sexta-feira, 30 de setembro de 2022
Ascensão e queda da extrema direita
No momento em que a extrema direita está prestes a deixar o governo no Brasil, a italiana acaba de vencer as eleições. No caso deles, é a primeira vez desde a 2.ª Guerra Mundial.
Enquanto os italianos têm de discutir como lidar com essa forca política, aqui, no Brasil, o debate ainda incipiente é como evitar que retorne com sua política de armar a população, destruir os recursos naturais, esvaziar a produção científica e cultural e isolar o País no mundo.
Nos primeiros passos para abordar o fenômeno, tenho acentuado que o dínamo do crescimento da extrema direita europeia não está presente no Brasil: o medo diante dos movimentos migratórios.
Umberto Eco, no seu pequeno livro Migração e intolerância, fala das dificuldades dos animais e mesmo das crianças de conviverem com o diferente. Tive a oportunidade de assistir, nas praias italianas, à chegada maciça dos albaneses, quando ruiu o império soviético, no final do século 20. Eco menciona essa presença albanesa para registrar que alguns desses imigrantes se perderam para o crime e a prostituição. Mas esse fenômeno pontual acabou sendo visto por alguns como típico dos imigrantes. Ele mesmo exemplifica essa distorção com o exemplo de alguém que tem a mala roubada num outro país e acha que ali todos são ladrões.
Suas conclusões são bem realistas: educar para a tolerância adultos que atiram por motivos étnicos e religiosos é tempo perdido; a intolerância deve ser combatida por meio de educação constante, antes que se torne uma casca comportamental espessa e dura demais.
Naturalmente, em países como o Brasil e a Itália, onde aconteceram as famosas Operações Mãos Limpas e Lava Jato, a decadência do processo democrático se torna um grande impulso para a ascensão da extrema direita. As pessoas parecem se cansar do jogo político, perdendo o que resta de esperança nele.
São, portanto, dois movimentos a investigar: a vulnerabilidade democrática de um lado e os mecanismos de intolerância latentes na psicologia humana.
Mesmo sem fluxos migratórios, a extrema direita brasileira conseguiu produzir seus inimigos. Ela tem um grande apego às armas e à masculinidade, como nos tempos italianos de Mussolini. Orientações sexuais diferentes são estigmatizadas: menino é azul, menina é rosa, e pronto. As comunidades tradicionais, cujos território e identidade religiosa e cultural são garantidos pela Constituição, são vistas com desconfiança. Bolsonaro já disse muitas vezes que os índios precisam se integrar à sociedade. E a desconfiança se estende aos artistas, pesquisadores e cientistas.
Umberto Eco fala, também, do integrismo, que difere do fundamentalismo por tentar fazer com que uma visão religiosa se transforme também numa visão política.
Não se trata apenas de contestar fatos como a forma da Terra, mas de algo maior: tentar fazer com que a Bíblia e a própria Constituição sejam textos complementares, sem contradições.
Nas últimas semanas de campanha, Bolsonaro enfatizou o que a imprensa chama de luta de costumes, mas na realidade é uma tentativa de aproximar política e religião, uma transmutação de candidato em missionário, que diz como as pessoas devem se comportar na sua vida íntima.
Nas circunstâncias europeias e também num contexto parlamentarista, a extrema direita italiana deverá apresentar uma visão mais sofisticada que a brasileira.
Um dos primeiros discursos de Giorgia Meloni fala de sua identidade, como italiana e mulher, e acusa um sistema que faz das pessoas dóceis consumidoras. Aparentemente, é uma visão antissistêmica diferente da de Bolsonaro, que se restringe ao universo político, sem menções à economia.
O simples fato de a extrema direita italiana e a francesa serem lideradas por mulheres já estabelece uma diferença básica, uma vez que Bolsonaro e seus adeptos veem a ascensão das mulheres como mais uma das tramas do que chamam de marxismo cultural. Esse dado é até sociológico: nas pesquisas de intenção de voto, Lula tem o dobro de votos de Bolsonaro entre as mulheres.
