sexta-feira, 2 de junho de 2017
As ilusões perigosas
Foz do Iguaçu, Cascavel, Maringá, Londrina. Tenho discutido a crise brasileira em algumas cidades, a propósito do lançamento de um livro. Nessas conversas, a primeira parte é sempre mais fácil. Trata de uma análise dos fatos e erros que nos jogaram nesta crise e secaram as esperanças inspiradas pelo movimento das Diretas-Já. A segunda parte, que trata de uma saída para a crise, é bem mais nebulosa. Repito a imagem de uma navegação na neblina, com todos os perigos que ela implica, inclusive o risco
A Constituição é uma bússola, mas segui-la apenas não supera todos os obstáculos do caminho. Não há nada na Constituição, por exemplo, que impeça a escolha de um idiota para o cargo de presidente. Da mesma maneira, a Constituição não nos protege das tentativas do governo de controlar e bloquear as investigações da Polícia Federal (PF). Falta nela um dispositivo que garanta a autonomia da PF, para protegê-la desses ataques.
Dilma trocou o ministro da Justiça duas vezes. Temer, na mesma situação, utiliza a velha tática. Eles nos colocam numa situação delicada. De modo geral, em situações difíceis somos obrigados a contar com a ajuda de desconhecidos.
As escolhas de Dilma e Temer nos obrigam a espancar desconhecidos. Eles escolhem pessoas que mal conhecemos, com a tarefa de enfrentar e neutralizar a Lava Jato.
De acordo com os grampos, Aécio Neves, por exemplo, conspirando com Temer, queria que o ministro da Justiça escolhesse os delegados para os inquéritos envolvendo políticos. Era uma forma de neutralizar as investigações.
Os delegados da PF já perceberam o que está em jogo. Temer, na mesma operação, designou Osmar Serraglio para o Ministério da Transparência. Houve resistência dos próprios funcionários. Como sair chamuscado da Carne Fraca e assumir um cargo vital no combate à corrupção? Serraglio saltou fora.
Os derradeiros movimentos de presidentes em queda costumam ser patéticos. O medo está implícito em suas decisões: é mais importante sobreviver no cargo do que considerar a gravidade e a urgência dos problemas nacionais.
A Constituição prevê a escolha indireta de um novo presidente até 2018. Mas quem teria força para vencer no Congresso? A tendência é escolher o candidato que mais atenda aos anseios dos políticos, e não da sociedade. O programa desse período-tampão não importa tanto, mas, sim, o que fazer para evitar que a polícia os alcance e, mais ainda, que ela não possa deter os futuros processos de corrupção.
A solução desse impasse, para quem gosta de saídas simples, são as eleições diretas. Outro dia ouvi alguém defender diretas para o período até 2018 e diretas de novo em 2018. Num país com 14 milhões de desempregados, duas eleições nacionais quase seguidas são um remédio com grande chance de matar o paciente.
É difícil o Congresso eleger alguém que se comprometa a apoiar a Lava Jato. Assim como nas manobras presidenciais a tendência é procurar um nome que enfrente a polícia e a Justiça. É compreensível que atuem assim. Os presos querem fugir da cadeia, os investigados querem escapar das suspeitas. Mas é uma reação de desespero.
Os danos políticos sobre o sistema político-partidário são indeléveis. O destino legal de cada investigado leva mais tempo para se definir.
As eleições de 2018 podem se tornar uma hecatombe para todos. Há um caso da eleição de 1973 na Dinamarca, que derrotou os principais partidos e abriu caminho para novas forças. Ficou célebre.
Quando escrevo isto, imediatamente me vem à cabeça: o Brasil não é a Dinamarca. Mas os fatos que o País acompanha desde o governo petista são estarrecedores. Não creio que exista nada parecido no mundo.
Nas ruas ouço muito a expressão “não temos para onde correr”. Mas, quem sabe, essa situação se altera, gente da própria sociedade dá um passo adiante e enfrenta a tarefa? No momento, todos têm medo de se confundir com os políticos. Se conseguirem se distanciar deles, talvez o fardo seja menor.
Uma coisa é certa: presidentes e políticos jogam sempre com a possibilidade de deter investigações, trocar delegados, intimidar procuradores.
Não estão conseguindo. Sua escolha é um equívoco. Não percebem que a luta contra a Justiça piora sua situação política. Supõem que, abafando agora, todos se esquecerão num futuro próximo e o tradicional processo de acusações recíprocas nas eleições acabará funcionando como um escudo.
Por isso a sucessão de Temer será um momento decisivo. O Congresso pode querer utilizá-la para entrar em guerra com a Lava Jato e a maioria da sociedade que apoia as investigações. Nesse caso, a instabilidade apenas prosseguirá e não é totalmente descartável que mais um presidente caia antes de 2018.
Lembro-me dos asilados bolivianos na Europa. Eles voltavam para viver um novo governo na Bolívia, mas não jogavam fora o cartão mensal do metrô europeu. Era sempre possível voltar antes do fim do mês.
O cinismo de grande parte dos políticos, sua insistência em impedir que o Brasil faça justiça a quem o lesou são fatores muito delicados. Eles estão muito próximos de um diagnóstico de internação compulsória. Não só representam um perigo para a sociedade, como sua miopia implica também um perigo para a própria vida, em caso de revolta popular.
Lembro-me de um western em que um mexicano pendurava um americano numa corda, apontava a arma para ele e dizia: “Gringo, vou ter de matá-lo para mostrar que gosto de você”. Aqui, vamos precisar interná-los para proteger sua vida.
Eles não andam na rua, não sentem o pulso das mudanças que acontecem no espírito dos brasileiros. Acham que, desmantelando a PF, contratando bons marqueteiros para contar sua história, tudo recomeçará como antes. São ilusões perigosas, devastadoras.
Quem matou a cidadania?
Tal qual um acidente de avião, o assassinato da cidadania não foi obra de uma pessoa só nem produto de uma circunstância apenas. Foi obra coletiva de erros e omissões. Resulta de questões cumulativas que vão se organizando durante anos, décadas, e vão corroendo nosso sistema.
Se tivermos, porém, que apontar um vilão inicial, faremos isso facilmente: a fragilidades dos princípios. O Brasil é um país sem princípios e, em consequência, é movido por interesses específicos. Os princípios são o conjunto das regras explícitas e implícitas que fundamentam o funcionamento de uma sociedade – e o conjunto de nossos princípios é frágil.
Os princípios do bem comum não são apenas ignorados, sequer são percebidos. Já que não existe a cultura do comum, do coletivo, a educação se destina à mínima sobrevivência. Não é orientada para a dignidade, e sim para o salve-se quem puder.
Tudo aqui, para a maioria, é seu ou é de ninguém. Ninguém está comprometido com nada do que não seja absolutamente seu. E o que é de ninguém, como no faroeste, pode ser meu. Mas, o pior de tudo, é não poder consumir. Ser cidadão no Brasil não é fazer política nem votar: é ter um crediário nas Casas Bahia ou na Ricardo Eletro.
Políticos fazem negociatas para enriquecer e/ou sustentar esquemas políticos. Quando o fazem pela política, justificam os meios pelos fins. Só que, no raso, também gostam dos meios. Para um político poderoso, nada melhor do que colocar um potentado de joelhos obrigando-o a dar dinheiro para alimentar os seus caprichos.
