quarta-feira, 13 de agosto de 2014
A força de muitos
Charge do Amarildo |
Não cruzem os braços, não sejam meros espectadores. Vamos votar, está combinado?
Eles são 24%, quase um quarto do eleitorado brasileiro.
Tenho simpatia por esse exército de deserdados, órfãos, ou qualquer nome que se
queira dar aos 34 milhões de brasileiros aptos a votar, mas dispostos a abrir
mão de escolher o próximo presidente. Os dados são da última pesquisa do Ibope,
divulgada na quinta-feira.
Tenho simpatia, mas, diante da encruzilhada em que se encontra o Brasil, sinto vontade de dizer: escolham um candidato, mesmo que não estejam totalmente convictos, mesmo que tenham de cobrar depois. Sou contra o voto obrigatório, por considerar o voto um direito e não um dever. Mas, se assim é a lei em nosso país, vamos votar em alguém, está combinado?
Não cruzem os braços, não sejam meros espectadores, não se apoiem na falsa comodidade de pensar que nada têm a ver com isso que está aí. Numa democracia, somos todos responsáveis, em algum grau, pelos rumos da cidade, do Estado e do país.
São vários os sentimentos por trás da vontade de anular ou deixar branco o voto, cara a cara com a urna. Desencanto, revolta, indiferença, impotência, desinformação, desconfiança. Vontade de não se misturar à corja de políticos que só sabem aumentar os impostos e roubar a educação, a saúde, a habitação, o transporte, a segurança. Mentem com desfaçatez. E roubam até dos pobres.
Tenho simpatia, mas, diante da encruzilhada em que se encontra o Brasil, sinto vontade de dizer: escolham um candidato, mesmo que não estejam totalmente convictos, mesmo que tenham de cobrar depois. Sou contra o voto obrigatório, por considerar o voto um direito e não um dever. Mas, se assim é a lei em nosso país, vamos votar em alguém, está combinado?
Não cruzem os braços, não sejam meros espectadores, não se apoiem na falsa comodidade de pensar que nada têm a ver com isso que está aí. Numa democracia, somos todos responsáveis, em algum grau, pelos rumos da cidade, do Estado e do país.
São vários os sentimentos por trás da vontade de anular ou deixar branco o voto, cara a cara com a urna. Desencanto, revolta, indiferença, impotência, desinformação, desconfiança. Vontade de não se misturar à corja de políticos que só sabem aumentar os impostos e roubar a educação, a saúde, a habitação, o transporte, a segurança. Mentem com desfaçatez. E roubam até dos pobres.
Uma ferida na esperança
O Brasil deveria
estar alarmado com uma notícia do Tribunal Superior Eleitoral: só um de cada
quatro jovens entre 16 e 17 anos com direito a voto nas próximas eleições se
preocupou este ano em tirar o título eleitoral, o que pressupõe um desinteresse
que beira o desprezo pela política.
O fato é
duplamente grave, porque esses jovens não sofreram as garras da ditadura, da
falta de liberdade, da miséria e da ausência de oportunidades, nem conheceram o
horror das guerras. Seria demasiado fácil, no entanto, criticar esses meninos
por sua falta de “sensibilidade política”, como escreveu um deputado federal. A
crítica deve ser feita ao atual sistema político, que toda manhã espalha por todo
o país montanhas de notícias sobre corrupção, violações à liberdade, feios
exemplos éticos de quem deveria ser guia e mestre dos jovens em uma sociedade
que se vangloria de ser democrática e liberal.
Uma das primeiras
coisas que leio todo dia nos jornais são as cartas dos leitores, geralmente
sérias, agudas, sóbrias, atuais e bem escritas. Na manhã de 10 de agosto,
domingo, interrompi a redação desta coluna para dar uma olhada no jornal O
Globo, que chega à minha porta às cinco e meia da manhã.
Entre as cartas
dos leitores, impressionou-me a de Paulo Henrique Coimbra de Oliveira, do Rio.
Não o conheço, mas sua carta intitulada “Desesperança” me confirmou o que tinha
começado a escrever aqui. Diz Coimbra que, nos últimos dez anos, ele colecionou
em um armário de quatro metros quadrados recortes de jornais que ilustravam
escândalos políticos distribuídos pelos três poderes do Estado. Fez alguns
cálculos: cinco escândalos por dia e uma corrupção que, segundo ele, é
“superior ao PIB da maioria dos países do G-7”. Sua última frase é dura e
obriga a refletir: “Depois não sabem (os políticos)”, escreve, “porque a
sociedade não acredita neles. Dias atrás resolvi queimar tudo, inclusive o
armário. E minha esperança de dias melhores foi queimada junto com ele”.
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