quarta-feira, 20 de maio de 2015

A serventia da UNE

O que faz a União Nacional dos Estudantes (UNE)? Em seu site na internet, a UNE diz ter “um papel histórico em defesa da educação e dos estudantes!” – com exclamação. Os alunos das universidades federais, que enfrentam imensa crise, esperam mesmo que a UNE os defenda. No entanto, essa organização está cada vez menos interessada nos estudantes, pois seu papel, nos últimos anos, tem sido o de servir apenas como correia de transmissão do lulopetismo. Uma entidade que nasceu para contestar o poder se tornou seu fiel vassalo, para usufruir da coisa pública como se privada fosse – e o moderno prédio que a UNE está erguendo em área valorizada do Rio de Janeiro, conforme mostrou recente reportagem do Estado, talvez seja o símbolo definitivo do patrimonialismo que tanto marca a era petista no governo.

Projeto Niemeyer para a UNE
O prédio ocupará o lugar da antiga sede da UNE, na Praia do Flamengo, que foi metralhada e incendiada em 1.º de abril de 1964, dia seguinte ao do golpe militar. Em vez de servir como reparação histórica a uma agressão cometida pelo regime ditatorial, conforme diziam os dirigentes da UNE e do governo em 2010 – quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que a União tinha de indenizar a entidade –, o que se verá naquele terreno é uma obra do mais puro oportunismo daqueles que se assenhorearam do Estado.

No final de seu segundo mandato, Lula assinou a autorização para que a UNE recebesse nada menos que R$ 44,6 milhões a título de compensação pelos danos causados pela ditadura. Tal indenização não estava prevista na Lei de Anistia, que só menciona pagamentos a indivíduos, e não a entidades. Mas, como se sabe, a lei nunca foi um constrangimento para o lulopetismo. Em junho de 2010, Lula fez aprovar no Congresso uma norma que tratava especificamente do “reconhecimento da responsabilidade do Estado brasileiro pela destruição da sede da União Nacional dos Estudantes”. Estava resolvido o problema.

Com dinheiro em caixa, a UNE lançou a pedra fundamental do empreendimento ainda em 2010, com a presença de Lula – saudado como “guerreiro do povo brasileiro” por uma audiência embevecida com seu mecenas.

Feita a partir de um projeto doado por Oscar Niemeyer, a obra demorou a deslanchar, mas agora está a todo vapor – e a UNE, afinal, não usará recursos próprios na construção. Como mostrou o Estado, a entidade preferiu se associar a diversas empresas privadas para bancar a obra e explorar o aluguel de salas comerciais. É um progresso e tanto para uma organização administrada pelo PC do B desde 1979 e habituada a denunciar a perversidade da exploração capitalista.

Um vídeo por ela divulgado para promover a obra mostra que a UNE disporá de luxuosas instalações, decerto muito melhores do que nos tempos em que corajosamente fazia oposição ao governo. Agora como sócia do Estado, a UNE vai dispor de equipamentos e de estrutura que contrastam com a situação de penúria enfrentada pelos estudantes das universidades bancadas com dinheiro do governo federal.

Na Universidade Federal Fluminense, por exemplo, um dos prédios corre o risco de desabar. Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, algumas turmas são obrigadas a ter aulas em uma escola estadual, por falta de salas. Há relatos de falta sistemática de equipamentos e de segurança.

A ostentação da UNE contrasta também com o momento difícil pelo qual passam estudantes que dependiam do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), crédito que passou a minguar desde que o governo mudou suas regras.

Pois não há registro de protestos da UNE nem em relação à situação dos alunos das federais nem contra o corte abrupto do financiamento estudantil. A entidade ocupa seu tempo atualmente fazendo campanha a favor da reforma política defendida pelo PT. Nem se podia esperar outra atitude de uma entidade que abandonou há muito tempo a defesa dos estudantes, preferindo servir como mera – e agora lucrativa – claque do lulopetismo.

Fique tranquilo!

