sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Dilma medico ressonancia raio x metastase pmdb fatal

Lula volta a ser 'o cara'

Tudo indica que Lula da Silva conseguiu finalmente subjugar sua criatura e assumir o comando político do governo. Não chega a surpreender, diante da mais do que comprovada incompetência política de Dilma Rousseff, que vinha comprometendo o futuro de seu frustrado preceptor e do PT. Assim, volta ao proscênio da política nacional o maior responsável pela crise política, econômica e moral que infelicita o País.

Quanto mais em evidência estiver, tanto mais serão cobradas de Lula explicações sobre seu papel no mar de lama que inundou a administração pública federal sob seu comando direto e, depois, sob o desgoverno do poste que inventou para, deliberadamente, desmoralizar as instituições e o regime. A notícia revelada ontem com exclusividade pelo Estado, de que o governo Lula estaria envolvido num cabuloso esquema de lobby para favorecer a indústria automobilística com a edição, em 2009, de MP que prorrogou o desconto do IPI sobre veículos, é apenas mais um elemento a fortalecer a evidência de que o então presidente da República, a exemplo de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, tem explicações a dar à Justiça e ao País. Até porque aponta um dedo acusador para Lula a recomendação de que quem enriquece na política deve ser observado sempre com alguma desconfiança.

A partir de agora Lula deixa de ser apenas um líder partidário generosamente determinado a dar sua contribuição para tirar o Brasil do buraco para se tornar o protagonista da ação governamental. Ninguém mais se dará ao trabalho de cobrar soluções para a crise de uma presidente da República que foi forçada a abdicar de seu poder político, que transferiu em comodato. Agora mandam Lula e as raposas peludas do PMDB, por intermédio de homens de confiança colocados em postos-chave do governo. É claro que, por uma questão até de bons modos, a Dilma será sempre oferecida a opção de concordar com as medidas adotadas pelo governo que ela não pode mais chamar de seu. E o que isso significa?

A julgar pelo que o dono do PT tem dito a interlocutores e proclamado ao distinto público, é preciso impor rapidamente uma “agenda positiva” para o governo, o que significa, na linguagem lulopetista, dizer coisas que as pessoas gostam de ouvir. Lula deve continuar imaginando que o brasileiro é idiota. Como ainda não inventou nada de novo e interessante para anunciar, gastou todo o tempo de uma inserção publicitária do PT na TV dias atrás jactando-se de ter tirado o Brasil do “mapa da miséria da ONU”, de ter promovido à classe média “mais de 40 milhões de brasileiros” e criado fantásticos programas sociais. O que havia de verdade em toda essa jactância populista está se dissipando com a crise, pois o que Lula e Dilma fizeram foi assistencialismo elementar, sem as medidas adicionais que de fato promovem a ascensão social. Um discurso populista requentado não renderá aplausos.

Pior é o fato de que, para manter coerência com a determinação de criar uma “agenda positiva”, será necessário reduzir ao mínimo as medidas de austeridade do ajuste fiscal, quase todas elas impopulares. Isso acabará inviabilizando o ajuste, que é precondição para a adoção de qualquer medida eficaz para a retomada do crescimento econômico. Pois o que o chefão do PT está propondo é a pura e simples repetição da “nova matriz econômica” que funcionou enquanto o Brasil surfava nas águas tranquilas da bonança econômica mundial. Uma fórmula cuja overdose acabou resultando na crise que colocou a economia brasileira na beira do precipício.

O estado atual da economia não permite que o “novo governo” vá simplesmente empurrando a situação com a barriga. Diante da enorme incoerência representada pela promessa de conciliar o inconciliável, a pergunta inevitável é a seguinte: afinal, o que Lula tem de fato em mente? Agravar um impasse que, no limite, o libere para chutar o balde, botar toda a culpa em Dilma e no PMDB e virar oposição? É razoável supor que ele tenha fortes razões pessoais para obter as imunidades que imagina devidas a um salvador da Pátria. De quebra, presidiria o País, de novo, a partir de 2018. Que os céus nos protejam!

Em defesa da serpente

A despeito de tudo, sou otimista quanto ao futuro do Brasil. Acho que a necrose do PT é um momento inaugural.

