quarta-feira, 20 de maio de 2020

Sob ordens do 'capitão'

Sigam-me os que forem brasileiros!
Marechal de Exército Luiz Alves de Lima e Silva, Marquês de Caxias, na batalha de Itororó

Quando ele tiver de se explicar

No dia ainda incerto, mas infalível, em que Jair Bolsonaro se sentar no banco dos réus, veremos se usará a tática a que se habituou no poder para se impor numa discussão —silenciar seus interlocutores cortando-lhes a palavra e repetindo aos gritos seus bordões, como “Chance zero!”, “Ponto final!”, “Caso encerrado!”, “Próxima pergunta!”, “O recado está dado!”, “Cala a boca!” e “E daí?”.


A Justiça não se contentará com uma argumentação tão lacônica. Bolsonaro terá de responder extensivamente sobre os episódios em que violou a Constituição, estuprou as instituições, acusou sem provas, jogou o povo contra o Congresso e o STF, botou órgãos de Estado a seu serviço, encobriu sujeiras dos filhos e dos asseclas, mentiu compulsivamente, agrediu minorias e promoveu o desmoronamento da nação com seu ministério de celerados. O crime de mandar os humildes para a morte, exortando-os a sair de casa em plena pandemia, talvez tenha de ser julgado por um tribunal com sede na Holanda.

Será fascinante seguir Bolsonaro pela TV, defendendo-se no julgamento com seu vocabulário indigente, português estropiado, expressões chulas, sotaque caipira, estoque de palavrões e abuso de taoquêis. E mais ainda porque, apesar de velho político, ele nunca fora contestado para valer —como deputado de quinta, ninguém perdia tempo com ele e, presidente, achava-se poderoso demais para discutir.

Condenado em várias instâncias, mas à espera de que se esgotem os recursos, Bolsonaro, como ex-presidente, deverá ter direito a uma sala de Estado Maior num quartel da Polícia Federal.

Talvez, então, ele já terá sido abandonado por seus seguidores. Aqueles que, nos áureos tempos, exerciam em seus ataques aos opositores um laconismo igual ao do chefe: “Lixo!”, “Chega de mimimi!”, “Simples assim!”, “Entendeu ou quer que desenhe?” e “Aceitem que dói menos!”.

A queda

Era 10 de março de 2020. Naquele dia, as bolsas desabaram, os circuit breakers foram acionados: no Brasil, mais de uma vez. Era a semana em que os mercados internacionais – e o brasileiro, em parte – começaram a se dar conta da dimensão da crise econômica que resultaria da pandemia. Lembro de ter dito, quando as perspectivas ainda eram de crescimento do Brasil em 2020, que o País provavelmente sofreria a maior recessão da história. De lá para cá, passaram-se dois meses. Foram dois meses em que as projeções para o PIB brasileiro rapidamente convergiram para o quadro recessivo com o qual hoje nos debatemos. Dois meses é muito pouco tempo para uma virada tão abrupta, o que revela o tamanho do precipício.

Esta semana, Kristalina Georgieva, a diretora-gerente do FMI, afirmou já estarem desatualizadas as projeções para o encolhimento do PIB global feitas há pouco mais de um mês. Na ocasião, em meados de abril, o FMI afirmou que a economia mundial sofreria retração inédita de 3% esse ano. Já será pior. Recentemente, o Congressional Budget Office, instituição fiscal independente que funciona no Congresso americano, destacou que o PIB dos EUA deverá sofrer queda de 11% no segundo semestre. Tal queda é de uma ordem de magnitude superior a tudo o que aconteceu durante a crise financeira de 2008, o que dá a dimensão dessa crise. A destruição já é evidente nos empregos perdidos e nas portas que se fecham. Livrarias, restaurantes, lojas de rua. De súbito, bairros na região onde moro ficaram irreconhecíveis, assim como o ritmo da vida.


