sexta-feira, 11 de setembro de 2015
Sem mapas para enfrentar o curto prazo e o futuro
As nações precisam de dois mapas de voo: para enfrentar as dificuldades de curto prazo e para orientar os rumos históricos em direção ao futuro. Nós estamos sem qualquer desses dois mapas e com os pilotos sem credibilidade pelos equívocos na condução da economia e pelas falsas promessas na campanha, além de incompetência na formulação dos ajustes necessários para corrigir os próprios erros.
As notícias desses últimos meses mostram o governo quebrado e desorientado. O ministro da Fazenda passa a ideia de que não sabe o que deve ser feito, e a presidente da República, de que não sabe o que quer que seja feito. E a população e os parlamentares não parecem dispostos a pagar o preço pelo enfrentamento dos problemas imediatos e muito menos pela construção de um país eficiente, justo, sustentável, saudável.
A sensação é a de que, sob os olhares passivos da população e suas lideranças, o governo conduziu o Brasil para a recessão e a quebra das finanças públicas, sem definir os rumos para o futuro desejado. Parecemos ter optado pelo caminhar sem direção, sem mapa, sem escolher os caminhos, apenas levando os problemas com pequenos arranjos e ajustes improvisados.
Há décadas agimos sem projeto de longo prazo, pensando apenas nos benefícios para cada um ou cada grupo, no imediato. Preferimos consumir logo, mesmo sacrificando a poupança para o futuro; optamos por aposentadorias ainda jovens, mesmo ao risco de não haver dinheiro para pagá-las quando chegarmos à velhice; aceitamos ser o celeiro de alimentos do mundo, sem cuidar de sermos uma economia produtora de bens de alta tecnologia.
Por isso, apesar de todos os nossos imensos recursos, chegamos ao 193º aniversário de nossa Independência como um país de baixa renda per capita, campeões de concentração de renda e desigualdades social e regional, um país pobre especialmente na educação, na ciência e na tecnologia; despreparados politicamente para construirmos o Brasil que queremos, ou mesmo para definirmos o rumo do que queremos no longo prazo da história futura de nossa nação.
Se fosse uma empresa, o Brasil teria de pedir concordata: substituir diretores, vender patrimônio, renegociar dívidas, reduzir salários, demitir trabalhadores, parar todos os investimentos. Como ele não é empresa, a Constituição impede de tomar quase todas essas medidas, deixando o país quebrado e sem mapa.
No período de poucas horas, a presidente Dilma determinou e voltou atrás no adiamento de parte do 13º salário dos aposentados, lançou e recuou na recriação da CPMF, anunciou a redução de dez ministérios, e não disse quais; e, sobretudo, enviou ao Congresso, pela primeira vez na história, uma proposta orçamentária com déficit primário de R$ 31,5 bilhões, R$ 367 bilhões se contarmos os compromissos com juros para 2016. A impressão é de improvisações e indecisões constantes. Faltam um comando político e um coordenador técnico.
As notícias desses últimos meses mostram o governo quebrado e desorientado. O ministro da Fazenda passa a ideia de que não sabe o que deve ser feito, e a presidente da República, de que não sabe o que quer que seja feito. E a população e os parlamentares não parecem dispostos a pagar o preço pelo enfrentamento dos problemas imediatos e muito menos pela construção de um país eficiente, justo, sustentável, saudável.
A sensação é a de que, sob os olhares passivos da população e suas lideranças, o governo conduziu o Brasil para a recessão e a quebra das finanças públicas, sem definir os rumos para o futuro desejado. Parecemos ter optado pelo caminhar sem direção, sem mapa, sem escolher os caminhos, apenas levando os problemas com pequenos arranjos e ajustes improvisados.
Há décadas agimos sem projeto de longo prazo, pensando apenas nos benefícios para cada um ou cada grupo, no imediato. Preferimos consumir logo, mesmo sacrificando a poupança para o futuro; optamos por aposentadorias ainda jovens, mesmo ao risco de não haver dinheiro para pagá-las quando chegarmos à velhice; aceitamos ser o celeiro de alimentos do mundo, sem cuidar de sermos uma economia produtora de bens de alta tecnologia.
Por isso, apesar de todos os nossos imensos recursos, chegamos ao 193º aniversário de nossa Independência como um país de baixa renda per capita, campeões de concentração de renda e desigualdades social e regional, um país pobre especialmente na educação, na ciência e na tecnologia; despreparados politicamente para construirmos o Brasil que queremos, ou mesmo para definirmos o rumo do que queremos no longo prazo da história futura de nossa nação.
Se fosse uma empresa, o Brasil teria de pedir concordata: substituir diretores, vender patrimônio, renegociar dívidas, reduzir salários, demitir trabalhadores, parar todos os investimentos. Como ele não é empresa, a Constituição impede de tomar quase todas essas medidas, deixando o país quebrado e sem mapa.
O gravíssimo pecado dos omissos
Os responsáveis pela crise brasileira podem ser classificados em três grupos principais. O primeiro inclui políticos, governantes e formadores de opinião que, numa rara e fecunda combinação de ignorância, incompetência e desonestidade, jogaram o país no abismo. O segundo é formado pelos que se beneficiando do governo concederam sucessivos mandatos a quem, diligentemente, conduzia o país de volta aos anos 80. Uniram-se no palco para a grande mágica petista: o país perde trinta anos em 13! O terceiro é o dos tão descontentes quanto omissos. Refiro-me à turma que não sai do sofá. Quando a água bate nas canelas, pegam as velhas listas telefônicas e sentam em cima. Estes últimos incorrem no gravíssimo pecado de omissão. Eu ficaria feliz se os ônus do que vem por aí incidisse, direta e pessoalmente, sobre cada um desses três grupos em vez de se repartir de modo tão injusto sobre o conjunto da população
2. OMISSOS!
É gravíssimo o pecado dos omissos no atual momento histórico brasileiro! O sujeito lê uma pesquisa e fica sabendo que quase 70% da população quer o impeachment da presidente e que ela conta com a confiança de menos de 8% da sociedade. Diante desses dados, em seu comodismo, ele se considera contado e se dá por representado. Naquela cabeça de cidadão omisso, o dado da pesquisa fala por ele. Representa-o.
3. TERCEIRIZAM O PRÓPRIO DEVER
Pouco importa se seu congressista, ou o Congresso inteiro, não o fazem. Pouco lhe interessa se o único assunto das lideranças com poder de fogo no parlamento é a formação de um "acordão" que mantenha tudo como está. Não o perturba a inconfiabilidade dos tribunais superiores. Ele terceirizou todas as suas responsabilidades cívicas. Ou o fez para as Forças Armadas, que não podem e não devem intervir fora das previsões constitucionais. Ou o fez para o juiz Sérgio Moro, como se o bravo magistrado e a sala onde trabalha não estivesse situada no andar térreo do enorme e pouco confiável edifício judiciário. A pachorra dos processos criminais contra personalidades do mundo político é simétrica à pachorra dos cidadãos omissos. E esta serve àquela.