Amplas camadas da população se dão conta de que milagres não existem; de que ninguém será por nós se não formos por nós mesmos. Até Joaquim Levy é personagem desse salto de qualidade. Gosto quando ele diz que, a cada novo gasto, há de corresponder um novo imposto. Alguém sempre paga a conta.


Mais do que a agonia das velhas raposas, interessam-me movimentos de rua de uma juventude que tenta dar à luz o liberalismo em terras nativas. No Brasil das ideias fora do lugar, banqueiros se encantam com o coaxar de pererecas e se deixam seduzir pelo papo-furado distributivista. Alguns querem mais do que juros altos, acreditem. Ambicionam mesmo a ascese!

Constatação à margem: países em que banqueiros fazem questão de ter coração costumam ser governados por pilantras populistas que têm cérebro. O mundo ainda é mais produtivo quando financistas são maus e padres são bons. Sigo.

Algo de novo está em curso, e espero que resista e se espraie, ainda que haja um esforço enorme da imprensa conservadora –de esquerda– de matar essa juventude brandindo contra ela ideias caridosas de anteontem ou a suposta contemporaneidade do "thomas-picarettysmo".

Sou otimista, sim, mas tenho preocupações. Já escrevi neste espaço que seria lamentável se restasse da Operação Lava Jato o ódio à iniciativa privada e ao capital, tomados como corruptores da pureza original. Qual?

Em seu voto contra a doação de empresas privadas a campanhas –uma decisão moralmente dolosa tomada pela maioria do STF–, a ministra Rosa Weber, por exemplo, disse: "A influência do poder econômico culmina por transformar o processo eleitoral em jogo político de cartas marcadas, odiosa pantomima que faz do eleitor um fantoche, esboroando a um só tempo a cidadania, a democracia e a soberania popular".

A tolice é tal que nem errada a frase chega a ser. Eu duvido que Rosa tenha pensado nos desdobramentos da "influência do poder econômico" na vacinação em massa, na produção e distribuição de comida ou na universalização da telefonia.

Por que a ministra pretende que a disputa eleitoral deva ser um domínio impermeável às empresas, que, até onde se sabe, não são abscessos malquistos da civilização, mas uma das formas que esta encontrou de produzir e de multiplicar riqueza?


Junto com o ódio ao capital, vejo brotar em certos nichos o ódio à política, como se já tivéssemos descoberto outra maneira de resolver conflitos distributivos ou de opinião. Torço para que os jovens que ganharam as ruas não caiam nessa conversa de esquerdista desiludido e de anarquista ignorante.

Se, em certa mitologia, o primeiro homem foi Adão, e Eva, a primeira mulher –ambos inocentes como as flores–, a serpente foi o primeiro político. E devemos dar graças a Deus –que já tinha tudo planejado em sua mente divinal– que assim tenha sido, ou aquela duplinha passaria eternidade afora a pôr pontos de exclamação no coaxar das pererecas.

Que os moços acreditem na política! Bem pensado, o esquerdismo, quando genuíno, nada mais é do que a ânsia de matar a política para reconstruir o Éden com homens e mulheres puros. Sem a serpente das tentações. E quando o esquerdismo é uma farsa? Aí dá em Lula e seus Lulinhas endinheirados..
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Fazer o diabo antes, durante e depois da eleição


Há muitos anos o TSE vem tratando com desdém todas as manifestações de desconfiança em relação às urnas eletrônicas. Verdade seja dita: Dias Toffoli não foi o primeiro a adotar essa atitude. Ela se prolonga no tempo e é mais uma evidência de que boa parte dos membros dos poderes de Estado simplesmente está se lixando. A brisa é suave, o uísque é bom, a vida sorri. E o resto que se dane. Atrás desses muros é que vivem.


Eleitores bem informados não confiam no sistema de votação. Suas vulnerabilidades já foram apontadas por diversos peritos. Nenhum outro país adota esse tipo de urna. Mas os doutos ministros do TSE empinam o nariz com ar de enfado quando o assunto lhes é apresentado. Convenhamos, isso tem nome na lista das infrações aos deveres do cargo.