No Brasil tudo é mais dramático e trágico. O presidente afronta o vírus semana sim, outra também. Brinca com a natureza e com a vida das pessoas de forma irresponsável, inconsequente. Nos seus atos revela não apenas ignorância, mas desprezo – desprezo pelas pessoas, por todo um país. Falta-lhe quase tudo, mas sobretudo a capacidade de se deixar afetar pelo sofrimento causado tanto pela doença quanto pela queda brutal que marcará esse ano como o pior da história. Ao seu ministro da Economia, também falta muito. Dia desses ele dizia que, se uma pessoa sã quiser sair às ruas e correr o risco de se contaminar, esse é um direito dela. O ministro esqueceu que, se essa pessoa se contaminar, ela põe em risco a vida de outras pessoas, logo, seu direito de ir e vir não deve ser irrestrito. E, evidentemente, ninguém consegue identificar a olho nu quem está infectado e quem não está.

O Brasil de Bolsonaro está espantando o mundo ao se revelar vil de modo tão banal. Está conseguindo espantar o mundo mesmo com a angústia generalizada, o que é um feito impossível de exagerar. Não faz muitos anos, fomos exemplo no combate à inflação, no combate à pobreza, nas políticas de preservação do meio ambiente, na redução das desigualdades, ainda que tenhamos permanecido profundamente desiguais. Já demos contribuições importantes para o debate público global. Se por um lado permanecíamos profundamente desiguais, nossa rede de proteção social, criada nos anos 1990 e ampliada nos anos 2000, já foi alvo de elogios e estudos, além de tentativas por parte de outros países de construir algo semelhante. A nossa é uma queda inestimável.

Hoje, somos um país esgarçado e desgraçado por vontade própria – a culpa nossa mesmos. Brevemente, estaremos disputando com os Estados Unidos o primeiro lugar entre os países mais afetados pela epidemia, porém, com uma população mais vulnerável e mais pobre. Brevemente, seremos vistos como o país que mais falhas cometeu no combate à epidemia, que mais deixou exposta a sua população, que mais atrocidades fez ao decidir desdenhar do vírus, investidor em curas contestadas pela ciência, por fazer buzinaços e carreatas em frente aos hospitais, onde pessoas padecem do mal que o presidente insiste em diminuir.

A queda de nosso PIB em 2020 será gigantesca, ainda que a real magnitude seja difícil de antever. As dezenas de milhões de pessoas que serão lançadas ao desemprego estarão visíveis, a despeito do descaso presidencial. Mas a queda maior? A queda mais dolorosa? É a de testemunhar a crise humanitária e nela enxergar a nossa mais profunda falência e decadência como sociedade.

Enquanto o coronavírus mata, Bolsonaro conta piada

No dia em que pela primeira vez o número de mortos com Covid-19 no Brasil passou de mil em 24 horas, o presidente da República, em entrevista virtual concedida a partir da biblioteca do Palácio da Alvorada, resolveu contar uma piada e ele mesmo riu muito dela: “Quem for de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma Tubaína".

Cloroquina é a droga receitada pelo presidente para tratar doentes com coronavírus. Não há comprovação científica de que ela funcione, mas ele mandou que o Exército a produzisse em larga escala. Tubaína é um refrigerante de baixo custo à base de guaraná. Jair Bolsonaro é o presidente mais estúpido e ignorante da história do Brasil.

O mundo em que ele vive não gira em torno do Sol. Não tem vida inteligente nem seres sensíveis. As espécies são as mais rudimentares. Chafurdam em pântanos que exalam odores apodrecidos e venenosos. Não sobrevivem por muito tempo. Mas enquanto duram, tentam capturar e destruir os seus semelhantes. O planeta da morte.

Em menos de dois meses, o número de brasileiros vítimas fatais do coronavírus ultrapassará, hoje, a casa dos 18 mil. E o de infectados poderá chegar a 300 mil. A soma dos mortos já é maior do que a população de mais da metade dos municípios do país. O Brasil é o terceiro país com mais casos confirmados da doença e avança célere para a vice-liderança.

O fato é que o Brasil perdeu a luta contra o Covid-19. Como poderia ganhar com um presidente da República que se recusou a lutar? Bolsonaro foi o maior aliado do vírus quando ele apareceu por aqui em meados de março último. E continua sendo aliado. Não parece possível que ao cabo da pandemia seja absolvido por crime tão monstruoso e premeditado.