4. MOBILIZAÇÃO OU CAOS
No entanto, o fio pelo qual pende esse trágico governo, só poderá ser rompido quando a mobilização do povo, fonte legítima de todo poder, alcançar proporções multitudinárias, se dezenas de milhões (e não centenas de milhares) forem às ruas, pacífica e ordeiramente, rugir de modo reiterado e insistente sua inconformidade para desestabilizar a quietude das instituições.
Uma das páginas mais aviltantes da nossa história está sendo escrita no tempo presente com as tintas da ignorância, da incompetência, da desonestidade e da omissão.
Percival Puggina
Fala sério, eles não são engraçados?
“O que dá pra rir, dá pra chorar, questão só de peso e medida, problema de hora e lugar, mas tudo são coisas da vida... O que dá pra rir, dá pra chorar...”
Renan saía de um jantar com governadores e outras doutas figuras de seu partido quando afirmou que para o PMDB, em primeiro lugar, vem o "dever de casa que é cortar despesas e dar eficiência ao gasto público".
Meninos, fiquei boquiaberta! Mas, como boa brasileira, aceitei o milagre e vibrei com a entrada do bom senso na cabeça do senador. Confesso que ainda pensei: “mais uma que devemos ao extraordinário médico do Recife que fez nascer cabelos na careca do senador. Vai ver aproveitou e deu uma sacudidela nos neurônios do alagoano que, livres da poeira de anos, passaram a pensar melhor”.
Passou rápido minha fé no tratamento pois logo em seguida li duas coisas estarrecedoras: a troca da frota de veículos usados pelos senadores, assim como a colocação de um novo carpete azul pavão no Plenário e no Salão Azul onde os membros do Senado Federal nos favorecem com seus discursos inflamados e... inflamados.
Não é pouca coisa a troca dos carpetes. São quase quatro mil metros quadrados de tapetes, com muita mão de obra. A um precinho simpático: R$550 mil. Mas era imprescindível pois – copio do portal do Senado – havia “necessidade de uma apresentação compatível com a importância da Instituição Senado Federal”.
Já os carros oficiais serão trocados porque os atuais Renault Fluence têm dois anos de uso! Sou péssima em contas portanto peço a um leitor de alma generosa que faça as contas para mim: quantos dias por ano um senador usa seu carro oficial em Brasília (não se esqueça, leitor amigo, das férias)?
Quantos carros são ao todo? Sei que temos 81 senadores, mas Renan tem direito a dois carros por motivos “nunca dantes navegados”, como diria Camões. Fora os carros da segurança dos senhores senadores, sempre tão ameaçados.
Será que os carros novos, Nissan Sentra, durarão mais do que os Renault Fluence? Eu ia dizer os velhos Renault, mas o grilo falante que habita minha cabeça me impediu de chamar de velhos um carro com dois anos de uso.
Mas não é só o Legislativo que é engraçado. No Executivo temos Joaquim Levy, que chegou ao governo Dilma precedido por um mantra ecoado de Norte a Sul, “Agora Vai!”. Só que não deu uma dentro. E nunca foi tão curioso como nos últimos dias em Paris.
É verdade que Paris mexe com nossa cabeça. Uma caminhada ao longo do Sena é um perigo! Um sorvete no Bertillon pode mudar nosso destino. Isso é sabido. Mas a ponto do ministro da Fazenda deste Brasil tão estropiado dizer, diante da nota vermelha do S&P, que seu ministério não falhou: “A gente tem dado diagnóstico transparente, verdadeiro e agora as pessoas têm de tomar a sua responsabilidade. O governo deve cortar mais do que já cortou, mas (a população) tem de ter a disposição de fazer um sacrifício maior para todo mundo poder voltar a ver a economia crescendo”, isso foi um pouco demais.
Lá ele declarou que nós pagamos menos IR que muitos países e que isso não pode continuar. Onde já se viu uma coisa dessas? A sociedade brasileira quer continuar com essa vida farta: boas estradas, boas escolas, serviços de saúde de primeiríssimo mundo, moradias populares e esgoto sanitário em todos os municípios, transportes que cruzam o país? Que façam um sacrifício, ora vejam!
Quando dona Dilma o nomeou ministro, achei que não ia dar certo: eram de mundos opostos. Que nada! Foram feitos um para o outro!
Só mesmo cantando com Billy Blanco:
Reforma política fake e o velho truque de 'mudar para nada mudar'
Em meio ao barata voa da conjuntura nacional, o Congresso aprovou esta semana a tão propalada (durante a campanha eleitoral) reforma política. Mas em versão para inglês ver. Tirando o fim da reeleição, ainda a ser votada no Senado, e que nos faz retroagir a como era antes de 1997, a dita reforma nada reforma de essencial. Reforça, antes, o velho bordão brasileiro de ‘mudar para nada mudar’. O sistema eleitoral resta intacto e o financiamento empresarial de campanha foi aprovado ou “constitucionalizado”, medida que segue agora para sanção de Dilma.
Mas pelo visto não há incômodo algum para a maioria dos Congressistas. Apenas aquele medido por seguidos levantamentos de opinião e que aponta um profundo grau de descrédito da política em geral no Brasil. Quase oito em cada dez brasileiros rejeitam os partidos atuais e menos de 1% da população confia neles. Em termos de confiança nas instituições, os partidos estão na lanterna, atrás de Igreja (43% confiam), Forças Armadas (19,2%), Imprensa (13,2%), Justiça (10,5%), Polícia (8,9%) e Governo (2%), de acordo com pesquisa CNT/MDA de julho. O que pensar disso?
Depois das manifestações de junho de 2013, de uma campanha presidencial na qual os principais candidatos enfatizaram a necessidade de uma reforma profunda e das seguidas pesquisas de opinião que mostram um pico de rejeição aos partidos em geral, o Congresso não conseguiu parir, sequer, um rato. Os parlamentares não se mostraram interessados em encarar de frente a grave crise de representatividade que assola o sistema político; a nau parlamentar, fragmentada em 28 legendas, decidiu não embicar para lugar algum. Ou melhor: o país segue sua travessia, em círculos.
Depois de tantos escândalos, e de a corrupção se tornar a segunda preocupação nacional, conforme pesquisas de opinião, o Congresso não conseguiu levar a discussão sobre financiamento de campanhas em termos a pelo menos sinalizar para o público mais geral que existe algum tipo de incômodo real em relação ao sistema político atual. Problema do qual a relação empresas/dinheiro/partidos certamente faz parte.
Mas pelo visto não há incômodo algum para a maioria dos Congressistas. Apenas aquele medido por seguidos levantamentos de opinião e que aponta um profundo grau de descrédito da política em geral no Brasil. Quase oito em cada dez brasileiros rejeitam os partidos atuais e menos de 1% da população confia neles. Em termos de confiança nas instituições, os partidos estão na lanterna, atrás de Igreja (43% confiam), Forças Armadas (19,2%), Imprensa (13,2%), Justiça (10,5%), Polícia (8,9%) e Governo (2%), de acordo com pesquisa CNT/MDA de julho. O que pensar disso?