A eleição da presidente Dilma deu-se em circunstâncias misteriosas. Os votos foram contados como naquelas mágicas em que o prestidigitador medíocre, para facilitar a vida, encobre com um pano preto o trabalho de suas mãos. A inconfiabilidade das urnas e a sigilosa contagem ajudaram – e muito! – a criar severas incertezas sobre a correção do pleito. Absolutamente natural, portanto, que o Congresso Nacional, ao deliberar sobre alguns itens de reforma política, incluísse preceito para que as urnas passem a imprimir os votos, permitindo que os eleitores, sem contato físico, os confiram e confirmem antes de a máquina depositá-los em urna onde permanecerão para eventual verificação manual.

Pois não é que a presidente Dilma vetou a iniciativa? Um impressionante veto ao voto impresso! Logo ela, cuja eleição se deu rodeada por uma ciranda de suspeitas; logo ela, que quebrou o país para se eleger; logo ela dos gastos sigilosos e milionários com cartões corporativos; logo ela, das comitivas nababescas e dos hotéis suntuosos; logo ela resolveu implicar com o custo envolvido em algo tão indispensável à credibilidade dos mandatos presidenciais quanto a mudança das urnas eletrônicas. Se o Congresso acolher o veto, a próxima eleição estará sujeita ao mesmo descrédito a que foi conduzido seu próprio mandato. O nome disso é fazer o diabo antes, durante e depois da eleição.

Céu sem brigadeiro

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Põe o Janine, tira o Janine. Tira o Mercadante daqui, coloca ali. Põe o dono do restaurante de Duque de Caxias na Ciência e Tecnologia e desloca o Rebelo para a Defesa - pode não entender nada do assunto, mas torce para o Victor Hugo, belíssimo zagueiro central, que não deixa passar uma.

Ali, dirigindo a orquestra, da coxia, o grão vizir Lula, aquele que é a favor e contra o governo, aquele que planta cargos para colher governabilidade. Para que? Para não largar jamais a planta suculenta do poder.

Na dança das cadeiras promovida pela presidente Dilma com a finalidade de abrir mais espaço em seu governo para abrigar um aliado faminto que tem o poder de retirar-lhe o mandato, faltavam cadeiras e havia dançarinos sobrando.

O grão vizir interveio e colocou um dos seus, Jacques Wagner, na Casa Civil- por onde já andaram José Dirceu e a própria Dilma - e deixou que Dilma deslocasse seu xodó Mercadante para a Educação, completando a quinta troca de comando naquele que deveria ser o ministério mais importante da República - o da Educação (afinal, não somos uma pátria educadora?).

Afinal, é pela Casa Civil que passam de verdade os destinos da República. A Educação é apenas uma vitrine de um projeto inócuo, sem começo, nem meio e nem fim, onde moram os mais impressionantes slogans de João Santana.

Andou por ali ultimamente um cavalheiro bem apessoado, bem educado, um prestigioso professor de Ética, não inscrito no partido, a quem coube, em seus parcos seis meses de gestão, administrar uma greve de universidades federais e vir a público dizer que “o dinheiro acabou”, quando os estudantes não conseguiam mais inscrever-se no FIES. Esse é o resumo de sua obra.

Um homem de fino trato, tanto que ao ser despedido pela presidente, topou posar para uma foto apertando a sua mão e dar declarações à imprensa dizendo que ela foi muito cordial ao comunicar-lhe o bilhete azul.

O outro trambolho que o grão vizir resolveu entregar de mão beijada à voracidade do PMDB foi o ministério da Saúde, que estava nas mãos do companheiro Arthur Chioro, delicadamente avisado que estava fora pela presidente Dilma, num telefonema de dois minutos. Ao que se informa, ela não teve tempo nem de dizer-lhe “obrigado”.

Uns dois dias antes de ser despachado em função do toma lá dá cá, Chioro deu uma entrevista ao Estadão anunciando que o SUS - Sistema Único de Saúde - entrará em colapso em setembro de 2016 por falta de dinheiro.

Para completar o cenário dantesco, anunciou-se que um dos dois candidatos cogitados pelo PMDB para preencher o cargo, o deputado Manoel Júnior, da Paraíba, foi citado numa CPI como suspeito de ter participado de um assassinato. (O escolhido acabou sendo Marcelo Castro, do Piauí, apadrinhado de Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara).

O deputado paraibano é da tropa de choque do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acusado de ter 5 milhões de dólares oriundos de propina depositados em conta secreta na Suíça. Mas Cunha ainda tem o poder de apertar o botão dos projetos bomba e da máquina de disparar o processo de impeachment contra Dilma.