O PT e suas esquerdas aceitavam o roubo como parte de um processo de transformação da sociedade. A cidadania é relativizada pelos interesses dos poderosos. E quem são os poderosos? A burocracia corporativista, o empresariado corruptor e os políticos corruptos. Em associação, expoliam e exploram a sociedade. Impedem o progresso.
Outro dia, em um evento social, eu disse que considerava um absurdo a escolha baseada em listas tríplices para a Procuradoria-Geral da República. Um indignado promotor refutou: e a classe? Não é a classe que interessa à cidadania, já que a classe se organiza para explorar os cofres públicos com férias, auxílio-moradia, auxílio-paletó, planos de saúde generosos e aposentadorias escandalosas.
Também acho uma tragédia os sindicatos que financiam o pão com mortadela e os almoços nas churrascarias de Brasília depois de promoverem baderna na Esplanada. Tudo com o generoso imposto sindical pago por trabalhadores que não foram convidados para o churrasco.
Outro horror são os partidos nanicos que compram helicópteros e aviões com a verba do Fundo Partidário ou alugam jatinhos para seus presidentes irem a São Paulo e não terem de enfrentar o desconforto do encontro com a suarenta patuleia cidadã que se aglomera nos aeroportos. O Tribunal Superior Eleitoral deveria, liminarmente, cassar o registro dessas legendas. O que falta para tal?
Quem matou a cidadania? Fomos nós, que não queremos ir para a política. Que queremos aposentadorias especiais e nos tornamos concurseiros profissionais até que a sorte grande de um trabalho bem remunerado e de baixo impacto nos abençoe com uma vida mansa e farta.
Será que odiamos os que correm riscos? Acho que sim. Nossos riscos já estão identificados: obter boa nota no Enem, tirar carteira de motorista, fugir de blitz e passar em um concurso público, já que ser cidadão em um país sem princípios é correr riscos e viver na mão de políticos, burocratas e corporações de interesses. Para muitos, é melhor ficar do lado deles que do lado de cá.
Se tivermos, porém, que apontar um vilão inicial, faremos isso facilmente: a fragilidades dos princípios. O Brasil é um país sem princípios e, em consequência, é movido por interesses específicos. Os princípios são o conjunto das regras explícitas e implícitas que fundamentam o funcionamento de uma sociedade – e o conjunto de nossos princípios é frágil.
Os princípios do bem comum não são apenas ignorados, sequer são percebidos. Já que não existe a cultura do comum, do coletivo, a educação se destina à mínima sobrevivência. Não é orientada para a dignidade, e sim para o salve-se quem puder.
Tudo aqui, para a maioria, é seu ou é de ninguém. Ninguém está comprometido com nada do que não seja absolutamente seu. E o que é de ninguém, como no faroeste, pode ser meu. Mas, o pior de tudo, é não poder consumir. Ser cidadão no Brasil não é fazer política nem votar: é ter um crediário nas Casas Bahia ou na Ricardo Eletro.
Políticos fazem negociatas para enriquecer e/ou sustentar esquemas políticos. Quando o fazem pela política, justificam os meios pelos fins. Só que, no raso, também gostam dos meios. Para um político poderoso, nada melhor do que colocar um potentado de joelhos obrigando-o a dar dinheiro para alimentar os seus caprichos.
O PT e suas esquerdas aceitavam o roubo como parte de um processo de transformação da sociedade. A cidadania é relativizada pelos interesses dos poderosos. E quem são os poderosos? A burocracia corporativista, o empresariado corruptor e os políticos corruptos. Em associação, expoliam e exploram a sociedade. Impedem o progresso.
Outro dia, em um evento social, eu disse que considerava um absurdo a escolha baseada em listas tríplices para a Procuradoria-Geral da República. Um indignado promotor refutou: e a classe? Não é a classe que interessa à cidadania, já que a classe se organiza para explorar os cofres públicos com férias, auxílio-moradia, auxílio-paletó, planos de saúde generosos e aposentadorias escandalosas.
Também acho uma tragédia os sindicatos que financiam o pão com mortadela e os almoços nas churrascarias de Brasília depois de promoverem baderna na Esplanada. Tudo com o generoso imposto sindical pago por trabalhadores que não foram convidados para o churrasco.
Outro horror são os partidos nanicos que compram helicópteros e aviões com a verba do Fundo Partidário ou alugam jatinhos para seus presidentes irem a São Paulo e não terem de enfrentar o desconforto do encontro com a suarenta patuleia cidadã que se aglomera nos aeroportos. O Tribunal Superior Eleitoral deveria, liminarmente, cassar o registro dessas legendas. O que falta para tal?
Quem matou a cidadania? Fomos nós, que não queremos ir para a política. Que queremos aposentadorias especiais e nos tornamos concurseiros profissionais até que a sorte grande de um trabalho bem remunerado e de baixo impacto nos abençoe com uma vida mansa e farta.
Será que odiamos os que correm riscos? Acho que sim. Nossos riscos já estão identificados: obter boa nota no Enem, tirar carteira de motorista, fugir de blitz e passar em um concurso público, já que ser cidadão em um país sem princípios é correr riscos e viver na mão de políticos, burocratas e corporações de interesses. Para muitos, é melhor ficar do lado deles que do lado de cá.
O conforto da fantasia
O lugar escolhido para o lançamento do “Plano Popular de Emergência”, proposto pela Frente Brasil Popular para “restabelecer a ordem constitucional democrática, defender a soberania nacional, enfrentar a crise econômica, reverter o desmonte do Estado e salvar as conquistas históricas do povo trabalhador”, não poderia ser mais apropriado: um teatro.
É difícil encontrar o que não seja ficção ou encenação nos 76 itens do tal plano, apresentado no Tuca, o teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, na noite de segunda-feira passada. Mas não havia o menor risco de que alguém ali cometesse a indelicadeza de lembrar que tudo o que consta do plano contraria a realidade. Afinal, a plateia, formada por representantes de diversos movimentos sociais, estava ali para aplaudir a farsa.
Refugiados nas suas fantasias, os petistas e seus associados, mesmo depois de tudo o que protagonizaram desde 2003, quando Lula da Silva chegou ao poder e deu início a essa era trevosa cujos efeitos ainda se fazem sentir um ano depois de encerrada, consideram-se aptos a apresentar soluções para resolver os graves problemas econômicos, políticos e morais que eles mesmos criaram. Seria uma comédia se não fosse uma tragédia – pois ainda há quem acredite nesse teatro do absurdo.
No “Plano Popular de Emergência” da Frente Brasil Popular – um consórcio de gângsteres sindicais, agitadores profissionais, baderneiros em geral e inocentes úteis a serviço do PT – lê-se que seu objetivo é “inverter, no mais curto espaço de tempo, os indicadores econômicos, sociais e políticos que resultaram do interregno golpista”. Isto é, para esses bufões, a profunda crise em que o País está metido é obra do atual governo, que tem apenas um ano, e não dos governos petistas, que ficaram longuíssimos 13 anos no poder.