Depois das manifestações de junho de 2013, de uma campanha presidencial na qual os principais candidatos enfatizaram a necessidade de uma reforma profunda e das seguidas pesquisas de opinião que mostram um pico de rejeição aos partidos em geral, o Congresso não conseguiu parir, sequer, um rato. Os parlamentares não se mostraram interessados em encarar de frente a grave crise de representatividade que assola o sistema político; a nau parlamentar, fragmentada em 28 legendas, decidiu não embicar para lugar algum. Ou melhor: o país segue sua travessia, em círculos.
Nota baixa
Algaravia é uma tremenda duma palavra feia. Mas existe. E se existe podemos, então, usá-la.
Segundo os dicionários, algaravia é uma confusão de vozes, linguagem confusa, embrulhada. Algo assim como um discurso de Cantinflas, aquele cômico mexicano que recitava longas algaravias, recheadas de muitas palavras e nenhum sentido.
O rebaixamento do grau de investimento do Brasil pela agência de risco Standard & Poors provocou uma tremenda algaravia nas hostes de governistas e assemelhados próximos ou distantes.
A primeira voz, claro, é do condestável da República, o Grande Timoneiro Lula, que é ao mesmo tempo inventor e sustentáculo do governo Dilma e mentor da “oposição por dentro” aos apertos orçamentários que ela precisa mas não consegue fazer.
Lula disse que o rebaixamento da nota do Brasil pela S&P “não significa nada”. Quando a S&P deu o grau de investimento ao Brasil em 2008, ele mesmo disse que estavam dando ao Brasil um “atestado de país sério’. Quando foi que ele falou bobagem: ontem ou em 2008? Não éramos sérios antes ou não somos agora?
Mas o diz-e-depois-desdiz de Lula não significa nada, diante do histórico de contradições que compõem sua trajetória de metamorfose ambulante.
Significativo é que a declaração de Lula tenha sido feita num momento em que ele estava em Buenos Aires ao lado de Cristina Kirchner, a presidente da Argentina, simbolizando que o caminho para a “argentinização” da nossa economia talvez esteja mais perto do que possa imaginar a nossa vã filosofia.
Nelson Barbosa, o ministro do Planejamento, disse que a decisão da agência de risco foi “uma surpresa”. Parece que todos sabiam, menos o ministro que planeja.
A algaravia ganhou a participação especial do heroico ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chamado a dar explicações sobre o rebaixamento da nota do Brasil ao Jornal da Globo, ancorado por William Waack, que o bombardeou com perguntas incomodamente pertinentes.
Levy, com aquele olhar levemente vagotônico de quem não entende bem como é que foi parar no meio de um governo sem eira nem beira, onde é visto como uma borboleta num formigueiro, se pôs a recitar algumas banalidades, tipo:
“A baixa popularidade é uma possibilidade de aumentar ela”. Ou: “O rebaixamento (da nota) do Brasil é apenas uma avaliação". Ou ainda: (A Operação Lava Jato) é uma coisa bacana do Brasil”.
Mas essas não foram as frases mais chocantes de Levy. Para o dia seguinte ao do programa da Globo, ele guardou a iguaria mais fina:
“Os brasileiros devem encarar o aumento de impostos como um investimento”.
Essa frase foi demasiada até para um extraterrestre como Joaquim Levy, tanto que ele nem tentou dar-lhe um sentido. Limitou-se a dizer que “o país agora precisa trocar a fiação" e que o governo vai tomar algumas medidas até o fim do mês. Quais medidas? Um mistério.
O governo está estudando aumentos de impostos que não tenham que passar pelo Congresso, simplesmente porque pelo Congresso não passariam. Nem Renan Calheiros nem Eduardo Cunha, presidentes das duas casas do Legislativo, querem ter algo a ver com as desgraças econômicas do País, embora parte da responsabilidade pela aprovação de projetos arrasa-quarteirão dos cofres públicos tenha que ser dividida com eles.
Também do Congresso, que ultimamente tem produzido mais escuridão do que luz, veio o protesto do deputado petista José Guimarães, líder do governo na Câmara, que não levou a sério o rebaixamento da nota do Brasil “por aquela agenciazinha lá do fim do mundo”. (Nota: Jose Guimarães nasceu em Quixeramobim).
Mas do meio da tremenda algaravia produzida pela nota da Standard & Poors (que no dia seguinte, por sinal, rebaixou também a classificação da Petrobras), o silêncio que se tornou mais eloquente foi o da presidente Dilma. Um silêncio ensurdecedor.
Segundo os dicionários, algaravia é uma confusão de vozes, linguagem confusa, embrulhada. Algo assim como um discurso de Cantinflas, aquele cômico mexicano que recitava longas algaravias, recheadas de muitas palavras e nenhum sentido.
A primeira voz, claro, é do condestável da República, o Grande Timoneiro Lula, que é ao mesmo tempo inventor e sustentáculo do governo Dilma e mentor da “oposição por dentro” aos apertos orçamentários que ela precisa mas não consegue fazer.
Lula disse que o rebaixamento da nota do Brasil pela S&P “não significa nada”. Quando a S&P deu o grau de investimento ao Brasil em 2008, ele mesmo disse que estavam dando ao Brasil um “atestado de país sério’. Quando foi que ele falou bobagem: ontem ou em 2008? Não éramos sérios antes ou não somos agora?
Mas o diz-e-depois-desdiz de Lula não significa nada, diante do histórico de contradições que compõem sua trajetória de metamorfose ambulante.
Significativo é que a declaração de Lula tenha sido feita num momento em que ele estava em Buenos Aires ao lado de Cristina Kirchner, a presidente da Argentina, simbolizando que o caminho para a “argentinização” da nossa economia talvez esteja mais perto do que possa imaginar a nossa vã filosofia.
Nelson Barbosa, o ministro do Planejamento, disse que a decisão da agência de risco foi “uma surpresa”. Parece que todos sabiam, menos o ministro que planeja.
A algaravia ganhou a participação especial do heroico ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chamado a dar explicações sobre o rebaixamento da nota do Brasil ao Jornal da Globo, ancorado por William Waack, que o bombardeou com perguntas incomodamente pertinentes.
Levy, com aquele olhar levemente vagotônico de quem não entende bem como é que foi parar no meio de um governo sem eira nem beira, onde é visto como uma borboleta num formigueiro, se pôs a recitar algumas banalidades, tipo:
“A baixa popularidade é uma possibilidade de aumentar ela”. Ou: “O rebaixamento (da nota) do Brasil é apenas uma avaliação". Ou ainda: (A Operação Lava Jato) é uma coisa bacana do Brasil”.
Mas essas não foram as frases mais chocantes de Levy. Para o dia seguinte ao do programa da Globo, ele guardou a iguaria mais fina:
“Os brasileiros devem encarar o aumento de impostos como um investimento”.
Essa frase foi demasiada até para um extraterrestre como Joaquim Levy, tanto que ele nem tentou dar-lhe um sentido. Limitou-se a dizer que “o país agora precisa trocar a fiação" e que o governo vai tomar algumas medidas até o fim do mês. Quais medidas? Um mistério.
O governo está estudando aumentos de impostos que não tenham que passar pelo Congresso, simplesmente porque pelo Congresso não passariam. Nem Renan Calheiros nem Eduardo Cunha, presidentes das duas casas do Legislativo, querem ter algo a ver com as desgraças econômicas do País, embora parte da responsabilidade pela aprovação de projetos arrasa-quarteirão dos cofres públicos tenha que ser dividida com eles.