Quantas vezes você já o ouviu dizer: "Fiquem em casa, se protejam, é uma doença perigosa"? Nunca disse. Parece absurdo, mas ele nunca disse. Quantas vezes você ouviu Bolsonaro lamentar as mortes? Duas ou três vezes, se tanto. E sempre de maneira apressada. Quantas vezes você o ouviu dizer: "Precisamos salvar a Economia". Ah, dezenas!

São poucos no mundo os chefes de Estado que se comportam dessa maneira. Conta-se nos dedos de uma mão o número deles. Bolsonaro é um dos dedos. E é também o mais importante dado ao tamanho do país que preside, e ao tamanho de sua população. É por isso que o mundo olha para o Brasil com assombro e não quer acreditar no que vê.

Como foi possível a eleição de um tipo tão primitivo como é Bolsonaro? Como é possível que os militares batam continência para ele e o apoiem com entusiasmo depois de tê-lo afastado do Exército no passado por indisciplina e conduta antiética? Até quando esse sujeito se manterá no poder apesar de todo o mal que causa ao país?

O que ele fez de bom até aqui? Cite algo de bom destinado a ficar na história como uma marca do governo Bolsonaro. E não se diga que foi por falta de tempo. Quinhentos e poucos dias são suficientes para que se avalie o que um governante será capaz de fazer de bom ou de mal por seu país. Que boa herança se desenha no horizonte?

Continência para o Brasil verde-oliva


Presidente português no supermercado que surpreende mais o resto do mundo

Não há ninguém mais popular em Portugal que seu presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, o Professor. Desde que ganhou as eleições por maioria absoluta, em janeiro de 2016, sua popularidade nunca minguou. Sua fórmula é agir como ele é: um político habituado a dar abraços, falar com todos e pôr as pessoas de acordo. Sua campanha eleitoral foi a mais barata de todas, e sua equipe cabia em um carro que, frequentemente, era dirigido por um filho dele.

Nunca habitou o palácio de Belém, sede da presidência, pois prefere continuar em sua casa de toda a vida, em Cascais. Ali, diariamente ―exceto durante a pandemia―, faça frio ou calor, toma um banho de mar às 8h da manhã e se seca tranquilamente na areia enquanto turistas ou jovens nativos aproveitam para fazer uma selfie. Geralmente é o próprio Rebelo de Sousa quem pega o celular dos fãs para tirar a foto, pois é quem tem mais prática. Em Portugal, se diz que, depois de cinco anos todos os portugueses já deverão ter uma foto com seu presidente.

Nós vamos ultrapassar esta pandemia e os efeitos económicos e sociais este ano, no ano que vem, nos anos próximos. E eu cá estarei, e cá estaremos todos, porque isto é um espírito de equipa que se formou e que nada vai quebrar. Cá estaremos este ano e nos próximos anos a construir um Portugal melhor
Marcelo Rebelo de Sousa.
No sábado passado ele foi ao supermercado. Talvez lhe faltassem iogurtes bifidus, que adora, ou sabão para a máquina de lavar roupa. Então se pôs na fila do Continente (a rede de supermercados), com sua máscara e seu short azul-celeste, um de seus preferidos. Sua presença não causou nenhuma surpresa entre os cidadãos, acostumados a esse tipo de comportamento por parte de Marcelo de Sousa, hoje numa fila do supermercado, ontem servindo refeições a indigentes. Mas no exterior a imagem parece ter surpreendido, tanto que foi amplamente reproduzida no Twitter.

A Internet da vizinha Espanha se mostrou especialmente surpresa ao descobrir que um presidente pode ir às compras com esse estilo. A foto em questão, por exemplo, conseguiu milhares de retuítes e reações em poucas horas, a grande maioria da Espanha. Muitas outras contas retomaram a imagem nas últimas horas, acumulando mais reações.

Fundador do partido centrista PSD, católico, torcedor do Braga, comentarista nas mesas-redondas televisivas, Rebelo de Sousa decidirá em breve se disputa a reeleição, mais do que garantida, ou se aposenta para cumprir uma de suas promessas: assistir a doentes nos cuidados paliativos de hospitais.