Mas a afronta à realidade não termina aí. Depois de ter ajudado o governo petista a arruinar a economia nacional, a trupe que se apresentou naquele palco garante ser capaz de “implementar um projeto nacional de desenvolvimento que vise a fortalecer a economia nacional” e promover “o desenvolvimento autônomo e soberano”. Para isso, em primeiro lugar, eles defendem “a revogação de todas as medidas de caráter antipopular, antinacional e antidemocrático aprovadas durante o governo usurpador” – justamente as ações que reduziram o ritmo de destruição das contas públicas e restituíram um pouco de credibilidade à administração federal, depois de anos de pedaladas, contabilidade criativa e política econômica doidivanas.
No faz de conta da Frente Brasil Popular, tudo é muito simples. Basta adotar “uma nova política econômica, tendo como vetor o desenvolvimento, adequando as taxas de juros, o câmbio e a política fiscal à realidade da economia brasileira e dentro de padrões internacionais, buscando elevar os investimentos a 25% do PIB no prazo de quatro anos”. A menção à “realidade”, aqui, é apenas um “caco” – isto é, uma palavra introduzida pelo ator em sua fala para gerar efeito cômico. Pois todo o resto do tal “plano de emergência” é um compilado da política dolosamente irresponsável de Lula da Silva e de Dilma Rousseff.
Lá estão os mesmos erros fundamentais da “nova matriz econômica” petista, desde “a adoção de um plano de desenvolvimento industrial que articule investimentos estatais, política cambial, créditos de bancos públicos e incentivos à iniciativa privada” até a “expansão e barateamento do crédito para produção e consumo (...) em movimento comandado pelos bancos públicos”, passando pelo “restabelecimento das regras de conteúdo nacional na indústria de petróleo e gás, extensiva ao setor elétrico e minerário”, sem falar, é claro, da “expansão de gastos e investimentos sociais”.
Não se pode subestimar a capacidade que essa trupe tem para angariar simpatia, pois eles sabem muito bem vender suas miragens. Em tempos de crise aguda, como o atual, é muito mais confortável acreditar nos desvarios dessa gente inconsequente do que aceitar a aridez do mundo como ele é.
Editorial - O Estadão
É difícil encontrar o que não seja ficção ou encenação nos 76 itens do tal plano, apresentado no Tuca, o teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, na noite de segunda-feira passada. Mas não havia o menor risco de que alguém ali cometesse a indelicadeza de lembrar que tudo o que consta do plano contraria a realidade. Afinal, a plateia, formada por representantes de diversos movimentos sociais, estava ali para aplaudir a farsa.
No “Plano Popular de Emergência” da Frente Brasil Popular – um consórcio de gângsteres sindicais, agitadores profissionais, baderneiros em geral e inocentes úteis a serviço do PT – lê-se que seu objetivo é “inverter, no mais curto espaço de tempo, os indicadores econômicos, sociais e políticos que resultaram do interregno golpista”. Isto é, para esses bufões, a profunda crise em que o País está metido é obra do atual governo, que tem apenas um ano, e não dos governos petistas, que ficaram longuíssimos 13 anos no poder.
Mas a afronta à realidade não termina aí. Depois de ter ajudado o governo petista a arruinar a economia nacional, a trupe que se apresentou naquele palco garante ser capaz de “implementar um projeto nacional de desenvolvimento que vise a fortalecer a economia nacional” e promover “o desenvolvimento autônomo e soberano”. Para isso, em primeiro lugar, eles defendem “a revogação de todas as medidas de caráter antipopular, antinacional e antidemocrático aprovadas durante o governo usurpador” – justamente as ações que reduziram o ritmo de destruição das contas públicas e restituíram um pouco de credibilidade à administração federal, depois de anos de pedaladas, contabilidade criativa e política econômica doidivanas.
No faz de conta da Frente Brasil Popular, tudo é muito simples. Basta adotar “uma nova política econômica, tendo como vetor o desenvolvimento, adequando as taxas de juros, o câmbio e a política fiscal à realidade da economia brasileira e dentro de padrões internacionais, buscando elevar os investimentos a 25% do PIB no prazo de quatro anos”. A menção à “realidade”, aqui, é apenas um “caco” – isto é, uma palavra introduzida pelo ator em sua fala para gerar efeito cômico. Pois todo o resto do tal “plano de emergência” é um compilado da política dolosamente irresponsável de Lula da Silva e de Dilma Rousseff.
Lá estão os mesmos erros fundamentais da “nova matriz econômica” petista, desde “a adoção de um plano de desenvolvimento industrial que articule investimentos estatais, política cambial, créditos de bancos públicos e incentivos à iniciativa privada” até a “expansão e barateamento do crédito para produção e consumo (...) em movimento comandado pelos bancos públicos”, passando pelo “restabelecimento das regras de conteúdo nacional na indústria de petróleo e gás, extensiva ao setor elétrico e minerário”, sem falar, é claro, da “expansão de gastos e investimentos sociais”.
Não se pode subestimar a capacidade que essa trupe tem para angariar simpatia, pois eles sabem muito bem vender suas miragens. Em tempos de crise aguda, como o atual, é muito mais confortável acreditar nos desvarios dessa gente inconsequente do que aceitar a aridez do mundo como ele é.
Editorial - O Estadão
Só há vilões no faroeste a caminho do final felizmente infeliz
Na próxima semana, o Tribunal Superior Eleitoral começará a encenar o desfecho da ação movida pelo PSDB contra a chapa formada em 2014 por Dilma Rousseff e Michel Temer ─ um faroeste à brasileira escrito, produzido, dirigido e protagonizado exclusivamente por vilões. Não há mocinhos nesse filme que começou logo depois da última eleição presidencial, quando o senador Aécio Neves teve a ideia de pedir a cassação da dobradinha vitoriosa, e se aproxima do final felizmente infeliz. Todos os protagonistas sairão perdendo. O país que presta será o vencedor.
Aécio recorreu à Justiça não por sentir-se vítima de práticas ilegais, nem por acreditar que o resultado fora fraudado: como revelou na conversa gravada por Joesley Batista, queria apenas encher o saco daquela gente que não parava de sacaneá-lo. A molecagem que deu no que deu. Neste começo de junho, Aécio está com o mandato de senador suspenso, corre o risco de ser alojado na gaiola e condenou-se à morte política. Descansará num jazigo semelhante ao que abriga Dilma Rousseff, despejada do Planalto pelo impeachment.
Os adversários que duelaram há dois anos e meio logo terão a companhia de Michel Temer. Antes das delações da Odebrecht e da JBS, o presidente hoje agonizante argumentava que não fazia sentido ser castigado pelo que fizera a parceira de chapa. Depois dos espantos deste outono inverossímil, está claro que o prontuário do vice só não superou em quantidade e qualidade a notável folha corrida de Dilma e a imbatível capivara de Lula. Este sim fez o diabo para desfrutar do poder durante 13 anos, cinco dos quais fazendo de conta que o país era governado pelo poste que fabricou.
Temer teima em prorrogar o prazo de validade de um governo que acabou. Todos os brasileiros sabem que trava uma batalha perdida ─ com exceção dos bebês de colo, das tribos isoladas na selva amazônica, dos doidos de hospício, da família Temer e, claro, do ministro Gilmar Mendes. O Brasil nunca foi para amadores. Começa a tornar-se indecifrável para profissionais.