Também do Congresso, que ultimamente tem produzido mais escuridão do que luz, veio o protesto do deputado petista José Guimarães, líder do governo na Câmara, que não levou a sério o rebaixamento da nota do Brasil “por aquela agenciazinha lá do fim do mundo”. (Nota: Jose Guimarães nasceu em Quixeramobim).
Mas do meio da tremenda algaravia produzida pela nota da Standard & Poors (que no dia seguinte, por sinal, rebaixou também a classificação da Petrobras), o silêncio que se tornou mais eloquente foi o da presidente Dilma. Um silêncio ensurdecedor.
Paralisia e antoengano
Imaginem um navio parado naufragando lentamente. De longe se ouve a balbúrdia. Alguns marinheiros tratam de acionar as bombas, enquanto outros abrem buracos para entrar mais água. As ações são contraditórias. O navio fica mais ou menos na mesma. Contudo, o perigo de naufrágio continua iminente.
A atual conjuntura política no Brasil apresenta um quadro semelhante. O governo não naufraga, mas tampouco se recupera. Não naufraga pela falta de condições políticas para “finalizar” o mandato da presidente Dilma Rousseff. Nem se recupera pela sequência quase inacreditável de trapalhadas que produz.
Prosseguindo nas analogias marítimas, existem alguns no governo que parecem querer jogar a embarcação sobre as pedras. Resistem aos cortes, não dão importância à eventual perda do investment grade nem se mobilizam para atuar na linha do que todos desejam: recuperar o mais rapidamente possível a credibilidade econômica e fiscal.
Ao lado das trapalhadas políticas, o governo Dilma se sacrificou politicamente ao tomar medidas duras no campo dos preços administrados e na política cambial. No entanto, ao enfrentar o rombo fiscal, titubeou e está fugindo da raia. Mandou uma proposta orçamentária covarde. Poderá voltar atrás adiante.
Quando, dias atrás, o vice-presidente, Michel Temer, disse o óbvio – que governo nenhum resiste muito tempo com baixa popularidade —, houve uma grita exagerada. Não foi uma mensagem conspiratória. Foi, simplesmente, a constatação de uma realidade não reconhecida por muitos da alta cúpula.
O risco do autoengano é ainda pior porque as soluções que se apresentam tendem a mascarar o fato. Não há um pleno reconhecimento dos erros. Aqui e ali, de forma tímida e envolvida em muitos véus, surge um mea-culpa. Não convence. As soluções são parciais e mal embaladas. Agora o Planalto pretende aumentar os impostos sem mostrar o corte de gastos que todos esperam. E sem atacar algumas das questões estruturais, como os gastos com a Previdência Social.
Pouco mais de seis meses após a posse de Dilma, o governo envelheceu de forma irreversível. Para sobreviver terá que se reinventar. Elaborar um plano amplo de reestruturação ministerial. Adequar o ministério à base política e não ao contrário. Blindar áreas críticas com nomes acima de qualquer partidarismo. Dar força a uma política fiscal austera. Melhorar radicalmente o ambiente de negócios. Ampliar espaços para o investimento estrangeiro no país. E reafirmar o compromisso com a honestidade e a moralidade públicas.
A receita é simples. Duro é fazer. Governos e governantes devem saber dizer não aos interesses corporativistas. . Devem assumir seus erros e apontar novos caminhos. Não é o que ocorre. Ao contrário. As imagens projetadas e seus atos nos levam ao sentimento de que é preciso o país piorar muito para começar a melhorar.
Murillo de Aragão
O Brasil vai muito mal, mas a turma de Lula vai muito bem
Ao ex-presidente e milionário Luiz Inácio Lula da Silva (por suas palestras recebeu R$ 27 milhões em quatro anos, dos quais R$ 10 milhões de empresas sob investigação no Lava Jato) não faltarão contratos enquanto houver no mundo líderes autoritários, oportunistas e populistas que queiram eternizar seus paus-mandados no poder a qualquer custo.
O LulaShow está acontecendo agora na Argentina, onde a presidente Cristina Kirchner, com olhos postos nas próximas eleições presidenciais, segue dilapidando as já enfraquecidas contas públicas de seu país, para tentar emplacar no poder seu candidato, um político subserviente, o ex-governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli.
Não foi divulgada a informação sobre as condições do contrato de Lula para essa participação na campanha de Scioli. Mas como se noticia que vai passar alguns dias em Buenos Aires ajudando o candidato, pode-se imaginar que a remuneração promete ser das boas.
A não ser que tenha o ex-presidente passado mais recentemente a se inspirar na Madre Teresa de Calcutá e resolvido trabalhar de graça, em troca de um prato de lentilhas e um bife de chorizo.
Quando Lula anda por perto, a presidente Cristina Kirchner enche-se de entusiasmo. Ontem, por exemplo, criticou a insensibilidade de muitos países diante do drama dos refugiados sírios. Até que algum assessor tenha dado uma piscada, sugerindo a mudança de tema, pois milhares de colombianos estão sendo também expulsos da Venezuela, pelo aliado de Kirchner e Lula, o presidente Nicolás Maduro.
Lula, por sua vez, falou das conquistas econômicas e sociais do Brasil, sob a gestão do Partido dos Trabalhadores. Nenhuma palavra, porém, sobre o desastre dos últimos seis anos, que culminou ontem com a degradação dos títulos do Brasil no mundo financeiro internacional. Não falou também sobre o estouro de nossas contas públicas, nem dos altos níveis de desemprego, nem do aniquilamento do setor industrial.
O Brasil vai mal, muito mal, mas Lula e sua patota regional vão bem, muito bem!
Diário do Polder
O LulaShow está acontecendo agora na Argentina, onde a presidente Cristina Kirchner, com olhos postos nas próximas eleições presidenciais, segue dilapidando as já enfraquecidas contas públicas de seu país, para tentar emplacar no poder seu candidato, um político subserviente, o ex-governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli.
Não foi divulgada a informação sobre as condições do contrato de Lula para essa participação na campanha de Scioli. Mas como se noticia que vai passar alguns dias em Buenos Aires ajudando o candidato, pode-se imaginar que a remuneração promete ser das boas.
A não ser que tenha o ex-presidente passado mais recentemente a se inspirar na Madre Teresa de Calcutá e resolvido trabalhar de graça, em troca de um prato de lentilhas e um bife de chorizo.
Quando Lula anda por perto, a presidente Cristina Kirchner enche-se de entusiasmo. Ontem, por exemplo, criticou a insensibilidade de muitos países diante do drama dos refugiados sírios. Até que algum assessor tenha dado uma piscada, sugerindo a mudança de tema, pois milhares de colombianos estão sendo também expulsos da Venezuela, pelo aliado de Kirchner e Lula, o presidente Nicolás Maduro.
Lula, por sua vez, falou das conquistas econômicas e sociais do Brasil, sob a gestão do Partido dos Trabalhadores. Nenhuma palavra, porém, sobre o desastre dos últimos seis anos, que culminou ontem com a degradação dos títulos do Brasil no mundo financeiro internacional. Não falou também sobre o estouro de nossas contas públicas, nem dos altos níveis de desemprego, nem do aniquilamento do setor industrial.
