sexta-feira, 8 de maio de 2015
Haja panelas!
"O PT certamente dirá que só houve panelaço porque as pessoas, agora, podem ter panelas"
Ricardo NoblatSerá que o Lula já percebeu que neste país ele já não manda? Que dona Dilma notou que a vaca, de tanto tossir, engasgou? Ou será que eles ainda se acham detentores do poder?
Quando pararem de culpar os suspeitos de sempre (que, segundo o PT, são os jornalistas) quem sabe conseguirão ver, através da poeira levantada por suas manobras desajeitadas, que o labirinto em que estamos metidos pode não ter saída?
Que me desculpem os economistas, mas tenho sempre um pé atrás com planos econômicos. Fiquei traumatizada com o maldito Plano Collor e tenho a maior dificuldade em acreditar que alguém, por mais brilhante que seja, possa sentir-se suficientemente seguro para mexer com a vida de todos nós.
Estamos numa fase negra. Basta uma voltinha em cidade grande como o Rio para ver que o desemprego aumenta, que a fome cresce e que os sem-teto invadem as calçadas ao cair da noite.
E, no entanto, foi agora que resolveram mexer com o seguro-desemprego e com o abono salarial, parte do ajuste fiscal. Se há necessidade de ajuste tão severo é porque houve uma esbórnia tremenda no governo Dilma I. Difícil para um leigo compreender: estava certo o ex-ministro Guido Mantega ou está certo o ministro Joaquim Levy? O mal é que, como sempre, o país só tomará conhecimento do acerto ou desacerto dos novos ajustes quando tudo isso já for passado.
Ate lá, percorreremos às cegas o labirinto.
E entregues a quem? Ao PMDB! Você votou no PMDB para que ele envergasse a faixa presidencial? Não? Nem eu. Mas é sob essa batuta que o país marchará até 2018, pelo menos.
Não precisa ser vidente para enxergar o ego de Eduardo Cunha (PMDB/RJ) quando disse ontem, em plenário:
“Houve uma vitória política de conseguir aprovar uma medida importante e que era simbólica. Eu não diria que o governo está com a base sólida para qualquer votação. Eu diria que se construiu uma maioria que passa a passar (sic) a mensagem de equilíbrio das contas públicas, uma maioria que ficou sensibilizada com o risco que o país teria se perdesse uma votação dessas”. O Globo, 7/5/2015
E do Senado, não veio nada? Veio, sim. O intrépido Renan Calheiros (PMDB/AL) declarou, a respeito do adiamento da aposentadoria dos juízes do Supremo Tribunal Federal de 70 para 75 anos, que pretende regulamentar o tema. “Sua intenção é submeter os ministros a nova sabatina, já que terão mandato adicional”. Ilimar Franco, O Globo, 7/5/2015.
Não é sensacional?
Quanto á tão badalada reforma política, parece que morreu de inanição. Precisamos consultar o senador Sibá Machado para saber se ele suspeita que a CIA foi contra. Como vocês bem sabem, Sibá Machado tem um intelecto exuberante e sua cultura política é notável.
Do PSDB não falo. Esse desfaleceu. Sem panelaço que abafasse o ruído de seu desmoronamento...
O mal dos povos
O mal dos povos, o mal de nós todos, é só aparecermos à luz do dia no carnaval, seja o propriamente dito, seja a revolução. Talvez a solução se encontrasse numa boa e irremovível palavra-de-ordem: povo que desceu à rua, da rua não sai mais. Porque a luta foi sempre entre duas paciências: a do povo e a do poder. A paciência do povo é infinita, e negativa por não ser mais do que isso, ao passo que a paciência do poder, sendo igualmente infinita, apresenta a «positividade» de saber esperar e preparar os regressos quando o poder, acidentalmente, foi derrotado.José Saramago
O Chile de Bachelet, uma lição para Dilma Rousseff?
Até quando a presidenta do Brasil vai resistir a tomar uma decisão, pelo menos simbólica, mostrando que aceita com humildade que o país está em crise e irritado?
Chile e Brasil se pareciam muito dentro do continente latino-americano. Ambos os países manifestavam orgulho em se sentir moralmente superiores aos outros e de ter criado um milagre econômico, como destacou neste jornal John Carlin.
Os dois países estão governados por duas mulheres de valor, ambas de esquerda. O pai de Michelle Bachelet foi assassinado pela ditadurado general Pinochet e Dilma Rousseff foi torturada durante outra ditadura militar. Hoje, ambos os países e Governos e suas duas mandatárias vivem momentos de baixa, fustigados por uma grave crise política, econômica e ética. Já não podem se apresentar no continente como líderes da mudança. A popularidade das duas presidentas despencou do céu ao inferno. A de Rousseff, muito mais do que a de Bachelet.
