quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Previdência e saúde

Talvez a melhor maneira de julgar o progresso de uma sociedade é observar como ela trata os seus idosos.

Depois de toda uma vida de produção econômica, passada a fase de crescimento e de aprendizado, e após os anos de esforço e de dedicação aos filhos, eles não se encaixam mais em uma visão de sociedade materialista.

A função dos idosos em nossa sociedade, no entanto, não pode ser uma visão estritamente econômica — ela deve ser, antes, uma visão de afeto e de humanidade.

No Brasil, como sociedade, escolhemos duas principais maneiras de cuidar dos nossos idosos: saúde e previdência.

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Na saúde, temos uma importante mudança no perfil epidemiológico da população. Uma sociedade de jovens precisa mais de prontos-socorros, urgências e emergências.

Normalmente, quando o jovem precisa de atendimento, seja por uma doença infecciosa ou por uma causa externa (violência e acidentes de trânsito, por exemplo), a situação é aguda e requer atenção imediata.

O idoso, porém, normalmente é um paciente crônico.

No Brasil, metade da população com mais de 65 anos apresenta duas ou mais doenças crônicas, como diabetes, hipertensão ou doenças degenerativas, condições que, em geral, requerem medicação e acompanhamento constante.



O objetivo não é que esse paciente seja curado — a Medicina, infelizmente, ainda não permite isso — mas que possa viver uma vida plena apesar delas.

Para isto, a atenção à saúde precisa ser integrada em uma cadeia de cuidado que inclua um zelo mais presente e mais humanizado no dia a dia deste paciente, ajudando-o com o manejo de sua condição clínica, mas que possa atendê-lo com os cuidados diferenciados de que precisa na atenção hospitalar.

A nova assistência precisa, também, incluir a questão dos cuidados paliativos, para que se possa oferecer conforto e humanização aos pacientes nos últimos momentos de suas vidas.

Porém, também precisamos cuidar da questão da Previdência. A discussão atual no Congresso Nacional é extremamente oportuna e absolutamente necessária para garantir o bem-estar dos idosos no futuro. Não é mais possível, que, como sociedade, continuemos a ter adultos aposentados em plena capacidade produtiva.

Os idosos brasileiros dependem de seus talentos e suas contribuições para que o país permaneça sustentável.

Também não é razoável que haja uma assimetria entre aposentados no setor público e no privado. O formato atual significa que os quase um milhão de servidores da União, menos de 3% do total de aposentados, são responsáveis por mais de 33% do déficit da Previdência, no que é, sem dúvida, o maior programa de concentração de renda do país.

As mudanças de que o país precisa para cuidar adequadamente dos idosos são urgentes. Não haverá recursos — inclusive para cuidar da saúde dos mais velhos — se, como país, não nos endereçarmos à questão da Previdência com equilíbrio e justiça. É bom lembrar que aqueles de nós que tiverem sorte também serão idosos um dia. Cabe a nós prepararmos o Brasil para que possa cuidar adequadamente dos idosos do futuro.

Francisco Balestrin