O Brasil vai mal, muito mal, mas Lula e sua patota regional vão bem, muito bem!
Diário do Polder
Pequenas mordomias
Cortar dois dos três carrões de Renan não fará muita economia. Mas são milhares de carrões na administração
O presidente do Senado pode se hospedar no luxuoso Hotel Emiliano, em São Paulo, com diária base de R$ 2.236,50, paga pelos cofres públicos, e ali receber um empreiteiro ao qual pediu dinheiro para a campanha eleitoral de seu filho?
Para Renan Calheiros, não tem nada demais. Está dentro de suas prerrogativas institucionais. O senador confirmou que esteve com o empreiteiro Ricardo Pessoa no Emiliano; que pediu doação para a campanha de Renan Filho a governador de Alagoas; que recebeu o dinheiro (R$ 1 milhão) via diretório estadual do PMDB.
Negou a outra parte constante da delação premiada de Ricardo Pessoa. Segundo o empreiteiro, o dinheiro doado tinha sido desviado de um contrato para construção de Angra III e era uma espécie de pedágio pago ao PMDB.
Renan disse que não sabia nada disso e que a doação foi pedida e recebida legalmente.
Digamos que ele esteja falando a verdade. Resta no mínimo uma irregularidade e, com certeza, um desvio ético grave: com o dinheiro do Senado, do contribuinte, pois, o presidente se instala no caríssimo hotel para tratar com empreiteiros da campanha de seu filho. O fato de Renan não ter se preocupado com esse detalhe, quando negou a corrupção, mostra bem como esse pessoal se julga dono da coisa pública.
Ricardo Pessoa entregou vários políticos do PMDB, como o senador Romero Jucá e o ex-ministro de Minas e Energia Edson Lobão, também senador. Todos negaram que se tratava de propina, mas também não se preocuparam com o entorno dos fatos. Confirmaram que as doações foram combinadas em jantares nos restaurantes dos hotéis Emiliano e Fasano, este um pouco mais barato, com diária promocional, ontem, de R$ 1.370,25, sem café da manhã (mais R$ 89,27).
Quem terá pago a conta dos jantares, que não saem por menos de R$ 200 por pessoa, sem bebidas? O contribuinte brasileiro ou o empreiteiro que vivia de contratos com o governo? Resultado: o povo brasileiro, em qualquer hipótese.
Pode parecer exagero, mas vamos prestar atenção às circunstâncias. Suponhamos que Ricardo Pessoa esteja dizendo a verdade, uma hipótese possível, já que a sua delação premiada só vale, e ele recebe o benefício de cumprir a pena em casa, se oferecer provas ou indícios suficientes. Nesse caso ficamos assim: um senador usa dinheiro público para se hospedar ou jantar em casas de luxo, onde recolhe dinheiro proveniente de corrupção em obras públicas.
Não era dinheiro de corrupção — é tudo que negam.
Não é de estranhar.
Querem outro exemplo desse tipo de visão do dinheiro público? Cada um dos 81 senadores tem direito a carro de luxo para uso “institucional”. Aliás, o Senado está renovando sua frota por estes dias.
Renan Calheiros, lógico, tem direito a seu carro. Mas como é o presidente da Casa, pode usar um veículo mais luxuoso e tem direito a mais um. O que nos leva a uma situação assim: Renan está deixando o Senado e o segurança pergunta ao assessor: “Sua Excelência está como simples senador ou como presidente?”
“Presidente”, responde o assessor.
E o segurança: “Então é aquele carro ali da direita.”
O terceiro carro, luxuoso igualmente, é da segurança — e neste caso é sempre o mesmo.
Os brasileiros passam por um momento difícil. Pesquisa da CNI mostra que mais da metade da população procurou um segundo ou um terceiro trabalho no último ano. Revela ainda que quase 60% das famílias alteraram hábitos, como mudar para casa menor ou tirar filhos da escola particular.
A ordem é economizar e buscar novas receitas.
As empresas privadas enfrentam um duplo desafio: custos em alta e vendas em queda.
Também estão se virando. Donos de restaurantes, por exemplo, fazem pool para comprar mantimentos, tiram a toalha de tecido das mesas, criam métodos para perder menos comida, e assim vão.
Em resumo, está todo mundo trabalhando mais e buscando saídas, por pequenas que sejam, para manter a saúde econômica e financeira.
O setor público está quebrado. O governo federal foi quebrado pelo gasto descontrolado dos últimos anos.
E vêm os governantes dizer que não têm onde cortar gasto? As mordomias? Ora, dizem, custam pouco, são pequenas mordomias.
Certo, dois dos três carrões do senador Renan não farão muita economia. Mas são milhares de carrões espalhados pela administração.
O presidente do Senado não precisa dormir na rua quando vai a São Paulo. Mas no Emiliano?
A presidente Dilma não precisa viajar desacompanhada quando vai para o exterior. Mas com aquelas comitivas de 50 pessoas? E aquela fileira de carros e limusines que envergonham qualquer pessoa de bom senso?
O governo federal tem mais de 140 estatais. Só o Ministério de Minas e Energia, que Lobão chefiava, tem 74 empresas. Não tem nem “uminha” só para fechar, ainda que seja só para dar exemplo?
Carlos Alberto Sardenberg
O presidente do Senado pode se hospedar no luxuoso Hotel Emiliano, em São Paulo, com diária base de R$ 2.236,50, paga pelos cofres públicos, e ali receber um empreiteiro ao qual pediu dinheiro para a campanha eleitoral de seu filho?
Negou a outra parte constante da delação premiada de Ricardo Pessoa. Segundo o empreiteiro, o dinheiro doado tinha sido desviado de um contrato para construção de Angra III e era uma espécie de pedágio pago ao PMDB.
Renan disse que não sabia nada disso e que a doação foi pedida e recebida legalmente.
Digamos que ele esteja falando a verdade. Resta no mínimo uma irregularidade e, com certeza, um desvio ético grave: com o dinheiro do Senado, do contribuinte, pois, o presidente se instala no caríssimo hotel para tratar com empreiteiros da campanha de seu filho. O fato de Renan não ter se preocupado com esse detalhe, quando negou a corrupção, mostra bem como esse pessoal se julga dono da coisa pública.
Ricardo Pessoa entregou vários políticos do PMDB, como o senador Romero Jucá e o ex-ministro de Minas e Energia Edson Lobão, também senador. Todos negaram que se tratava de propina, mas também não se preocuparam com o entorno dos fatos. Confirmaram que as doações foram combinadas em jantares nos restaurantes dos hotéis Emiliano e Fasano, este um pouco mais barato, com diária promocional, ontem, de R$ 1.370,25, sem café da manhã (mais R$ 89,27).
Quem terá pago a conta dos jantares, que não saem por menos de R$ 200 por pessoa, sem bebidas? O contribuinte brasileiro ou o empreiteiro que vivia de contratos com o governo? Resultado: o povo brasileiro, em qualquer hipótese.