Aécio recorreu à Justiça não por sentir-se vítima de práticas ilegais, nem por acreditar que o resultado fora fraudado: como revelou na conversa gravada por Joesley Batista, queria apenas encher o saco daquela gente que não parava de sacaneá-lo. A molecagem que deu no que deu. Neste começo de junho, Aécio está com o mandato de senador suspenso, corre o risco de ser alojado na gaiola e condenou-se à morte política. Descansará num jazigo semelhante ao que abriga Dilma Rousseff, despejada do Planalto pelo impeachment.
Os adversários que duelaram há dois anos e meio logo terão a companhia de Michel Temer. Antes das delações da Odebrecht e da JBS, o presidente hoje agonizante argumentava que não fazia sentido ser castigado pelo que fizera a parceira de chapa. Depois dos espantos deste outono inverossímil, está claro que o prontuário do vice só não superou em quantidade e qualidade a notável folha corrida de Dilma e a imbatível capivara de Lula. Este sim fez o diabo para desfrutar do poder durante 13 anos, cinco dos quais fazendo de conta que o país era governado pelo poste que fabricou.
Temer teima em prorrogar o prazo de validade de um governo que acabou. Todos os brasileiros sabem que trava uma batalha perdida ─ com exceção dos bebês de colo, das tribos isoladas na selva amazônica, dos doidos de hospício, da família Temer e, claro, do ministro Gilmar Mendes. O Brasil nunca foi para amadores. Começa a tornar-se indecifrável para profissionais.
Temer virou uma ameaça ao sucesso de Temer
Em meio a um cenário de degradação moral, o IBGE pendurou nas manchetes uma boa notícia econômica: o PIB cresceu 1% no primeiro trimestre, em comparação com o quarto trimestre de 2016. Foi o primeiro dado benfazejo depois de dois anos de resultados negativos. Michel Temer apressou-se em levar os lábios ao trombone: “O Brasil saiu da recessão.” O presidente levou à internet um vídeo festivo (assista acima).
Num país em que os desempregados são contados em 14,3 milhões, a notícia do IBGE representa, de fato, uma lufada de ar. Mas Temer talvez devesse moderar a queima de fogos. A própria gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, declarou que é cedo para celebrar o fim da recessão: ''É preciso esperar para ver um pouco o que vai acontecer neste ano. A gente teve crescimento no trimestre, mas foi sobre uma base muito deprimida. E, se olharmos no longo prazo, ainda estamos no mesmo nível de 2010.''
Num país em que os desempregados são contados em 14,3 milhões, a notícia do IBGE representa, de fato, uma lufada de ar. Mas Temer talvez devesse moderar a queima de fogos. A própria gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, declarou que é cedo para celebrar o fim da recessão: ''É preciso esperar para ver um pouco o que vai acontecer neste ano. A gente teve crescimento no trimestre, mas foi sobre uma base muito deprimida. E, se olharmos no longo prazo, ainda estamos no mesmo nível de 2010.''
Temer tornou-se uma espécie de personificação do paradoxo. Investigado no Supremo Tribunal Federal sob a suspeita de ter cometido os crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e formação de organização criminosa, o presidente é, no momento, a principal ameaça à recuperação econômica que atribui a si mesmo: é o “resultado das medidas que estamos tomando”, afirmou, sem levar em conta as providências que deixou de tomar para evitar que o melado escorresse para dentro dos palácios do Planalto e do Jaburu.
Diretas Já do PT é golpe e empulhação
A petezada pirou de vez. Agora vai às ruas pedir diretas já como se o país não vivesse na sua plenitude democrática. Como se o vice tivesse chegado ao poder por via indireta, sem voto, dando um golpe na Constituição. Esses lunáticos petistas acham ruim tudo que não é bom para eles. Quando perderam as eleições, foram às ruas e derrubaram o Collor (Lindbergh estava lá com os caras pintadas). Aceitaram o Itamar como governo de transição. E depois esperaram oito anos para chegar ao poder. Na presidência destroçaram a economia, promoveram o maior escândalo de corrupção do mundo e deixaram um legado de 14 milhões de desempregados.
Mas o pior veio a galope: a Comissão de Constituição e Justiça caiu no conto do paco do senador Lindbergh Faria e aprovou Emenda à Constituição que prevê a realização de eleição direta para presidente e vice-presidente da República se os cargos ficarem vagos nos três primeiros anos de mandato. Atualmente a Constituição determina apenas se a vacância ocorrer nos dois primeiros anos. O único senador que teve coragem de peitar o casuísmo foi o Ricardo Ferraço (PSDB-ES). O resto – que é resto mesmo! – embarcou no conto do vigário do PT e aprovou a emenda. Essa CCJ, sem dúvida, é a mais imbecilizada e corrupta de que se tem notícia na história do Congresso Nacional.
A PEC, se aprovada no plenário, simplesmente antecipa as eleições. Como a petezada que evitar que o Lula vá para a cadeia, eles agora vão se organizar para tocar fogo no país e sair por aí pregando as diretas já como se as instituições brasileiras estivessem trincadas. Querem porque querem trazer de volta a organização criminosa chefiada por Lula, Palocci e Zé Dirceu para acabar com o que ainda resta do país. Dessa vez – pasmem! – com a conivência de alguns senadores idiotizados que integram essa CCJ desmoralizada.
A petezada e seus lunáticos torcem para o quanto pior melhor. Não se conformam terem sidos banidos do poder como ladrões e chefes de quadrilha, como vem dizendo o juiz Sérgio Moro em suas sentenças e o STF quando julgou o mensalão. Eles acham, por fanatismo, que o Lula é o Messias que veio ao mundo para salvar a humanidade das ovelhas negras. Não querem que o vice que eles mesmo elegeram governe. Provocam movimentos populares para enganar os mais incautos. Tentam parecer democrático quando na verdade não passam de tiranos golpistas que, quando não ganham no voto, tentam incendiar à nação. Não enxergam – porque são ignorantes politicamente e despreparados – que o caminho para sair da crise é ter as instituições fortalecidas. Quebrá-las só interessa aos vândalos, aos déspotas e os oportunistas. Eleições fora de hora é golpe, simplesmente golpe. E mesmo assim, a CCJ deixou-se levar no grito. Alguma coisa esses senadores estão armando, porque boa parte dessa comissão está enrolada na Lava Jato.
O Brasil está acostumado a conviver com vices desde Floriano Peixoto. Na Nova República conviveu com Sarney e Itamar que concluíram seus mandatos sem quebrar a normalidade democrática. Se conseguiram administrar bem o país ou não são outros quinhentos. Terminaram seus mandatos aos trancos e barranco sem ferir os preceitos constitucionais. Ressalve-se, contudo, que Itamar botou o país nos eixos ao criar o Plano Real.
A petezada esconde-se no manto da farsa. Quer trazer de volta os gritos das ruas pelas eleições diretas, a exemplo do que ocorreu nos idos de 1980, como um apelo popular para legitimar os seus atos de vandalismo. Acha que pode arrastar multidões por uma causa que eles consideram nobre, quando, na verdade, não passam de golpistas, oportunistas e incendiários. Por trás de toda essa “pelegância”, o capo tutti capi Luis Inácio que vem tentando evitar a primeira condenação ameaçando tocar fogo no país se isso ocorrer pelas mãos de Sérgio Moro. A própria Polícia Federal já interceptou conversa dele com seu pupilo Lindbergh onde eles tramam levar as centrais e os sindicatos às ruas para provocar badernas e criar um clima de instabilidade política.