Sob esse virtuoso cenário, o grão vizir ainda disse a seus amigos que está pensando em lançar já a sua candidatura para 2018, com a finalidade de “ocupar espaços”, enquanto mostra à sua criatura onde fica o caminho mais curto para que a sua insignificância não atrapalhe o seu projeto de poder.

Enquanto os ilusionistas embaralhavam as suas cartas, os jornais anunciavam mais mar revolto à frente: a denúncia da venda de MPs favorecendo a indústria automobilística, durante o governo Lula, e doações da UTC tiradas de propinas da Petrobras para financiar a campanha da reeleição de Dilma.

Um céu sem brigadeiro.

À espera da longa e assustadora travessia


Aonde chegaremos depois de completada a longa travessia que se faz tão ansiada, já que promete um porto seguro?

As águas estão agitadas, correm velozes; trovoadas, raios e nuvens negras nos mostram que está se formando uma tempestade; chuva forte, com granizo, castiga a praia insegura.

As ondas são altas, o embarque foi difícil, mas a nave, que já se faz antiga, meio desmantelada, carcomida pelo tempo e pelo descuido, está lotada.

Estamos sem comandante. Perdão, não é isso. Na realidade, temos dois comandantes que passam seu tempo a disputar o leme. Mas não dão, porque não conseguem, a partida.

“La Nave É In Partenza!” é o que por três vezes nos foi prometido pelo sistema de som muito rouco. “Em verdade te digo que esta noite, antes de cantar o galo, três vezes me negarás”. (Mateus 26:33-35). Três vezes!

A tripulação, a maior de todos os navios internacionais, é Bom Bril. Seus membros servem em todas as áreas, passam de uma para outra do dia para a noite. São especialistas em tudo, o que significa que não são peritos em nada.

Mas agitam ainda mais a embarcação. Uns querem que enfrentemos de qualquer modo a tempestade. Outros preferem que fiquemos ancorados à espera da calmaria que sucede o mau tempo.

Será que conseguiremos que a maioria decida? Você acredita nisso ou põe sua fé no tilintar de moedas? Que estão sob o jugo de Joaquim, o Fala Doce?

Jaques, o Wagner, ex-chefe da Defesa, acha melhor acalmar os ânimos. Aciona o segundo-tenente músico Jefferson, amado cônjuge da ex-tripulante Ideli e diz-lhe que faça a orquestra de bordo atacar de ‘Valsa do Adeus’. Quem sabe inspira, pensa ele?

A música alcança os céus enquanto Aldo, o Esportista, que nos defenderá caso encontremos nossa Trafalgar pela frente e Mercadante, o Simpatia, que cuidará da Educação nas novas terras, tentam se livrar das ondas que agora já atingem mais de 20 metros. Aguardam com impaciência aquele que cuidará da Saúde, dos tripulantes, e olhe lá... Ele vem de terras secas, vem a pé, mas vem.

Cunha, o Suíço, e Renan, o Cabeleira, estão à beira de um ataque de nervos. Pansera, o Linguarudo, resolve calar em nome da Ciência.

Menicucci, a Feminista, e Campello, a que Desenvolve, arrumam suas mochilas, bagagem leve já que não sabem se ficam na proa ou na popa do navio.

Passageiros, somos muitos, de todo o tipo, de todo feitio. Diversos gêneros, origem variada, nomes em nski; kov; ley; eira; gna; ette...

Precisamos de alguém que nos oriente. Será que Janine, o Breve, que passou pelo coração do Poder, há de transmitir o que apreendeu? Creio que não. É muito jovem para ser tão arrojado.

Prefiro seguir Hélio Bicudo, jurista lúcido e destemido, que a idade só abrilhantou. Ele sabe o que diz, como dizer e por quê diz.

Mas devo domar o defeito que mais me prejudica, a impaciência: esperar, esperar, esperar... Com fé e determinação. Que venha o que Deus acha que nos deve enviar.