Enfim, extrema direita entrando, extrema direita saindo, nas circunstâncias de crise econômica e degradação democrática, é razoável contar com esta presença no horizonte e, sobretudo, estudar melhor seu discurso. A pior das situações é tocar as coisas como se não tivesse acontecido nada, como se esse momento da história do Brasil, que é também um momento mundial, não contivesse nenhuma lição, e tentar recomeçar a vida exatamente como antes.
Há quem ache que a extrema direita brasileira seja idêntica ao bolsonarismo. De fato, Bolsonaro é um líder popular, sobretudo depois da facada em Juiz de Fora, e tem uma linguagem muito acessível aos seguidores. Mas nada impede, como aconteceu na França, que haja renovação e também aprendam algo com a derrota.
É toda uma nova época que começa, sob a capa ilusória de uma continuidade. A tendência é sempre achar que as grandes batalhas são uma repetição das anteriores. Assim naufragam os generais.
O processo de redemocratização do Brasil ganha uma nova chance. Mas precisaremos de mudanças para aproveitá-la.
Enquanto os italianos têm de discutir como lidar com essa forca política, aqui, no Brasil, o debate ainda incipiente é como evitar que retorne com sua política de armar a população, destruir os recursos naturais, esvaziar a produção científica e cultural e isolar o País no mundo.
Nos primeiros passos para abordar o fenômeno, tenho acentuado que o dínamo do crescimento da extrema direita europeia não está presente no Brasil: o medo diante dos movimentos migratórios.
Umberto Eco, no seu pequeno livro Migração e intolerância, fala das dificuldades dos animais e mesmo das crianças de conviverem com o diferente. Tive a oportunidade de assistir, nas praias italianas, à chegada maciça dos albaneses, quando ruiu o império soviético, no final do século 20. Eco menciona essa presença albanesa para registrar que alguns desses imigrantes se perderam para o crime e a prostituição. Mas esse fenômeno pontual acabou sendo visto por alguns como típico dos imigrantes. Ele mesmo exemplifica essa distorção com o exemplo de alguém que tem a mala roubada num outro país e acha que ali todos são ladrões.
Suas conclusões são bem realistas: educar para a tolerância adultos que atiram por motivos étnicos e religiosos é tempo perdido; a intolerância deve ser combatida por meio de educação constante, antes que se torne uma casca comportamental espessa e dura demais.
Naturalmente, em países como o Brasil e a Itália, onde aconteceram as famosas Operações Mãos Limpas e Lava Jato, a decadência do processo democrático se torna um grande impulso para a ascensão da extrema direita. As pessoas parecem se cansar do jogo político, perdendo o que resta de esperança nele.
São, portanto, dois movimentos a investigar: a vulnerabilidade democrática de um lado e os mecanismos de intolerância latentes na psicologia humana.
Mesmo sem fluxos migratórios, a extrema direita brasileira conseguiu produzir seus inimigos. Ela tem um grande apego às armas e à masculinidade, como nos tempos italianos de Mussolini. Orientações sexuais diferentes são estigmatizadas: menino é azul, menina é rosa, e pronto. As comunidades tradicionais, cujos território e identidade religiosa e cultural são garantidos pela Constituição, são vistas com desconfiança. Bolsonaro já disse muitas vezes que os índios precisam se integrar à sociedade. E a desconfiança se estende aos artistas, pesquisadores e cientistas.
Umberto Eco fala, também, do integrismo, que difere do fundamentalismo por tentar fazer com que uma visão religiosa se transforme também numa visão política.
Não se trata apenas de contestar fatos como a forma da Terra, mas de algo maior: tentar fazer com que a Bíblia e a própria Constituição sejam textos complementares, sem contradições.
Nas últimas semanas de campanha, Bolsonaro enfatizou o que a imprensa chama de luta de costumes, mas na realidade é uma tentativa de aproximar política e religião, uma transmutação de candidato em missionário, que diz como as pessoas devem se comportar na sua vida íntima.
Nas circunstâncias europeias e também num contexto parlamentarista, a extrema direita italiana deverá apresentar uma visão mais sofisticada que a brasileira.
