sábado, 27 de junho de 2015

Essa não tem gênero

Dilma diz a jornal dos EUA que é alvo de preconceito de genero

Lula: Retrato na moldura de Brizola


Meio atirado já às traças do esquecimento, (estranho até em um país desmemoriado) transcorreu, domingo, 21/06, o décimo primeiro aniversário da morte de Leonel Brizola, ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul e uma das figuras mais marcantes da política brasileira ao longo de décadas. Goste-se ou não dele, um nome sobre cuja cabeça e memória se encaixam preceitos fundamentais do célebre Decálogo do Estadistas, de Ulysses Guimarães. A começar pela Coragem, primeiro e principal mandamento do homem público. 

Por décadas, o gaúcho de Carazinho foi figura amada e seguida até a devoção por muitos. Temida, traída, atacada e perseguida por outros tantos (com igual intensidade, ou mais). Sempre, porém, legendária personalidade de governante ativo e de administrador capaz em sua geração (protótipo no campo trabalhista - herança da proximidade com Getúlio Vargas; e da Educação, com E maiúsculo -, ao lado de Darcy Ribeiro).

Acima de tudo, Brizola é um nome associado aos maiores e melhores combates políticos, sociais e na defesa de comportamento ético e moral das figuras públicas em geral, e dos governantes em particular .

Um fato inexorável, jornalística e politicamente falando: No redemoinho insano deste junho de 2015, a justa e merecida celebração da data ficou esmaecida. As pautas e os espaços nas editorias de política, geral e de comportamento da grande, média ou pequena imprensa foram tomados por outros acontecimentos.

A saber: a) As mais recentes "tonterias" da presidente Dilma Rousseff (como qualificam os espanhóis e a gente de língua castelhana na América do Sul); b) as manobras do ex-presidente Lula (pós desastroso Congresso Nacional do PT em Salvador), na tentativa, meio óbvia demais, de se desvincular do PT e da atual mandatária do Palácio do Planalto (mesmo que só momentaneamente, nesta tormentosa hora de escárnio e corda no pescoço). Sem tirar os olhos da sucessão presidencial em 2018, diga-se.

Lembrou, com extrema sensibilidade, o jornalista e escritor Juan Arias, na edição brasileira do jornal espanhol El Pais, a charge que corre nas redes sociais, na qual o ex-presidente da República e fundador do PT, aparece (mal) disfarçado no meio de grande manifestação popular de protesto contra o governo, carregando um cartaz com a palavra de ordem: “FORA LULA!” 

Espaços fartos de imprensa foram destinados ainda: c) À troca das mãos pelo pés do empresário Marcelo Odebrecht, autor do arrogante e complicador bilhete capturado pela PF. O principezinho (das colunas sociais e das reportagens laudatórias até recentemente), manda chuva da megaempresa brasileira com braços multinacionais, fundada na Bahia (ora recolhido em uma cela do prédio da Federal em Curitiba), determina aos seus advogados que destruam provas recolhidas pela Operação Lava Jato .

Pepinaço, no linguajar soteropolitano, por mais que os advogados façam ginásticas mentais para negar ou "interpretar" o verdadeiro sentido das palavras do autor); d) a morte trágica e violenta em acidente de carro, no interior de Goiás, e o enterro de superstar em Goiânia, do músico e cantor sertanejo Cristiano Araújo e de sua jovem noiva. O artista regional, de repente guindado, nos principais veículos noticiosos, ao posto de celebridade de primeira grandeza do Brasil.

E estamos de volta a Leonel Brizola, ao relembrar da sua partida há 11 anos. Irônico, talvez, que isso aconteça nestes dias juninos em que o ex-presidente Lula atravessa uma das etapas mais polêmicas, contraditórias e complicadas de sua trajetória de ex-dirigente sindical, fundador do PT, ex-chefe da Nação, e liderança política sob intenso foco de observação nacional e internacional. Mais complicada, ainda, depois da Operação Lava Jato e seus desdobramentos recentes, conduzidos desde Curitiba, pelo juiz Aldo Moro, a "incógnita do futuro do ex-presidente", segundo Arias, no El País.


