terça-feira, 30 de maio de 2023
Estou farto e cansado
Estou cansado e triste quando vejo os militantes dos partidos abdicarem de dizer o que pensam.
Sim, estou farto de quase tudo o que ouço e vejo à minha volta.
Mas também estou cansado de ouvir e ler sempre os mesmos a dizerem as mesmas coisas, como se conhecessem as soluções para todos os problemas, mas que nunca nos apresentaram uma única ideia ou proposta para a solução dos problemas com que o país se confronta.
Sim, estou farto de ver os políticos a criar conflitos inúteis, como estou farto de ver as televisões a massacrar os telespectadores com programas de futebol intermináveis e em que para entreter se criam conflitos sobre penalties, expulsões e foras-de-jogo.
Estou cansado de ler as notícias da corrupção que corrói a democracia e alimenta os populismos.
Estou cansado e triste por ver pessoas “queimadas” na praça pública com notícias falsas ou com acusações infundadas.
Estou farto de ver títulos de jornais que não correspondem à notícia a que se referem.
Estou farto de conferências, colóquios e seminários em que os que falam e os que ouvem são sempre os mesmos.
Estou farto dos debates em que nós todos já sabemos o que cada um vai dizer.
Estou cansado e triste quando vejo os militantes dos partidos abdicarem de dizer o que pensam.
Estou farto de ver gente em lugares de responsabilidade comportarem-se como membros de uma associação de estudantes do ensino secundário.
Estou cansado e triste por ver deitados para o lixo trabalhos que foram feitos por organizações credíveis que só querem contribuir para melhores soluções para os problemas do país.
Estou farto da arrogância de alguns que querem impor as agendas das minorias.
Como também estou cansado dos excessos em torno da cultura de gênero.
Estou cansado das notícias que justificam que os processos judiciais se tornem intermináveis.
Estou farto dos que lucram com todo este emaranhado jurídico dos processos lançados pelo Ministério Público.
Estou também indignado com os processos lançados contra pessoas que, quando julgadas, provaram nada terem feito de mal.
Estou farto de ver incompetentes a exercer cargos para os quais não têm qualquer qualificação.
Estou cansado e farto de ver nas televisões o rigor substituído pelo espetáculo.
Estou farto de ver muita gente mais interessada em estar do lado do problema do que do lado das soluções.
E também estou cansado de ver que em certos casos são eles mesmos o problema.
Como também estou cansado dos que gostam mais de destruir do que construir.
Estou cansado de ver tanta inveja e tanta vontade de deitar abaixo os que fazem qualquer coisa que se veja.
Confesso igualmente que estou cansado das notícias sensacionais que duram menos de 24 horas, porque foram forjadas com objetivos inconfessáveis.
Estou cansado de não ver enaltecido o que de muito bom se faz em Portugal, seja nas empresas, nas universidades, nas escolas ou nos hospitais.
Como estou farto de ver aqueles que, como portugueses, gostam de se autoflagelar.
Estou cansado de ver televisão e até de ler jornais.
Sim, estou cansado de viver num país que adoro, mas que me traz grandes frustrações quase todos os dias.
Tanta frustração deve talvez ser da idade e da falta de paciência que tenho para aturar tantos disparates.
Nota final: estou triste, cansado e farto de muitas coisas, mas não sou um desistente.
Estarei sempre disponível para lutar contra os populismos e contra os inimigos da democracia, procurando que não nos toquem na liberdade e que, sem complexos ideológicos, se encontrem, com moderação, equilíbrio e bom senso, as soluções para os problemas que enfrentamos.
Eduardo Marçal Grilo
Sim, estou farto de quase tudo o que ouço e vejo à minha volta.
Mas também estou cansado de ouvir e ler sempre os mesmos a dizerem as mesmas coisas, como se conhecessem as soluções para todos os problemas, mas que nunca nos apresentaram uma única ideia ou proposta para a solução dos problemas com que o país se confronta.
Sim, estou farto de ver os políticos a criar conflitos inúteis, como estou farto de ver as televisões a massacrar os telespectadores com programas de futebol intermináveis e em que para entreter se criam conflitos sobre penalties, expulsões e foras-de-jogo.