Dilma levy corte no orcamento atirador de facas olho tapado tesouras B

Avião prefixo PT-ETC


O Brasil do PT é um avião particular que faz voo cego, sem plano, com pouco combustível, em tempo ruim... Sim, o piloto é astigmático e não sabe ler mapas. A meia dúzia de passageiros está distraída, ouvindo num radinho os depoimentos dos ratos da operação Lava Jato na sessão da Câmara dos Deputados e nem sonham com a situação em que se encontram...

Logo, alguém com voz claudicante pergunta: o deputado Jean Luiz já falou qualquer coisa? Não, responde um vozeirão, e nem vai falar, o presidente é o Bolsonaro... Ah... Nesse meio tempo, um dos motores parou... Nooooo, e agora? Sem chiliques, cara, quero ouvir o que diz o Vaccari, que já começou dizendo que não sabe nem por que está depondo, quanto mais assunto de propina e outros badalos... O avião sacode, e o cara da voz claudicante resmunga: Tô nem aí, se cair, tomara que seja em cima do Senado Federal. Não é ele que está virado pra cima como uma cuia? Melhor seria no Planalto, onde estão os terroristas de outrora, e os heróis de agora, e outros como aquele que parece com Santo Antônio, acho que Luís Roberto, e o outro que tem nome de violino...

Lewandowski? Cara, esse povo é do Supremo Tribunal Federal... E daí? É tudo farinha do mesmo saco. Depois que o Joaquim saiu... Cala a boca, quando o avião pousar... pousar ou cair? Não agoure...

Por falar em saco, quem leu o livro daquele cara lá do Uruguai, o presidente que morava numa furreca e tem nome de tango argentino? Geluzí? Tá louco, cara, é Mujica. É esse mesmo. E daí? Daí que ele soltou a franga... Saiu do armário? Abriu o livro, sô... Que susto! Conta, adoro fofoca... Não tem nada de fofoca, ele comenta sobre declarações do ex-Luiz, dizendo que ele não é ladrão como o Collor... fala que Lula disse que passou perrengue no governo porque só existe um meio de governar o Brasil varonil: molhando generosamente as mãos dos ratos. Esses do Lava? Sim, e os outros também, como os caras do Zelotes... Opa, que que é isso? Esse foi um pequeno assalto num tal Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, mais conhecido como Carf. Mais conhecido uma ova, eu nunca tinha ouvido falar nessa boca... Pois é, lá foi coisa mixuruca, só 19 bilhões...

Cara, esse nosso país tá mesmo é f...alido. Quem diria, né? Sim, ia me esquecendo, o tal de Marco Aurélio Poc-Poc andou fazendo secretamente umas reuniões aí, a mando de Dona Dilma, com os membros do Mercosul, naquele tempo que botaram pra fora aquele padreco, presidente comuna disfarçado lá do Paraguai, para firmar a liderança de Dona Dilma na região. Que região? América Latina... E por que Dona Dilma, em vez de... Ela sabe ler, sabe? E aí? Aí que botaram o Paraguai pra fora do Mercosul e botaram a Venezuela pra dentro. Resultado, Chávez morreu em Cuba... Só por causa disso? Sei lá... Quem sabe o que se passa no meio dessa gente... Isso tudo tá no livro do Geluzí, quer dizer, Mujica.

E o piloto, apavorado, manda apertar o cinto, que vai pousar de barriga. Aiii, meu Deus do céu, socor...

Fachin e a operação Anti-Lava-Jato


Estão querendo melar a Lava jato
Arnaldo Jabor

Dois presidentes: todo mundo manda e ninguém obedece. É o caos

O Brasil passa por um problema sério de identidade. Ninguém sabe quem manda. A avacalhação é geral. De repente, o Lula saiu da toca e começou a juntar um monte de gente para administrar o país esquecendo que a Dilma ainda está no trono. Pretende com esses grupos políticos criar um governo paralelo e deixar a presidente falando sozinha, no vazio. Lula não admite – e já disse isso pessoalmente para Dilma – que ela mantenha sob seu guarda-chuva o ministro Aloizio Mercadante. Sabe que no cargo de chefe da Casa Civil é um pulo para o ministro disputar a presidência em 2018. Portanto, Lula não quer ninguém fazendo sombra às suas pretensões políticas.

