessão de renuncias e promoções feitas sob medida para fabricar uma “maioria” capaz de confirmar no voto o “passe” que pos Leonardo na primeira linha de defesa do impeachment ao lado do translúcido Renan Calheiros, manobra em tudo idêntica, só com sinal invertido, à de Nicolas Maduro, da Venezuela, para desmontar a maioria conquistada no voto pela oposição nas últimas eleições legislativas.
São esses os fatos, por enquanto.
Mesmo assim, Dilma Rousseff, “a impoluta”, está longe de ser nosso maior problema. É da genética antidemocrática do PT essa incapacidade insuperável de viver dentro da regra. Nascido e criado para destruir a “ordem burguesa” e tendo vivido desde sempre à margem das leis que a sustentam, o PT só está brevetado para trabalhar a vitória sobre a regra. Não sabe fazer outra coisa.
O problema é que esses expedientes adquirem vida própria. Cada derrota da regra põe o Brasil mais longe de uma remissão pois é precisamente esta a crise e a única saída dela está no restabelecimento da certeza da vitória da regra sempre, e o próprio PT mais distante de uma reconciliação com o Império da Lei que se define, exatamente, pela implacável anulação de toda e qualquer força que venha a desafia-la.
É um duelo de morte. Ao fim de 13 anos de derrotas da lei, só sobrevive, no Brasil, aquilo que não depende da certeza da vitória dela. O resto se esgueira como pode, no meio do fogo cruzado. Assim é que a indústria criadora e multiplicadora de empregos ficou reduzida a menos de 9% do PIB. Toda a que resta na categoria “grande” é sócia do Estado petista tendo, portanto, com a lei, a mesma relação que ele. O setor mais estruturado do agronegócio – o do álcool – foi destruído, desnacionalizado ou cooptado, restando a curiosidade de saber se isso foi um ato deliberado ou só um subproduto da compra de votos com gasolina barata. O “poder econômico” que resta é o do setor financeiro, tributário do Estado, e o dos recicladores de lixo empresarial cuja característica é não fincar raízes. Podem viajar numa mala para onde for mais conveniente. O resto é a miuçalha dispersa dos que vivem do trabalho, empregando ou sendo empregados, mas que, desprovidos de direitos exigíveis por cima do arbítrio do Estado petista e seus tribunais amestrados, são sugados por todos os lados até o bagaço e depois atirados uns contra os outros para se entrecomerem os restos na arena cínica do trabalhismo getulista.
São cada vez menores, portanto, as “condições objetivas” de uma volta do Brasil à institucionalidade, “habitat” das economias sustentáveis. O Judiciário está reduzido a pouco mais que uma trincheira em Curitiba cuja única arma de ataque a MP-703 acaba de desmontar. O Legislativo, a renans calheiros, leonardos piccianis e eduardos cunhas disputando o posto mais alto na venda de impunidade e ausência de limites ao Executivo. A “regra de ouro” dos tres é que, seja o que for que derem as disputas entre eles, ninguém toca nos “direitos adquiridos” daqueles a quem concedem a graça divina de viver “Sem Crise” sob as asas do Estado pois a esperança de “inclusão” nesse paraíso particular é a droga que todos eles traficam e sustenta todo o negócio.
O Brasil Real despertou perplexo diante de uma conta a descoberto gigantesca que não contratou e que não poderá ser paga sem a “inclusão” dos “Sem Crise” na crise. É isso que explica cada palavra e cada movimento das máfias em disputa na arena “política”. Só que isso nunca fica suficientemente claro porque a imprensa mudou-se para Brasilia, desaprendeu a lógica do mundo real e o uso do filtro dos fatos e mantém o país imerso numa balburdia de versões.
Do ministro à presidente
O desemprego avança nas cidades médias. Volta Redonda (RJ) e Cubatão (SP), por exemplo, estão na expectativa de seis mil demissões nos pátios da CSN e da Usiminas, dois dos maiores produtores de aço dopaís.
A indústria nacional completou cinco anos em declínio constante. Sua participação no conjunto da economia já equivale à do Brasil pré-industrial, na Segunda Guerra, indicam a Fundação Getúlio Vargas e a Federação das Indústrias de São Paulo em pesquisas recentes.
Nesse panorama de decadência precoce, as perdas são significativas e nocivas. Três décadas atrás, o setor industrial era responsável por 27% do total de empregos formais. Agora detém apenas 16% do mercado regido por leis trabalhistas, segundo o governo.
Por ironia da história, a queda do setor mais dinâmico da economia foi acelerada no governo de um ex-líder sindical, Lula, que apostou na valorização do real (em relação ao dólar) como instrumento de controle da inflação.
Dilma Rousseff ampliou a degradação ao tentar compensar os efeitos com extraordinária concessão de benesses do Estado a grupos industriais e agropecuários, privilegiados nas sombras da política eleitoral e partidária. Fez isso no embalo do samba-exaltação sobre o “conteúdo nacional”, que justificou preços 40% acima do padrão mundial num mercado cativo.
A montanha de dinheiro público transferida a cofres particulares, com rarefeita transparência e sem nada exigir em troca, supera gastos somados com os serviços de saúde pública.
O prêmio à ineficiência na produção local custou caro. Sequer garantiu a base de empregos, como demonstram Usiminas e a CSN, e, também, a indústria automobilística, onde são mais notáveis os laços de cumplicidade empresas-sindicatos na drenagem do Erário público.