O mais triste de tudo isso é assistir um monte de artistas – muitos deles que estiveram engajados na redemocratização do país na época da ditadura – clamando para que o povo se manifeste contra um governo que o PT agora considera ilegal, mas o escolheu como comparsa durante os dois mandatos da Dilma. Gritar diretas já nas ruas é compactuar com a organização criminosa que assaltou a nação, provocou a tragédia do desemprego e destroçou a economia. Mais de trinta anos depois da Direjas Já (com caixa alta), o movimento cívico e pacífico que aglutinou o povo contra a ditadura, surge agora uma quadrilha de criminosos tentando fazer do povo massa de manobra para levá-lo a uma tragédia anunciada.
Se você não quer mais que seu país seja governado por criminosos e assaltantes dos cofres públicos, diga não a essas diretas fajutas, oportunista e golpista. Está provado que o voto, apenas o voto, não livra ninguém de bandidos políticos. Se assim fosse, o país não tinha desmilinguido nas mãos de Lula/Dilma, os mais corruptos e venais presidentes que já governaram o Brasil.
Mas o pior veio a galope: a Comissão de Constituição e Justiça caiu no conto do paco do senador Lindbergh Faria e aprovou Emenda à Constituição que prevê a realização de eleição direta para presidente e vice-presidente da República se os cargos ficarem vagos nos três primeiros anos de mandato. Atualmente a Constituição determina apenas se a vacância ocorrer nos dois primeiros anos. O único senador que teve coragem de peitar o casuísmo foi o Ricardo Ferraço (PSDB-ES). O resto – que é resto mesmo! – embarcou no conto do vigário do PT e aprovou a emenda. Essa CCJ, sem dúvida, é a mais imbecilizada e corrupta de que se tem notícia na história do Congresso Nacional.
A petezada e seus lunáticos torcem para o quanto pior melhor. Não se conformam terem sidos banidos do poder como ladrões e chefes de quadrilha, como vem dizendo o juiz Sérgio Moro em suas sentenças e o STF quando julgou o mensalão. Eles acham, por fanatismo, que o Lula é o Messias que veio ao mundo para salvar a humanidade das ovelhas negras. Não querem que o vice que eles mesmo elegeram governe. Provocam movimentos populares para enganar os mais incautos. Tentam parecer democrático quando na verdade não passam de tiranos golpistas que, quando não ganham no voto, tentam incendiar à nação. Não enxergam – porque são ignorantes politicamente e despreparados – que o caminho para sair da crise é ter as instituições fortalecidas. Quebrá-las só interessa aos vândalos, aos déspotas e os oportunistas. Eleições fora de hora é golpe, simplesmente golpe. E mesmo assim, a CCJ deixou-se levar no grito. Alguma coisa esses senadores estão armando, porque boa parte dessa comissão está enrolada na Lava Jato.
O Brasil está acostumado a conviver com vices desde Floriano Peixoto. Na Nova República conviveu com Sarney e Itamar que concluíram seus mandatos sem quebrar a normalidade democrática. Se conseguiram administrar bem o país ou não são outros quinhentos. Terminaram seus mandatos aos trancos e barranco sem ferir os preceitos constitucionais. Ressalve-se, contudo, que Itamar botou o país nos eixos ao criar o Plano Real.
A petezada esconde-se no manto da farsa. Quer trazer de volta os gritos das ruas pelas eleições diretas, a exemplo do que ocorreu nos idos de 1980, como um apelo popular para legitimar os seus atos de vandalismo. Acha que pode arrastar multidões por uma causa que eles consideram nobre, quando, na verdade, não passam de golpistas, oportunistas e incendiários. Por trás de toda essa “pelegância”, o capo tutti capi Luis Inácio que vem tentando evitar a primeira condenação ameaçando tocar fogo no país se isso ocorrer pelas mãos de Sérgio Moro. A própria Polícia Federal já interceptou conversa dele com seu pupilo Lindbergh onde eles tramam levar as centrais e os sindicatos às ruas para provocar badernas e criar um clima de instabilidade política.
O mais triste de tudo isso é assistir um monte de artistas – muitos deles que estiveram engajados na redemocratização do país na época da ditadura – clamando para que o povo se manifeste contra um governo que o PT agora considera ilegal, mas o escolheu como comparsa durante os dois mandatos da Dilma. Gritar diretas já nas ruas é compactuar com a organização criminosa que assaltou a nação, provocou a tragédia do desemprego e destroçou a economia. Mais de trinta anos depois da Direjas Já (com caixa alta), o movimento cívico e pacífico que aglutinou o povo contra a ditadura, surge agora uma quadrilha de criminosos tentando fazer do povo massa de manobra para levá-lo a uma tragédia anunciada.
Se você não quer mais que seu país seja governado por criminosos e assaltantes dos cofres públicos, diga não a essas diretas fajutas, oportunista e golpista. Está provado que o voto, apenas o voto, não livra ninguém de bandidos políticos. Se assim fosse, o país não tinha desmilinguido nas mãos de Lula/Dilma, os mais corruptos e venais presidentes que já governaram o Brasil.
Operação Carne Muito Fraca
O Brasil viu o PT criar o monstro JBS e ficou calado. O Brasil viu o monstro emboscar um presidente e depois voar livre para Nova York. Cadeia para o Brasil.
Antes dessa mão de areia jogada nos olhos da plateia, o espetáculo verdadeiro chegava ao coração do escândalo com as revelações de João Santana e Mônica Moura. Ali ficava claro – mais do que nunca – que o proverbial assalto exposto pela Lava Jato fora regido de dentro do palácio petista, sem intermediários.
O marqueteiro e sua esposa mostraram como o governo (repetindo: o governo, não o partido) agia para embaraçar as investigações da força-tarefa – inclusive tentando preveni-los da prisão e, consequentemente, evitar sua delação. Coisa de máfia. Acusado de atuar nesses vazamentos está o ex-ministro da Justiça – o mesmo que triangulava com o procurador-geral e o STF no longo período em que Dilma, a idônea, era tornada imune a investigações.
Como até os pedalinhos de Atibaia estão cansados de saber, Lula e sua revolução redentora inventaram os irmãos Batista como potência empresarial. Os subterrâneos do BNDES têm muito a revelar sobre essa história de sucesso, mas a Operação Carne Muito Fraca chegou bem na hora para embaçar a cena. O que se viu foi uma homologação tipo fast-food da espionagem de Joesley e da conclusão quase mediúnica sobre uma suposta autorização do presidente da República para a compra do silêncio de Eduardo Cunha.
Tudo muito grave. Ou o presidente tem de ser afastado e preso – e essa investigação não pode parar antes do fim – ou terá sido um erro de psicografia. Aí quem psicografou vai ter de pagar. Na mesma moeda.
Existirá psicografia seletiva? Fica a dúvida. Porque as mesmas mentes que detectaram crime do presidente na conversa com o campeão do Lula parecem não ter notado os crimes do campeão. Na mesma conversa, ele diz ter subornado meio mundo. Mas aí deu um tchau para os supremos companheiros e foi pousar livre como um pássaro na Quinta Avenida. Será que é normal? Ou seria paranormal?
