sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Reforma política fake e o velho truque de 'mudar para nada mudar'

Em meio ao barata voa da conjuntura nacional, o Congresso aprovou esta semana a tão propalada (durante a campanha eleitoral) reforma política. Mas em versão para inglês ver. Tirando o fim da reeleição, ainda a ser votada no Senado, e que nos faz retroagir a como era antes de 1997, a dita reforma nada reforma de essencial. Reforça, antes, o velho bordão brasileiro de ‘mudar para nada mudar’. O sistema eleitoral resta intacto e o financiamento empresarial de campanha foi aprovado ou “constitucionalizado”, medida que segue agora para sanção de Dilma.



Depois de tantos escândalos, e de a corrupção se tornar a segunda preocupação nacional, conforme pesquisas de opinião, o Congresso não conseguiu levar a discussão sobre financiamento de campanhas em termos a pelo menos sinalizar para o público mais geral que existe algum tipo de incômodo real em relação ao sistema político atual. Problema do qual a relação empresas/dinheiro/partidos certamente faz parte.

Mas pelo visto não há incômodo algum para a maioria dos Congressistas. Apenas aquele medido por seguidos levantamentos de opinião e que aponta um profundo grau de descrédito da política em geral no Brasil. Quase oito em cada dez brasileiros rejeitam os partidos atuais e menos de 1% da população confia neles. Em termos de confiança nas instituições, os partidos estão na lanterna, atrás de Igreja (43% confiam), Forças Armadas (19,2%), Imprensa (13,2%), Justiça (10,5%), Polícia (8,9%) e Governo (2%), de acordo com pesquisa CNT/MDA de julho. O que pensar disso?

Depois das manifestações de junho de 2013, de uma campanha presidencial na qual os principais candidatos enfatizaram a necessidade de uma reforma profunda e das seguidas pesquisas de opinião que mostram um pico de rejeição aos partidos em geral, o Congresso não conseguiu parir, sequer, um rato. Os parlamentares não se mostraram interessados em encarar de frente a grave crise de representatividade que assola o sistema político; a nau parlamentar, fragmentada em 28 legendas, decidiu não embicar para lugar algum. Ou melhor: o país segue sua travessia, em círculos.

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