Resultou no aumento das importações e criação de empregos no exterior, principalmente na China. Entre 2003 e 2014, por exemplo, foram criadas 1,4 mil empresas dedicadas à exportação. Nesse período, o
Brasil viu nascer 22 mil novas importadoras.
Estimulou-se a contínua diminuição do número de empregados nas fábricas brasileiras. Durante o ano passado, o setor industrial demitiu de 8,6 mil pessoas por semana.
Agora, o governo comanda a migração de indústrias e empregos do Brasil para o Paraguai. O ministro da Indústria, Armando de Queiroz Monteiro Neto, tem liderado expedições de empresários interessados nos incentivos paraguaios às “maquiladoras”.
Ali, o custo de mão de obra é 39% inferior ao do Brasil, a eletricidade é 64% mais barata, tem menos burocracia e o mercado preferencial é o brasileiro. Até dezembro, 42 empresas brasileiras atravessaram a fronteira, e o governo paraguaio recebeu mais de 400 consultas — Vale, JBS, Camargo Corrêa, Riachuelo, Bourbon, Eurofarma e Buddemeyer, entre outras.
É natural que empresas procurem maximizar lucros. Estranha é a liderança do ministro brasileiro na migração de indústrias e empregos além-fronteira. Sugere que o governo abdicou de resolver os problemas domésticos de custos de produção e de emprego.
Se assim for, Monteiro Neto está apenas ajudando a escrever um novo capítulo na biografia de Rousseff: a presidente que transformou o “conteúdo nacional” em “maquila paraguaya”.
José Casado
Estamos prontos para o futuro?
Vocês já imaginaram a dimensão das mudanças que ocorrerão nos próximos anos no processo pedagógico e na organização dos cursos superiores?
Em primeiro lugar, é preciso frisar que as novas tecnologias de informação e de comunicação estão cada vez mais presentes em todas as atividades e, na educação, são determinantes tanto para o ensino de disciplinas completas, como na oferta de meios auxiliares de aprendizagem. Elas se concretizam em plataformas especiais onde os alunos têm acesso aos conteúdos construídos pelos próprios professores, a discussões realizadas por meio de “chats”, envolvendo alunos e professores, e aos exercícios que contribuem para a fixação da aprendizagem.
As novas tecnologias também se manifestam na oferta de bibliotecas online, que incorporam centenas de referências básicas e complementares e que serão os melhores instrumentos de estudo para os alunos dos cursos de graduação.
Além disso, os cursos criados por algumas universidades estrangeiras, na modalidade a distância, já podem ser realizados gratuitamente, rompendo-se as fronteiras e criando novas alternativas para os estudantes, internacionalizando cada vez mais as universidades, e dando outra dimensão aos diplomas e certificados, na medida em que uma estrutura curricular poderá ser construída por disciplinas cursadas em universidades diferentes.
O aprendizado de línguas estrangeiras, principalmente o inglês, e mais recentemente o mandarim, vem ganhando importância crescente.
Dessa forma, as inovações trazidas à educação superior estão provocando a ruptura dos paradigmas seculares adotados nas universidades. A relação ensino-aprendizagem está passando por progresso significativo, concretizado na mudança de concepção da sala de aula, na necessidade de atividades orientadas extra-classe, e no entendimento de que o aluno hoje é um protagonista do processo pedagógico, por meio do trabalho em grupo, do estudo de casos e da aprendizagem baseada em problemas.
Uma das mais importantes consequências do emprego dessas novas estratégias de ensino reside na possibilidade de eliminação do calendário escolar, na medida em que cada estudante, na sua própria escala de tempo, poderá construí-lo de acordo com as suas disponibilidades.
Os programas das disciplinas não serão mais “customizados” para todos os alunos, as provas serão realizadas de forma independente e personalizada e os professores terão uma nova missão, procurando orientar seus estudantes a buscar nas redes de informação e nas bibliotecas online os conhecimentos que necessitam na sua formação.
Em algumas universidades dos países mais avançados os currículos de graduação têm uma expressiva parte realizada fora do ambiente universitário, com professores que sequer pertencem à carreira docente, embora com as qualificações para a tarefa de ensinar ou de orientar os estudantes em trabalhos práticos que os preparem para a vida profissional.
Na prática pode-se afirmar que as universidades estão passando por uma espécie de “uberficação”, como ressaltou uma interessante matéria publicada recentemente. Entretanto, é bom frisar que, na educação, a formação humanística será também determinante para assegurar que estaremos diplomando pessoas para o pleno exercício da cidadania.
E nós, aqui no Brasil, já nos preparamos para enfrentar estas mudanças? A resistência ao novo sempre é grande, mas é preciso, e urgente, mudar.
Paulo Alcantara Gomes
Em primeiro lugar, é preciso frisar que as novas tecnologias de informação e de comunicação estão cada vez mais presentes em todas as atividades e, na educação, são determinantes tanto para o ensino de disciplinas completas, como na oferta de meios auxiliares de aprendizagem. Elas se concretizam em plataformas especiais onde os alunos têm acesso aos conteúdos construídos pelos próprios professores, a discussões realizadas por meio de “chats”, envolvendo alunos e professores, e aos exercícios que contribuem para a fixação da aprendizagem.
