Fila de desempregados, no Engenhão, no Rio, à procura de emprego no Dia do Trabalho |
quarta-feira, 2 de maio de 2018
O xodó de Lula e os quindins de ioiô
Ao contrário, quando se tornou a mão direita do todo-poderoso padim Lula, já tinha uma capivara notória de denúncias de corrupção. Em 9 de março de 2006, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos, o delegado seccional de Ribeirão Preto, Benedito Antônio Valencise, relatou detalhes das investigações sobre irregularidades em contratos e licitações da prefeitura daquela cidade com a empresa de varrição urbana Leão & Leão. De acordo com o depoente, os inquéritos policiais contêm provas e indícios do envolvimento dos ex-prefeitos do rico município paulista Antônio Palocci e Gilberto Maggioni no comando do esquema, em conjunto com o presidente da Leão & Leão, Luiz Cláudio Leão. O rei dos animais passou, desde então, a sujar sua ficha de mau gestor.
Em 2002, o protagonista do escândalo de corrupção na prefeitura de Santo André, Celso Daniel, foi executado por criminosos, impunes por mercê de uma penada do então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski. E Palocci assumiu a coordenadoria do projeto de governo de Lula. Nessa condição, inspirou e conduziu a guinada liberal, manifestada na célebre Carta aos Brasileiros, que cimentou a rampa de subida do chefão ao ápice do poder.
Aí, o xodó de papai Lula virou os quindins de banquetes de ioiôs da plutocracia patronal. Na Câmara e na militância petista ele pregava o calote da dívida externa e o rompimento com o mercado financeiro internacional, além de ter autorizado a abertura em seu município de escritório das Farc, guarda pretoriana marxista dos cartéis colombianos do narcotráfico. Como avalista da guinada do favorito à Presidência, passou a ser visto, recebido e mimado por banqueiros, empreiteiros e pensadores liberais como baluarte da moeda estável e da negociação de dívidas tomadas no exterior. E como garante de estabilidade se opôs ao companheiro de armas José Dirceu, que era chefe da Casa Civil de Lula.
No auge da república da farsa socialista do PT, Palocci logo deixou claro que sua verdadeira vocação era a extraordinária capacidade de transformar proximidade do poder em moeda sonante, não a medicina social, a militância política ou a gestão pública. Frequentou em Brasília uma mansão na qual prostitutas de fino trato e malas de propina eram distribuídas a ele e a alguns dos membros da patota dos tempos de Ribeirão Preto.
Sua presença foi denunciada pelo caseiro Francenildo Santos Costa, o Nildo, em entrevista ao Estado, confirmada na CPI dos Bingos, iniciando um episódio que cobriu de infâmia todas as suas personagens. O repórter Vladimir Netto revelou na revista Época que a principal testemunha dispunha então de saldo de R$ 38.860, quantia incompatível com sua renda, numa conta na Caixa Econômica Federal (CEF). Informados pela jornalista Helena Chagas, Palocci e Jorge Mattoso, então presidente da CEF, quebraram sem autorização judicial o sigilo bancário do caseiro, pretendendo provar que este havia recebido o dinheiro de interessados em prejudicá-lo. E o dinheiro fora depositado pelo pai biológico do destinatário, um segredo de família.
A reação dos petistas à folha corrida de Palocci foi, como de hábito, asquerosa: o senador Tião Viana (PT-AC) obteve do então ministro do STF César Peluso liminar para barrar o depoimento do caseiro na CPI dos Bingos. Demitido do governo, o beneficiário dessa sórdida fábula voltou à Câmara e às relações espúrias com a fina-flor da burguesia. Relatório da Receita Federal informou que seu alter ego jurídico, a Projeto Consultoria Empresarial e Financeira, recebeu R$ 81,3 milhões de 47 empresas.
Sua volta à cúpula não tardou. Com todo esse prontuário policial, Palocci coordenou a campanha vitoriosa de Dilma Rousseff em 2010 e tornou-se chefe da equipe de transição e, depois, da Casa Civil da sucessora estepe de Lula.
As figurinhas carimbadas desse álbum de horrores não recomendam: PT, MDB, PSDB, a cúpula do Judiciário e amigos ocultos do acordão que sabota o combate à corrupção no Brasil. Tião Viana governa o Acre e não disputará a reeleição: preferiu apoiar a permanência do irmão Jorge no Senado. Nildo, o único cidadão honrado do caso, sobrevive em empregos mal remunerados.