Mas foi Brizola, sem dúvida, quem, durante anos, traçou sobre a moldura brasileira, o retrato mais expressivo, questionador e polêmico de Lula e seu PT e sobre o significado de ambos na vida e na história das últimas décadas no Brasil. Recordo, antes do ponto final, duas pinceladas marcantes da obra. Nos anos 80, o ex-governador cunhou, talvez, a frase mais definitiva sobre o partido saído das lutas sindicais no ABC paulista: "O PT é a UDN de macacão e tamanco. É como uma galinha que cacareja para a esquerda e põe ovos para a direita".

Sobre Lula, anos mais tarde, um trecho definidor, no vídeo que circula na Internet: "Eu cheguei aqui (do exílio) e fui logo visitar o Lula. Me recebeu como um imperador. Dono do ABC. Nós pensamos diferente. O Lula está dentro do sistema, sua mente está dentro do modelo econômico. Como o Fernando Henrique, só que o Lula vem por baixo e o FHC vem por cima. Os dois se acotovelam para executar o mesmo programa neoliberal". Mais não digo, a não ser: que falta faz Brizola!

Brahma da Silva é o nº 1

Meias verdades sobre o PT e o 'lulismo'

O ex-presidente Lula desencadeou sem o menor pudor a nova fase de sua metamorfose ambulante. Para voltar ao centro da cena política, quer agora se livrar da carcomida imagem do PT e também do “volume morto” da presidente Dilma. Aliás, a análise do ex-presidente sobre o atual momento do Partido dos Trabalhadores, acusando a sigla de ter envelhecido, perdido a utopia, e de seus militantes só pensarem em cargos, é quase perfeita. Quase porque o seu discurso encerra uma série de contradições difíceis de serem superadas e oculta as razões dessa derrocada.

Nos últimos 12 anos, foi justamente Lula quem comandou um desmanche partidário, do posto de vista tanto ideológico como prático do PT. A partir de atitudes personalistas e de um marketing direcionado quase exclusivamente ao culto da personalidade do ex-presidente, acima, inclusive, das ações do governo, o petismo foi jogado para escanteio para dar lugar ao lulismo. Todos os méritos do Palácio do Planalto, entre 2003 e 2010, inclusive a eleição de Dilma, foram sempre jogados na conta da habilidade política e sensibilidade social de Lula. Os erros, ao contrário, eram distribuídos entre assessores, ministros e até para o PT. Lula nunca errava.

Em nome desse lulismo, foram empurradas goela abaixo do partido alianças inimagináveis, de Sarney (PMDB) a Maluf (PP), passando por Collor (PTB) e Aécio Neves (PSDB) – sim, em 2008, Lula ungiu a união de Fernando Pimentel (PT) e do tucano em torno da candidatura de Marcio Lacerda (PSB) à Prefeitura de Belo Horizonte.


Foi Lula quem assinou a “Carta ao Povo Brasileiro”, antes mesmo de ser eleito, para acalmar o mercado financeiro. Durante o seu governo, quadros de peso do partido, como Heloísa Helena, Chico Alencar, Luciana Genro e tantos outros rotulados de “sonhadores”, foram expulsos ou debandaram porque não encontravam mais espaço dentro da legenda.

O pragmatismo da era Lula erradicou os ideais utópicos um dia defendidos pelo partido e hoje, ironicamente, reclamados pelo próprio ex-presidente. O envelhecimento do Partido dos Trabalhadores e sua obsessão por cargos não brotaram espontaneamente do chão. Foram plantados ano a ano, nos últimos 12 anos, a cada aliança com o fim exclusivamente eleitoral ou para negociar votações no Congresso, a cada adoção de velhas práticas antes condenáveis na política brasileira.


O PT e Lula sabiam desse risco do esvaziamento ideológico e o assumiram em nome da governabilidade a qualquer custo. Não há ingênuos nem ninguém pego de calças curtas com a situação na qual o partido está atolado. Quem ainda está na sigla não tem por que se ofender com as declarações do ex-presidente pois no mínimo foi cúmplice de todo esse processo.

O poder transformador do petrolão e a determinação da Petrobras

Uma das mais importantes transformações políticas do país está ocorrendo a partir da Justiça Federal em Curitiba. A ponto de alguns, com uma ponta de ironia, apelidarem o juiz Sérgio Moro de a “Suprema Corte de Curitiba”. A prisão dos presidentes das maiores construtoras do país, Norberto Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, reforça essa perspectiva. Tanto em razão da relevância da investigação a respeito das relações entre o mundo privado e o governo quanto em virtude do alcance político da iniciativa do Poder Judiciário.