Estou cansado de ler as notícias da corrupção que corrói a democracia e alimenta os populismos.
Estou cansado de ver os moderados sem voz e sem presença nos media.
Estou cansado e triste por ver pessoas “queimadas” na praça pública com notícias falsas ou com acusações infundadas.
Estou farto de ver títulos de jornais que não correspondem à notícia a que se referem.
Estou farto de conferências, colóquios e seminários em que os que falam e os que ouvem são sempre os mesmos.
Estou farto dos debates em que nós todos já sabemos o que cada um vai dizer.
Estou cansado e triste quando vejo os militantes dos partidos abdicarem de dizer o que pensam.
Estou farto de ver gente em lugares de responsabilidade comportarem-se como membros de uma associação de estudantes do ensino secundário.
Estou cansado e triste por ver deitados para o lixo trabalhos que foram feitos por organizações credíveis que só querem contribuir para melhores soluções para os problemas do país.
Estou farto da arrogância de alguns que querem impor as agendas das minorias.
Como também estou cansado dos excessos em torno da cultura de gênero.
Estou cansado das notícias que justificam que os processos judiciais se tornem intermináveis.
Estou farto dos que lucram com todo este emaranhado jurídico dos processos lançados pelo Ministério Público.
Estou também indignado com os processos lançados contra pessoas que, quando julgadas, provaram nada terem feito de mal.
Estou farto de ver incompetentes a exercer cargos para os quais não têm qualquer qualificação.
Estou cansado e farto de ver nas televisões o rigor substituído pelo espetáculo.
Estou farto de ver muita gente mais interessada em estar do lado do problema do que do lado das soluções.
E também estou cansado de ver que em certos casos são eles mesmos o problema.
Como também estou cansado dos que gostam mais de destruir do que construir.
Estou cansado de ver tanta inveja e tanta vontade de deitar abaixo os que fazem qualquer coisa que se veja.
Confesso igualmente que estou cansado das notícias sensacionais que duram menos de 24 horas, porque foram forjadas com objetivos inconfessáveis.
Estou cansado de não ver enaltecido o que de muito bom se faz em Portugal, seja nas empresas, nas universidades, nas escolas ou nos hospitais.
Como estou farto de ver aqueles que, como portugueses, gostam de se autoflagelar.
Estou cansado de ver televisão e até de ler jornais.
Sim, estou cansado de viver num país que adoro, mas que me traz grandes frustrações quase todos os dias.
Tanta frustração deve talvez ser da idade e da falta de paciência que tenho para aturar tantos disparates.
Nota final: estou triste, cansado e farto de muitas coisas, mas não sou um desistente.
Estarei sempre disponível para lutar contra os populismos e contra os inimigos da democracia, procurando que não nos toquem na liberdade e que, sem complexos ideológicos, se encontrem, com moderação, equilíbrio e bom senso, as soluções para os problemas que enfrentamos.
Eduardo Marçal Grilo
O berço do futuro
A proposta de exploração do petróleo na foz do rio Amazonas pode ser um desastre político ou a nascente para um novo conceito de desenvolvimento. Mesmo que os resultados econômicos sejam incertos e poucos benefícios fiquem na região, optar pelo Ibama, a ecologia e o futuro, descontentará aos eleitores da região. A opção pela Petrobras contra a recomendação do Ibama abalará o prestígio da ministra Marina Silva e do presidente Lula no cenário mundial como zeladores da Amazônia, comprometidos com o desenvolvimento sustentável. Não faltarão aqueles que façam a comparação com ministro anterior que defendia “deixar passar a boiada” por cima dos órgãos técnicos relacionados ao meio ambiente.
Esta indecisão ideológica mostra que o governo Lula não está preparado politicamente para enfrentar o dilema entre necessidades presentes e sustentabilidade futura, até porque não há conhecimento científico para saber exatamente o que acontecerá social e ecologicamente, nem conhecimento técnico para evitar os riscos decorrentes. Neste cenário, a decisão deve ser adiada para evitar riscos e aprofundar o debate relacionado à relação entre crescimento, meio ambiente e pobreza.