Aos poucos, ele vai minando o poder da Dilma e do Mercadante. Exigiu que a presidente indicasse o vice Michel Temer para coordenação política do governo, uma forma de botar o Mercadante para escanteio. Ela, como sempre, obedeceu cegamente. Mas não demorou para dar o troco: não atende as demandas políticas e nenhum pedido do Michel, o que tem provocado um profundo mal estar no meio político, mas sobretudo dentro do PMDB, onde o vice já foi apelidado de chefe de departamento de pessoal.

Lula mexeu na Comunicação Social do governo. Botou de goela abaixo da Dilma seu amigo Edinho, tesoureiro da campanha, já enrolado na operação Lava Jato, para cuidar dos bilhões da publicidade, uma arma mortífera para enfrentar os donos dos jornais que pensam em fazer oposição ao seu nome em direção a 2018. Com o míssil apontado para o Mercadante, seu principal alvo no governo, ele agora juntou-se aos políticos de Brasília que também não veem o ministro com muita simpatia. Tudo de ruim no governo, Lula joga nas costas do Mercadante que resiste, não porque é um grande articulador político, mas porque a Dilma sabe que se ceder a mais essa pressão de Lula pode levá-la ao total esvaziamento do poder.

E no país de dois presidentes, tudo está indo para o fundo do poço. Eduardo Cunha, por exemplo, que até então não passava de um político de segunda linha, agora está dando as cartas. Quer, por exemplo, mudar o regimento para se reeleger na mesma legislatura; quer construir um anexo e um shopping na Câmara, mesmo com o país em crise; quer derrubar Rodrigo Janot e impedir a sua reeleição na Procuradoria Geral da República; e contratou sem licitação a empresa Kroll por 1 milhão de reais para ajudar na CPI da Lava Jato. Virou, de uma hora para outra, o popstar da política com um histórico que mal encheria uma merendeira.
Lula enxerga tudo isso e mantém-se firme no seu propósito de esvaziar a Dilma. Como a presidente está no mundo da lua com seu novo corpinho, o que pode se notar pelos seus últimos pronunciamentos quando trocou as bolas, nada melhor do que passar a imagem da sua fraqueza e da sua inércia para o país, numa bem orquestrada campanha com seus blogueiros chapas-brancas. O ex-presidente não se conforma com a limpeza que a Dilma fez no seu gabinete, expurgando os militantes mais próximos dele. Não se conforma, sobretudo, com a indicação de Fernando Levy, o Ministro da Fazenda, que não passou pelas suas mãos. Mas na disputa pelo poder, Lula não quer ficar à margem, por isso enfiou lá dentro do Planalto o Edinho que entende de comunicação como ele entende de fissão nuclear.

Nesse caos em que vive o país, cada um quer tirar uma casquinha. Até os delatores premiados já desdizem os seus depoimentos porque começam a entender que podem conviver com suas tornozeleiras de grife em casa com as contas bancárias abarrotadas de dólares lá fora. Eles sabem que no Brasil o crime compensa.

Enquanto isso, o país, sem projeto, vai se esfacelando nas mãos desse governo incompetente e corrupto.

Pátria Educadora na lanterna

Charge

O Brasil segue colecionando vexames nos rankings mundiais da educação. Não andamos de lado, andamos para trás.

A cada rodada do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – Pisa, exame realizado de três em três anos e de responsabilidade da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE, ficamos patinando nas últimas posições, quase no final da fila.

Isso aconteceu em 2012, quando o país caiu posições na área de ciências. Naquele ano estávamos em 55º no ranking de leitura, 58º no de matemática e 59º no de ciências, entre 65 países avaliados. Isso voltou a ocorrer no PISA de 2015, que será divulgado nesta semana e traz o Brasil classificado na humilhante 60ª posição em matemática e ciências, entre 76 países avaliados. Dentre os latino-americanos, o Chile é o primeiro da lista, em 48º lugar. Costa Rica, México e Uruguai também estão na frente do Brasil, em 53º, 54º e 55º respectivamente.

