quinta-feira, 5 de junho de 2014

TSE evita novos testes em urnas


O Tribunal Superior Eleitoral não vai realizar novos testes públicos na urna eletrônica nesta véspera de eleições, como vinha sendo uma tradição desde o pleito de 2010. Por uma incrível coincidência, a decisão vem depois que uma equipe da UnB quebrou o sigilo da urna nos últimos testes, há dois anos.
Segundo o tribunal, “o objetivo do TSE é a realização periódica destes testes, porém não há um calendário fixado para tanto”. Além disso, “considerando tratar-se de um ano eleitoral, não haverá teste de segurança neste ano” – curiosamente isso não impediu a realização de testes em 2012.
No lugar dos testes públicos, o TSE decidiu criar um grupo de trabalho sobre a segurança da urna eletrônica. O grupo é constituído essencialmente por integrantes da Justiça Eleitoral, além do professor Mamede Lima Marques, da Universidade de Brasília.
Marques, no entanto, não fez parte do grupo da UnB que teve sucesso em violar o sigilo dos votos nos últimos testes – ele integrava o grupo responsável pela avaliação dos testes e entende que a urna brasileira é suficientemente segura, sendo desnecessária, inclusive, a reintrodução da impressão do voto.

Por que eu não quero a Copa no Brasil


Excelentíssima Presidenta Dilma. Em julho de 2011 eu lhe enviei uma carta onde pedia para cancelar a Copa do Mundo e passasse para a História como uma estadista e heroína do nosso povo. A diferença entre um estadista e um político comum é que o estadista se preocupa com a próxima geração e um político só se preocupa com a próxima eleição.
A senhora deveria ter utilizado todo dinheiro dessa Copa para a saúde, a segurança, a educação, estradas e outras centenas de obras que fazem falta para o nosso povo. Infelizmente, a senhora preferiu esbanjar o dinheiro de nossos impostos em estádios e obras superfaturadas e entregar o nosso país para a FIFA.
Eu gosto de futebol, mas eu não quero essa Copa da FIFA, por esse preço. Ela está custando vidas, pois o povo continua morrendo nos hospitais por falta de médicos, leitos, remédios, mas os estádios estão aí, como uma afronta ao bom senso. Na verdade, o nosso dinheiro foi para o ralo e nós continuamos sem o essencial. Pior, também estamos perdendo a dignidade, no meio de tanta corrupção.
Curiosamente, no auge dessa discussão, vimos o ex-presidente Lula, um dos autores desta infame Copa do Mundo, falar que é “babaquice” de brasileiro querer chegar de metrô até os estádios, uma vez que as linhas não ficaram prontas. Disse ainda que nós nunca tivemos problemas de andar a pé. Que o brasileiro vai a pé, vai descalço, vai de bicicleta, vai de jumento, vai de qualquer coisa.
Já no próprio Portal da Copa, órgão do Governo Federal, o discurso é diferente e o governo ressalta as obras de Mobilidade Urbana, entre elas os metrôs nas cidades-sedes.Voltando ao tema principal, eu não quero a Copa, assim como milhares de manifestantes nas ruas também não a querem, pelo simples fato de constatarem que faltam coisas muito mais importantes.
Perguntem para quem está morrendo numa fila de espera aguardando uma cirurgia que nunca chega, se ele prefere a Copa. Perguntem para um pai que vê seu filho sem escolas se ele prefere a Copa. Essa Copa seria bem vinda se não faltasse nada para o povo, se estivesse tudo funcionando muito bem, desde um hospital decente até uma linha de metrô que vai até os estádios, e não precisássemos de jumentos como solução de transporte público.
No passado víamos o povo decorar as ruas com as cores da nossa bandeira, nos dias de jogos; agora, vemos passeatas plenamente justificáveis, querendo mais brasilidade e menos circo com nosso dinheiro.
 Célio Pezza é escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu mais recente A Nova Terra - Recomeço 

Notas sobre a Copa do Mundo


Aumentou consideravelmente o fluxo de prostitutas para a cidade de São Paulo. De garotas de programa que estipulam seu preço em até 800 reais por encontro até as que cobram 50 reais por cliente, muitas estudaram inglês ou espanhol para melhor desempenhar seu papel. O turismo sexual, que contou sempre com o aval oficial nas propagandas do Brasil no exterior, por meio da venda da imagem do país relacionada a mulheres seminuas, deve se constituir no principal legado desta Copa do Mundo. Triste legado.
Mais de um mês antes do inicio dos jogos, inúmeros sites já estavam colocando à venda, com descontos de até 70%, camisas e bonés da seleção brasileira. Em outros tempos, essa seria uma noticia inimaginável. Estampar o orgulho exibindo a bandeira nacional nas janelas ou pintando-a no chão de asfalto ou colando-a no vidro dos carros era quase uma obrigação. Torcer pelo uniforme canarinho, um privilégio. Já existem, no entanto, muitas pessoas que questionam nas ruas, em conversas privadas, ou publicamente, em entrevistas, se vale a pena toda essa dedicação. O que ganhamos com isso, perguntam?