quinta-feira, 4 de setembro de 2014
Entendeu?
Na boca de o eleitor ir às urnas, surge uma campanha do
Tribunal Superior Eleitoral que faz bem pensar. Como quem muito explica deve
ter algo a esconder, é sintomático que o nobre tribunal lance uma campanha
sobre a excelência das eleições brasileiras, sua segurança, seu modelo
exemplar, sua invulnerabilidade.
Como o Brasil é um dos raros países, e entre os grandes democráticos
o único, a utilizar a urna eletrônica, o TSE acaba por colocar uma pulga atrás
da orelha. Sem querer, é claro.
Aparelhando a juventude
A
cretinice não tem mesmo limites quando se trata de Quaquá, prefeito de Maricá,
presidente regional do PT, coordenador de campanha de Lindbergh Lindinho a
governador e articulador da campanha da própria companheira à Assembléia
Legislativa e do seu presidente da Câmara a deputado federal. Se não bastasse o
currículo político, o prefeitinho ainda acumula um prontuário judicial de fazer
inveja aos grandes bandidos brasileiros.
Com
tanto “sucesso” na carreira, ainda desperdiça dinheiro público em propagandas
como essa em que alia gesto do mensaleiro-chefe aos estudantes sob a administração
petista.
Depois
Lula, que apadrinhou esses canalhas, fica sem saber por que estão rejeitando o
PT. Não é por nada, Lula, é porque o país já está cansado de tanta bandidagem petista
e aliada.
Eleição
No fundo, todo radical quer o retorno da imobilidade
aristocrática, escondida nas nomenclaturas
Sou fascinado pelo “período eleitoral”. Mudar é complicado
em qualquer lugar, mas é um drama nas sociedades que combinaram escravidão
africana com uma aristocracia branca eurocentrada e católica no campo da
política e dos hábitos sociais. No Brasil, a hierarquia das boas maneiras
impediu o civismo e derivou num esquerdismo salvacionista, curiosamente
cristão.
Esse cenário talvez explique a ideia de que a política é o
lugar do vale-tudo — exceto perder ou “cair”. Como se o poder fosse uma
montanha onde sobem os eleitos, quando o que precisamos é de um estado a
serviço da sociedade. É poder demandar mais responsabilidade e transparência do
que arrogância e a familiar má-fé, cuja santidade não conhece erros.
Como instituir uma sociedade igualitária tendo como ponto de
partida o legado desumano de uma escravidão abençoada? Dessa matriz vem a
confusão entre o ator-candidato e o cargo público. A confusão entre pessoa e
papel é o mecanismo fundamental tanto da dominação patrimonialista-familística
(a lei é relativa aos amigos) quando da carismática (X ou Y é santo e talhado
para o cargo), dificultando a dominação burocrática (a regra da lei para todos)
porque, sem regras fixas, as instituições não funcionam e estados-nacionais não
conseguem prover educação, saúde e segurança aos seus cidadãos.
Não é apenas uma questão de programa, mas de como
administrar. De como passar de “governo” (que pode esbanjar e roubar) a
gerenciamento público (que tem o dever de ser eficiente). Mas sem honrar as
demandas éticas dos cargos públicos que não pertencem nem ao ator nem ao seu
partido, jamais iremos controlar os aparelhamentos e as impunidades com as
quais estamos entalados.
O jogo entre pessoas e papéis é a base da eleição como o
ritual político mais importante nas democracias liberais e competitivas — esses
sistemas abertos até mesmo a candidatos cuja proposta é liquidá-los. No fundo,
todo radical quer o retorno da imobilidade aristocrática, escondida nas
nomenclaturas. Esse é o paradoxo político do radicalismo moderno. Ele inventou
a liberdade individual que empreende, mas rejeita a sua criatividade sem
controle. E odeia discipliná-la por meio de consenso.
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