E quando se pensa que chegamos ao fundo do poço, vem um vexame maior ainda: o Brasil está na rabeira do ranking do Fórum Econômico Mundial quando se leva em conta o desempenho dos jovens menores de 15 anos. Aí ficamos em 91º lugar!

No ranking geral do Fórum, o país fica atrás da Bolívia e do Paraguai!

Por quê?

Não há muito mistério. Pagamos caríssimo por ser retardatários. O ensino fundamental só foi universalizado na virada deste século, mais precisamente na gestão de Paulo Renato Souza no Ministério da Educação. E até aí não existia qualquer sistema nacional de avaliação do ensino.

Os passos seguintes seriam investir na formação inicial e contínua dos professores, implantar de vez a meritocracia e derrotar o corporativismo - essa força conservadora sempre resistente às mudanças. Além de enfrentar os problemas do fracasso e da evasão escolar no ensino básico.

Não foi o que aconteceu nos doze anos dos governos petistas. Os presidentes Lula e Dilma Rousseff deixaram essa agenda de lado e o país assistiu a uma sucessão de ministros da área (já estamos no oitavo), com prioridades distintas. E com políticas erráticas.

Mais grave: o Ministério da Educação abriu mão formular e articular políticas públicas capazes de mudar a face do ensino básico, de superar suas mazelas, de ingressar no século 21.

Na educação colhe-se o que se planta. Cingapura, Coréia e Hong Kong priorizaram o ensino básico, fizeram sua revolução educacional ainda no século passado. Hoje ocupam os primeiros lugares não só nos exames internacionais, mas na competitividade mundial. São melhores em tudo ou quase tudo.

Enquanto isso, o Brasil come poeira lá atrás.

'Reizinho' fez papel de bobo

O país vai de mal a pior mas a rainha Dilma (67 anos), enclausurada pela população em seu Palácio do Planalto, encontrou tempo na agenda vazia para se ocupar de uma conversa fiada por duas horas com Jô Soares (77 anos). O humorista, que fez o personagem Reizinho por alguns anos na tevê, bancou dessa vez o bobo da corte.

Caixa-preta na Saúde

A rarefeita transparência na gestão ajuda a reforçar a percepção de anarquia gerencial no SUS, uma constante nas pesquisas de opinião dos últimos seis anos
Uma bilionária caixa-preta — é o que sugerem os dados oficiais sobre os gastos e a eficiência de nove unidades de saúde pública mantidas pelo governo federal no Rio.

São seis hospitais (Andaraí, Bonsucesso, Cardoso Fontes, Ipanema, Lagoa e Servidores) e três institutos especializados (Câncer, Cardiologia e Traumatologia), administrados pelo Ministério da Saúde.

No ano passado, eles gastaram R$ 50,6 mil por cada internação.

Em contraste, a despesa média por paciente foi de R$ 6 mil nos três maiores hospitais municipais do Rio (Lourenço Jorge), de Nova Iguaçu (Hospital Geral) e de Duque de Caxias (Moacyr do Carmo).

Ou seja, internações nas instituições federais custaram oito vezes mais que nos três principais hospitais municipais do Rio e da Baixada.

A despesa cresce, mas o padrão de eficiência declina. Houve uma drástica redução do número de internações nos últimos seis anos.
A queda foi de 47% no Instituto de Cardiologia; de 41% no Hospital do Andaraí; de 39% no Servidores; de 38% na Lagoa; de 30% no Cardoso Fontes; de 28% no Instituto do Câncer, e, de 22% no Hospital de Bonsucesso.

Manteve-se alguma estabilidade no Instituto de Traumatologia (-6%). A ilha de produtividade foi o Hospital de Ipanema, onde se registrou 51% de crescimento (de 2,7 mil pacientes para 4,1 mil ao ano, no período de 2008 a 2014).

Ano passado, essa rede federal realizou um total de 54 mil internações. No mesmo período, ocorreram 61 mil em apenas três unidades das prefeituras de Nova Iguaçu (Hospital Geral), Duque de Caxias (Moacyr do Carmo), Rio (Lourenço Jorge) e um hospital estadual (Adão Nunes).