As novas tecnologias também se manifestam na oferta de bibliotecas online, que incorporam centenas de referências básicas e complementares e que serão os melhores instrumentos de estudo para os alunos dos cursos de graduação.
Além disso, os cursos criados por algumas universidades estrangeiras, na modalidade a distância, já podem ser realizados gratuitamente, rompendo-se as fronteiras e criando novas alternativas para os estudantes, internacionalizando cada vez mais as universidades, e dando outra dimensão aos diplomas e certificados, na medida em que uma estrutura curricular poderá ser construída por disciplinas cursadas em universidades diferentes.
O aprendizado de línguas estrangeiras, principalmente o inglês, e mais recentemente o mandarim, vem ganhando importância crescente.
Dessa forma, as inovações trazidas à educação superior estão provocando a ruptura dos paradigmas seculares adotados nas universidades. A relação ensino-aprendizagem está passando por progresso significativo, concretizado na mudança de concepção da sala de aula, na necessidade de atividades orientadas extra-classe, e no entendimento de que o aluno hoje é um protagonista do processo pedagógico, por meio do trabalho em grupo, do estudo de casos e da aprendizagem baseada em problemas.
Uma das mais importantes consequências do emprego dessas novas estratégias de ensino reside na possibilidade de eliminação do calendário escolar, na medida em que cada estudante, na sua própria escala de tempo, poderá construí-lo de acordo com as suas disponibilidades.
Os programas das disciplinas não serão mais “customizados” para todos os alunos, as provas serão realizadas de forma independente e personalizada e os professores terão uma nova missão, procurando orientar seus estudantes a buscar nas redes de informação e nas bibliotecas online os conhecimentos que necessitam na sua formação.
Em algumas universidades dos países mais avançados os currículos de graduação têm uma expressiva parte realizada fora do ambiente universitário, com professores que sequer pertencem à carreira docente, embora com as qualificações para a tarefa de ensinar ou de orientar os estudantes em trabalhos práticos que os preparem para a vida profissional.
Na prática pode-se afirmar que as universidades estão passando por uma espécie de “uberficação”, como ressaltou uma interessante matéria publicada recentemente. Entretanto, é bom frisar que, na educação, a formação humanística será também determinante para assegurar que estaremos diplomando pessoas para o pleno exercício da cidadania.
E nós, aqui no Brasil, já nos preparamos para enfrentar estas mudanças? A resistência ao novo sempre é grande, mas é preciso, e urgente, mudar.
Paulo Alcantara Gomes
Aquele que será o ano da Lava Jato começa em 13 de março
Tão certo como o nascer do sol é que este será o ano da Lava Jato. O otimismo que tomou conta do governo nos últimos dias de 2015 não resistiu a sete dias de 2016. O protagonismo indesejado pelos ladrões voltou a ditar o ritmo deste ano de eterno carnaval temporão. O ministro que havia confirmado a morte do impeachment de Dilma convive com o fantasma dos processos e tem pesadelos com uma provável investigação.
Já ficou claro que a anunciada morte do impeachment foi alarme falso. Segunda constatação: ser ministro no atual governo é habeas corpus preventivo para escapar de Moro e ser processado pelo STF. Quem sabe Barroso, o Tenebroso, seja sorteado para inocentar o acusado? Seja qual for o crime, sejam quais forem as provas, sempre se poderá suprimir trechos de leis para justificar a subserviência explícita.
Insisto: 2016 será o ano da Lava Jato. Sem prazos estendidos, com provas e colaboração de acusados, associados a uma eleição municipal que irá colocar os últimos pregos no caixão do PT. As tentativas de desaparelhar a Polícia Federal e criar uma legislação para acordos de leniência em que a CGU define as regras, além da histeria de Barroso e Lewandowski em busca da saída do labirinto, estão sendo tiros n’água que confirmam o óbvio: a agenda política e o futuro do Brasil serão determinados pela Operação Lava Jato.
Mas isso não será suficiente para a mudança que queremos. É essencial que a Lava Jato seja o estopim da bomba H destinada a Dilma e ao PT. E essa bomba só pode ser confeccionada pelas ruas. O orgulho despertado por um Moro, a esperança depositada nos corajosos procuradores e policiais ─ nada disso bastará se nos restringirmos ao papel de torcedor de arquibancada. O jogo também é nosso. Fazemos parte do time e temos que entrar em campo de novo. Somos milhões. Os defensores de bandidos são poucos e estão acuados. Temos a Justiça ao nosso lado. Eles têm quadrilhas.
Moro tem inimigos e não pode ficar só. Abandoná-lo nessa luta é optar pelo suicídio coletivo. Estamos com Moro e com o que ele representa. O recado precisa ser dado em 13 de março.
Por um tempo, nestes tristes dias de insanidades, ouvimos o brado dos milicianos aparelhados: “Lula é meu amigo: mexeu com ele, mexeu comigo!” Cada um tem o “lula” que merece. Moro é meu amigo! Mexeu com ele, mexeu comigo!
O início de 2016 tem data marcada: 13 de março.