Pode parecer exagero, mas vamos prestar atenção às circunstâncias. Suponhamos que Ricardo Pessoa esteja dizendo a verdade, uma hipótese possível, já que a sua delação premiada só vale, e ele recebe o benefício de cumprir a pena em casa, se oferecer provas ou indícios suficientes. Nesse caso ficamos assim: um senador usa dinheiro público para se hospedar ou jantar em casas de luxo, onde recolhe dinheiro proveniente de corrupção em obras públicas.
Não era dinheiro de corrupção — é tudo que negam.
Não é de estranhar.
Querem outro exemplo desse tipo de visão do dinheiro público? Cada um dos 81 senadores tem direito a carro de luxo para uso “institucional”. Aliás, o Senado está renovando sua frota por estes dias.
Renan Calheiros, lógico, tem direito a seu carro. Mas como é o presidente da Casa, pode usar um veículo mais luxuoso e tem direito a mais um. O que nos leva a uma situação assim: Renan está deixando o Senado e o segurança pergunta ao assessor: “Sua Excelência está como simples senador ou como presidente?”
“Presidente”, responde o assessor.
E o segurança: “Então é aquele carro ali da direita.”
O terceiro carro, luxuoso igualmente, é da segurança — e neste caso é sempre o mesmo.
A ordem é economizar e buscar novas receitas.
As empresas privadas enfrentam um duplo desafio: custos em alta e vendas em queda.
Também estão se virando. Donos de restaurantes, por exemplo, fazem pool para comprar mantimentos, tiram a toalha de tecido das mesas, criam métodos para perder menos comida, e assim vão.
Em resumo, está todo mundo trabalhando mais e buscando saídas, por pequenas que sejam, para manter a saúde econômica e financeira.
O setor público está quebrado. O governo federal foi quebrado pelo gasto descontrolado dos últimos anos.
E vêm os governantes dizer que não têm onde cortar gasto? As mordomias? Ora, dizem, custam pouco, são pequenas mordomias.
Certo, dois dos três carrões do senador Renan não farão muita economia. Mas são milhares de carrões espalhados pela administração.
O presidente do Senado não precisa dormir na rua quando vai a São Paulo. Mas no Emiliano?
A presidente Dilma não precisa viajar desacompanhada quando vai para o exterior. Mas com aquelas comitivas de 50 pessoas? E aquela fileira de carros e limusines que envergonham qualquer pessoa de bom senso?
O governo federal tem mais de 140 estatais. Só o Ministério de Minas e Energia, que Lobão chefiava, tem 74 empresas. Não tem nem “uminha” só para fechar, ainda que seja só para dar exemplo?
Carlos Alberto Sardenberg
Independência ou PT
1. Ultimamente, antes de escrever qualquer coisa, pergunto a mim mesmo: – Isso contribui para tirar o PT do poder? Se a resposta é não, geralmente não escrevo. Mas algo me consola: de certa forma, tudo que é bom, belo e verdadeiro contribui para o fim do PT.
4. O Grito dos Excluídos reúne, na verdade, aqueles grupos muito barulhentos que há quase 13 anos vêm sendo sustentados pela máquina estatal brasileira – ou seja, pelo dinheiro dos impostos que você paga.
5. Os que se apresentam como excluídos são, ao contrário, os grandes incluídos no esquema de aparelhamento e apadrinhamento ideológico do País. Eles só não contavam com a existência de um homem chamado Sérgio Moro e sua equipe, que incluíram os chefes do esquema na cadeia.
6. Eles estão presos porque excluíram bilhões da Petrobrás e de outras empresas públicas. Porque excluíram (ou seja, mataram) a LRF e o Plano Real, os dois maiores programas sociais da história do Brasil. Porque excluíram a verdade, a esperança, o futuro. Porque faliram o País e agora querem mandar a conta para você, criando o imposto de renda-se.
7. Mas o Brasil não vai se render. Com o PT não tem conversa, nem grito, nem sussurro. Para Lula e Dilma só há uma saída: renunciar ao poder agora. O povo brasileiro vai dar o Grito de Independência contra o PT!
2. Duas obras de arte definem o atual momento brasileiro. Uma delas é o quadro “O Grito”, de Edvard Munch. A outra, o romance “O Grito Silencioso”, de Kenzaburo Oe. Dois exemplos de beleza que simbolizam uma das fases moralmente mais feias de nossa história.
3. Nos últimos 30 anos, o PT esvaziou o simbolismo do Grito do Ipiranga, substituindo-o pelo tal Grito dos Excluídos, que reúne as diversas linhas auxiliares do PT. Trocaram o verde-amarelo patriótico pelo vermelho socialista. Chegou a hora de destrocar – porque ninguém suporta mais essa inversão de valores.
4. O Grito dos Excluídos reúne, na verdade, aqueles grupos muito barulhentos que há quase 13 anos vêm sendo sustentados pela máquina estatal brasileira – ou seja, pelo dinheiro dos impostos que você paga.
5. Os que se apresentam como excluídos são, ao contrário, os grandes incluídos no esquema de aparelhamento e apadrinhamento ideológico do País. Eles só não contavam com a existência de um homem chamado Sérgio Moro e sua equipe, que incluíram os chefes do esquema na cadeia.
6. Eles estão presos porque excluíram bilhões da Petrobrás e de outras empresas públicas. Porque excluíram (ou seja, mataram) a LRF e o Plano Real, os dois maiores programas sociais da história do Brasil. Porque excluíram a verdade, a esperança, o futuro. Porque faliram o País e agora querem mandar a conta para você, criando o imposto de renda-se.
7. Mas o Brasil não vai se render. Com o PT não tem conversa, nem grito, nem sussurro. Para Lula e Dilma só há uma saída: renunciar ao poder agora. O povo brasileiro vai dar o Grito de Independência contra o PT!
Riobaldo do adeus
Dilma deveria renunciar. Seria um gesto delicado com o Brasil. Todos receberíamos a decisão como um pedido de desculpas, ainda que silencioso. Não é possível que ela não perceba que já não tem como fazer parte da solução. Tornou-se só um catalisador de problemas.
A presidente precisa reler aquele seu Riobaldo de uma nota só: "O que ela [a vida] quer da gente é coragem", tomada a frase como sinônimo de teimosia e resistência. Até porque o sentido original do texto –vá lá ver, leitor, em "Grande Sertão Veredas"– é outro. Minas lhe oferece uma saída honrosa, com Drummond: "Há uma hora em que os bares se fecham/ e todas as virtudes se negam". Acabou.
Não é conspiração, não é golpe, não é tramoia, não é sina, não é nem mesmo fraqueza. Memórias de um ex-jagunço sentimental e sentencioso, em momentos assim, viram só mais uma pedra no meio do caminho. É a realidade, a carnadura concreta da poética do poder, para apelar um pouquinho a João Cabral, que impõe à petista o ato elegante. Dou de barato que ela fez o possível, atendendo aos ditames de sua formação intelectual e do partido em cujo altar teve de se ajoelhar.
Temos aí "a soma e o resto", para citar Henri Lefebvre, que rompeu com o Partido Comunista quando a petista desta história tinha só... 11 anos!