Nenhum outro país tem, ao mesmo tempo: o desafio de explorar petróleo em um santuário natural, governo comprometido com o respeito à Amazônia e uma massa crítica intelectual para aprofundar este debate que aflige a humanidade: como compatibilizar as necessidades sociais e econômicas do momento com as limitações e os riscos do futuro. Responder perguntas como: justifica deixar a riqueza do petróleo debaixo da terra, com milhões de pessoas pobres caminhando sobre ela? a exploração de petróleo já em marcha no território amazônico reduziu a pobreza da população local? deixou benefícios sociais marcantes para os habitantes das cidades com royalties no litoral carioca? investir centenas de bilhões de reais na exploração do petróleo é a melhor forma de atender às necessidades sociais dos pobres locais? o petróleo será fonte de renda por quantas décadas ainda, antes de seu uso ficar obsoleto, devido às mudanças climáticas e outras fontes de energia? quais as consequências econômicas se o Brasil voltar a ser pária mundial por executar este projeto, sobretudo se ocorrer possível vazamento no oceano?
Estas dúvidas são maiores do que a avaliação do projeto específico na foz do Amazonas. Para o Brasil, a questão é escolher entre o desenvolvimento apenas para o presente ou sustentável no futuro; para o Presidente e a Ministra, saber se desejam os votos locais ou serem os líderes políticos mundiais de um novo rumo para o desenvolvimento. Outros dilemas surgirão como buscar ouro ou construir estradas em terras indígenas; proteger patrimônios culturais ou investir na produção.
Com o adiamento da decisão e a promoção do debate, o atual governo estaria transformando a crise da Foz do Amazonas na Nascente de um novo rumo do desenvolvimento.
Foi uma pena que antes mesmo de promover este debate, políticos locais preferiram vender ilusões para o presente, olhando a próxima eleição. Eles teriam ajudado na reflexão sobre o futuro e no apoio para termos a ministra Marina Silva e o presidente Lula como líderes mundiais de um novo desenvolvimento econômico sustentável e com responsabilidade social: um berço do futuro.
Esta indecisão ideológica mostra que o governo Lula não está preparado politicamente para enfrentar o dilema entre necessidades presentes e sustentabilidade futura, até porque não há conhecimento científico para saber exatamente o que acontecerá social e ecologicamente, nem conhecimento técnico para evitar os riscos decorrentes. Neste cenário, a decisão deve ser adiada para evitar riscos e aprofundar o debate relacionado à relação entre crescimento, meio ambiente e pobreza.
Nenhum outro país tem, ao mesmo tempo: o desafio de explorar petróleo em um santuário natural, governo comprometido com o respeito à Amazônia e uma massa crítica intelectual para aprofundar este debate que aflige a humanidade: como compatibilizar as necessidades sociais e econômicas do momento com as limitações e os riscos do futuro. Responder perguntas como: justifica deixar a riqueza do petróleo debaixo da terra, com milhões de pessoas pobres caminhando sobre ela? a exploração de petróleo já em marcha no território amazônico reduziu a pobreza da população local? deixou benefícios sociais marcantes para os habitantes das cidades com royalties no litoral carioca? investir centenas de bilhões de reais na exploração do petróleo é a melhor forma de atender às necessidades sociais dos pobres locais? o petróleo será fonte de renda por quantas décadas ainda, antes de seu uso ficar obsoleto, devido às mudanças climáticas e outras fontes de energia? quais as consequências econômicas se o Brasil voltar a ser pária mundial por executar este projeto, sobretudo se ocorrer possível vazamento no oceano?
Estas dúvidas são maiores do que a avaliação do projeto específico na foz do Amazonas. Para o Brasil, a questão é escolher entre o desenvolvimento apenas para o presente ou sustentável no futuro; para o Presidente e a Ministra, saber se desejam os votos locais ou serem os líderes políticos mundiais de um novo rumo para o desenvolvimento. Outros dilemas surgirão como buscar ouro ou construir estradas em terras indígenas; proteger patrimônios culturais ou investir na produção.