O que for, quando for, é que será o que é
(Fernando Pessoa, como Alberto Caeiro)

Ele & Ela Sociedade Anônima


Depois das revelações do ex-deputado Pedro Corrêa não resta a menor dúvida de que o Exu de Garanhuns era o chefe supremo da quadrilha que assaltava a Petrobras. Parceiro do ex-presidente na criminosa empreitada desde a época do mensalão, Corrêa gozou um bom período de férias na cadeia e agora com a ampliação da operação Lava Jato chega-se novamente a ele levando-o a pensar em ser o primeiro político a aderir a uma delação premiada para não apodrecer na cadeia.

Terminado o segundo mandato do Exu e a consequente ascensão da criatura, a roubalheira continuou a todo vapor na maior empresa brasileira. O volume de dinheiro surrupiado da estatal cresceu tanto a ponte de começar uma briga entre duas facções do Partido Progressista (PP) pela distribuição do butim. A quadrilha liderada por Pedro Corrêa e Nelson Meurer se confrontava com a quadrilha liderada por Agnaldo Ribeiro e Artur Lira, esse último, vê se pode, é o atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

Para que a podridão dentro do partido não ultrapassasse os muros, foi convidada como mediadora do arranca rabo nada mais nada menos que a presidente da República Federativa do Brasil, a dona Dilma Vana Rousseff, que por sua vez convocou a então ministra das Relações Institucionais, a eclética Ideli Salvatti, e o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência e cúmplice do crime do prefeito Celso Daniel, Gilberto Carvalho, para que procurassem, na Petrobras, Paulo Roberto Costa, distribuidor de dinheiro roubado, e restabelecessem os pagamentos ao grupo do então deputado Corrêa.

Após cumprida a ordem da Presidente, a paz voltou a reinar no sub mundo do crime organizado.

Uns trocados de propina

A multinacional japonesa Hitachi fechou um acordo de leniência com a agência reguladora do mercado de ações de Nova York, para encerrar uma investigação a respeito de “pagamentos impróprios” feitos ao Congresso Nacional Africano, o partido no governo da África do Sul.


Ora, é a pergunta imediata, por que o acordo se fez nos Estados Unidos? Porque a Hitachi tem ações negociadas em Wall Street e, por isso, se obriga a cumprir as regras locais de governança e compliance. A investigação também é das autoridades americanas. Na África do Sul, nada — aliás nem uma palavra sobre o acordo.

A história é a seguinte: a Hitachi abriu uma subsidiária na África do Sul, para operar no setor elétrico, e vendeu 25% do capital para uma companhia chamada Chancellor House. E sabem quem é o dono dessa firma de investimentos? O Congresso Nacional Africano. Isso mesmo, o partido do governo tem uma empresa de negócios.

Feita a sociedade, pela qual a Chancellor pagou menos de US$ 200 mil, em 2005, a Hitachi passou a ganhar concorrências para a construção de usinas de energia elétrica. Como os negócios foram bem-sucedidos — faturamento de US$ 5,6 bilhões —, a Hitachi fez vários pagamentos a seus sócios locais. O que se pode comprovar: US$ 5 milhões por conta de dividendos; e mais um milhão como “taxa de sucesso”, uma comissão.

Mas a investigação da agência americana nota que certamente ocorreram outros pagamentos a pessoas ligadas ao governo e ao partido. Salienta ainda a agência que os pagamentos foram disfarçados. Apareceram na contabilidade como pagamento de serviços de consultoria — serviços, entretanto, cuja prestação não foi comprovada.

A investigação apanhou e-mails de executivos da Hitachi justificando assim a sociedade com a Chancellor: “levamos em consideração a influência do Congresso Nacional Africano, o partido governista, e acreditamos que foi uma escolha correta”.

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Claro, todos já sabem por que estamos tratando desse assunto. As semelhanças com o caso Petrobras são evidentes até nos detalhes — as tais consultorias milionárias nunca demonstradas. Lembram-se dos contratos da JD para prospecção de negócios por aí? Sem contar as promíscuas relações entre a estatal, as empresas privadas contratadas e líderes políticos e seus partidos.

Por outro lado, o partido governista sul-africano parece mais sofisticado que o brasileiro. Montar uma empresa de investimentos facilita os negócios ilegais, que podem ser misturados no bolo de outras atividades.

A Hitachi não se declarou culpada, nem inocente. Faz parte do acordo de leniência. Aceitou os termos, recomprou os 25% da Chancellor House e topou pagar uma multa. Sabem de quanto?