Sozinho, com 18 mil pessoas internadas, o de Nova Iguaçu superou três federais (Andaraí, Cardoso Fontes e Servidores) que somaram 17 mil internações.

A rede federal no Rio recebeu R$ 3,4 bilhões em 2014. É um volume de dinheiro expressivo, equivalente ao que o governo estadual gastou com 60 hospitais (1.050 leitos de UTI) e serviços adicionais, como a vigilância epidemiológica.

As nove instituições federais concentram 22% dos leitos existentes na capital. Deveriam ter papel-chave no serviço de saúde aos 12 milhões de habitantes da região metropolitana. No entanto, permanecem isoladas da estrutura local, sustentam precários serviços de atendimento emergencial (num deles, o ambulatório está improvisado em contêiner), e mantêm milhares de pessoas à espera de vaga para uma cirurgia — algumas completaram uma década na fila, segundo a Justiça Federal e a Defensoria Pública da União.

A rarefeita transparência na gestão ajuda a reforçar a percepção de anarquia gerencial no Sistema Único de Saúde, uma constante nas pesquisas de opinião dos últimos seis anos.

Dias atrás, no Rio, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, reuniu-se com prefeitos, secretários e o governador do Rio e repetiu as promessas dos últimos 15 meses de mudanças na política nacional de atenção hospitalar.

Ouviu calado as críticas das autoridades e torceu o nariz quando uma de suas auxiliares locais resumiu a crise no Rio.

De volta a Brasília, Chioro tomou uma decisão revolucionária: demitiu a assessora.

José Casado

Educação para a transgressão

Embora permanentemente desmentida, é muito inerente à nossa formação cultural a idéia de que as leis geram uma força própria suficiente para superar as dificuldades de que tratam. Há um problema? Faça-se lei para resolvê-lo. Feita a lei, lavam-se as mãos e dá-se tudo por resolvido. Essa mesma fé nos leva a crer, por outro lado, que as relações sociais devam estar regidas por estatutos legais, o que acaba inibindo os espaços próprios aos ajustes interpessoais, aos contratos e à liberdade, enfim.

Se verdadeira tal crença no poder corretivo das leis, nosso país deveria ser um modelo de virtudes coletivamente atingidas e a vida fluiria doce e suavemente, conforme a concebem os que redatores dos códigos. No entanto, observo uma realidade diferente e sou induzido a uma convicção diferente. Quanto mais educação dermos às pessoas, quanto melhores forem os valores a elas transmitidos, quanto mais elas se deixarem conduzir por princípios, menor será o número de leis de que necessitaremos e maior será o espaço da liberdade vivida como bem moral determinante de condutas corretas. Em palavras que melhor resumam o que pretendo dizer: estamos fazendo leis em excesso e educando de modo escasso.


Pergunte a qualquer professor na faixa etária dos 50 anos qual a avaliação que faz entre a qualidade da educação que era ministrada ao tempo de sua infância e a que é fornecida hoje. Não estou me referindo a meros conteúdos didáticos. Estou falando em muito mais do que isso, estou aludindo à verdadeira educação, àquela que prepara as novas gerações para a vida social e para o exercício da liberdade. E sublinho: não estou limitando essa tarefa educativa apenas à sala de aula. Estou falando na educação que deve ser proporcionada em casa, nas Igrejas, nos vários ambientes de convívio social e mediante os meios de comunicação.

Faça mais, pergunte a você mesmo sobre a insistência com que a responsabilidade, a solidariedade, e o respeito à verdade, ao patrimônio alheio, à dignidade do outro, às autoridades e instituições, aos idosos, eram passados a você. E compare com o que vê a seu redor. Poste-se diante de um monitor de TV e faça uma sinopse dos valores e desvalores exibidos. Compre uma revista, dessas que são destinadas ao público adolescente, e veja se encontra ali algum conteúdo que contribua de modo positivo para o adequado uso da liberdade.

De nada nos valerão tantas leis enquanto a sociedade, a partir da infância, for educada para a transgressão.

Percival Puggina