Um dos primeiros discursos de Giorgia Meloni fala de sua identidade, como italiana e mulher, e acusa um sistema que faz das pessoas dóceis consumidoras. Aparentemente, é uma visão antissistêmica diferente da de Bolsonaro, que se restringe ao universo político, sem menções à economia.
O simples fato de a extrema direita italiana e a francesa serem lideradas por mulheres já estabelece uma diferença básica, uma vez que Bolsonaro e seus adeptos veem a ascensão das mulheres como mais uma das tramas do que chamam de marxismo cultural. Esse dado é até sociológico: nas pesquisas de intenção de voto, Lula tem o dobro de votos de Bolsonaro entre as mulheres.
Enfim, extrema direita entrando, extrema direita saindo, nas circunstâncias de crise econômica e degradação democrática, é razoável contar com esta presença no horizonte e, sobretudo, estudar melhor seu discurso. A pior das situações é tocar as coisas como se não tivesse acontecido nada, como se esse momento da história do Brasil, que é também um momento mundial, não contivesse nenhuma lição, e tentar recomeçar a vida exatamente como antes.
Há quem ache que a extrema direita brasileira seja idêntica ao bolsonarismo. De fato, Bolsonaro é um líder popular, sobretudo depois da facada em Juiz de Fora, e tem uma linguagem muito acessível aos seguidores. Mas nada impede, como aconteceu na França, que haja renovação e também aprendam algo com a derrota.
É toda uma nova época que começa, sob a capa ilusória de uma continuidade. A tendência é sempre achar que as grandes batalhas são uma repetição das anteriores. Assim naufragam os generais.
O processo de redemocratização do Brasil ganha uma nova chance. Mas precisaremos de mudanças para aproveitá-la.
Redondilhas para uso de tiranos
Era uma vez um tirano,
com olhos frios de aço
e com ar de fazer dano
a quem lhe não desse abraço.
Governava gente bruta,
amiga de obedecer,
mas mais que baste astuta,
pra com isso enriquecer.
Como todos os tiranos,
que gostam de ver poder
a crescer, todos os anos,
deitou tudo a perder.
O tirano é incapaz
de matar a sua fome:
ter muito não satisfaz
o desejo que o consome.
Cria exércitos sem fim,
manda jovens para a morte;
a vida fica ruim
pràquele povo em desnorte.
Falta o pão e o café
e o calor que mata o frio,
e é tudo um banzé,
estando a vida por um fio.
O dinheiro desvanece
e os bancos ficam vazios:
ser banqueiro desmerece,
naqueles cofres baldios.
Mas o tirano não sabe
que pra rudo há um fim:
o universo não cabe
neste pífio folhetim.
Tirano acaba mal,
assim reza o passado:
lá pró fim já cheira mal
o patife estouvado.
Ou se mata ou o matam,
não há mesmo outra escolha:
quando os laços se desatam,,
a morte não é zarolha.
Visava ser imortal,
como são os mesmo grandes,
mas ficará tal e qual
os que são meros Fernandes!
Eugénio Lisboa
com olhos frios de aço
e com ar de fazer dano
a quem lhe não desse abraço.
Governava gente bruta,
amiga de obedecer,
mas mais que baste astuta,
pra com isso enriquecer.
Como todos os tiranos,
que gostam de ver poder
a crescer, todos os anos,
deitou tudo a perder.
O tirano é incapaz
de matar a sua fome:
ter muito não satisfaz
o desejo que o consome.
Cria exércitos sem fim,
manda jovens para a morte;
a vida fica ruim
pràquele povo em desnorte.
Falta o pão e o café
e o calor que mata o frio,
e é tudo um banzé,
estando a vida por um fio.
O dinheiro desvanece
e os bancos ficam vazios:
ser banqueiro desmerece,
naqueles cofres baldios.
Mas o tirano não sabe
que pra rudo há um fim:
o universo não cabe
neste pífio folhetim.
Tirano acaba mal,
assim reza o passado:
lá pró fim já cheira mal
o patife estouvado.
Ou se mata ou o matam,
não há mesmo outra escolha:
quando os laços se desatam,,
a morte não é zarolha.
