Aécio recorreu à Justiça não por sentir-se vítima de práticas ilegais, nem por acreditar que o resultado fora fraudado: como revelou na conversa gravada por Joesley Batista, queria apenas encher o saco daquela gente que não parava de sacaneá-lo. A molecagem que deu no que deu. Neste começo de junho, Aécio está com o mandato de senador suspenso, corre o risco de ser alojado na gaiola e condenou-se à morte política. Descansará num jazigo semelhante ao que abriga Dilma Rousseff, despejada do Planalto pelo impeachment.
Os adversários que duelaram há dois anos e meio logo terão a companhia de Michel Temer. Antes das delações da Odebrecht e da JBS, o presidente hoje agonizante argumentava que não fazia sentido ser castigado pelo que fizera a parceira de chapa. Depois dos espantos deste outono inverossímil, está claro que o prontuário do vice só não superou em quantidade e qualidade a notável folha corrida de Dilma e a imbatível capivara de Lula. Este sim fez o diabo para desfrutar do poder durante 13 anos, cinco dos quais fazendo de conta que o país era governado pelo poste que fabricou.
Temer teima em prorrogar o prazo de validade de um governo que acabou. Todos os brasileiros sabem que trava uma batalha perdida ─ com exceção dos bebês de colo, das tribos isoladas na selva amazônica, dos doidos de hospício, da família Temer e, claro, do ministro Gilmar Mendes. O Brasil nunca foi para amadores. Começa a tornar-se indecifrável para profissionais.
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