US$ 19 milhões! US$ 19 milhõezinhos!

Só o Pedro Barusco ficou de devolver 97 milhões.

O “pagamento impróprio” da Hitachi é dinheiro de troco no caso petrolão. E aqui vai uma grande diferença: comparando essas histórias de corrupção pelo mundo afora, não resta dúvida que o caso Petrobras é o maior escândalo corporativo-político do mundo. As contas aqui são de bilhões.

Uma diferença a nosso favor: aqui tem a Lava-Jato pegando todo mundo, ou quase todo mundo até aqui. Na África do Sul, nada, nem uma investigação, nem uma palavra.

De todo modo, parece claro que a Petrobras e seus parceiros vão chegar na SEC — Security and Exchange Comission — a agência controladora do mercado de ações. Se a instituição se ocupou dos trocados da Hitachi...

A Petrobras está sendo processada num tribunal de Wall Street por investidores locais que perderam muito dinheiro com as ações da estatal. Agravante para a Petrobras: a empresa admitiu oficialmente, em balanço, que houve corrupção e má gestão.

Má gestão, em geral, dá acordo de leniência e multa, mais ou menos proporcional ao tamanho das perdas.
Corrupção dá cadeia.

A notar: a SEC já está se ocupando de outro caso brasileiro, fraudes na gestão do Postalis, fundo de pensão dos Correios, que, entre outras proezas, andou comprando papéis dos governos venezuelano e argentino. Neste caso, está envolvido um banco americano administrador de investimentos, o BNY Mellon, que afirma ter sido ludibriado e vítima das fraudes.

A apuração desses escândalos no Brasil ainda vai longe.

Carlos Alberto Sardenberg 

Não se pode mandar contra a opinião pública


A verdade é que não se manda com os janízaros. Assim, dizia Talleyrand a Napoleão: "Com as baionetas, Sire, pode-se fazer tudo, menos uma coisa: sentar-se sobre elas". E mandar não é atitude de arrebatar o poder, mas tranquilo exercício dele. Em suma, mandar é sentar-se. Trono, cadeira curul, banco azul, poltrona ministerial, sede. Contra o que uma óptica inocente e folhetinesca supõe, o mandar não é tanto questão de punhos como de nádegas. O Estado é, em definitivo, o estado da opinião: uma situação de equilíbrio, de estática.
O que sucede é que às vezes a opinião pública não existe. Uma sociedade dividida em grupos discrepantes, cuja força de opinião fica reciprocamente anulada, não dá lugar a que se constitua um mando. E como a Natureza tem horror ao vácuo, esse oco que deixa a força ausente de opinião pública enche-se com a força bruta. Em suma, pois, avança esta como substituta daquela.
Por isso, se se quer expressar com toda a precisão a lei da opinião pública como lei da gravitação histórica, convém ter em conta esses casos de ausência, e então chega-se a uma fórmula que é o conhecido, venerável e verídico lugar comum: não se pode mandar contrariando a opinião pública.
José Ortega y Gasset (1883 - 1955)

Quem governa?


Em nove meses, Dilma ainda não pariu um governo, nem governa, sequer administra um país. O retrato oficial na parede dos órgãos públicos sequer serve para espantar moscas. É um borrão colorido e enfaixado a quem ninguém dá bola.

Se não é ela, quem?

Para suprir a deficiência administrativa e ética, terceirizou a governança. Fica no trono e os ministérios sob a liderança da troika Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros. São os encarregados de dizer quem é ministro. Mas ministro não governa. No Brasil, é cargo para angariar verbas distribuídas pelo partido. Ou alguém queria que ministro fizesse o supremo esforço de trabalhar para o país?

Com esse parlamentarismo de conveniência, o PT resolveu ao menos proteger o trono para Dilma ficar esquentando o lugar até 2018. Aí criou a guarda pretoriana com Edinho Silva, Jacques Wagner e Ricardo Benzoini. Os cavaleiros do apocalipse são ungidos para preservar o bunker à espera de Lula III, o libertador à custa dos pobres.




E quem é governo?

Ninguém. O Brasil sobrevive desgovernado sob o império da criminalidade estatatizada.