A diferença e a armadilha
A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence a você. É possível adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas com quem você se relaciona. (...) As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas, ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha
Teoria da conspiração
Confesso que ontem voltei a estudar o tema. Já vi quadrilhas bem de perto. Talvez perto o suficiente para saber que uma boa teoria da conspiração sempre tem dois lados, aparentemente opostos, mas que se atraem numa estranha confraria. Basta pesquisar um pouco o que temos hoje na internet sobre UFOs e afins. De um lado estariam “os americanos”, esses imperialistas que já falam com ETs e escondem isso da maioria da plebe rude e de outros “iluminados”, que perceberam antes de todo mundo que eles já estão entre nós.
O motivo do tema? Porque ele me interessa particularmente para entender a “filosofia petista”, se é que existe alguma coisa desse tipo no comportamento medianamente ladravaz e truculento desses bandidos. Acho que é lenda urbana, como os ETs e o óleo ungido de Israel, com seu cheiro característico de óleo de pastel barato. O fato é que o Brasil é muito permissivo com seitas e afins. São “empresas”. Ganham muito dinheiro com suas atividades borderlines, no limite da contravenção ou dentro dela mesmo, mas precisam de “legitimidade” para se tornarem “autoridades” em seus galinheiros.
Essa é, portanto, a cruzada dessa gente rumbeira: serem “aceitos” na sociedade que vem aceitando tudo. Há filósofos e historiadores no país dispostos a ver tudo como uma grande engrenagem, onde cada um exerce o papel de formiga, ou de aviãozinho da quadrilha.
Sob certos aspectos, a coisa é um pouco pior, pois é uma “mentalidade” e não um arranjo combinado. Como as moscas, estes indivíduos apenas “zumbem” em uníssono, sem saber direito para que causas serve o que estão fazendo. O brasileiro não é lá muito esclarecido. Agitado da maneira correta, seria a bucha dos canhões desse gente rumbeira, acostumada na tubaína e na mortadela a fazer “o país que vai pra frente”, sabe-se lá em direção a que abismo. A esquerda tinha o protagonismo das ruas e das massas quando parecia legítima aos olhos de muitos. O embuste não durou dois governos ladrões completos.
Escandalizada com a abrangência do patrulhamento e da roubalheira, a sociedade só agora se deu conta de que tirou o ladrãozinho dos cofres públicos de sempre para lá colocar o ladrãozão no lugar. Anestesiada até então pelo “representativismo”, não percebeu que, de novo, passou um cheque em branco para um bando de bandidos fazerem o que bem entendem de nossos combalidos cofres públicos.
Já disse aqui mesmo que tenho dificuldade em aceitar que exista uma “sofisticada organização criminosa” no poder, pois de sofisticada ela não tem nada. São roubos comuns, que só não foram devidamente esclarecidos porque a lei sempre foi conivente com este tipo de bandidagem. Já não é mais.
A roubalheira “deu na vista”, passou dos limites, lambuzou a petralharia segundo seus próprios membros e está aí agora para todo mundo ver também. O que vão fazer de seus agentes e beneficiários? O Brasil que presta espera uma resposta que seja convincente. Até agora só os “ricos empresários” estão comendo cadeia, sem confundir os “delcídios”, idiotas úteis que foram pegos em flagrante delito.
A primeira instância funcionou bem até aqui. Vamos ver o que acontece quando o “puxadinho do PT” na toga for acionado para salvar o rabão lustroso desses calhordas. O pouco que vimos até agora já foi de enojar. Se são bolivarianos legítimos ou fraudados, pouco interessa. Estão na mira de uma sociedade que já não tolera mais essa vigarice travestida de “defesa” dos interesses sociais. Só deles.
Sabemos bem o que os vigaristas defendem. No momento, defendem tão somente o próprio traseirão avantajado e incômodo. Comer cadeia não deve ser nada agradável, para quem já foi tão longe na vigarice sem ser pego. Questão de tempo.
Vela pro santo
Se têm devoção por Chávez, que lhe acendam velasRamos Allup, o presidente da Assembleia da Venezuel
Crise de tudo
Quando um carro que não é táxi, mas que transporta passageiros cobrando mais ou menos (mas não é táxi), é algo considerado uma inovação espetacular, então algo está muito errado neste mundo. Pessoas se estapeando, greves, passeatas, tudo para deter o avanço e a promoção do tal Uber demonstram o quanto já estamos em fase de bloqueio mental agudo. Não há nada de novo. São automóveis que levam pessoas da Gávea para Belford Roxo. Só isto. E a pancadaria rola solta, porque táxi não é. Ora bolas. Quando me perguntam se sou contra ou a favor do Uber, mando a pessoa para o raio que a parta. Eu tenho muito mais o que fazer e pensar. E se isto é uma grande inovação, então me tirem os tubos.
Nos quesitos inovação e criatividade, o mundo anda modesto e o Brasil cada vez mais parado. Costumo dizer que a proliferação do Aedes Aegypti se dá em todo o país, pois ele todo está parado e, com diziam nossos antepassados, águas paradas não movem montanhas. Tudo no Brasil está parado, até as águas. A microcefalia, antes uma característica de nossa classe política e empresarial, agora deixou de ser ofensa e virou doença endêmica. O que é ruim, o que faz mal, o que não presta, isto sim, avança no Brasil.