Quando o país era sério...

A partir do momento em que a gripe (espanhola) se instala, a atitude do governo brasileiro, de uma maneira geral, foi muito mais propositiva do que a nossa atitude agora. Não existia o ministro da Saúde, portanto as atitudes eram centralizadas na figura do presidente. E os presidentes no Brasil (da época) acabaram se transformando em líderes nesse sentido, assim como os cientistas
Lilia Schwarcz, historiadora e antropóloga.pandemia da gripe espanhola em 1918-1920

Para os bolsonaristas, o melhor é já irem se acostumando

O presidente Jair Bolsonaro tem mais o que fazer do que se preocupar com o coronavírus que já matou quase 17 mil pessoas e infectou 254 mil; o índice de desmatamento na Amazônia, o maior registrado nos últimos 10 anos no mês de abril; a dificuldade enfrentada por donos de pequenos negócios de acesso a linhas de crédito especiais. Mesmo a escolha de um novo ministro da Saúde, o terceiro em pouco mais de 500 dias de governo, pode esperar.

No momento, são duas as prioridades de Bolsonaro: preparar-se para defender seu mandato ameaçado por um processo de impeachment; e salvar a pele do seu filho Flávio, investigado sob a suspeita de que embolsou parte do salário dos funcionários de seu gabinete à época em que era deputado estadual no Rio. Foi para ajudar a carreira política dos filhos que ele se lançou candidato a presidente. Uma vez eleito, imaginou que o futuro deles estava garantido.

Um amigo de Bolsonaro, que ele chama de Fred, ouviu seu desabafo na noite da vitória, em 28 de outubro de 2018: “Estou fodido”. Em seguida, o presidente começou a chorar. Fred não sabe dizer se o desabafo e o choro tinham a ver com a situação de Flávio, avisado por um delegado da Polícia Federal de que em breve viria a público a história do esquema da rachadinha comandado por ele e Queiroz. Ou se tinham a ver com o despreparo de Bolsonaro para governar.


É possível que o interesse de Bolsonaro em controlar a Polícia Federal tenha nascido depois da operação que, em 8 de novembro daquele ano, prendeu 10 deputados colegas de Flávio, acusados de corrupção. Eleito senador, Flávio escapou ileso. Mas nem tanto. Virou um grande problema para o pai, só menor do que o outro filho, Carlos, vereador, o mais instável deles. Sempre que Carlos entra em crise, o pai teme que ele possa cometer um tresloucado gesto.

Filhos acima de tudo, só abaixo do medo do pai de não completar o mandato. Até porque, sem o pai, eles não seriam nada. Às favas todos os escrúpulos, o que não fará tanta falta a Bolsonaro. Seus eleitores que o perdoem por esquecer a promessa de jamais ceder cargos públicos em troca de votos para governar. Não se trata mais do toma-lá-dá-cá para aprovar no Congresso projetos do governo. Trata-se impedir que o governo acabe antes da hora.

Na semana passada, para delírio dos bolsonaristas de raíz, Abraham Weintraub, ministro da Educação, teve o desplante de proclamar que não cederia cargos sob o seu comando para saciar o apetite de políticos fisiológicos. Deu a entender que se fosse obrigado a fazer isso, iria embora. Pelo visto, alguém lhe deu um toque e Weintraub recuou. O cargo de diretor de Ações Educacionais passará a ser ocupado por um nome indicado pelo Partido Liberal (PL).

A diretoria de Ações Educacionais é responsável por alguns dos programas mais importantes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Tem um orçamento de mais de R$ 50 bilhões. Cuida da compra de livros didáticos, merenda e transporte escolar. O PL indicou um nome sem nenhuma experiência na área de educação – o advogado Garigham Amarante Pinto, ex-assessor do deputado Wellington Roberto, líder do partido, que por sua vez.