O protagonista foi apanhado pelo vendaval da Lava Jato. Condenado a 12 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e preso desde setembro de 2016, Palocci lutou com dificuldades para obter uma delação premiada, negociada a duras penas com o Ministério Público Federal (MPF), sabe-se lá por quê. E a firmou com a Polícia Federal.
Enquanto Palocci espera a homologação do TRF-4 e eventuais confirmações dos tribunais superiores, os petistas, que sempre o perdoaram, passaram a difamá-lo em cínico benefício próprio. Lula sugeriu que seu xodó de antes o acusa de ilícitos para sair da prisão. E Dilma Rousseff, em nota, garantiu que o chefe da Casa Civil de seu governo criou “peças de ficção” ao contar reuniões dos dois em que propinas foram citadas. Quem leu este texto sabe que até agora, se alguém mentiu, não foi só ele.
José Nêumanne
Dane-se a democracia
A judicialização da política tem risco de epidemia. Só não é pior porque o cenário composto pelos candidatos, é ainda mais dramático. Se já temos medo do presente, as possibilidades de candidatos que se mostram medianamente viáveis, dão frio na espinha. Dá medo do futuro.
Sem dúvida, “a Lava Jato revelou o grau de promiscuidade de parte da nossa classe política, mas isso não pode servir de pretexto para que o direito substitua a política”, diz a doutora em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Política Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Eloisa Machado. Ela enxerga na interferência do Judiciário perigo iminente de crise institucional e riscos à democracia.
Claro, todos os casos de corrupção devem ser investigados e devidamente punidos, diz a professora. Mas daí a permitir que o judiciário escolha quem governa e quem pode ser eleito vai distância considerável. Hoje, políticos correm atrás da agenda de moralização da política tocada por juízes e tribunais, campanha perniciosa para o ambiente democrático.
A interferência do Judiciário é tamanha que o ministro Gilmar Mendes teria dito que Lula só sairá da cadeia – ou terá sua pena reduzida pelo STF – se renunciar à candidatura à presidência da República. Faz sentido e deve ser verdade a profecia do ministro. Define-se assim não a punição de quem supostamente teria cometido “mal feitos” mas a permissão pelo Judiciário para que uma candidatura exista. Ou não exista.
Dos candidatos que começam a ganhar musculatura para outubro, a popularidade hoje registrada vem justamente do STF: o ex-presidente da Corte, Joaquim Barbosa. Se tiver bom desempenho eleitoral, Barbosa será reflexo do movimento que endemoniza a política e a escancara como algo sujo, intrinsecamente corrupta, onde até ações políticas são vistas como criminosas.
Vem daí a fabricação de super heróis, todos ou quase todos do Judiciário. E a tentação de substituir a via da política pelo discurso fácil e moralista dos evangelizadores da Pátria. Movimento encampado naturalmente pelo Ministério Público, Procuradores, Policia Federal…
Joaquim Barbosa precisa se posicionar, dizer o que pensa, o que pretende para o país, como vê as reformas em andamento. Sem isso, nada feito. Nem ele, nem Sergio Moro, juiz da Lava Jato, poderiam salvar o Brasil apenas combatendo a corrupção. Precisam tirar a toga, botar a cara a tapa e se jogar na estrada. Combater a corrupção é inadiável, mas as eleições estão ai e o Brasil precisa de candidatos de carne e osso, com os pés fincados na politica. Políticos na melhor dimensão da palavra. Sem judicialização. Políticos. Fazendo política, como ela é.Mirian Guaraciaba
PT já não precisa de autocrítica, mas de autópsia
O grande problema das autocríticas é que elas sempre chegam tarde. No caso do Partido dos Trabalhadores, a demora foi tão grande que a providência tornou-se desnecessária. Ao reagir contra a mais nova denúncia da procuradora-geral Raquel Dodge, o PT deixou claro que seu caso não é mais de autoanálise, mas de autópsia.
Dodge acusou de corrupção e lavagem de dinheiro Lula, a presidente do PT Gleisi Hoffmann, os ex-ministros petistas Antonio Palocci e Paulo Bernardo, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e um um ex-assessor de Gleisi: Leones Dall'Agnol. De acordo com a denúncia, a Odebrecht trocou vantagens empresariais por propinas. Coisa de US$ 40 milhões. Ou R$ 64 milhões, em moeda nacional. Parte da verba foi passada a sujo em campanhas eleitorais, entre elas a de Gleisi.