Esse marasmo que acomete a nossa sociedade, pendente como se fosse uma novem negra sobre nossas cabeças, é fruto da preguiça e da inépcia de quem lidera, somada à mania socialista de distribuir dinheiro público (nosso!) para empresários e para os pobres sem pedir deles nada notável em troca. Empresários ganham empréstimos a taxas ridículas, para dar corpo a projetos absurdos de um governo estúpido (Pré-Sal, transposição do São Francisco e outros) e nada concluem nem agregam qualquer valor. Já as camadas mais pobres, recebem os cala-bocas tipo bolsa-família, usam seus cartões da cultura para comprar cigarros e também nada agregam de valor a si mesmos, às suas comunidades e ao país. Dinheiro posto fora, algo tão triste quanto dinheiro desviado por corrupção.
Enquanto há países investindo em novas tendências energéticas, sistemas de mobilidade urbana, alternativas para remissão ou cura de doenças, novas técnicas agrícolas, métodos inovadores na educação e em tantas outras frentes agregadoras, aqui apostamos num pré-sal, brigamos a tapa com mosquitos que deformam nossos bebês, contratamos a peso de ouro médicos (?) precaríssimos de Cuba e somos parceiros de ditadores de todos os matizes. Enquanto outros apertam cintos, reduzem ou otimizam seus custos de gestão, investem em novos materiais e sistemas, aqui mantemos no poder milhares de ineptos, ladrões e corruptos, com a lúdica esperança de que um único juiz vá nos salvar.
Não se evolui sem criatividade e inovação. Nossa maneira de ver e de fazer as coisas está nos levando para o fundo de um abismo mais profundo do que uma sonda do pré-sal pode atingir. O Brasil não lidera nem mesmo na América do Sul, decai em índices diversos que apontam corrosão em nossa qualidade de vida e avança no escuro, esperando encontrar uma saída ao acaso, por sorte ou por destino. Não há.
Criatividade e inovação são iniciativas que requerem muito, muito trabalho e investimento sério. Essas duas forças sempre tiveram berço nas universidades e nas empresas. Mas no Brasil, país onde as universidades viraram berçários de comunistas e onde as empresas viraram reféns de conluios, da corrupção e da recessão, criatividade máxima é escapar da cadeia ou ter um amigo no STF.
Esse marasmo que acomete a nossa sociedade, pendente como se fosse uma novem negra sobre nossas cabeças, é fruto da preguiça e da inépcia de quem lidera, somada à mania socialista de distribuir dinheiro público (nosso!) para empresários e para os pobres sem pedir deles nada notável em troca. Empresários ganham empréstimos a taxas ridículas, para dar corpo a projetos absurdos de um governo estúpido (Pré-Sal, transposição do São Francisco e outros) e nada concluem nem agregam qualquer valor. Já as camadas mais pobres, recebem os cala-bocas tipo bolsa-família, usam seus cartões da cultura para comprar cigarros e também nada agregam de valor a si mesmos, às suas comunidades e ao país. Dinheiro posto fora, algo tão triste quanto dinheiro desviado por corrupção.
Enquanto há países investindo em novas tendências energéticas, sistemas de mobilidade urbana, alternativas para remissão ou cura de doenças, novas técnicas agrícolas, métodos inovadores na educação e em tantas outras frentes agregadoras, aqui apostamos num pré-sal, brigamos a tapa com mosquitos que deformam nossos bebês, contratamos a peso de ouro médicos (?) precaríssimos de Cuba e somos parceiros de ditadores de todos os matizes. Enquanto outros apertam cintos, reduzem ou otimizam seus custos de gestão, investem em novos materiais e sistemas, aqui mantemos no poder milhares de ineptos, ladrões e corruptos, com a lúdica esperança de que um único juiz vá nos salvar.
Não se evolui sem criatividade e inovação. Nossa maneira de ver e de fazer as coisas está nos levando para o fundo de um abismo mais profundo do que uma sonda do pré-sal pode atingir. O Brasil não lidera nem mesmo na América do Sul, decai em índices diversos que apontam corrosão em nossa qualidade de vida e avança no escuro, esperando encontrar uma saída ao acaso, por sorte ou por destino. Não há.
Criatividade e inovação são iniciativas que requerem muito, muito trabalho e investimento sério. Essas duas forças sempre tiveram berço nas universidades e nas empresas. Mas no Brasil, país onde as universidades viraram berçários de comunistas e onde as empresas viraram reféns de conluios, da corrupção e da recessão, criatividade máxima é escapar da cadeia ou ter um amigo no STF.
'Só voltem quando os boches nos invadirem outra vez!'
O general Charles De Gaulle assumira pela segunda vez o governo da França e virou o país de cabeça para baixo, restabelecendo a dignidade de sua nação. A partir de 1958, impôs um presidencialismo imperial, deu independência à Argélia, produziu a bomba atômica, forjou a união europeia, reconheceu a China Comunista e quanta coisa a mais?
O orgulho francês o empurrou contra os Estados Unidos. Num gesto tão surpreendente quanto os demais, expulsou a OTAN de Paris. O New York Times apresentou a mais contundente caricatura a respeito daqueles idos. Mostrava um humilhado soldadinho americano, de fuzil e capacete, sendo posto porta a fora por um De Gaulle arrogante que dizia: “Vai embora e só volte quando os boches nos invadirem novamente!” A referência era para as duas vezes, em 1914-18 e 1939-45, em que os Estados Unidos salvaram a humilhada França.