Com o adiamento da decisão e a promoção do debate, o atual governo estaria transformando a crise da Foz do Amazonas na Nascente de um novo rumo do desenvolvimento.
Foi uma pena que antes mesmo de promover este debate, políticos locais preferiram vender ilusões para o presente, olhando a próxima eleição. Eles teriam ajudado na reflexão sobre o futuro e no apoio para termos a ministra Marina Silva e o presidente Lula como líderes mundiais de um novo desenvolvimento econômico sustentável e com responsabilidade social: um berço do futuro.
Tiro no pé ambiental
O Congresso pressionou, e o governo cedeu justamente nas áreas —climática e ambiental— que fazem este país ser relevante aos olhos do mundo. Ao desidratar parte das pastas do Meio Ambiente e dos Povos Originários, a nova estrutura ministerial atira nos pés do próprio país, apequenando a política que Lula passa horas e horas em voos internacionais defendendo como prioritária.
No chão da realpolitik, o Congresso está disposto a vender o protagonismo climático do país a preço de banana (cargos), deveras barato perto do que ser líder mundial nos traria, inclusive economicamente.
Faltou ao governo, ademais, cacifar a agenda climática como inegociável, porque (queiram ou não) é central ao sucesso do Lula 3, como o próprio presidente bem sabe.
No espaço de uma semana, o governo titubeou e tardou para arbitrar disputas internas quanto a petróleo na foz do Amazonas, viu seu ministro da Agricultura falar a favor do marco legal na TV e testemunhou o Congresso atropelar as pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, enquanto Marina Silva, com a altivez que lhe é peculiar, era sabatinada duramente por parlamentares.
Custo a acreditar na tese da inevitabilidade da desidratação das pastas de Marina e Sonia Guajajara: de um lado, o Congresso não impôs à Casa Civil o mesmo destino e, de outro, ou o governo estaria sem nenhuma carta na manga para ceder em outras áreas (o que denotaria sua fraqueza) ou o centrão estaria com tanta fome que seria mais vantajoso ao primeiro-ministro, Arthur Lira, agradar à bancada ruralista do que ao governo (o que denotaria desarticulação). Ou um ou outro, o sinal não é positivo.
Enquanto mulheres pretas e indígenas no poder são vistas como "ideológicas", cabe perguntar a qual ideologia os homens brancos, ditos técnicos, servem senão a si mesmos.
No chão da realpolitik, o Congresso está disposto a vender o protagonismo climático do país a preço de banana (cargos), deveras barato perto do que ser líder mundial nos traria, inclusive economicamente.
Faltou ao governo, ademais, cacifar a agenda climática como inegociável, porque (queiram ou não) é central ao sucesso do Lula 3, como o próprio presidente bem sabe.
No espaço de uma semana, o governo titubeou e tardou para arbitrar disputas internas quanto a petróleo na foz do Amazonas, viu seu ministro da Agricultura falar a favor do marco legal na TV e testemunhou o Congresso atropelar as pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, enquanto Marina Silva, com a altivez que lhe é peculiar, era sabatinada duramente por parlamentares.
Custo a acreditar na tese da inevitabilidade da desidratação das pastas de Marina e Sonia Guajajara: de um lado, o Congresso não impôs à Casa Civil o mesmo destino e, de outro, ou o governo estaria sem nenhuma carta na manga para ceder em outras áreas (o que denotaria sua fraqueza) ou o centrão estaria com tanta fome que seria mais vantajoso ao primeiro-ministro, Arthur Lira, agradar à bancada ruralista do que ao governo (o que denotaria desarticulação). Ou um ou outro, o sinal não é positivo.
Enquanto mulheres pretas e indígenas no poder são vistas como "ideológicas", cabe perguntar a qual ideologia os homens brancos, ditos técnicos, servem senão a si mesmos.
Ou Lula coloca a casa em ordem, alinhando articulação ao discurso ambiental, ou vai ter que justificar por que a boiada continua a passar sob sua guarda.
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