A Executiva nacional do PT soltou uma nota. O conteúdo não é original. Um redator qualquer limitou-se a apertar o botão da perseguição política. E a resposta fluiu: “Mais uma vez a Procuradoria Geral da República, de maneira irresponsável, formaliza denúncias sem provas a partir de delações negociadas com criminosos em troca de benefícios penais e financeiros. […] Mais uma vez o Ministério Público tenta criminalizar ações de governo citando fatos sem conexão e de forma a atingir o PT e seus dirigentes.”
A nota reforça a sensação de que os petistas dividiram-se em três grupos: há os presos, os que aguardam na fila e os que se comportam à maneira do avestruz, enfiando a cabeça no silêncio. E a Executiva mantém o PT no seu labirinto: “A denúncia irresponsável da Procuradoria vem no momento em que o ex-presidente Lula, mesmo preso ilegalmente, lidera todas as pesquisas para ser eleito o próximo presidente pela vontade do povo brasileiro.”
Mais um pouco e até a autópsia será desnecessária. Bastará emitir o atestado de óbito, anotando no espaço dedicado à causa mortis: “Cinismo crônico.”
Dodge acusou de corrupção e lavagem de dinheiro Lula, a presidente do PT Gleisi Hoffmann, os ex-ministros petistas Antonio Palocci e Paulo Bernardo, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e um um ex-assessor de Gleisi: Leones Dall'Agnol. De acordo com a denúncia, a Odebrecht trocou vantagens empresariais por propinas. Coisa de US$ 40 milhões. Ou R$ 64 milhões, em moeda nacional. Parte da verba foi passada a sujo em campanhas eleitorais, entre elas a de Gleisi.
A nota reforça a sensação de que os petistas dividiram-se em três grupos: há os presos, os que aguardam na fila e os que se comportam à maneira do avestruz, enfiando a cabeça no silêncio. E a Executiva mantém o PT no seu labirinto: “A denúncia irresponsável da Procuradoria vem no momento em que o ex-presidente Lula, mesmo preso ilegalmente, lidera todas as pesquisas para ser eleito o próximo presidente pela vontade do povo brasileiro.”
Mais um pouco e até a autópsia será desnecessária. Bastará emitir o atestado de óbito, anotando no espaço dedicado à causa mortis: “Cinismo crônico.”
Fazendo-se de santo
Vamos devolver o ódio com argumento, envergonhar os que gritam sem saber o que dizem. Vamos ensinar o que é democraciaJacques Wagner, ex-ministro de Dilma
O silêncio dos candidatos
Faltam apenas 20 semanas para as eleições gerais. E os 146 milhões de eleitores continuam na absoluta escuridão, sem ideia de qual é o Brasil imaginado por candidatos e partidos. Tem-se 18 nomes listados nas últimas sondagens de intenção de voto para a Presidência da República, mas, até agora, nenhum deles sequer demonstrou preocupação em submeter ao eleitorado uma proposta alternativa para a crise do Sistema Único de Saúde (SUS), do qual dependem diretamente 150 milhões de pessoas.
O SUS é uma obra de arte política. Nasceu há exatos 30 anos, em circunstâncias de rara unanimidade parlamentar, em torno da ideia de saúde gratuita para todos. Os resultados estão visíveis no acesso irrestrito à rede pública de hospitais, no aumento da expectativa na prevenção de vida, na (vacinações), redução da nos mortalidade transplantes infantil, de órgãos e no tratamento de infecções pelo HIV.
Suas deficiências são indicadas como principal problema nacional desde junho de 2013, quando centenas de milhares de pessoas saíram às ruas, em todo o país, em protesto contra a inépcia nos serviços públicos básicos. Detalhe relevante nessas pesquisas é a boa avaliação do SUS pela massa que dele depende, quando consegue atendimento. Na origem da crise da Saúde está a apropriação privada de fatias do Orçamento público. União, estados e municípios investem R$ 230 bilhões por ano, o equivalente a 3,7% do Produto Interno Bruto, metade da média dos gastos registrados em sociedades ricas. Seria irracional propor tão somente um aumento de despesas numa etapa de virtual falência governamental. Mas a saída, certamente, começa pela higienização do poder político sobre os contratos. A degradação acelerada nos serviços é consequência do predomínio de interesses particulares, da regulação até a fila de pagamentos às empresas.
Os governos Lula, Dilma e Temer usaram a saúde coletiva como moeda no Congresso. Permitiram a expansão do loteamento partidário em áreas-chave do Ministério da Saúde, da Funasa e da agência setorial ANS. Os principais beneficiários (PT, PMDB e PP) estenderam sua influência aos estados e municípios.