Não é que tenha dado tudo errado com o seu governo. Em certa medida, deu tudo certíssimo, segundo, ao menos, a matemática entranhada nas coisas. As despesas cresciam sistematicamente acima da receita. Quando o binômio supervalorização das commodities/modelo ancorado no consumo evidenciou que não era sustentável, a partir de meados de 2012, ela resolveu alimentá-lo com medidas adicionais que... aumentaram as despesas e diminuíram a receita! As tarifas públicas foram represadas para conter a inflação, estimulada pelos anabolizantes injetados na economia. E o país quebrou. CQD. Como queríamos demonstrar.
Quantas vezes a mandatária foi advertida para o que havia do lado de lá do sinal de igualdade da equação petista? Não obstante, os críticos eram demonizados, ridicularizados, tratados como inimigos do povo. Ainda hoje se procura fazer deles uma caricatura, desqualificando-os como interlocutores do jogo democrático –e a interlocução na democracia se faz é entre adversários, não entre aliados. No fim das contas, vamos convir, nem a senhora, presidente, nem seu partido entendem direito essa conversa de tensão virtuosa entre contrários. O petismo atua é para eliminar os que não se rendem.
Agora não há mais tempo. Algum entendimento terá de ser feito para convencer a sociedade de sacrifícios adicionais, além daqueles que já estão em curso. Ou é isso, ou vem por aí uma espiral negativa de longuíssima duração. E a arena desse pensamento não é o Ministério da Fazenda. A Joaquim Levy, ou a outro, entregar-se-á uma máquina de calcular números. A realidade exige alguém que seja bom no cálculo político.
Ocorre que isso não se faz sem uma relação de confiança, que não existe mais. É preciso saber identificar o momento em que todos os bares se fecham e as virtudes se negam. Tá bom, presidente! Eu a deixo com o seu Riobaldo. Mas com um outro –aquele que cobra da senhora é coragem.
Cometemos erros, sim!
Ainda não entendo o porquê perdi tempo vendo alguns segundos do discurso pré-gravado da ainda presidente do Brasil dizendo que “cometemos erros”. É mais ou menos como assassinar uma pessoa a sangue frio e dizer ao juiz: “apertei o gatilho com força exagerada”.
É fato que se fosse solicitado que nossa presidente amarre o sapato sozinha, ela não conseguiria. Tenho uma teoria de ficção científico-conspiratório de que a Dilma é um autômato (uma espécie de robô que funciona por combinação de engrenagens). E quem faz a programação dos seus movimentos é alguém que nunca sabe de nada e que pretende voltar em 2018.
Neste sete de setembro de 2015 tivemos uma quebra de paradigma no que os socialistas tanto pregam que é “o poder ao povo”. Peraí! Uma barreira de isolamento de metal para separar governo do povo, igualzinho ao Apharteid.
Já estou vendo, em breve quem é brasileiro de fato vai usar uma faixa com o desenho de uma coxinha no braço, assim como eram discriminados os judeus no nazismo. Os de vermelho não são brasileiros, continuarão recebendo ração de “mortantela”.
Mas há erros citados pela pseudo-chefe de Estado que vão além desse terrorismo nazicomunopetralha. Digamos que são causas que deram armas aos argumentos dessa ideologia hipócrita que se diz justa.
Em primeiro lugar está a estabilidade de funcionário público. A única diferença entre funcionário público e privado deveria ser quem paga o salário. Como todos sabem, temos um funcionalismo público podre, cheio de benefícios e que os serviços não têm um comprometimento com o povo, apenas com o cartão de ponto... Às vezes.
O sujeito estuda dez mil horas, se torna um dos seres humanos mais competentes do universo, passa no concurso e põe a barriga para descansar na mesa, pois agora não importa mais, na cabeça dele já se esforçou o suficiente. Agora basta apodrecer numa repartição pública. E quem mais se esforçou para fazer campanha para o PT foram pessoas que recebem salário que sai dos nossos impostos.
Outra questão é o FGTS. Quando você trabalha, uma grande parte do dinheiro que o seu chefe tem que desembolsar, e que vai além do salário que tanto reclama, vai para depósito nos cofres da Caixa Econômica Federal. Virtualmente ele está lá, mas na realidade ele se torna capital de giro para o uso indiscriminado da ingerência dos nossos governantes. Ou seja, se esse dinheiro fosse direto para sua conta, você teria a opção de poupar ou não, e as conseqüências tanto positivas quanto negativas seriam suas, ou seja, o poder do seu dinheiro seria seu!
A terceira está no discurso escroto socialista que prega poder ao povo. A interpretação é tão básica que assim que essas pragas assumem o poder, eles apenas esquecem. Na realidade o sentido é de diminuir o poder do governo e aumentar a responsabilidade do povo.
Políticos recebem um salário de diretor de multinacional, e ainda verba para assessoria e outros benefícios. Se, e somente se, eles recebessem apenas o salário e com isso eles administrassem os seus assessores e empregados, aí seria até justo pagar 36 mil reais em folha.
Então, temos um pensamento comunista geral em que todo o poder deve ser deixado com o governo e toda a responsabilidade também. Isso gera uma bola de neve que dá cada vez mais poder a quem hoje está no comando máximo.
O conceito de que Democracia é igualdade de direitos é uma forma bem cômoda de valorizar o vagabundo e desvalorizar o esforçado.
Democracia é igualdade de oportunidades. O governo compra votos dando bolsa disso e daquilo para continuar mantendo o poder, mas a fonte secou. O tal “erro” vai além da corrupção e da má gestão pública. O Brasil errou ao confundir direitos e oportunidades. Por isso não somos primeiro mundo, já que temos potencial e recursos para tal. Mas as pessoas se apóiam em que a responsabilidade é sempre do outro. No fim, responsabilidade vira poder e a decisão de escravizar o Brasil é endossada na urna.
Se essa corja chegou ao poder, muita é nossa culpa. Se assim como eu você também jamais votou neles, provavelmente não utilizou os argumentos certos para conscientizar seus pares a respeito do que é a política. Durante anos só se falou de tudo o que era ruim na época da ditadura, mas por outro lado ninguém tinha referência de outro tipo de administração governamental que sirva como comparativo.
Se 93% é contra o governo, como o mesmo foi eleito. Independentemente das artimanhas imorais de compra de voto e urnas viciadas, uma grande parcela que hoje sai às ruas com a camiseta da CBF para protestar, votou de fato naquela senhora que discursa como um bêbado falando em Esperanto.
A questão é que o brasileiro precisa parar de se vender para o que é dado e comprar a ideia de que as coisas podem ser conquistadas por mérito. Só com um povo responsável poderemos ter gestores que não se escondem.
Aliás, um líder que tem medo dos seus liderados, perdeu o comando.
Traduzindo: Impeachment extra-oficial.
É fato que se fosse solicitado que nossa presidente amarre o sapato sozinha, ela não conseguiria. Tenho uma teoria de ficção científico-conspiratório de que a Dilma é um autômato (uma espécie de robô que funciona por combinação de engrenagens). E quem faz a programação dos seus movimentos é alguém que nunca sabe de nada e que pretende voltar em 2018.