Deixem os irmãos Batista curtir sua fortuna tranquilos em Nova York. O mais indicado mesmo, neste momento, é o Brasil se entregar e negociar uma delação premiada. Conte tudo, Brasil. Confesse que você viu o monstro sendo criado pelo PT e engordando na sua cara. Admita que desde o mensalão você viu (ninguém te contou) Lula e seu Estado-Maior transformando grandes empresas nacionais em anexos do PT para comprar seus melhores sonhos totalitários. E, por favor, não venha agora fingir surpresa com o fato de a política nacional estar contaminada por esses tubarões. Dizem que quem não recebia PC Farias na era Collor caía em desgraça. PC era uma criança perto dos seus sucessores na era Lula.
O Brasil acordou invocado na semana passada, olhou-se no espelho e se descobriu virtuoso. Decidido terminantemente a ser a virgem do bordel. Tudo bem. O que acontecia antes disso era que um presidente antiquado, de um partido fisiológico, abrira as portas do Estado brasileiro para que as melhores cabeças pudessem saneá-lo, salvá-lo do desastre petista. Por que Temer fez isso? Não interessa. O que interessa é que o seu time de ouro iniciou um milagre e virou todos os indicadores na direção certa – a única que interessa à sua vida real, Brasil.
Mas você estava com saudade de ver heróis da resistência como Lindbergh Farias sabotando as reformas, não é verdade? Bem, então está dando tudo certo para você. O lobista de José Dirceu, condenado a 20 anos de prisão na Lava Jato, também já está solto. Siga apoiando o processo de depuração das instituições deflagrado pelos irmãos Batista. Quem sabe eles não se comovem e criam uma Bolsa Brasil? Aí talvez você possa até largar essa vida corrida e ir descansar para sempre no Guarujá.
Guilherme Fiuza
Os mascarados
Lula deixa de lado Diretas, Já!
Uma coisa é o que Lula diz aos seus homens de confiança no escurinho dos gabinetes à prova de grampos. Outra é o que diz em público. Mas ontem, na abertura em Brasília de mais um Congresso Nacional do PT, Lula falou para fora o que ultimamente tem falado para dentro.
Deixou de lado a pregação a favor de Diretas, Já!, e cobrou dos militantes do partido um plano para eleger no próximo ano a maioria dos deputados federais e senadores. Assim, segundo ele, o PT ficaria dispensado de se aliar a outros partidos para governar o país.
Sim, Lula ainda parece alimentar a esperança de ser candidato a presidente, de eleger-se e de voltar ao Palácio do Planalto de onde jamais gostou de ter saído. De poder também a qualquer hora da madrugada acionar a cozinha do Palácio da Alvorada para comer sanduíche de pão com ovo.
Precisa combinar com o juiz Sérgio Moro, aparentemente pronto para condená-lo, deixando-o solto. E com a segunda instância da Justiça, que se o condenar mandará prendê-lo. Sem esquecer, é claro, dos eleitores, que o presenteiam o mais alto, altíssimo índice de rejeição.
Naturalmente Lula não seria o mesmo Lula capaz de entusiasmar sua turma se não repetisse os chavões de sempre, tipo "lá fora estão os inimigos de classe que querem nos destruir e nós temos que estar preparados para derrotá-los”. Ou se não batesse nas elites com as quais governou e enriqueceu.
Diretas, Já!, para tirar Temer ficou no passado. “2018 está logo ali, já começou. É por isso que eles estão com medo e nós não estamos com medo. Se a esquerda for para disputa com um programa factível, eu tenho certeza que a gente vai voltar a governar esse país", garantiu Lula.
Não faltou o número clássico de se fazer de coitadinho. Réu em cinco processos, sendo três da Lava Jato, sapecou: "Eu não quero que vocês se preocupem com o meu problema pessoal. Eu já provei a minha inocência. Eu agora vou exigir que eles provem a minha culpa.”
Foi delirantemente aplaudido por uma plateia que pouco antes gritara “Dirceu, guerreiro, do povo brasileiro” para homenagear José Dirceu, ex-presidente do partido, em liberdade provisória.
Deixou de lado a pregação a favor de Diretas, Já!, e cobrou dos militantes do partido um plano para eleger no próximo ano a maioria dos deputados federais e senadores. Assim, segundo ele, o PT ficaria dispensado de se aliar a outros partidos para governar o país.
Precisa combinar com o juiz Sérgio Moro, aparentemente pronto para condená-lo, deixando-o solto. E com a segunda instância da Justiça, que se o condenar mandará prendê-lo. Sem esquecer, é claro, dos eleitores, que o presenteiam o mais alto, altíssimo índice de rejeição.
Naturalmente Lula não seria o mesmo Lula capaz de entusiasmar sua turma se não repetisse os chavões de sempre, tipo "lá fora estão os inimigos de classe que querem nos destruir e nós temos que estar preparados para derrotá-los”. Ou se não batesse nas elites com as quais governou e enriqueceu.
Diretas, Já!, para tirar Temer ficou no passado. “2018 está logo ali, já começou. É por isso que eles estão com medo e nós não estamos com medo. Se a esquerda for para disputa com um programa factível, eu tenho certeza que a gente vai voltar a governar esse país", garantiu Lula.
Não faltou o número clássico de se fazer de coitadinho. Réu em cinco processos, sendo três da Lava Jato, sapecou: "Eu não quero que vocês se preocupem com o meu problema pessoal. Eu já provei a minha inocência. Eu agora vou exigir que eles provem a minha culpa.”
Foi delirantemente aplaudido por uma plateia que pouco antes gritara “Dirceu, guerreiro, do povo brasileiro” para homenagear José Dirceu, ex-presidente do partido, em liberdade provisória.
De espanto em espanto, aos solavancos, lá vai o Brasil...
O novo Ministro da Justiça, Torquato Jardim, o terceiro em 12 meses, afirma que o Brasil é institucional, não é caudilhesco, nem personalista e que, portanto, não depende de pessoas. Que bom seria se Jardim tivesse razão... Mas o simples fato dele ser o terceiro nome a comandar a pasta da Justiça em tão pouco tempo já o desmente. Se não dependesse da pessoa que ocupa a pasta, por que trocá-la em tão pouco tempo?
Só para esclarecer o leitor: os anteriores não faleceram, graças ao bom Deus. Saíram do ministério, apenas. Um foi para o STF e o outro voltou às origens, à Câmara dos Deputados.
Volto ao terceiro ministro. Sua primeira entrevista após a posse foi um espanto. Não sei se é de sua natureza levar as coisas de modo leve de modo a dar a impressão que são menos sérias do que parecem, ou se tentou ser engraçado para aliviar o clima carregado lá no Palácio do Planalto. De qualquer jeito, a mim me espantou ver um Ministro da Justiça fazer piada (por sinal, fraquinha...) com a Segurança Pública ao dizer que desse tema só conhece “os assaltos sofridos por ele e duas tias”. Que tal?
Foi uma piada boba, mas vamos deixar isso pra lá. Pior foi o ministro declarar a respeito de doações a políticos em campanha eleitoral: "Eu não discuto essa questão da origem, se a origem é caixa 1 ou é caixa 10. Eu quero saber se entrou contabilizado no comitê do candidato, no comitê partidário de campanhas, se entrou conforme a lei."