Visava ser imortal,
como são os mesmo grandes,
mas ficará tal e qual
os que são meros Fernandes!
Eugénio Lisboa
As sequelas do bolsonarismo
Precisaremos de tempo para conhecer as nuances do rastro da destruição causada por Jair Bolsonaro. Não me refiro aos indicadores econômicos e sociais que já sinalizam retrocesso, estagnação, incompetência. Esses dados são desde já acessíveis e revelam uma parte da devastação civilizatória no país. Falo sobre as profundas sequelas emocionais deixadas pelo bolsonarismo na sociedade.
O atual governo alimentou nos últimos quatro anos um clima de arruaça constante. Não houve um dia de tranquilidade desde que Bolsonaro assumiu o poder. Nos tornamos um povo triste, ansioso e cansado, refém de uma gestão caótica e antidemocrática. Num futuro próximo, imagino que os estudiosos diagnosticarão o brasileiro com estresse pós-traumático, o tipo de choque causado em quem enfrenta guerras, assaltos, violência sexual.
Converse com qualquer pessoa que não faça arminha com a mão. É um surto coletivo de taquicardia, dificuldade para dormir, pesadelos, ansiedade, ataques de raiva, medo, abuso de álcool, uso de drogas legais ou não. Se tem algo que faz a economia bombar é a venda de Rivotril. Nunca mais seremos os mesmos. Envelhecemos uma década nos últimos quatro anos. O bolsonarismo arruinou anos valiosos, talvez os últimos na vida de muita gente.
Impressiona alguém considerar alguma coisa dentro da "normalidade".
Vidas negligenciadas na pandemia, relações familiares destruídas, democracia cambaleante, selvageria nas redes sociais, violência e morte no cotidiano. Essa conta começa a chegar agora aos responsáveis.
Ao que tudo indica, ele não será reeleito. Se não o próximo domingo, o dia 30 deve marcar sua derrocada. Mas é difícil saber quando, de fato, viraremos a página dessa história. O que há de mais nefasto no bolsonarismo continuará vivo, ao menos por um tempo, e as marcas de sua incivilidade continuarão tendo algum efeito na saúde mental coletiva.
O atual governo alimentou nos últimos quatro anos um clima de arruaça constante. Não houve um dia de tranquilidade desde que Bolsonaro assumiu o poder. Nos tornamos um povo triste, ansioso e cansado, refém de uma gestão caótica e antidemocrática. Num futuro próximo, imagino que os estudiosos diagnosticarão o brasileiro com estresse pós-traumático, o tipo de choque causado em quem enfrenta guerras, assaltos, violência sexual.
Converse com qualquer pessoa que não faça arminha com a mão. É um surto coletivo de taquicardia, dificuldade para dormir, pesadelos, ansiedade, ataques de raiva, medo, abuso de álcool, uso de drogas legais ou não. Se tem algo que faz a economia bombar é a venda de Rivotril. Nunca mais seremos os mesmos. Envelhecemos uma década nos últimos quatro anos. O bolsonarismo arruinou anos valiosos, talvez os últimos na vida de muita gente.
Impressiona alguém considerar alguma coisa dentro da "normalidade".
Vidas negligenciadas na pandemia, relações familiares destruídas, democracia cambaleante, selvageria nas redes sociais, violência e morte no cotidiano. Essa conta começa a chegar agora aos responsáveis.
Ao que tudo indica, ele não será reeleito. Se não o próximo domingo, o dia 30 deve marcar sua derrocada. Mas é difícil saber quando, de fato, viraremos a página dessa história. O que há de mais nefasto no bolsonarismo continuará vivo, ao menos por um tempo, e as marcas de sua incivilidade continuarão tendo algum efeito na saúde mental coletiva.
Autoritarismo do DNA
Minha reflexão sobre o autoritarismo parte do pressuposto que o nosso presente está repleto de passado. Àqueles que se mostram perplexos com a eleição de um político reacionário como Bolsonaro, costumo lembrar que o Brasil e os brasileiros estão encharcados de autoritarismo. Em outras palavras, Bolsonaro é um sintoma e não uma causa.