Já estou vendo, em breve quem é brasileiro de fato vai usar uma faixa com o desenho de uma coxinha no braço, assim como eram discriminados os judeus no nazismo. Os de vermelho não são brasileiros, continuarão recebendo ração de “mortantela”.
Mas há erros citados pela pseudo-chefe de Estado que vão além desse terrorismo nazicomunopetralha. Digamos que são causas que deram armas aos argumentos dessa ideologia hipócrita que se diz justa.
Em primeiro lugar está a estabilidade de funcionário público. A única diferença entre funcionário público e privado deveria ser quem paga o salário. Como todos sabem, temos um funcionalismo público podre, cheio de benefícios e que os serviços não têm um comprometimento com o povo, apenas com o cartão de ponto... Às vezes.
O sujeito estuda dez mil horas, se torna um dos seres humanos mais competentes do universo, passa no concurso e põe a barriga para descansar na mesa, pois agora não importa mais, na cabeça dele já se esforçou o suficiente. Agora basta apodrecer numa repartição pública. E quem mais se esforçou para fazer campanha para o PT foram pessoas que recebem salário que sai dos nossos impostos.
Outra questão é o FGTS. Quando você trabalha, uma grande parte do dinheiro que o seu chefe tem que desembolsar, e que vai além do salário que tanto reclama, vai para depósito nos cofres da Caixa Econômica Federal. Virtualmente ele está lá, mas na realidade ele se torna capital de giro para o uso indiscriminado da ingerência dos nossos governantes. Ou seja, se esse dinheiro fosse direto para sua conta, você teria a opção de poupar ou não, e as conseqüências tanto positivas quanto negativas seriam suas, ou seja, o poder do seu dinheiro seria seu!
Políticos recebem um salário de diretor de multinacional, e ainda verba para assessoria e outros benefícios. Se, e somente se, eles recebessem apenas o salário e com isso eles administrassem os seus assessores e empregados, aí seria até justo pagar 36 mil reais em folha.
Então, temos um pensamento comunista geral em que todo o poder deve ser deixado com o governo e toda a responsabilidade também. Isso gera uma bola de neve que dá cada vez mais poder a quem hoje está no comando máximo.
O conceito de que Democracia é igualdade de direitos é uma forma bem cômoda de valorizar o vagabundo e desvalorizar o esforçado.
Democracia é igualdade de oportunidades. O governo compra votos dando bolsa disso e daquilo para continuar mantendo o poder, mas a fonte secou. O tal “erro” vai além da corrupção e da má gestão pública. O Brasil errou ao confundir direitos e oportunidades. Por isso não somos primeiro mundo, já que temos potencial e recursos para tal. Mas as pessoas se apóiam em que a responsabilidade é sempre do outro. No fim, responsabilidade vira poder e a decisão de escravizar o Brasil é endossada na urna.
Se essa corja chegou ao poder, muita é nossa culpa. Se assim como eu você também jamais votou neles, provavelmente não utilizou os argumentos certos para conscientizar seus pares a respeito do que é a política. Durante anos só se falou de tudo o que era ruim na época da ditadura, mas por outro lado ninguém tinha referência de outro tipo de administração governamental que sirva como comparativo.
Se 93% é contra o governo, como o mesmo foi eleito. Independentemente das artimanhas imorais de compra de voto e urnas viciadas, uma grande parcela que hoje sai às ruas com a camiseta da CBF para protestar, votou de fato naquela senhora que discursa como um bêbado falando em Esperanto.
A questão é que o brasileiro precisa parar de se vender para o que é dado e comprar a ideia de que as coisas podem ser conquistadas por mérito. Só com um povo responsável poderemos ter gestores que não se escondem.
Aliás, um líder que tem medo dos seus liderados, perdeu o comando.
Traduzindo: Impeachment extra-oficial.
À esquerda está a saída
Como economistas, nossos desenvolvimentistas são sociólogos fracassados. Abraçaram um esquema primitivo da luta de classes e o difundem por aí.
Joaquim Levy, na Fazenda, seria o capitão dos rentistas, essa franja riquíssima do país liderada pelos banqueiros e aliada de espoliadores estrangeiros. Tombini, no BC, teria sido sequestrado pela turma do juro alto.
Nelson Barbosa, no Planejamento, representaria a vanguarda da maioria mal remediada e dos empresários compromissados com o Brasil. A crise teria como pano de fundo o assédio dos rentistas para anular os ganhos sociais da última década.
Nesse candomblé da luta política, em que cada orixá tem o seu valor, caberia aos heróis do povo resistir ao avanço rentista e, depois, desfechar o contragolpe. A saída do impasse estaria à esquerda: baixar os juros na marra e iniciar nova expansão de gastos públicos. Ainda que a aritmética e os limites materiais sejam violados, o que impera é a vontade.
A sociologia rudimentar dos desenvolvimentistas tem sido útil para um fragmento influente da elite. Justificou historicamente a captura do Estado por grupos interessados em barrar concorrentes e financiar ineficiências à custa do contribuinte.
O ex-presidente Lula começa a enxergar uma solução na saída pela esquerda. Ele sabe que enveredar por esse caminho causará a explosão imediata da gestão Dilma, o que ofereceria ao PT três anos para tentar reconstruir-se no local mais confortável de figurar num período de recessão e tumulto político: a oposição.
Tal desfecho ainda daria a Lula o discurso da “vítima de golpismo”, de quem tombou ao defender os pobres contra os ricos. O sacrifício de Dilma, desde que dentro desse roteiro, passa a ser cada vez mais vantajoso num cálculo frio e desapaixonado, como o ex-presidente sempre praticou.
Os desenvolvimentistas, em suma, voltaram a ter a sua utilidade, embora continuem errados.
Vinicius Mota
Joaquim Levy, na Fazenda, seria o capitão dos rentistas, essa franja riquíssima do país liderada pelos banqueiros e aliada de espoliadores estrangeiros. Tombini, no BC, teria sido sequestrado pela turma do juro alto.
Nelson Barbosa, no Planejamento, representaria a vanguarda da maioria mal remediada e dos empresários compromissados com o Brasil. A crise teria como pano de fundo o assédio dos rentistas para anular os ganhos sociais da última década.
A sociologia rudimentar dos desenvolvimentistas tem sido útil para um fragmento influente da elite. Justificou historicamente a captura do Estado por grupos interessados em barrar concorrentes e financiar ineficiências à custa do contribuinte.
O ex-presidente Lula começa a enxergar uma solução na saída pela esquerda. Ele sabe que enveredar por esse caminho causará a explosão imediata da gestão Dilma, o que ofereceria ao PT três anos para tentar reconstruir-se no local mais confortável de figurar num período de recessão e tumulto político: a oposição.
Tal desfecho ainda daria a Lula o discurso da “vítima de golpismo”, de quem tombou ao defender os pobres contra os ricos. O sacrifício de Dilma, desde que dentro desse roteiro, passa a ser cada vez mais vantajoso num cálculo frio e desapaixonado, como o ex-presidente sempre praticou.
Os desenvolvimentistas, em suma, voltaram a ter a sua utilidade, embora continuem errados.
Vinicius Mota
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