Os eventos da sexta-feira passada acrescentaram uma forte tensão ao mundo político, em Brasília, uma vez que o início dos depoimentos dos 12 presos da 14ª fase da operação Lava Jato estava previsto para a segunda-feira. As buscas realizadas em São Paulo no dia 19 entraram pela noite. Somente no sábado a equipe da Polícia Federal retornou a Curitiba com o material recolhido. O executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar está entre os quatro presos temporários que serão ouvidos primeiro pela Justiça.

A situação jurídica e política posta pela operação Lava Jato coloca imensa pressão também sobre o Supremo Tribunal Federal. Em especial, para o ministro Luiz Edson Fachin, que recentemente tomou posse na Corte. Sua chegada completa o quórum. Mas, além disso, abre condições para que o julgamento daqueles que têm foro especial seja acelerado.

Para Sergio Lazzarini, autor de um dos mais importantes livros (“Capitalismo de Laços”, editora Elsever) para entender o funcionamento das relações entre o mundo privado e o governo, “o rigor das punições aos empreiteiros presos na operação Lava Jato determinará se o Brasil passará por um momento de ‘transformação’, em que o clientelismo público-privado oferecerá riscos a ponto de impedir novos escândalos de corrupção como no caso da Petrobras”.

As transformações causadas pela operação Lava Jato já estão em curso e irão mudar, de forma indelével, as relações entre o setor privado e o governo. Nada será como antes, já que o custo-benefício de ações que ocorreriam ao arrepio da lei é muito grande.

Porém, fica uma ponderada advertência feita pelo vice-presidente da República, Michel Temer. As empresas devem pagar por seus erros, mas precisam ser poupadas e sobreviver. Não podem desaparecer. São importantes demais para a cadeia produtiva do país e para o desenvolvimento do capitalismo brasileiro. Foi assim nos Estados Unidos e na Europa em outros escândalos de corrupção.



Na sexta-feira, 26, o Conselho de Administração da Petrobras se reúne para discutir o Plano de Negócios 2015-2019. Não há garantia de aprovação nesse encontro, conforme já antecipado pelo diretor de Gás e Energia da empresa, Hugo Repsold.

O plano anterior previa investimentos de R$ 208 bilhões. Estima-se uma redução entre 20% e 30% desse valor. Também é esperado que a empresa anuncie uma redução da meta de produção de petróleo para cerca de 3 milhões de barris diários em 2020.

A Petrobras representa mais de 10% da formação bruta de capital no Brasil. No primeiro trimestre do ano, os investimentos caíram 1,3% na comparação com o trimestre anterior. Foi o sétimo recuo consecutivo. Portanto, o governo vê como fundamental o Plano de Negócios para estimular a economia. Mais: é uma sinalização para a sociedade de que, apesar dos escândalos de corrupção, os investimentos da empresa continuam robustos.

Torrando erva viva

É muito estranho esse hábito de políticos brasileiros de guardar dinheiro vivo, declarado no Imposto de Renda, em casa. Apesar de uma inflação em torno de 6% nos últimos anos, que resulta, em quatro anos, numa desvalorização de uns 30% da pacoteira debaixo do colchão, o senador Romero Jucá guarda em casa R$ 545 mil em espécie, 90% do seu patrimônio declarado, e muitos outros colegas guardam até mais. Até a presidente Dilma declarou malocar R$ 150 mil em erva viva no Alvorada. “Nunca se sabe, né?”, explicou ela sorridente, lembrando hábitos dos velhos tempos da clandestinidade. 

Mesmo como economista formada e criadora de novas matrizes econômicas, Dilma tem esse estranho habito de torrar dinheiro arduamente ganho com seu trabalho. Com a inflação beirando os dois dígitos, ela vai ter grandes perdas, mas prefere não investir suas economias nem mesmo em aplicações garantidas, como a poupança ou Letras do Tesouro Nacional, que teriam lhe rendido uns R$ 70 mil em quatro anos. Prefere deixá-lo apodrecendo em casa. Nessa batida, no final do mandato, os R$ 150 mil de Dilma não valerão nada, e ela ficará sem jeito para pedir que invistam no Brasil, se nem ela o faz. Parece metáfora, mas é fato.