Mesmo em recesso, o Supremo Tribunal Federal fornece algumas indicações, a maioria provindo dos gabinetes onde os ministros não estão, mas seus principais auxiliares continuam funcionando. Pelo jeito, a mais alta corte nacional de justiça está pronta para degolar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
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Mesmo em recesso, o Supremo Tribunal Federal fornece algumas indicações, a maioria provindo dos gabinetes onde os ministros não estão, mas seus principais auxiliares continuam funcionando. Pelo jeito, a mais alta corte nacional de justiça está pronta para degolar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
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As esquerdas foram para o poder com João Goulart, vendo-se postas para fora por um golpe militar, em 1964. O tempo passou, veio a democracia e o PT acabou de novo no governo, com Lula e, depois, Dilma. Só que o país se encontra em frangalhos. Arrasado. São negados os princípios e ideais que levaram o PT ao poder. Ao contrário do que pregavam, eles suprimem direitos sociais, comprimem salários, aumentam juros, beneficiam a especulação e as elites, geram o desemprego, elevam impostos, degradam os serviços públicos, favorecem o latifúndio e metem a mão nos dinheiros públicos. Fizeram o oposto do que pregaram. Logo virá a revolta e o que vamos fazer? Chamar a direita não dá. Afinal, é a receita dela que os companheiros aplicam.
Falta ao país um projeto acorde com as necessidades nacionais. Capaz de atender não apenas as massas, mas a classe média e a população em geral. Adianta pouco ficar atrás de outro partido para substituir o PT. São todos iguais, ou seja, incompetentes. Nossa memória é curta, mas fica impossível esquecer o governo dos tucanos, quando Fernando Henrique ensaiou aquilo que Lula e Dilma, ironicamente, aplicam outra vez.
Que forças disporiam de condições para dar a volta por cima? De governar para a maioria? Não dá para pensar nos militares, já tiveram sua oportunidade e deu no que deu. Melhor pensar rápido, quem sabe acionando as universidades?
Falta ao país um projeto acorde com as necessidades nacionais. Capaz de atender não apenas as massas, mas a classe média e a população em geral. Adianta pouco ficar atrás de outro partido para substituir o PT. São todos iguais, ou seja, incompetentes. Nossa memória é curta, mas fica impossível esquecer o governo dos tucanos, quando Fernando Henrique ensaiou aquilo que Lula e Dilma, ironicamente, aplicam outra vez.
Que forças disporiam de condições para dar a volta por cima? De governar para a maioria? Não dá para pensar nos militares, já tiveram sua oportunidade e deu no que deu. Melhor pensar rápido, quem sabe acionando as universidades?
Saúde!
Quando brindamos, o primeiro voto é “saúde!” – e não por acaso. Só depois vem “paz, amor”. Sem saúde, o resto não é possível. Por que, então, o Brasil é tão cruel com seus doentes? Crises na Saúde não são produzidas de um dia para o outro. O caos nos hospitais do Estado do Rio de Janeiro é apenas a vitrine de um sistema falido e desumano, e o governador Pezão é um dos culpados, não o único.
O Estado brasileiro nunca deu assistência médica digna à massa da população. Jamais transformou a Saúde em prioridade. No Brasil profundo, não é novidade a falta de médicos, remédios, leitos e equipamentos. O Rio de Janeiro tem a faculdade de jogar holofote sobre mazelas nacionais – ainda mais agora, antes das Olimpíadas. Um gabinete de crise é criado, a prefeitura adota hospitais estatais, como se a escassez fosse inesperada. Não é. Vivemos, na Saúde, uma septicemia cultivada pela incompetência.
Na véspera do Natal, Pezão anunciou a dívida impagável com fornecedores na Saúde, o fechamento de hospitais e de UPAs. A ironia já está no nome: Unidades de Pronto Atendimento. Fora raras exceções, que se dane o doente de baixa renda. O governador do Rio põe a culpa na queda da arrecadação do ICMS, na queda dos royalties de petróleo. Mas isso não aconteceu de repente. Faltou preparo ao governador do Rio para escolher onde gastar na crise?
Os governos federal, estaduais e municipais empurram com a barriga, há mais tempo do que nossa memória alcança, os péssimos índices de desenvolvimento humano no Brasil. E aí se incluem também educação, saneamento e transporte. A negligência se explica. Os políticos não usam hospital público, escola pública e transporte público. Eles enriquecem muito no poder. A vida real passa ao largo de quem manda.
O PT, em 13 anos de populismo amparado pelo PMDB, nada fez para mudar o caráter do país. Nos indicadores sociais, somos um país subdesenvolvido. Não deveria ser assim numa economia que se gabava, até pouco tempo atrás, de ser a sétima do mundo.
Vivi um dia banal e deprimente no hospital municipal Rodolpho Perissé, em Búzios, o balneário mais chique e badalado ao norte da cidade do Rio de Janeiro. Chamo o incidente de banal porque nada de grave aconteceu.
Não foi nada remotamente parecido com o drama da aposentada Lúcia Caldas, que perdeu a mãe de 79 anos no dia 30 de dezembro no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, no Rio de Janeiro. A mãe de Lúcia ficou mais de um mês internada com fratura no fêmur. Não foi operada por falta de uma prótese. Contraiu uma pneumonia e morreu no hospital.
