Em síntese, foi isso o que disse, sem disfarçar a apreensão, o vice-presidente da República e coordenador político do governo Michel Temer (PMDB-SP).
Depois de um dia de reuniões com representantes de todos os partidos que supostamente apoiam o governo, e ministros chamados às pressas por ele,
Temer procurou os jornalistas e ditou:
- A declaração que eu quero fazer é aos vários setores da sociedade. Particularmente aos partidos políticos, aos companheiros do Congresso. (...) Nós
estamos pleiteando exata e precisamente que todos se dediquem a resolver o problema do país. Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave.
Não tenho dúvida de que é grave. É grave porque há uma crise política se ensaiando, há uma crise econômica que precisa ser ajustada. Faço este apelo.
- Vocês sabem que ao longo do tempo tivemos sucesso na articulação política. Mas hoje, quando se inaugura o segundo semestre, agrava-se uma possível
crise. Precisamos evitar isso. Em nome do Brasil, do empresariado, dos trabalhadores, é preciso que alguém possa, tenha capacidade de reunificar a todos,
de unir a todos, de fazer esse apelo. Tomo a liberdade de fazer esse pedido porque, caso contrário, poderemos entrar numa crise desagradável. É preciso
pensar no país acima dos partidos, acima do governo.
O que deu em Temer? Em Temer, não, no governo? Porque ele falou pelo governo. Teve o cuidado, antes de falar, de trocar ideias a respeito com a
presidente Dilma. Ela o autorizou a falar.
Deu que Temer jogou a toalha como coordenador político do governo. Deu-se conta que não funcionará a política de distribuir cargos e sinecuras em troca
de votos no Congresso.
É a única política que o governo imaginou dispor para manter unida sua base de sustentação. Base tão ampla era uma miragem. Sempre foi desde a
reabertura do Congresso em fevereiro último.
Esfarelou-se. E por uma razão que costuma explicar o abandono de governos por aliados de ocasião: a impopularidade dos governos. Políticos e partidos
são sensíveis ao ronco das ruas.
A aprovação do governo só faz cair. Era de 7,7% na mais recente pesquisa CNI/MDA. Números frescos à disposição do governo mostram que o
percentual de aprovação caiu mais.
Pesquisa aplicada na semana passada apenas na capital paulista pelo Instituto Paraná de Pesquisas registrou que a desaprovação do governo Dilma bateu na
casa dos 90%.
Dito de outra maneira: 9 de cada 10 paulistanos rejeitam Dilma.
A declaração feita por Temer ganhou cores de desespero quando ele disse a certa altura:
- (...) é preciso que alguém possa, tenha capacidade de reunificar a todos, de unir a todos, de fazer esse apelo.
Que alguém é esse?
Num regime presidencialista, esse alguém só poderia ser o presidente da República. Mas porque a presidente deixou para Temer a tarefa de fazer o apelo?
Porque não tem mais condições de fazê-lo. Perdeu a credibilidade. Perdeu a confiança dos seus governados. Perdeu a autoridade política. Não se arrisca a
falar à Nação com medo de ser hostilizada.
Se seu apego ao poder não fosse demasiado, pediria as contas.
Talvez seja cruel afirmar que Temer, ao dizer o que disse e da maneira como disse, ofereceu-se para ocupar um espaço que está vago. Mas foi isso o que
aconteceu, mesmo contra sua vontade.
O vice-presidente no exercício improvisado e ocasional da presidência foi secundado no seu apelo pelos dois ministros mais importantes do governo –
Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Joaquim Levy, da Fazenda. Sintomático.
Pela primeira vez, Levy arquivou seu discurso geralmente cuidadoso para dizer que é grave a crise fiscal que o país atravessa. Alertou para o risco do ajuste
não dar certo.
Mercadante admitiu que o governo errou – sem apontar quando e como. Seria pedir demais a ele, convenhamos.
Para espanto da oposição, elogiou-a. E por fim disse que somente um acordo suprapartidário será capaz de salvar o país do pior.
Lula, Dilma e o PT sempre trataram a oposição com desprezo. Há 12 anos que a espezinham. Agora pedem arrego. De fato, é isso que pedem.
A resposta dos partidos a Temer, Levy e Mercadante começou a ser dada pouco antes da meia noite de ontem mesmo.