O deputado Carlos Magno Ramos (PP-RO), investigado na Lava-Jato, diz que perdeu “parte da memória” por causa de uma hepatite C, mas se lembra de que tem R$ 680 mil em dinheiro vivo no seu sítio porque “necessitava e gostava de recursos em espécie”. Quanto a isso, não há dúvidas, mas ele não explicou por que gosta tanto de torrar dinheiro, assim como Dilma, Romero e o resto do pessoal que não confia em bancos nem teme ladrões.

Falando em dinheiro, deve ter sido duro para Lula saber que seus amigos da Odebrecht, que ele considerava grandes admiradores e parceiros, que o paparicavam e tratavam como um rei, o chamavam pelas costas de “o Brahma”, um apelido constrangedor para um ex-presidente da Republica.

Agora, para aliviar, dizem que era o codinome do “numero um”, mas outros acham que o apelido debochado se refere ao deus Brama, que faz abrir portas, chover dinheiro e ganhar eleições.

Nelson Motta

E o que nós temos a ver com isso?


A indústria de móveis da região de Ubá, Zona da Mata de Minas Gerais, está em crise. Desde o começo do ano, mais de 1.500 funcionários foram demitidos e seis empresas encerraram suas atividades. Por consequência, o comércio dispensou outros 2.400 trabalhadores e os investimentos da Prefeitura da cidade, aliás pela segunda vez administrada pelo PT, sofreram, até agora, cortes equivalentes a 40% do total do orçamento. Com mais de 600 empresas que geram em torno de 17.000 empregos diretos, a região é o terceiro maior polo moveleiro do país.

Uma das cidades que hoje compõem este núcleo industrial é Rodeiro, pequeno município fincado naquela colônia italiana onde passei todas as férias escolares, tanto as de inverno quanto as de verão, e que, na minha infância, limitava-se a um modesto povoado de economia rural decadente. Tive o privilégio, por isso, de ver no começo da década de 1970 a indústria de móveis nascer e se desenvolver ali, a partir de acanhadíssimas serrarias domésticas.

Em 1989, em visita a familiares percebi uma mudança substancial na sempre reservada maneira de ser de tios e primos. Se a cidade pouco a pouco tornava-se centro de atração de mão de obra para a confecção de móveis e colchões, a mentalidade rural, tradicionalista e conservadora, continuava a reger a vida da comunidade. Por isso, qual não foi meu espanto ao descobrir que todos estavam fechados com a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República contra Fernando Collor de Mello.

Surpreso, procurei entender o que ocorrera para que eles, que tinham pavor de tudo que minimamente soasse a desordem, houvessem optado por um candidato muitas vezes acusado de ser comunista e arauto da anarquia. Então, confessaram que em conversas com o padre da paróquia local, ligado à ala progressista da Igreja Católica, convenceram-se da singularidade das propostas do petista.

Creio que o que motivava a decisão de meus parentes, gente simples e honesta e pouco interessada em política, era o mesmo sentimento que levava as pessoas a lotar os comícios nas ruas: a esperança de, após o longo período de opressão, autoritarismo e abuso de poder patrocinado pela ditadura militar, podermos desfrutar de um país mais justo, governado por lideranças firmemente instaladas em princípios éticos.

O resultado desfavorável daquele ano conduziu Collor de Mello à Presidência, que em seguida renunciou ao cargo para fugir a um processo de impeachment por corrupção. Lula ainda perderia outras duas eleições, em 1994 e em 1998, antes de chegar ao poder em 2002. Agora, 25 anos depois da primeira candidatura e de doze anos de mandatos consecutivos, que país é o Brasil que o PT nos oferece?
Resultado de imagem para lula gargalha
Nada muito entusiasmante. Afora o fato, importantíssimo, de ter tirado o país do mapa da fome, continuamos patinando nos últimos lugares no ranking de avaliação dos sistemas de educação e saúde; temos um déficit habitacional de 7 milhões de moradias; a reforma agrária está paralisada; os índices de homicídios nos colocam entre os lugares mais perigosos do mundo; e já se tornou tragicamente exemplar nosso desprezo pelo meio ambiente.

E as perspectivas não são nada animadoras. Infelizmente, a crise no polo moveleiro de Ubá não é fato isolado. A inflação deve ultrapassar os 8% e o desemprego pode chegar a quase 9% este ano, no momento em que o Produto Interno Bruto registra crescimento negativo de até 2%. Mas, se tudo isso é péssimo, pior ainda é a sensação de termos sido burlados ao investir nosso capital ético num partido que entrou em bancarrota.