É eloquente que um partido como o PP do senador Ciro Nogueira — recordista em investigados na Operação Lava-Jato (41% da atual bancada) —, comande o ministério e a ANS. Ou ainda, que o líder do governo, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), tenha recebido de presente a nomeação da mãe no comando da Funasa na Paraíba, 24 horas depois de ter sido denunciado ao Supremo por corrupção.
Sem propostas objetivas para resolver a crise na Saúde, candidatos e partidos se expõem às consequências de um “estelionato” eleitoral. O ronco das ruas de 2013 ecoa alto e claro, cinco anos depois.
Mantêm silêncio, da mesma forma, sobre suas ideias para acabar com a irracionalidade dominante nas relações entre os 50 milhões de brasileiros que não dependem do SUS, porque têm acesso a planos de saúde, e as mais de 800 empresas operadoras médico-hospitalares. Na crise da Saúde, não há rota de fuga disponível a candidatos e partidos. Eles sabem que a situação do sistema é insustentável e, por isso, precisam dizer logo aos eleitores como pretendem resgatá-lo ou liquidá-lo — nesse caso, explicando o que planejam pôr no lugar.
O SUS é uma obra de arte política. Nasceu há exatos 30 anos, em circunstâncias de rara unanimidade parlamentar, em torno da ideia de saúde gratuita para todos. Os resultados estão visíveis no acesso irrestrito à rede pública de hospitais, no aumento da expectativa na prevenção de vida, na (vacinações), redução da nos mortalidade transplantes infantil, de órgãos e no tratamento de infecções pelo HIV.
Suas deficiências são indicadas como principal problema nacional desde junho de 2013, quando centenas de milhares de pessoas saíram às ruas, em todo o país, em protesto contra a inépcia nos serviços públicos básicos. Detalhe relevante nessas pesquisas é a boa avaliação do SUS pela massa que dele depende, quando consegue atendimento. Na origem da crise da Saúde está a apropriação privada de fatias do Orçamento público. União, estados e municípios investem R$ 230 bilhões por ano, o equivalente a 3,7% do Produto Interno Bruto, metade da média dos gastos registrados em sociedades ricas. Seria irracional propor tão somente um aumento de despesas numa etapa de virtual falência governamental. Mas a saída, certamente, começa pela higienização do poder político sobre os contratos. A degradação acelerada nos serviços é consequência do predomínio de interesses particulares, da regulação até a fila de pagamentos às empresas.
Os governos Lula, Dilma e Temer usaram a saúde coletiva como moeda no Congresso. Permitiram a expansão do loteamento partidário em áreas-chave do Ministério da Saúde, da Funasa e da agência setorial ANS. Os principais beneficiários (PT, PMDB e PP) estenderam sua influência aos estados e municípios.
É eloquente que um partido como o PP do senador Ciro Nogueira — recordista em investigados na Operação Lava-Jato (41% da atual bancada) —, comande o ministério e a ANS. Ou ainda, que o líder do governo, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), tenha recebido de presente a nomeação da mãe no comando da Funasa na Paraíba, 24 horas depois de ter sido denunciado ao Supremo por corrupção.
Sem propostas objetivas para resolver a crise na Saúde, candidatos e partidos se expõem às consequências de um “estelionato” eleitoral. O ronco das ruas de 2013 ecoa alto e claro, cinco anos depois.
Proteger as abelhas é dar espaço à natureza
O fato de a Comissão Europeia ter banido três inseticidas da classe dos neonicotinoides, provavelmente nocivos a abelhas, é à primeira vista uma boa notícia para o meio ambiente. Abelhas e muitos outros insetos – úteis e prejudiciais aos seres humanos – ficam mais bem protegidos.
Mas o fato de que os inseticidas não poderão ser mais usados não significa necessariamente que as abelhas realmente passarão a ter uma vida melhor. É forte a suspeita de que os agricultores vão passar a recorrer a outros pesticidas, que provavelmente vão usá-los em concentrações mais altas. E é questionável que essas substâncias sejam realmente mais seguras e melhores para os insetos do que as agora proibidas.
Uma coisa é clara: a agricultura moderna não se sustenta sem herbicidas. As pragas se adaptam muito rapidamente e podem matar colheitas enormes em tempo recorde. E há mais uma verdade incômoda – sobretudo para muitos amigos da agricultura orgânica. Apenas a agricultura industrial pode sustentar a crescente população mundial. Sem uma produção eficiente de alimentos, haverá crises de fome.