Não é um espanto ouvir um Ministro da Justiça contrariar a opinião da Presidente do Superior Tribunal Federal, Ministra Carmem Lúcia, que já disse e redisse, inúmeras vezes, que “Caixa dois é crime e agressão à sociedade”?
Quem sabe ele esqueceu da bela frase de Winston Churchill: "A verdade é incontroversa. Pode ser atacada pela malícia, ridicularizada pelo desconhecimento. Mas, no final, lá está ela, brilhante como a Estrela de Belém".
Segundo li nos jornais, o novo ministro é carioca. Se para ele tanto faz o dinheiro vir de caixa 1 ou caixa 10, desde que esteja contabilizado no comitê eleitoral dos partidos, gostaria que ele dissesse se não lhe dói na alma ver o Rio no estado em que está. Registrar a doação nos comitês eleitorais dos partidos não deve ser muito difícil, pois todos os acusados de uso de caixa 2 dizem que seu dinheiro está bem legalizado.
Torquato Jardim era o Ministro da Transparência, ministério cujo endereço ninguém conhecia. Pelo menos foi o que ele disse na entrevista ao jornal O Globo. Agora já não tem mais essa desculpa. Todos sabem onde fica o Ministério da Justiça. Num belo prédio, aliás. Onde eu espero os espantos diminuam de intensidade e que o respeito ao que de melhor aconteceu em nosso país, a Operação Lava-Jato comandada pela brilhante Polícia Federal sob a direção do procurador Leandro Daiello, possa nos ajudar a fazer o Brasil abandonar os solavancos e caminhar tranquilo em direção ao arco-íris.
Assim espero.
Só para esclarecer o leitor: os anteriores não faleceram, graças ao bom Deus. Saíram do ministério, apenas. Um foi para o STF e o outro voltou às origens, à Câmara dos Deputados.
Volto ao terceiro ministro. Sua primeira entrevista após a posse foi um espanto. Não sei se é de sua natureza levar as coisas de modo leve de modo a dar a impressão que são menos sérias do que parecem, ou se tentou ser engraçado para aliviar o clima carregado lá no Palácio do Planalto. De qualquer jeito, a mim me espantou ver um Ministro da Justiça fazer piada (por sinal, fraquinha...) com a Segurança Pública ao dizer que desse tema só conhece “os assaltos sofridos por ele e duas tias”. Que tal?
Não é um espanto ouvir um Ministro da Justiça contrariar a opinião da Presidente do Superior Tribunal Federal, Ministra Carmem Lúcia, que já disse e redisse, inúmeras vezes, que “Caixa dois é crime e agressão à sociedade”?
Quem sabe ele esqueceu da bela frase de Winston Churchill: "A verdade é incontroversa. Pode ser atacada pela malícia, ridicularizada pelo desconhecimento. Mas, no final, lá está ela, brilhante como a Estrela de Belém".
Segundo li nos jornais, o novo ministro é carioca. Se para ele tanto faz o dinheiro vir de caixa 1 ou caixa 10, desde que esteja contabilizado no comitê eleitoral dos partidos, gostaria que ele dissesse se não lhe dói na alma ver o Rio no estado em que está. Registrar a doação nos comitês eleitorais dos partidos não deve ser muito difícil, pois todos os acusados de uso de caixa 2 dizem que seu dinheiro está bem legalizado.
Torquato Jardim era o Ministro da Transparência, ministério cujo endereço ninguém conhecia. Pelo menos foi o que ele disse na entrevista ao jornal O Globo. Agora já não tem mais essa desculpa. Todos sabem onde fica o Ministério da Justiça. Num belo prédio, aliás. Onde eu espero os espantos diminuam de intensidade e que o respeito ao que de melhor aconteceu em nosso país, a Operação Lava-Jato comandada pela brilhante Polícia Federal sob a direção do procurador Leandro Daiello, possa nos ajudar a fazer o Brasil abandonar os solavancos e caminhar tranquilo em direção ao arco-íris.
Assim espero.
Meu Brasil brasileiro!
Eu também tenho minhas fontes e o Seu Damásio é uma delas. Ontem, manhã bem cedo, ao conferir as captações da rede social, ele já disparara uma manchete alvissareira:
- Maranhão lança mutirão contra a corrupção!
Nem me apressei em ver o corpo da matéria. Sempre que me chega algo com tantas alvissaras e estando sem ninguém por perto como agora, manejo um tempinho só para mim e mergulho ou decolo em benfazejas utopias rápidas, alegres e variadas.
Essa do seu Damásio chega a ser emocionante. Até demais. Tanto que me dano a rir sozinho. Em gargalhadas mis.
Já tem pesquisa de Harvard ou Princeton, não lembro bem, garantindo que as pessoas com hábito de falar sozinhas tem melhor estrutura mental.
Quando eu era menino, em São Luís, conheci o João Batalha, sempre candidato a Vereador, que não só falava sozinho andando, mas também gesticulava.
O sol despontou e logo esmoreceu como se quisesse ceder sua vez a alguma chuva. O tempo frio não arredou. O mutirão contra a corrupção não me saiu da cabeça. Motivo de orgulho. Onde já se pensou neste País numa coisa dessas, assim tão abrangente e, penso eu, com efetiva participação popular?
Fica aí todo mundo achando que tudo quanto é mal feito tem que estar sob a mira da força tarefa de Curitiba, seus jovens Juízes e intrépidos Procuradores Federais.
Gente, não é bem assim. A Lava Jato só cuida dos casos de corrupção que de alguma forma, direta ou indiretamente, tenham a ver com as roubalheiras na Petrobrás.
O mais que temos visto são outras vadiações com bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico, o BNDES. Compra de banco falindo pela Caixa Económica Federal para depois de saneado ser vendido a bom preço a outro banco cujo dono foi preso. Mas logo solto. Lembram?
Nessas vadiações e promiscuidades, e é sempre bom lembrar, que esses bilhões foram furtados do seu, do meu, do nosso dinheiro que pagamos em impostos - uma das maiores cargas tributárias do mundo - a um Estado decadente e perdulário que gasta mais do que arrecada e agora sabemos que não são apenas os gastos, são também, e em maior escala, as propinas e doações a campanhas eleitorais milionárias que resumiram a prendas de leilão de largo de festa de santo padroeiro os mandatos eletivos no Executivo e Parlamentos nos três níveis federativos.
Os dois traquinas que pegaram bilhões de reais em empréstimos no Brasil para comprarem empresas nos Estados Unidos, onde levam vida de folgados, tendo levado daqui até iate particular, eram tidos como “campeões nacionais” na avaliação dos Governos dos últimos governos.
A análise que o Senador Álvaro Dias apresentou ao plenário do Senado dá conta de que num período de seis anos, o Governo Federal, ou seja, a União Federal, que é formada pelos Estados, Munícipios e Distrito Federal, emprestou ao BNDES 716 bilhões de reais.
Mas como o Tesouro Nacional não tinha tanto dinheiro, o Governo tomou emprestado aos bancos a juros de mercado, a 14,25% ao ano pela taxa SELIC, aquela que lasca o contribuinte devedor da Fazenda Nacional.
A dinheirama foi repassada à JBS, à Odebrecht e outras a um custo de entre 5% e 6%, pela TJLP. Eles têm 42 anos para pagarem esse empréstimo. Haja Lava Jato!