O próprio ex-presidente Lula reconheceu, recentemente, que o PT perdeu a utopia e que os correligionários “só pensam em cargos, em emprego e em ser eleitos”. Esqueceu-se de mencionar que, além disso, o partido afunda em intermináveis escândalos de corrupção. E não assumiu a responsabilidade pela derrocada —afinal, Lula manteve-se e mantém-se como líder máximo do partido, a ponto de seu nome se confundir com a sigla que representa.

O afastamento do PT de seu projeto original, cujo dinamismo alicerçava-se na força dos movimentos populares, hoje neutralizados, resulta no calamitoso desencanto de toda uma geração. Admitir que o partido afastou-se do sonho que alimentava a militância é reconhecer o fracasso do projeto de construção de um país mais justo, que um dia chegou a convencer até mesmo os mais desconfiados e arredios cidadãos, como os meus parentes de Rodeiro. E se é certo que os sonhos não envelhecem, é também verdade que nós envelhecemos e nos tornamos mais céticos. E mais tristes...

Dilma parece não ter entendido o que está acontecendo


Com participação ativa do ex-presidente Lula, que resolveu botar lenha na caldeira e elevar a temperatura da crise, o PT também começa a se descolar do governo, deixando a presidente Dilma Rousseff cada vez mais dependente do PMDB de Michel Temer, Renan Calheiros, Eduardo Cunha e Romero Cunha, uma espécie de quarteto fantástico que domina o partido e a política nacional com mão de ferro.

Nunca se viu essa situação na política brasileira, em que um governo não consegue ter apoio de seu próprio partido, conforme ficou claro com o manifesto divulgado quarta-feira por uma das principais tendências do PT, a DS (Democracia Socialista), integrada pelo secretário-geral da Presidência, ministro Miguel Rossetto, vejam que saia justa está havendo no terceiro andar do Planalto.

O fato é que a Democracia Socialista faz severas críticas à política econômica e à nomeação de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda. Segundo o documento, “a indicação de Levy e a adoção de uma política conservadora e recessiva na economia seriam uma forma de absorver a pressão neoliberal”.

Os integrantes desta ala afirmam que o resultado do 5º Congresso Nacional do partido, realizado há duas semanas em Salvador, deve ser entendido como um “recuo que imobiliza o governo e arrasta o partido consigo”, como “ um fiador subserviente da principalidade da aliança com o PMDB”. E o documento afirma que esse recuo impede que se acumulem forças para sair “do altíssimo patamar de impopularidade”.

Segundo a Folha de S.Paulo, o manifesto da Democracia Socialista foi previamente apresentado ao secretário-geral Rossetto, apontado como um dos mais íntimos aliados de Dilma na Esplanada dos Ministério. Mas ele não quis dar entrevista a respeito, é claro.


O PT sempre foi um partido de múltiplas alas, mais parece uma escola de samba. Mas agora mesmo entrou em processo de esvaziamento. Uma das fundadoras do partido, a socióloga Maria Victoria Benevides, costumava indagar a seus alunos na Universidade de São Paulo quem é do PT e recebia grande número de respostas entusiasmadas. Agora, ela diz que a coisa mais rara é alguém admitir que ainda simpatiza com o partido.

É claro que isso não pode dar certo. Nunca antes, na História deste país, um presidente conseguiu terminar o mandato tendo minoria no Congresso. Foi assim com Getúlio, Jânio, Jango e Collor. A presidente Dilma Rousseff já terceirizou a economia e a articulação política. Finge que é presidente, parece viver num mundo à parte, onde tudo são flores, dietas e pedaladas. O caso é grave. Ela precisa ser submetida a algum tratamento.

Desonestidade S/A

O empalmar pelo Estado das funções privadas, o crescimento desmesurado da atividade governamental, e o número insustentável de municípios - todos esses aspectos acabam gerando, em cadeia, a multiplicação de operações suspeitas, de negócios ilícitos, fomentando a corrupção.

Dias desses ouvimos comentários no sentido de que não há em qualquer parte da Nação uma contratação, na esfera pública, sem a presença de vantagens e favorecimentos. E nos perguntamos sem de pronto termos uma resposta: quais os motivos principais que levaram o Brasil ao estado geral de uma Desonestidade S/A?