Por mais que se insista em governança, essa não passa de uma miragem virtual, que permanece no subconsciente. Que digam e escrevam governo. deve-se entender apenas um jogo de interesses criminosos que nada têm com a política, a governabilidade, nem pensar em ética ou moralidade.

O território brasileiro hoje é terra do Comando da Capital, organização do crime sem partido ou dos partidos unidos, para surripiar o que puder do dinheiro público sob uma fantasia de legalidade e legitimidade

A face perversa da crise

Instituído pela Organização das Nações Unidas em 1991, o Dia Internacional do Idoso é celebrado em 1º de outubro, mas, infelizmente, não há muito a se comemorar no Brasil. Apesar de a população viver cada vez mais, o que é um dado inequivocamente positivo, são os mais velhos aqueles que mais vêm sofrendo com um problema diretamente relacionado ao agravamento da crise econômica que atinge o país: o endividamento.


A irresponsabilidade do governo Lula, que incentivou a população ao consumo desenfreado, fez com que milhões de famílias comprometessem grande parte de sua renda e contraíssem dívidas muitas vezes impagáveis. O cadastro do Serasa registra 56,4 milhões de inadimplentes, dos quais 6,99 milhões (12,4%) são idosos que não conseguem pagar dívidas bancárias ou contas de água, luz e telefone. Esse percentual representa quase um terço da população com 61 anos ou mais (23,7 milhões).

Entre maio e junho, nada menos que 210 mil consumidores desta faixa etária se tornaram inadimplentes. De acordo com dados do Serviço de Proteção ao Crédito, as pendências financeiras atribuídas a idosos entre 85 e 94 anos foram as que mais cresceram na comparação anual, com variação de 10,18%, enquanto o endividamento na faixa dos 65 aos 84 anos aumentou 9,10%.


Em tempos de recessão da economia, desemprego e inflação, especialistas apontam que há cada vez mais idosos emprestando o nome para familiares conseguirem um crédito consignado mais barato. Segundo pesquisa da Boa Vista Central de Proteção ao Crédito, essa realidade representa 13% da inadimplência total, atrás apenas do desemprego (31%) e do descontrole financeiro (28%). Entre 2012 e 2014, o saldo das dívidas de aposentados e pensionistas no crédito consignado cresceu 27%, saltando de R$ 52,5 bilhões para R$ 66,8 bilhões, de acordo com o Banco Central.

O modelo de crescimento implantado pelo lulopetismo, baseado no consumo, levou as famílias brasileiras ao maior endividamento em uma década. Em abril, elas comprometeram mais de 46% da renda anual com dívidas em bancos, financeiras e no cartão. Só em São Paulo, segundo levantamento da FecomercioSP, o número de famílias endividadas chegou a quase 2 milhões em agosto, o que significa 54,8% dos consumidores (ante 53,3% em julho). 

Para piorar o quadro, de acordo com a Serasa Experian, a inadimplência das empresas avançou 16,1% em agosto na comparação com o mesmo mês do ano passado, reflexo da recessão econômica e da escalada dos juros e do dólar. Entre janeiro e agosto, a alta no índice foi de 13,3%, o maior nível desde 2002.

Diante de um cenário desastroso, o atual governo tem a desfaçatez de propor um ajuste fiscal baseado no aumento da carga tributária e que penaliza o cidadão. Incapaz de tirar o país do atoleiro, Dilma Rousseff está mais preocupada em lotear os ministérios da Esplanada para atrair o maior partido de sua corroída coalizão e evitar o impeachment – enquanto isso, a população afunda em dívidas, especialmente os mais velhos, e as empresas não param de demitir.

Será menos traumático e mais saudável para o Brasil afastar a presidente da República, por meio do processo democrático e constitucional do impeachment, do que continuarmos por mais três anos mergulhados na recessão, sofrendo com a inflação, o desemprego e o endividamento. Dilma e o PT perderam as condições de levar o país adiante e os brasileiros, sejam eles jovens ou velhos, exigem e merecem um novo tempo, um sopro de esperança, um outro caminho. Assim, talvez, o próximo Dia do Idoso, em 1º de outubro de 2016, nos dê motivos para celebrar.