Acusadas de não reagir diante da queda da confiança de seus respectivos eleitores, ambas tentando minimizar uma crise que as pesquisas revelavam com evidência, Bachelet acabou tomando uma decisão drástica como resposta aos protestos populares: substituir todo o Governo e anunciar que o Chile terá um novo ministério em um prazo de 74 horas.
E Dilma? Os últimos eventos mostram um Congresso no qual sua maioria se desgasta a cada hora, ao mesmo tempo em que a presidenta se vê obrigada a isolar-se e a proteger-se da rua por medo de ser criticada. Tudo isso somado a um partido que põe obstáculos às suas medidas de ajuste e a uma opinião pública que continua gritando “Fora Dilma” e “Fora PT”, um partido que é recebido com panelaços em vários Estados durante seu programa transmitido em cadeia nacional na TV, apesar de ter sido protagonizado pelo carismático ex-presidente Lula, diante da ausência da presidenta.
Se as crises nunca são iguais, não resta dúvida que as vividas pelo Chile e pelo Brasil, protagonizadas por dois Governos de esquerda e progressistas, parecem reflexos uma da outra. Assim como Bachelet tentou fazer em vão —acusada de ser lenta em suas reações frente à crise—, Dilma continua na ilusão de negar a crise, classificando-a de “passageira”, sem entender o sentimento das ruas, cada vez mais crítico contra ela e seu partido.
A mandatária chilena rendeu-se e passou uma rasteira em seu Governo para começar de novo. Talvez isso não seja suficiente, mas é um gesto com o qual tenta dizer à opinião pública que entendeu o motivo pelo qual perdeu a confiança dos eleitores. Até quando Dilma vai resistir a tomar uma decisão, pelo menos simbólica, mostrando que aceita com humildade que o país está em crise e irritado, à espera de algo que resgate sua confiança?
Em entrevista recente ao jornalista Roberto D'Ávila na Globo News, o senador do PSDB José Serra afirmou que o problema do Brasil não é apenas a corrupção ou a economia, mas sobretudo a fragilidade do Governo Dilma. “É um Governo fraco”, afirmou. Tão fraco que, como demonstra diariamente, açoitado e humilhado pelo Congresso Nacional, perdeu sua iniciativa diante da crise.
Dilma, em um gesto de Pilatos, lavou as mãos frente à crise terceirizando suas duas maiores responsabilidades: a econômica, nas mãos de Joaquim Levy, mais próximo da visão liberal da oposição do que da sua; e a política, ao aliado PMDB, na figura de seu vice-presidente Michel Temer, do partido que hoje já é de clara oposição no Parlamento.
Será suficiente para Dilma lavar as mãos para recuperar a confiança perdida dos 54 milhões de brasileiros que a reelegeram nas urnas? Ou necessitaria fazer, como no caso chileno, um gesto de ruptura? Um reconhecimento de que a gestão econômica de seu primeiro mandato foi equivocada e que provocou uma crise que a obriga a fazer ajustes que afetarão os trabalhadores e os mais pobres. Reconhecerá que a crise da Petrobras, uma empresa que esteve tantos anos sob seus cuidados, não foi apenas ética, mas também de má gestão e de falcatruas de políticos e de executivos sem escrúpulos, seus aliados, que transformaram a companhia no quintal de sua própria casa?
Quando os brasileiros gritam nas ruas “Fora Dilma”, talvez estejam esperando, pelo menos, um gesto inequívoco dizendo que a presidenta entendeu a crise e está disposta a enfrentá-la. Não enterrando a cabeça, nem terceirizando, mas oferecendo uma medida radical como a de Bachelet.
Chile e Brasil se pareciam muito dentro do continente latino-americano. Ambos os países manifestavam orgulho em se sentir moralmente superiores aos outros e de ter criado um milagre econômico, como destacou neste jornal John Carlin.
Os dois países estão governados por duas mulheres de valor, ambas de esquerda. O pai de Michelle Bachelet foi assassinado pela ditadurado general Pinochet e Dilma Rousseff foi torturada durante outra ditadura militar. Hoje, ambos os países e Governos e suas duas mandatárias vivem momentos de baixa, fustigados por uma grave crise política, econômica e ética. Já não podem se apresentar no continente como líderes da mudança. A popularidade das duas presidentas despencou do céu ao inferno. A de Rousseff, muito mais do que a de Bachelet.