Os fatos históricos, da colonização, passando pelo império, até a chegada da república velha e a implantação da nova, não são suficientes para digerirmos as intricadas teias de interesses que se movem em círculo vicioso. O primeiro ponto é que não temos uma concorrência forte entre empresas. O segundo é a falha do órgão regulador. E por fim e não menos importante as cortes de contas (ou que fazem de contas) precisam ser mais rigorosas nas reprovações e punições correspondentes.
Sangra ralo abaixo o dinheiro do contribuinte. Assim uma arrecadação alta proporciona o escoamento a granel por meio das mãos da União em repasses para Estados e Municípios.

A revisão do modelo federativo é inadiável. Qual o sentido de mantermos 27 Estados, se poderíamos trabalhar, muito bem, a ideia do enxugamento desse sistema, mantendo apenas 20 Estados e os demais fusionados, pois não têm orçamento a fim de pagar a folha dos seus funcionários.

Com isso as mais de 5 400 comunas seriam esquartejadas e reduzidas para 3 mil no máximo, donde uma série de cargos nos poderes legislativo e executivo já estariam sendo desconectados dessa realidade surrealista. Do mesmo modo não temos embasamento para mantermos no parlamento 541 deputados federais e 81 senadores. Proporia-se o fim da câmara alta, com a preservação daquela baixa e sua integração. O perfil geraria um total de 350 políticos com funções bicamerais e sem o escopo dos gastos públicos acentuados.

Um enxugamento vital para a máquina, eleições, controle e fiscalização. Essa montanha de recurso público é o fator número um que causa desonestidade em massa e não reencaminha o agente para o comportamento de modo a encerrar os desvios e cometimentos de ilicitudes.

Qualquer reforma que se fizer no sistema atual de produção e consumo passa necessariamente pela mudança de mentalidade, o desemperramento da máquina pública, o fim das vantagens e das gorjetas do molha mão. Com a redução do quadro seriam melhorados os salários de todas as atividades públicas, e o serviço essencial hospitalar e de pronto atendimento não ficaria esmolando verbas para os governos de modo geral.
Basicamente o empreguismo nos quadros estatais se revela danoso e detrimento aos interesses públicos. O Século XXI é marcante na menor escala do Estado. A intervenção mínima e pontual para solução dos impasses, porém sempre com rigor da Lei e a responsabilização dos agentes.

Criam-se cabidões de emprego a troco de favores eleitorais e currais do coronelismo. Tudo precisa ser revisado e de forma rápida. Com a redução do tamanho do Estado brasileiro, e uma forte integração entre os poderes, daí nasceria um pacto federativo destinado ao futuro da Nação.

O preço amargo, salgado e impalatável de toda a desonestidade com a qual convivemos somente pode ser a forte crise, a implosão dos valores e sobretudo a perda de rumo, decerto uma tempestade perfeita para grandes turbulências espalhando seus tremores para a maioria da sociedade civil perplexa, estarrecida, e vítima única da desabrida, desavergonhada e desassombrosa corrupção mortífera para um Brasil digno e honesto nos seus propósitos para com sua gente e com a cara limpa para o mundo.

O que torna uma cidade sustentável?


A cidade de Essen, no oeste da Alemanha, foi escolhida a "capital verde" da Europa para o ano de 2017 – um prêmio dado anualmente pela Comissão Europeia para exemplos de ações ambientalmente importantes, incluindo esforços locais para melhorar o meio ambiente no perímetro urbano e promover o crescimento sustentável.

Desde 2010, o título é concedido a cidades europeias com população superior a 100 mil habitantes. A premiação é dada sempre dois anos antes do período proposto. Para 2016, a vencedora foi Liubliana, na Eslovênia. A inglesa Bristol ganhou o título para 2015, e a capital dinamarquesa Copenhague, no ano passado.

Antigo centro de mineração de carvão, no coração do Vale do Ruhr, Essen foi reconhecida por superar o desafio da sua história industrial e reinventar-se de maneira ambientalmente sustentável. Depois, tornou-se exemplo para outras cidades.

Mas o que, afinal, faz uma cidade ser considerada "verde"?

Inovação em soluções climáticas

Para o concurso, um grupo independente de especialistas analisou as cidades com base em fatores como qualidade do ar, transporte, áreas verdes urbanas e medidas para lidar com as mudanças climáticas.