O povo paga pelo vício do governo


Com um orçamento altamente deficitário e com reduzidas possibilidades de equilibrá-lo mediante diminuição de gastos públicos e aumento da receita, o governo corre atrás de arrecadações extraordinárias para cobrir os rombos que criou. A bola da vez é a venda, em leilão, de 29 hidrelétricas cujas concessões não foram renovadas para seus antigos donos. Duas destas usinas situam-se no Paraná e eram operadas pela Copel. O objetivo do governo é arrecadar R$ 17 bilhões em “bonificações de outorga”, uma cobrança inédita em leilões desse setor. O dinheiro, no entanto, não será revertido para concretizar a promessa de implantar um sistema que garanta modicidade tarifária para o consumidor, mas tão somente para tapar o déficit orçamentário.

A história começou em 2012, quando a presidente Dilma Rousseff tirou da cartola um coelho que faria com que as tarifas de energia elétrica baixassem 20%. A mágica consistia em renovar antecipadamente as concessões de “usinas velhas” e fazê-las operar a custos mais baixos, já que os investimentos feitos para sua construção já tinham sido amortizados ao longo do tempo. E, de fato, sob aplauso dos consumidores, o preço caiu. Especialistas no assunto, no entanto, já alertavam: a mágica não daria certo porque a decisão importava numa radical mudança no modelo energético brasileiro – que, mal ou bem, dava conta do recado. E a fatura veio com força, especialmente quando rarearam as chuvas que alimentavam os reservatórios, forçando a ativação de termelétricas, que, além de “sujas”, produzem energia cara. O jeito foi elevar de novo as tarifas, em índices muito superiores aos da aplaudida redução de 20%. E os reajustes continuam vindo, para desespero dos consumidores.


Mas os planos do governo para as hidrelétricas não refletem apenas as consequências das canetadas de Dilma. Tão preocupante quanto a bagunça no setor elétrico é a bagunça nas contas públicas: 2015 é pelo menos o terceiro ano consecutivo em que o governo federal precisa recorrer a leilões para tentar fechar as contas. A dependência do que se convencionou chamar de “recurso extraordinário” está tão arraigada que já seria melhor retirar o prefixo “extra” da rubrica. O que deveria ser fora do comum tornou-se a regra.
Foi assim em 2013, quando a meta de superávit primário era de R$ 110,9 bilhões e a economia real do governo foi de R$ 91,3 bilhões. Desse valor, quase um terço era proveniente de receitas extraordinárias: o “Refis da crise” e o leilão do Campo de Libra, do pré-sal, renderam R$ 29,7 bilhões ao Tesouro Nacional. No ano passado, a história se repetiu: o governo lançou um “Refis da Copa” e, contra todas as recomendações, fez o leilão da frequência de 700 MHz para a telefonia 4G. 

O então secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, já dizia para quem quisesse ouvir que a licitação tinha de ocorrer em 2014 porque o governo precisava do dinheiro. No fim, foi tudo tão mal feito que o leilão se tornou um fiasco: os players estrangeiros não se interessaram, e até mesmo a Oi, uma das grandes operadoras brasileiras, não participou. Apenas quatro dos seis lotes foram arrematados, e pelo preço mínimo. Augustin queria R$ 8 bilhões e levou R$ 5,9 bilhões. Mesmo assim, o governo ainda teve de promover um golpe no apagar das luzes de 2014 para não descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, naquele lamentável episódio em que parlamentares foram chantageados por decreto, com a liberação de emendas condicionada à aprovação da gambiarra fiscal.

Ao contrário do que aconteceu com os 700 MHz, é até possível que o leilão de usinas tenha sucesso, pois a nova regra tende a atrair mais investidores, inclusive estrangeiros. As 29 usinas deveriam ser leiloadas entre investidores que se propusessem a fornecer energia pelo mais baixo preço possível, de modo a beneficiar o consumidor final. Agora, sairão vencedores os grupos que se comprometerem a produzir o megawatt a no máximo R$ 126 – preço muito superior aos R$ 17 fixados pelo consórcio que arrematou a hidrelétrica Três Irmãos, em São Paulo.

Esta alteração torna óbvio o novo objetivo do governo, que deixa de ser a prometida modicidade tarifária para se converter numa desesperada tentativa de arrecadar dinheiro extra. Tanto do ponto de vista do fornecimento de energia quanto no aspecto fiscal, quer-se tão somente corrigir um erro com outro e mais outro.