No chão da realpolitik, o Congresso está disposto a vender o protagonismo climático do país a preço de banana (cargos), deveras barato perto do que ser líder mundial nos traria, inclusive economicamente.
Faltou ao governo, ademais, cacifar a agenda climática como inegociável, porque (queiram ou não) é central ao sucesso do Lula 3, como o próprio presidente bem sabe.
No espaço de uma semana, o governo titubeou e tardou para arbitrar disputas internas quanto a petróleo na foz do Amazonas, viu seu ministro da Agricultura falar a favor do marco legal na TV e testemunhou o Congresso atropelar as pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, enquanto Marina Silva, com a altivez que lhe é peculiar, era sabatinada duramente por parlamentares.
Custo a acreditar na tese da inevitabilidade da desidratação das pastas de Marina e Sonia Guajajara: de um lado, o Congresso não impôs à Casa Civil o mesmo destino e, de outro, ou o governo estaria sem nenhuma carta na manga para ceder em outras áreas (o que denotaria sua fraqueza) ou o centrão estaria com tanta fome que seria mais vantajoso ao primeiro-ministro, Arthur Lira, agradar à bancada ruralista do que ao governo (o que denotaria desarticulação). Ou um ou outro, o sinal não é positivo.
Enquanto mulheres pretas e indígenas no poder são vistas como "ideológicas", cabe perguntar a qual ideologia os homens brancos, ditos técnicos, servem senão a si mesmos.
Ou Lula coloca a casa em ordem, alinhando articulação ao discurso ambiental, ou vai ter que justificar por que a boiada continua a passar sob sua guarda.
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