Sua eleição e suas políticas dão continuidade, por exemplo, à nossa tradição patriarcal. Os homens sempre governaram neste país, e ainda governam, com menosprezo pelas mulheres. Eles olham com muita desconfiança, quando não ódio, todas as iniciativas femininas. Somos também um país racista. Somos um país que despreza a questão do meio ambiente. Em todos esses sentidos, o governo Bolsonaro foi uma continuação, exacerbada talvez, do autoritarismo brasileiro que vem de muito antes.
Lilia Schwarcz, professora titular do departamento de antropologia da Universidade de São Paulo (USP) e global scholar na Universidade de Princeton
Acabou o estoque de balas que Bolsonaro imaginava ser de prata
Bolsonaro não tem mais bala de prata para disparar contra Lula. A bala de prata já foi a primeira-dama Michelle, que quando mais jovem e solteira queria ser atriz, fantasiou-se de Toddynho e alimentava o sonho de ser feliz casando-se com um homem rico.
Michelle foi usada por Bolsonaro como evangélica exemplar para diminuir sua rejeição entre as mulheres. Missão dada, missão cumprida, mas nem por isso Bolsonaro avançou entre elas como desejava. Então, apelou para outra suposta bala de prata.
Foi a vez dos ataques pesados contra Lula para aumentar sua rejeição. De fato, a rejeição aumentou, mas bem menos do que ele esperava. O problema é que a rejeição de Bolsonaro não caiu e oscilou um ponto para cima. O que mais ele poderia fazer?
Ao ver Lula ser recepcionado por donos de algumas das maiores fortunas do país, Bolsonaro apelou para mais uma bala que julgava ser também mortal. Escalou o ministro Paulo Guedes para falar da recuperação do Brasil que crescerá mais do que a China.
Guedes se dispôs a sair dizendo essa e outras besteiras em emissoras de TV amigas e em podcasts de bolsonaristas. Como se empresários e banqueiros não soubessem que não é o Brasil que crescerá mais do que a China, mas a China menos do que crescia.
Acabou o estoque das balas de prata de Bolsonaro. Com os tanques fumacentos da Marinha, ele não conta mais para dar o golpe que acalentava. Falta um tiquinho só para que Lula se eleja domingo. E a Bolsonaro só resta torcer para que o tiquinho não venha.
Se não vier, e como disse Simone Tebet, por acabar acreditando nas próprias mentiras, Bolsonaro estará pronto para espalhar mais uma: a de que o segundo turno é uma nova eleição. Como se o placar zerasse para dar início a uma nova partida. Não zera.
Michelle foi usada por Bolsonaro como evangélica exemplar para diminuir sua rejeição entre as mulheres. Missão dada, missão cumprida, mas nem por isso Bolsonaro avançou entre elas como desejava. Então, apelou para outra suposta bala de prata.
Foi a vez dos ataques pesados contra Lula para aumentar sua rejeição. De fato, a rejeição aumentou, mas bem menos do que ele esperava. O problema é que a rejeição de Bolsonaro não caiu e oscilou um ponto para cima. O que mais ele poderia fazer?
Ao ver Lula ser recepcionado por donos de algumas das maiores fortunas do país, Bolsonaro apelou para mais uma bala que julgava ser também mortal. Escalou o ministro Paulo Guedes para falar da recuperação do Brasil que crescerá mais do que a China.
Guedes se dispôs a sair dizendo essa e outras besteiras em emissoras de TV amigas e em podcasts de bolsonaristas. Como se empresários e banqueiros não soubessem que não é o Brasil que crescerá mais do que a China, mas a China menos do que crescia.
Acabou o estoque das balas de prata de Bolsonaro. Com os tanques fumacentos da Marinha, ele não conta mais para dar o golpe que acalentava. Falta um tiquinho só para que Lula se eleja domingo. E a Bolsonaro só resta torcer para que o tiquinho não venha.
Se não vier, e como disse Simone Tebet, por acabar acreditando nas próprias mentiras, Bolsonaro estará pronto para espalhar mais uma: a de que o segundo turno é uma nova eleição. Como se o placar zerasse para dar início a uma nova partida. Não zera.
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