Acusadas de não reagir diante da queda da confiança de seus respectivos eleitores, ambas tentando minimizar uma crise que as pesquisas revelavam com evidência, Bachelet acabou tomando uma decisão drástica como resposta aos protestos populares: substituir todo o Governo e anunciar que o Chile terá um novo ministério em um prazo de 74 horas.
E Dilma? Os últimos eventos mostram um Congresso no qual sua maioria se desgasta a cada hora, ao mesmo tempo em que a presidenta se vê obrigada a isolar-se e a proteger-se da rua por medo de ser criticada. Tudo isso somado a um partido que põe obstáculos às suas medidas de ajuste e a uma opinião pública que continua gritando “Fora Dilma” e “Fora PT”, um partido que é recebido com panelaços em vários Estados durante seu programa transmitido em cadeia nacional na TV, apesar de ter sido protagonizado pelo carismático ex-presidente Lula, diante da ausência da presidenta.
Se as crises nunca são iguais, não resta dúvida que as vividas pelo Chile e pelo Brasil, protagonizadas por dois Governos de esquerda e progressistas, parecem reflexos uma da outra. Assim como Bachelet tentou fazer em vão —acusada de ser lenta em suas reações frente à crise—, Dilma continua na ilusão de negar a crise, classificando-a de “passageira”, sem entender o sentimento das ruas, cada vez mais crítico contra ela e seu partido.
A mandatária chilena rendeu-se e passou uma rasteira em seu Governo para começar de novo. Talvez isso não seja suficiente, mas é um gesto com o qual tenta dizer à opinião pública que entendeu o motivo pelo qual perdeu a confiança dos eleitores. Até quando Dilma vai resistir a tomar uma decisão, pelo menos simbólica, mostrando que aceita com humildade que o país está em crise e irritado, à espera de algo que resgate sua confiança?
Em entrevista recente ao jornalista Roberto D'Ávila na Globo News, o senador do PSDB José Serra afirmou que o problema do Brasil não é apenas a corrupção ou a economia, mas sobretudo a fragilidade do Governo Dilma. “É um Governo fraco”, afirmou. Tão fraco que, como demonstra diariamente, açoitado e humilhado pelo Congresso Nacional, perdeu sua iniciativa diante da crise.
Dilma, em um gesto de Pilatos, lavou as mãos frente à crise terceirizando suas duas maiores responsabilidades: a econômica, nas mãos de Joaquim Levy, mais próximo da visão liberal da oposição do que da sua; e a política, ao aliado PMDB, na figura de seu vice-presidente Michel Temer, do partido que hoje já é de clara oposição no Parlamento.
Será suficiente para Dilma lavar as mãos para recuperar a confiança perdida dos 54 milhões de brasileiros que a reelegeram nas urnas? Ou necessitaria fazer, como no caso chileno, um gesto de ruptura? Um reconhecimento de que a gestão econômica de seu primeiro mandato foi equivocada e que provocou uma crise que a obriga a fazer ajustes que afetarão os trabalhadores e os mais pobres. Reconhecerá que a crise da Petrobras, uma empresa que esteve tantos anos sob seus cuidados, não foi apenas ética, mas também de má gestão e de falcatruas de políticos e de executivos sem escrúpulos, seus aliados, que transformaram a companhia no quintal de sua própria casa?
Quando os brasileiros gritam nas ruas “Fora Dilma”, talvez estejam esperando, pelo menos, um gesto inequívoco dizendo que a presidenta entendeu a crise e está disposta a enfrentá-la. Não enterrando a cabeça, nem terceirizando, mas oferecendo uma medida radical como a de Bachelet.
O PT e o dinheiro dos outros
Os gestores dos fundos são indicados pelo governo, acionista majoritário das estatais, e a maioria deles é entregue ao PT
Mais estranho ainda: os aliados sindicais do partido que está no poder ocuparam as galerias do Congresso e fizeram chover sobre as cabeças dos deputados notas falsas com a efígie do fundador e guru do partido, o ex-sindicalista Lula, e da atual presidente, Dilma Roussef. As notas falsas eram chamadas de PTrodólares.
Mas as coisas estranhas não pararam por aí: a primeira medida do ajuste fiscal só foi aprovada porque 16 dos deputados da dita oposição- 8 do DEM, 7 do PSB e 1 do Solidariedade- votaram a favor dela. Mais estranho ainda: da base aliada, 9 deputados do PT fugiram do plenário e 1 votou contra; do PMDB, 13 votaram contra; no PDT, que tem o ministério do Trabalho, os 19 deputados votaram contra; no PP, 18 votaram contra; e no PTB, 12 votaram contra.