Cheguei ao hospital de Búzios para acompanhar meu filho, com uma dor que parecia vir do apêndice. Olhei a antessala. Uma multidão triste. Crianças, velhos, trabalhadores humildes. Quem recebe os doentes num hospital público brasileiro, na recepção ou na triagem, olha para o enfermo e seus parentes como se fôssemos adversários. Um incômodo. Especialmente perto do Natal e do Ano-Novo. Não havia sinal de celular ou de internet, estávamos isolados do mundo exterior, era impossível falar com parente ou médico de fora.
Vi um homem chegar amparado pelo irmão, todo quebrado, não havia cadeira de rodas para acomodá-lo. Vi um pai chegar aos gritos com a filha vomitando nos braços: “Sou evangélico, mas juro que vou derrubar essa porta se não atenderem minha filha agora”.
O vômito empesteou o ambiente calorento, sem ar-condicionado. As pessoas imploravam para que fosse limpo. Temiam que alguém escorregasse. E não aparecia nenhum pano para limpar. Até que surgiu um desses triângulos amarelos que dizia: “Cuidado. Caution. Piso molhado. Wet floor”. O desenho era de um boneco escorregando. No vômito?
Vi uma mulher com o bebê febril, apertando em vão a campainha do laboratório. Busquei ajuda para ela. Uma enfermeira mal-humorada passou, me olhou com tédio e disse: “Não trabalho no laboratório”. A mãe do bebê me agradeceu a atenção, com os olhos vazios, sem entender que tinha direitos. Ela provavelmente se acostumou a ser maltratada.
Doentes em nossos hospitais públicos são como vítimas de um iminente naufrágio. Dependendo da personalidade, disputam lugar ou se ajudam, organizam filas, zanzam perdidos pelos corredores, compartilham males e histórias.
Foram nove horas no hospital de Búzios e várias filas para exames desnecessários, pedidos por diferentes estagiários, até chegar diante de um médico verdadeiro, o único cirurgião. Em cinco minutos, ele descartou apendicite, receitou um anti-inflamatório. Um dia perdido por falta de médico.
Nada demais. Quantos perdem não um dia, mas a vida ao buscar assistência médica? Saí do pesadelo olhando com tristeza e impotência para nossa gente, que escuta dizer que o problema da Saúde é a queda nos royalties do petróleo.
O Estado brasileiro nunca deu assistência médica digna à massa da população. Jamais transformou a Saúde em prioridade. No Brasil profundo, não é novidade a falta de médicos, remédios, leitos e equipamentos. O Rio de Janeiro tem a faculdade de jogar holofote sobre mazelas nacionais – ainda mais agora, antes das Olimpíadas. Um gabinete de crise é criado, a prefeitura adota hospitais estatais, como se a escassez fosse inesperada. Não é. Vivemos, na Saúde, uma septicemia cultivada pela incompetência.
Na véspera do Natal, Pezão anunciou a dívida impagável com fornecedores na Saúde, o fechamento de hospitais e de UPAs. A ironia já está no nome: Unidades de Pronto Atendimento. Fora raras exceções, que se dane o doente de baixa renda. O governador do Rio põe a culpa na queda da arrecadação do ICMS, na queda dos royalties de petróleo. Mas isso não aconteceu de repente. Faltou preparo ao governador do Rio para escolher onde gastar na crise?
Os governos federal, estaduais e municipais empurram com a barriga, há mais tempo do que nossa memória alcança, os péssimos índices de desenvolvimento humano no Brasil. E aí se incluem também educação, saneamento e transporte. A negligência se explica. Os políticos não usam hospital público, escola pública e transporte público. Eles enriquecem muito no poder. A vida real passa ao largo de quem manda.
O PT, em 13 anos de populismo amparado pelo PMDB, nada fez para mudar o caráter do país. Nos indicadores sociais, somos um país subdesenvolvido. Não deveria ser assim numa economia que se gabava, até pouco tempo atrás, de ser a sétima do mundo.
Vivi um dia banal e deprimente no hospital municipal Rodolpho Perissé, em Búzios, o balneário mais chique e badalado ao norte da cidade do Rio de Janeiro. Chamo o incidente de banal porque nada de grave aconteceu.
Não foi nada remotamente parecido com o drama da aposentada Lúcia Caldas, que perdeu a mãe de 79 anos no dia 30 de dezembro no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, no Rio de Janeiro. A mãe de Lúcia ficou mais de um mês internada com fratura no fêmur. Não foi operada por falta de uma prótese. Contraiu uma pneumonia e morreu no hospital.
Cheguei ao hospital de Búzios para acompanhar meu filho, com uma dor que parecia vir do apêndice. Olhei a antessala. Uma multidão triste. Crianças, velhos, trabalhadores humildes. Quem recebe os doentes num hospital público brasileiro, na recepção ou na triagem, olha para o enfermo e seus parentes como se fôssemos adversários. Um incômodo. Especialmente perto do Natal e do Ano-Novo. Não havia sinal de celular ou de internet, estávamos isolados do mundo exterior, era impossível falar com parente ou médico de fora.
Vi um homem chegar amparado pelo irmão, todo quebrado, não havia cadeira de rodas para acomodá-lo. Vi um pai chegar aos gritos com a filha vomitando nos braços: “Sou evangélico, mas juro que vou derrubar essa porta se não atenderem minha filha agora”.