PDT e PTB, que juntos têm 44 deputados federais e dois ministros de Estado, anunciaram seu rompimento com o governo.
E a Câmara dos Deputados estava pronta para aprovar novos projetos que poderão comprometer de vez o ajuste fiscal.
estamos pleiteando exata e precisamente que todos se dediquem a resolver o problema do país. Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave.
Não tenho dúvida de que é grave. É grave porque há uma crise política se ensaiando, há uma crise econômica que precisa ser ajustada. Faço este apelo.
- Vocês sabem que ao longo do tempo tivemos sucesso na articulação política. Mas hoje, quando se inaugura o segundo semestre, agrava-se uma possível
crise. Precisamos evitar isso. Em nome do Brasil, do empresariado, dos trabalhadores, é preciso que alguém possa, tenha capacidade de reunificar a todos,
de unir a todos, de fazer esse apelo. Tomo a liberdade de fazer esse pedido porque, caso contrário, poderemos entrar numa crise desagradável. É preciso
pensar no país acima dos partidos, acima do governo.
O que deu em Temer? Em Temer, não, no governo? Porque ele falou pelo governo. Teve o cuidado, antes de falar, de trocar ideias a respeito com a
presidente Dilma. Ela o autorizou a falar.
Deu que Temer jogou a toalha como coordenador político do governo. Deu-se conta que não funcionará a política de distribuir cargos e sinecuras em troca
de votos no Congresso.
É a única política que o governo imaginou dispor para manter unida sua base de sustentação. Base tão ampla era uma miragem. Sempre foi desde a
reabertura do Congresso em fevereiro último.
Esfarelou-se. E por uma razão que costuma explicar o abandono de governos por aliados de ocasião: a impopularidade dos governos. Políticos e partidos
são sensíveis ao ronco das ruas.
A aprovação do governo só faz cair. Era de 7,7% na mais recente pesquisa CNI/MDA. Números frescos à disposição do governo mostram que o
percentual de aprovação caiu mais.
Pesquisa aplicada na semana passada apenas na capital paulista pelo Instituto Paraná de Pesquisas registrou que a desaprovação do governo Dilma bateu na
casa dos 90%.
Dito de outra maneira: 9 de cada 10 paulistanos rejeitam Dilma.
A declaração feita por Temer ganhou cores de desespero quando ele disse a certa altura:
- (...) é preciso que alguém possa, tenha capacidade de reunificar a todos, de unir a todos, de fazer esse apelo.
Que alguém é esse?
Num regime presidencialista, esse alguém só poderia ser o presidente da República. Mas porque a presidente deixou para Temer a tarefa de fazer o apelo?
Porque não tem mais condições de fazê-lo. Perdeu a credibilidade. Perdeu a confiança dos seus governados. Perdeu a autoridade política. Não se arrisca a
falar à Nação com medo de ser hostilizada.
Se seu apego ao poder não fosse demasiado, pediria as contas.
Talvez seja cruel afirmar que Temer, ao dizer o que disse e da maneira como disse, ofereceu-se para ocupar um espaço que está vago. Mas foi isso o que
aconteceu, mesmo contra sua vontade.
O vice-presidente no exercício improvisado e ocasional da presidência foi secundado no seu apelo pelos dois ministros mais importantes do governo –
Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Joaquim Levy, da Fazenda. Sintomático.
Pela primeira vez, Levy arquivou seu discurso geralmente cuidadoso para dizer que é grave a crise fiscal que o país atravessa. Alertou para o risco do ajuste
não dar certo.
Mercadante admitiu que o governo errou – sem apontar quando e como. Seria pedir demais a ele, convenhamos.
Para espanto da oposição, elogiou-a. E por fim disse que somente um acordo suprapartidário será capaz de salvar o país do pior.
Lula, Dilma e o PT sempre trataram a oposição com desprezo. Há 12 anos que a espezinham. Agora pedem arrego. De fato, é isso que pedem.
A resposta dos partidos a Temer, Levy e Mercadante começou a ser dada pouco antes da meia noite de ontem mesmo.
PDT e PTB, que juntos têm 44 deputados federais e dois ministros de Estado, anunciaram seu rompimento com o governo.
E a Câmara dos Deputados estava pronta para aprovar novos projetos que poderão comprometer de vez o ajuste fiscal.