Ou seja: o governo só conseguiu aprovar a medida que restringe o acesso ao seguro desemprego e ao abono salarial graças a 16 votos da oposição. Ganhou por 252 a 227. Se dependesse apenas de sua base e se os votos oposicionistas tivessem ficado na oposição, teria perdido por 243 a 236.E o PDMB ainda se vangloriou de ter obrigado o PT “a descer do muro” para conseguir aprovar a medida.
Isso quer dizer que os liberais e os socialistas se juntaram aos peemedebistas e aos petistas para votar contra direitos dos trabalhadores ? Um total consenso, que é bem o retrato da vã filosofia da política partidária no Brasil. Se não fosse assim, disse
Rodrigo Maia, uma das lideranças do DEM que votaram a favor do governo, “o país quebraria no dia seguinte”. Enfim, um patriota ou um traidor?
Haverá, assim, uma espécie de divórcio conceitual entre os trabalhadores reais e o partido que pretende representá-los?
O caso dos fundos de pensão das estatais é um exemplo escandaloso desse divórcio. A maioria deles, vítimas de gestões temerárias, apresentam pesados déficits que ameaçam a aposentadoria complementar para a qual os trabalhadores contribuem mensalmente.
Os gestores dos fundos são indicados pelo governo, acionista majoritário das estatais, e a maioria deles é entregue ao PT. Os fundos estão sujeitos à fiscalização da Superintendência Nacional da Previdência Complementar, que normalmente toma conhecimento dos erros de gestão quando estes já se tornaram escandalosamente irreparáveis.
Foi o que aconteceu com o fundo dos funcionários dos Correios, o Postalis, que acusou um rombo de 5,6 bilhões de reais. Para cobrir esse buraco, os trabalhadores terão que sofrer descontos adicionais no salário durante um prazo de 15 a 20 anos.
Não é tarefa fácil para um fundo de investimentos, com tantas opções no mercado, conseguir perder dinheiro. Só mesmo com uma gestão desastrosamente incompetente, mal intencionada, ou amarrada a motivações políticas inconfessáveis. Algum gestor de fundos, no uso pleno de faculdades mentais, investiria em títulos de bancos liquidados, como Cruzeiro do Sul ou BVA, ou em compra de títulos lastreados na dívida da Argentina (notória caloteira) ou da Venezuela?
A oposição está tentando instalar um CPI dos Fundos de Pensão no Congresso. Se conseguir, mais uma vez o PT será chamado a sentar no banco dos réus para explicar como e por que maltrata o dinheiro alheio- e no caso, especificamente, o dinheiro dos trabalhadores.
O führer de Garanhuns
O que efetivamente mobilizou o nazismo contra os judeus não foram as destrambelhadas especulações biológicas que apenas favoreceram o trabalho sujo dos que executaram as políticas de extermínio. A causa principal foi o mito da "conspiração judaica", difundindo a ideia do poder econômico do povo judeu e a ele atribuindo a culpa pelos males nacionais. Ao longo da história, mobilizações nacionalistas sempre procuraram identificar um inimigo interno ou externo, direcionando-lhe as animosidades. No nazismo, a exemplo do comunismo, foi acionado este fermento revolucionário que excita os piores sentimentos: a falácia de que o outro, como indivíduo, raça ou classe seja, objetivamente, causador da pobreza do pobre.
Observe, então, o que vem sendo proclamado sobre a "elite branca de olhos azuis" pelas personagens mais aguerridas do petismo (do topo lulista à base militante). Lula e os seus não cansam de repetir que essa elite não gosta de pobre, é contra sua prosperidade e se enoja com a presença de gente humilde nos aeroportos e nas universidades. Por quê? Ninguém esclarece. O importante é repeti-lo à exaustão. E o PT é perito em papaguear bobagens tantas vezes quantas sejam necessárias para assemelhar à verdade algo que não tem o menor fundamento. Além de tornar a nação respeitável ao proporcionar a dignidade de todos os cidadãos, o progresso material das classes mais humildes é desejável por todos os segmentos sociais, inclusive por aqueles contra os quais o PT pretende instigar a malquerença dos pobres. Entre os muitos benefícios humanísticos e ganhos de ordem ética, a ascensão social dos mais carentes significa, para todos, maior segurança e maior dinamismo na vida econômica e social. É bom para todo mundo. É assim que a civilização avança. No fundo, até o Lula sabe disso.