O vômito empesteou o ambiente calorento, sem ar-condicionado. As pessoas imploravam para que fosse limpo. Temiam que alguém escorregasse. E não aparecia nenhum pano para limpar. Até que surgiu um desses triângulos amarelos que dizia: “Cuidado. Caution. Piso molhado. Wet floor”. O desenho era de um boneco escorregando. No vômito?
Vi uma mulher com o bebê febril, apertando em vão a campainha do laboratório. Busquei ajuda para ela. Uma enfermeira mal-humorada passou, me olhou com tédio e disse: “Não trabalho no laboratório”. A mãe do bebê me agradeceu a atenção, com os olhos vazios, sem entender que tinha direitos. Ela provavelmente se acostumou a ser maltratada.
Doentes em nossos hospitais públicos são como vítimas de um iminente naufrágio. Dependendo da personalidade, disputam lugar ou se ajudam, organizam filas, zanzam perdidos pelos corredores, compartilham males e histórias.
Foram nove horas no hospital de Búzios e várias filas para exames desnecessários, pedidos por diferentes estagiários, até chegar diante de um médico verdadeiro, o único cirurgião. Em cinco minutos, ele descartou apendicite, receitou um anti-inflamatório. Um dia perdido por falta de médico.
Nada demais. Quantos perdem não um dia, mas a vida ao buscar assistência médica? Saí do pesadelo olhando com tristeza e impotência para nossa gente, que escuta dizer que o problema da Saúde é a queda nos royalties do petróleo.
A ética e a moral
Em tempos de crise política e econômica, em que escândalos de corrupção agitam o cenário nacional, muitos cidadãos ocupam as ruas pedindo “ética!”. A grande questão a ser analisada é a identificação do caráter daquilo que designamos ética. O que é ética, afinal?
Certamente, para muitos, ética é sinônimo de moral, ou seja, faz referência ao cumprimento de determinadas regras, normas e condutas consideradas valiosas e, por isso, prezadas por determinado grupo cultural. Mas fica manifesto desde já que a ética não pode ser confundida com a moral. Ela é muito mais que isso!
Confundir a ética com a moral é o mesmo que confundir o receituário com o medicamento.
Ética, filosoficamente falando, é, na verdade, uma reflexão a respeito dos princípios axiológicos que orientam e fundamentam nossas ações morais. Por isso, a ética atua validando ou questionando a validade daquilo que a sociedade acredita ser valioso, correto, bom e, por conseguinte, moral.
Confundir a ética com a moral é o mesmo que confundir o receituário com o medicamento. A moral é uma construção histórica e cultural, trata-se de um fenômeno prescritivo, versando a respeito de normas, “receitas de conduta” a serem observadas na vida prática e cotidiana. A ética não se limita a essas regras, mas as questiona, procurando descobrir se realmente são importantes ou, quem sabe, obsoletas.
A ética deve nos levar a uma reflexão honesta acerca dos valores que adotamos, fazendo-nos repensar o nosso modo de ser e estar no mundo. Ela é, por isso, indispensável para o progresso humano. Do contrário, correríamos o trágico risco de ficarmos reféns de valores morais que muitas vezes podem estar assentados na tradição e nos tempos passados, não fazendo mais sentido para a sociedade atual. Acabamos, por vezes, incorporando tais valores por hábito e de forma acrítica, o que não contribui em nada com a tão urgente e necessária autonomia do sujeito. Ética é fundamental, sendo, portanto, indispensável para o corpo social. É importante concluir dizendo que a ética está ligada ao caráter de cada um e o caráter, já dizia Aristóteles, é aquilo que você é!
Edimar Brígido
Certamente, para muitos, ética é sinônimo de moral, ou seja, faz referência ao cumprimento de determinadas regras, normas e condutas consideradas valiosas e, por isso, prezadas por determinado grupo cultural. Mas fica manifesto desde já que a ética não pode ser confundida com a moral. Ela é muito mais que isso!
Confundir a ética com a moral é o mesmo que confundir o receituário com o medicamento.
Ética, filosoficamente falando, é, na verdade, uma reflexão a respeito dos princípios axiológicos que orientam e fundamentam nossas ações morais. Por isso, a ética atua validando ou questionando a validade daquilo que a sociedade acredita ser valioso, correto, bom e, por conseguinte, moral.
Confundir a ética com a moral é o mesmo que confundir o receituário com o medicamento. A moral é uma construção histórica e cultural, trata-se de um fenômeno prescritivo, versando a respeito de normas, “receitas de conduta” a serem observadas na vida prática e cotidiana. A ética não se limita a essas regras, mas as questiona, procurando descobrir se realmente são importantes ou, quem sabe, obsoletas.
A ética deve nos levar a uma reflexão honesta acerca dos valores que adotamos, fazendo-nos repensar o nosso modo de ser e estar no mundo. Ela é, por isso, indispensável para o progresso humano. Do contrário, correríamos o trágico risco de ficarmos reféns de valores morais que muitas vezes podem estar assentados na tradição e nos tempos passados, não fazendo mais sentido para a sociedade atual. Acabamos, por vezes, incorporando tais valores por hábito e de forma acrítica, o que não contribui em nada com a tão urgente e necessária autonomia do sujeito. Ética é fundamental, sendo, portanto, indispensável para o corpo social. É importante concluir dizendo que a ética está ligada ao caráter de cada um e o caráter, já dizia Aristóteles, é aquilo que você é!
Edimar Brígido
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