George Ferguson, prefeito de Bristol, na Inglaterra, descreve as mudanças climáticas como "o maior desafio" que as cidades europeias precisam encarar. Segundo ele, enfrentar isso depende de inovação – e muitas vezes com bom humor. Exemplo disso é o que ficou popularmente conhecido como "poo bus", ônibus movido a fezes.

"É o ônibus número dois, e funciona por meio de dejetos humanos. Mas não cheira mal", brinca Ferguson.

O "poo bus" faz parte da campanha de Bristol para reduzir a emissão de carbono em 40% até 2020. Outras medidas rumo a esse objetivo são apoiadas por projetos que incentivam o aumento da energia renovável e a redução no consumo de energia.

Antecessora de Bristol como "capital verde" da Europa, Copenhague tem ambições ainda maiores quando o assunto é mudança climática. A mais ousada é extinguir a emissão de carbono até 2025. Na última década, a cidade já conseguiu reduzir o índice em 40%.

Há ainda mais esforços dos dinamarqueses para aumentar as estruturas construídas com energia renovável e fomentar o uso adequado das bicicletas, com programas como o "bike-butler" ("mordomo de bicicleta").

Quando as pessoas estacionam as bicicletas em locais inconvenientes, os "mordomos" as removem. Mas quando os ciclistas chegam para pegá-las de volta, eles não são punidos com multa, mas sim cumprimentados de forma amigável. Pode soar quase inacreditável, mas, além disso, a bicicleta ainda recebe um banho de óleo nas correias e tem os pneus cheios.

"Criando soluções aprazíveis e elegantes para quem pedala, tornamos a atividade ainda mais atrativa", diz Lykke Leonardsen, chefe da agência municipal que tenta "livrar" Copenhague do carbono.

Aparentemente, funciona. Hoje, em Copenhague, 45% de todos os deslocamentos para o trabalho e para a escola são feitos de bicicleta.

Uma verdade

Quando há mais igualdade para todos, todos têm mais liberdade
Barack Obama 

Hino a Lula


Luiz Inácio Lula da Silva, nosso querido Lula, é uma das raras e fantásticas lideranças que conseguem transcender os limites de sua origem social, de sua cultura e de seu tempo histórico. Obrigado, Stálin. Obrigado, pois estou jubilante.

O culto a Stálin, deflagrado em meados dos anos 1930, acompanhou a ascensão do líder à condição de ditador inquestionável da URSS. O culto a Lula, expresso pela nota da bancada de senadores do PT, acompanha o declínio do ex-presidente, exposto como lobista do alto empresariado associado ao Estado.

Lula se fez contra os terríveis limites históricos, sociais e políticos que lhe foram impostos. É aquela criança pobre do sertão nordestino que deveria ter morrido antes dos cinco anos, mas que sobreviveu. É aquele miserável retirante que veio para São Paulo buscar, contra todas as probabilidades, emprego e melhores condições de vida, e conseguiu. Lula é, sobretudo, esse fantástico novo Brasil que ele próprio ajudou a construir. Obrigado, Stálin, pois estou bem. Séculos transcorrerão e as gerações futuras nos venerarão como os mais afortunados dos mortais porque tivemos o privilégio de ver Stálin.

O culto a Stálin tinha a finalidade de legitimar a eliminação física de toda a liderança bolchevique dos tempos da revolução de 1917, que se faria por meio dos Processos de Moscou. O culto a Lula tem, apenas, as finalidades de conservar o status quo no PT, evitando a crítica e a mudança, de impulsionar uma candidatura presidencial fragilizada e de tentar esterilizar as investigações da Lava Jato.

No cenário mundial, ninguém põe em dúvida a liderança de Lula no combate à pobreza, à fome e às desigualdades. Lula é o grande inspirador internacional das atuais políticas de inclusão social, reconhecido por inúmeros governos de diferentes matizes políticos e ideológicos. Lula é o rosto do Brasil no mundo. Os homens de todas as épocas chamarão teu nome, que é forte, formoso, sábio e maravilhoso.

O culto a Stálin atravessou duas fases. Na primeira, quando os ecos da revolução ainda reverberavam, o líder foi descrito como a imagem viva do proletariado internacional. Na segunda, marcada pela guerra mundial e associada à propaganda patriótica, Stálin tornou-se a personificação do povo soviético. O culto a Lula assemelha-se, nesse particular, à fase derradeira do culto a Stálin: o PT almeja ser igual ao Brasil.