Existem soluções para este dilema, mas elas exigem maiores esforços conjuntos de pesquisadores, indústria e agricultura: pesticidas bem seletivos, apenas para pragas muito específicas. O melhor seriam aqueles agentes que já atuam no estágio larval e, assim, evitam que as pragas possam se desenvolver. Ao mesmo tempo, as substâncias não devem atuar sobre organismos benéficos.
Isso é muito mais complicado do que um inseticida de amplo espectro, com o qual é possível se proteger de muitas pragas ao mesmo tempo. Porque cada praga tem de ser reconhecida individualmente, com uma estratégia de combate. Isso requer um alto nível de conhecimento técnico entre os agricultores. Isso custa tempo, dinheiro e, no final, sempre haverá, apesar disso, prejuízos nas colheitas.
Muito mais importante para a preservação da biodiversidade seria algo bem diferente: temos que dar mais espaço à natureza, sobretudo nas áreas onde podemos investir sem arriscar grandes perdas.
Os legisladores devem delimitar faixas verdes ao longo de estradas e caminhos nos campos que não podem ser desmatados. Assim, arbustos, árvores e flores silvestres podem se expandir novamente. Em volume, isso não mudaria muito em relação ao rendimento de um campo industrialmente cultivado, mas seria um grande ganho para a natureza.
E também nas cidades e nos vilarejos de interior podemos fazer muito mais não só pelos insetos, mas também pelos pássaros: por que não damos mais chances ao prado com flores, onde agora existe um gramado bem cortado? Por que cada dente-de-leão precisa ser arrancado? Por que paisagistas criam enormes superfícies mortas de cascalho, nas quais cada suposta erva daninha é imediatamente arrancada ou queimada com o lança-chamas? Por que tudo é tão pavimentado e sem plantas?
Um pouco mais de "desordem" na nossa paisagem não faria mal. E então, abelhas, moscas polinizadoras, borboletas e companhia também teriam novamente boas oportunidades de desenvolvimento – assim como muitos outros bichos.
Deutsche Welle
Uma coisa é clara: a agricultura moderna não se sustenta sem herbicidas. As pragas se adaptam muito rapidamente e podem matar colheitas enormes em tempo recorde. E há mais uma verdade incômoda – sobretudo para muitos amigos da agricultura orgânica. Apenas a agricultura industrial pode sustentar a crescente população mundial. Sem uma produção eficiente de alimentos, haverá crises de fome.
Existem soluções para este dilema, mas elas exigem maiores esforços conjuntos de pesquisadores, indústria e agricultura: pesticidas bem seletivos, apenas para pragas muito específicas. O melhor seriam aqueles agentes que já atuam no estágio larval e, assim, evitam que as pragas possam se desenvolver. Ao mesmo tempo, as substâncias não devem atuar sobre organismos benéficos.
Isso é muito mais complicado do que um inseticida de amplo espectro, com o qual é possível se proteger de muitas pragas ao mesmo tempo. Porque cada praga tem de ser reconhecida individualmente, com uma estratégia de combate. Isso requer um alto nível de conhecimento técnico entre os agricultores. Isso custa tempo, dinheiro e, no final, sempre haverá, apesar disso, prejuízos nas colheitas.
Muito mais importante para a preservação da biodiversidade seria algo bem diferente: temos que dar mais espaço à natureza, sobretudo nas áreas onde podemos investir sem arriscar grandes perdas.
Os legisladores devem delimitar faixas verdes ao longo de estradas e caminhos nos campos que não podem ser desmatados. Assim, arbustos, árvores e flores silvestres podem se expandir novamente. Em volume, isso não mudaria muito em relação ao rendimento de um campo industrialmente cultivado, mas seria um grande ganho para a natureza.
E também nas cidades e nos vilarejos de interior podemos fazer muito mais não só pelos insetos, mas também pelos pássaros: por que não damos mais chances ao prado com flores, onde agora existe um gramado bem cortado? Por que cada dente-de-leão precisa ser arrancado? Por que paisagistas criam enormes superfícies mortas de cascalho, nas quais cada suposta erva daninha é imediatamente arrancada ou queimada com o lança-chamas? Por que tudo é tão pavimentado e sem plantas?
Um pouco mais de "desordem" na nossa paisagem não faria mal. E então, abelhas, moscas polinizadoras, borboletas e companhia também teriam novamente boas oportunidades de desenvolvimento – assim como muitos outros bichos.
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