Assim, feliz porque o Maranhão não teve nem terá a mínima condição de se emparelhar com esses avanços do Brasil em matéria de corrupção, até porque segue sendo um Estado de coisas menores, ou conforme o pior, de estatísticas maiores, retorno a minha fonte matinal:
- Sua informação procede, Seu Damásio. Eu, como algumas vezes, é que não me controlo no delírio. Procede em parte. O mutirão será de juízes em suas Comarcas julgando, preferencialmente, ações contra denunciados por corrupções menores, quero dizer, as que costumam acontecer nas administrações municipais e também na estadual. É pouco, sim. Mas vale a pena.
Edson Vidigal
- Maranhão lança mutirão contra a corrupção!
Nem me apressei em ver o corpo da matéria. Sempre que me chega algo com tantas alvissaras e estando sem ninguém por perto como agora, manejo um tempinho só para mim e mergulho ou decolo em benfazejas utopias rápidas, alegres e variadas.
Essa do seu Damásio chega a ser emocionante. Até demais. Tanto que me dano a rir sozinho. Em gargalhadas mis.
Já tem pesquisa de Harvard ou Princeton, não lembro bem, garantindo que as pessoas com hábito de falar sozinhas tem melhor estrutura mental.
Quando eu era menino, em São Luís, conheci o João Batalha, sempre candidato a Vereador, que não só falava sozinho andando, mas também gesticulava.
O sol despontou e logo esmoreceu como se quisesse ceder sua vez a alguma chuva. O tempo frio não arredou. O mutirão contra a corrupção não me saiu da cabeça. Motivo de orgulho. Onde já se pensou neste País numa coisa dessas, assim tão abrangente e, penso eu, com efetiva participação popular?
Fica aí todo mundo achando que tudo quanto é mal feito tem que estar sob a mira da força tarefa de Curitiba, seus jovens Juízes e intrépidos Procuradores Federais.
Gente, não é bem assim. A Lava Jato só cuida dos casos de corrupção que de alguma forma, direta ou indiretamente, tenham a ver com as roubalheiras na Petrobrás.
O mais que temos visto são outras vadiações com bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico, o BNDES. Compra de banco falindo pela Caixa Económica Federal para depois de saneado ser vendido a bom preço a outro banco cujo dono foi preso. Mas logo solto. Lembram?
Nessas vadiações e promiscuidades, e é sempre bom lembrar, que esses bilhões foram furtados do seu, do meu, do nosso dinheiro que pagamos em impostos - uma das maiores cargas tributárias do mundo - a um Estado decadente e perdulário que gasta mais do que arrecada e agora sabemos que não são apenas os gastos, são também, e em maior escala, as propinas e doações a campanhas eleitorais milionárias que resumiram a prendas de leilão de largo de festa de santo padroeiro os mandatos eletivos no Executivo e Parlamentos nos três níveis federativos.
Os dois traquinas que pegaram bilhões de reais em empréstimos no Brasil para comprarem empresas nos Estados Unidos, onde levam vida de folgados, tendo levado daqui até iate particular, eram tidos como “campeões nacionais” na avaliação dos Governos dos últimos governos.
A análise que o Senador Álvaro Dias apresentou ao plenário do Senado dá conta de que num período de seis anos, o Governo Federal, ou seja, a União Federal, que é formada pelos Estados, Munícipios e Distrito Federal, emprestou ao BNDES 716 bilhões de reais.
Mas como o Tesouro Nacional não tinha tanto dinheiro, o Governo tomou emprestado aos bancos a juros de mercado, a 14,25% ao ano pela taxa SELIC, aquela que lasca o contribuinte devedor da Fazenda Nacional.
A dinheirama foi repassada à JBS, à Odebrecht e outras a um custo de entre 5% e 6%, pela TJLP. Eles têm 42 anos para pagarem esse empréstimo. Haja Lava Jato!
Assim, feliz porque o Maranhão não teve nem terá a mínima condição de se emparelhar com esses avanços do Brasil em matéria de corrupção, até porque segue sendo um Estado de coisas menores, ou conforme o pior, de estatísticas maiores, retorno a minha fonte matinal:
- Sua informação procede, Seu Damásio. Eu, como algumas vezes, é que não me controlo no delírio. Procede em parte. O mutirão será de juízes em suas Comarcas julgando, preferencialmente, ações contra denunciados por corrupções menores, quero dizer, as que costumam acontecer nas administrações municipais e também na estadual. É pouco, sim. Mas vale a pena.
Edson Vidigal
1984 em feitio de nostalgia
O ano é emblemático: 1984 da ficção de George Orwell e da campanha das Diretas Já. Carente de causas com posições e contraposições nítidas, desprovidas de nuances, a nova geração (um pouco da velha também) entrou no modo nostalgia à deriva ao escolher como bandeira de luta a realização de eleições diretas como solução à crise instalada desde a demonstração de que Michel Temer fazia jus ao posto de vice-presidente em parceria com Dilma Rousseff. Dissimulado e venal tanto quanto.
Falta a esses ativistas da ocasião, substância e informação. E aqui não tratamos da obviedade expressa na Carta Maior: eleição com vacância depois de dois anos de cumprido o mandato original, é indireta. Falamos direta e cruamente de falta de memória histórica. A campanha de 1984 foi essencial porque vivíamos uma ditadura contra a qual a defesa das diretas era um ponto crucial. No entanto, os ponderados sabiam perfeitamente bem que a emenda Dante de Oliveira não passaria no Congresso. Se passasse, seria um problema, entrave à transição negociada pela oposição responsável
A despeito da presumida frustração popular, os comícios haviam criado o ambiente propício para a derrota do regime em seu habitat: o Congresso. Tancredo Neves tinha um plano e, o minar a candidatura de Paulo Maluf o realizou. Somos filhos daquele ato que o PT recusou-se a reconhecer e e hoje pretende patrocinar. Construímos o fim da ditadura pela vida indireta, do Congresso. Podemos trilhar caminho semelhante para marcar posição definitiva e efetiva contra a velha política patrimonialista, corrupta, sustentada pelo silêncio dos compadres.
Falta a esses ativistas da ocasião, substância e informação. E aqui não tratamos da obviedade expressa na Carta Maior: eleição com vacância depois de dois anos de cumprido o mandato original, é indireta. Falamos direta e cruamente de falta de memória histórica. A campanha de 1984 foi essencial porque vivíamos uma ditadura contra a qual a defesa das diretas era um ponto crucial. No entanto, os ponderados sabiam perfeitamente bem que a emenda Dante de Oliveira não passaria no Congresso. Se passasse, seria um problema, entrave à transição negociada pela oposição responsável
A despeito da presumida frustração popular, os comícios haviam criado o ambiente propício para a derrota do regime em seu habitat: o Congresso. Tancredo Neves tinha um plano e, o minar a candidatura de Paulo Maluf o realizou. Somos filhos daquele ato que o PT recusou-se a reconhecer e e hoje pretende patrocinar. Construímos o fim da ditadura pela vida indireta, do Congresso. Podemos trilhar caminho semelhante para marcar posição definitiva e efetiva contra a velha política patrimonialista, corrupta, sustentada pelo silêncio dos compadres.
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