Lula está muito acima da mesquinhez eleitoreira. Todas as vezes que me vi em sua presença, fui subjugado por sua força, seu charme, sua grandeza –e experimentei um desejo irreprimível de cantar, de gritar de alegria e felicidade. Lula é tão grande quanto o Brasil. Lula carrega em si a solidariedade, a generosidade e a beleza do povo brasileiro. Para esse povo e por esse povo, Lula fez, faz e fará história.

O culto a Stálin, uma engrenagem da propaganda de massas do totalitarismo, era a face midiática de um Estado-Partido que abolira a política, extinguindo por completo o fogo da divergência. O culto a Lula, ensaiado por políticos de terceira numa democracia representativa, é uma farsa patética: o sinal distintivo da degradação da linguagem petista. Atrás do culto ao líder soviético, desenrolava-se uma tragédia histórica. Atrás do culto ao chefão petista, descortina-se somente o vazio de ideias de um partido desnorteado, precocemente envelhecido.

Lula é uma afronta às elites que sempre apostaram num Brasil para poucos, num Brasil de exclusão e de desigualdades. Ó grande Lula, ó líder do povo/Tu que trazes os homens à vida/Tu que frutificas a terra/Tu que fazes a primavera florescer/Tu que vibras as cordas da música/Todas as coisas pertencem a ti, chefe do nosso grande país. E, quando a mulher que amo me presentear com um filho, a primeira palavra que ele deve proferir é: Lula.

Stálin matava de verdade; Lula mata de tédio.

Apreensão e apreendidos

Passamos por um ano que não começou e pelo jeito não vai terminar em dezembro. Não sabemos o que fazer nem exatamente o que será de nós. Claro, pelos prognósticos pós-eleições presidenciais, já se esperava para 2015 o início ou a confirmação de um ciclo de vacas magras, mas, de forma alguma, imaginava-se uma estagnação tão pavorosa.

A economia, logo no primeiro momento, e a política, neste estágio atual, marcado pelas consecutivas e espetaculares operações da Polícia Federal e da Justiça, estão sangrando o país com requintes de crueldade e trazendo à superfície angústias, em uma primeira impressão, irremediáveis para a sociedade, até porque, como diz a sabedoria popular, o remédio ministrado em doses erradas, em vez de curar, mata o paciente.

A máxima vale para as medidas acachapantes do plano comandado por Joaquim Levy e por eventuais excessos dos órgãos cuja atribuição é o combate à corrupção.

Por mais que sejamos irresponsavelmente otimistas e consigamos enxergar algum avanço no combate às fraudes e na consolidação da democracia, o momento atual nos remete mesmo a uma espécie de esquizofrenia coletiva.

Parece que lidamos a todo tempo com uma bomba-relógio prestes a ser detonada no próximo minuto.

Nessa confusão total, políticos se dividem em grupos igualmente apreensivos. Com a prisão dos maiores empreiteiros deste país, as estrelas do PT estão se acuando, calando-se diante do medo das próximas declarações. Ao mesmo tempo, não petistas, em uma mistura de êxtase, mas também de medo, não sabem até que ponto podem ir.

Na tarde de ontem, pela primeira vez, um tucano de plumagem mais nobre foi citado por um dos delatores da Lava Jato, fazendo jus ao nome desta nova etapa da operação. Se há alguém que sai ganhando com esse estado de coisas, isso ainda não é suficientemente claro. Afinal, segundo Moro, é a hora do “Erga Omnes”.


Os inúmeros pedidos de prisão e de mandados de busca e apreensão transformam a vida cotidiana em uma montanha-russa, seja para os alvos da PF ou para o simples cidadão. Mais do que trazer uma sensação de que a justiça, enfim, está sendo praticada, talvez pela forma pirotécnica como as coisas estão acontecendo, o país está sendo entregue ao piloto automático, que opera no modo “pavor”. A comandante deste enorme trem está isolada na cabine sem uma bússola para auxiliá-la, enquanto o restante da composição está se derretendo.

Porém, à tripulação, incluindo pequenos e grandes notáveis, cabe outro ditado que diz que canja de galinha e prudência nunca são demais. O Brasil precisa continuar existindo após o devido processo de condenação e prisão de seus bandidos.