Wellington Roberto é o homem de confiança de Valdemar Costa Neto, ex-presidente do partido, mas, na prática, o dono do PL. Costa Neto ganhou fama quando vendeu por R$ 6 milhões o apoio do partido à eleição de Lula para presidente em 2002. A fama cresceu quando ele foi condenado e preso no caso do mensalão do PT. Da Penitenciária da Papuda, em Brasília, continuou mandando no partido e negociou cargos com Dilma Rousseff.

Melhor para os bolsonaristas já irem se acostumando. Para o bem de Bolsonaro e dos seus filhos, o leilão de cargos está mal começando.

Militares no poder

No mesmo dia em que chegamos ao trágico recorde de mil mortes por dia devido à Covid-19, nada mais exemplar da militarização do governo Bolsonaro do que o General Eduardo Pazuello, exercendo a função de ministro interino da Saúde, ter assinado o novo protocolo que autoriza a utilização da cloroquina no tratamento inicial da doença. 

Uma decisão polêmica, que não possui suporte técnico de credibilidade para ser adotada. A cloroquina provoca efeitos colaterais graves, como arritmias que podem ser fatais, e não se mostrou eficaz em vários testes já realizados em diversas partes do mundo. 

O General Pazuello assumir a responsabilidade de autorizar prescrições médicas temerárias demonstra que as vontades do presidente Bolsonaro já não têm barreiras para contê-las, mesmo perigosas. 


Por mais competente que o General seja na questão de logística, o que justificou sua chegada ao ministério na gestão de Nelson Teich, não é sério um país que coloca um leigo em seu ministério da Saúde para fazer o que dois ministros técnicos da área se recusaram a fazer por motivos éticos, no momento em que vivemos a maior pandemia em um século. 

Para corroborar a ideia de que os militares aderiram sem restrições à marcha da insensatez de Bolsonaro, o General de Exército Luiz Eduardo Ramos, que ocupa a chefia da Secretaria de Governo, participou da manifestação de domingo na rampa do Palácio do Planalto, e teve o braço levantado para a aglomeração pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, assumindo a condição de político, embora seja um general da ativa. 

Nada menos que 2.897 militares integravam em março o governo Bolsonaro, dos três ramos das Forças Armadas, número que pode ter crescido exponencialmente, como o de infectados pela Covid-19, pois somente ontem o General Pazuello levou nove militares para trabalharem com ele no ministério da Saúde. 

O presidente Bolsonaro não dá a impressão de que tenha um nome para indicar para a Saúde, pois os que são especulados trariam para o governo uma dose a mais de insensatez ideológica talvez exagerada, principalmente quando temos uma crise tripla na saúde, na economia e na política. 

A mesma militarização ocorre nos segundo e terceiro escalões dos demais ministérios, especialmente nos oito em que militares estão à frente. A presença de militares no governo encontra ainda um problema administrativo sério no que se refere ao salário. 

O limite para vencimentos dos servidores públicos é de R$ 39 mil, e o ministério da Defesa reivindica que o teto constitucional seja aplicado separadamente sobre os rendimentos daqueles que recebem, além do salário de carreira, uma gratificação pela função que exercem. 

Esse acúmulo de salários encontrou respaldo na Advocacia-Geral da União (AGU), alegando que há precedentes nos poderes Legislativo e Judiciário e, portanto, "a partir de seus efeitos no Poder Executivo”, seria mantida a isonomia entre os poderes. A reivindicação foi suspensa com a chegada da pandemia, mas está no ar a discussão. 

Há indicações de que o presidente Bolsonaro gostaria de manter o General Pazuello no ministério, mas encontra resistência entre seus conselheiros militares, que temem que a crise da Covid-19 caia no colo dos militares caso isso aconteça. Uma preocupação despicienda depois de tudo o que está acontecendo, na área e fora dela. 

Os militares sempre defenderam a tese de que não existem ministros militares, mas ministros que têm origem militar, assim como outros são engenheiros, advogados, ou mesmo políticos. Mas o fato de que, assim como o PT aparelhou o governo nos seus 15 anos com sindicalistas e políticos fisiológicos do centrão, Bolsonaro esta aparelhando o seu com o mesmo tipo de políticos e militares, e eles não podem mais se escusar de fazer parte de um governo populista de baixa qualidade técnica e moral.