No entanto, o führer de Garanhuns e seus propagandistas goebbelianos precisam do ódio como fator de luta (segundo ensinou Che Guevara). E nada melhor do que aprender com Hitler o modo de suscitar ódio contra quem tem mais. Basta proclamar aos pobres que essas pessoas, brancas de olhos azuis, são a causa de sua pobreza, que estes iníquos não toleram conviver com eles e que, por soturnos motivos, querem preservá-los na miséria. Difundir tais teses após as experiências do nazismo deveria ser capitulado como crime. Numa hipótese mais branda, ser tratado como sociopatia.
Tão perigoso quando o que estou descrevendo é não se importar com isso e considerar que se trata apenas de uma estratégia, sem efetivas consequências sociais e políticas. Era exatamente o que pensava a maioria dos alemães até bem perto do final da guerra.
Percival Puggina
Observe, então, o que vem sendo proclamado sobre a "elite branca de olhos azuis" pelas personagens mais aguerridas do petismo (do topo lulista à base militante). Lula e os seus não cansam de repetir que essa elite não gosta de pobre, é contra sua prosperidade e se enoja com a presença de gente humilde nos aeroportos e nas universidades. Por quê? Ninguém esclarece. O importante é repeti-lo à exaustão. E o PT é perito em papaguear bobagens tantas vezes quantas sejam necessárias para assemelhar à verdade algo que não tem o menor fundamento. Além de tornar a nação respeitável ao proporcionar a dignidade de todos os cidadãos, o progresso material das classes mais humildes é desejável por todos os segmentos sociais, inclusive por aqueles contra os quais o PT pretende instigar a malquerença dos pobres. Entre os muitos benefícios humanísticos e ganhos de ordem ética, a ascensão social dos mais carentes significa, para todos, maior segurança e maior dinamismo na vida econômica e social. É bom para todo mundo. É assim que a civilização avança. No fundo, até o Lula sabe disso.
No entanto, o führer de Garanhuns e seus propagandistas goebbelianos precisam do ódio como fator de luta (segundo ensinou Che Guevara). E nada melhor do que aprender com Hitler o modo de suscitar ódio contra quem tem mais. Basta proclamar aos pobres que essas pessoas, brancas de olhos azuis, são a causa de sua pobreza, que estes iníquos não toleram conviver com eles e que, por soturnos motivos, querem preservá-los na miséria. Difundir tais teses após as experiências do nazismo deveria ser capitulado como crime. Numa hipótese mais branda, ser tratado como sociopatia.
Tão perigoso quando o que estou descrevendo é não se importar com isso e considerar que se trata apenas de uma estratégia, sem efetivas consequências sociais e políticas. Era exatamente o que pensava a maioria dos alemães até bem perto do final da guerra.
Percival Puggina
Precisamos falar sobre a pobreza
ONG cria campanha para questionar a publicação de notícias 'fúteis' pela imprensa
Veja todas as fotos da campanha |
Precisamos falar mais sobre a pobreza. Com esse objetivo, a ONG Teto, que constrói casas populares para pessoas que moram em situação precária, lançou uma campanha que joga luz à banalização do que é notícia, e alertando para a miséria no Brasil.
Lançada há duas semanas, a campanha traz imagens dos moradores da comunidade Malvinas, em Guarulhos. Nas fotos, eles seguram cartazes com mensagens como "Cantora é flagrada tomando água" e "Famosa é vista falando ao celular". As frases, segundo Julio Lima, diretor Social da Teto, foram todas retiradas de notícias reais da internet. "Essa campanha não é uma critica direta às pessoas queconsomem essas notícias, mas é um convite para que elas deem atenção à pobreza também", diz.
A ideia surgiu através do trabalho realizado todos os finais de semana nas comunidades, segundo Lima. "A realidade das favelas mais precárias não vira pauta, por isso quisemos fazer essa jogada". Além de fazer esse alerta, as peças foram criadas para buscar voluntários para a campanha COLETA 2015. Nos dias 22, 23 e 24 de maio, mais de 5.000 jovens voluntários estarão nas ruas das cidades de São Paulo, Campinas (SP), ABC (SP), Rio de Janeiro, Curitiba (PR) e Salvador (BA) para arrecadar recursos para dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos nas comunidades.
Um dos exemplos mais clássicos desse tipo de notícia que virou alvo da campanha é uma que envolveu o cantor Caetano Veloso. Há quatro anos, o portal Terra publicou a seguinte notícia: "Caetano [Veloso] estaciona carro no Leblon nesta quinta-feira". A nota vinha acompanhada de três fotos do cantor, uma "se preparando para atravessar a rua", a outra "olhando para o fotógrafo" e a outra "esperando no estacionamento". A banalidade da informação viralizou a "notícia" que, a cada ano, é lembrada por internautas com a hashtag #CaetanoEstacionaNoLeblon. O Terra agradeceu seus leitores por "tornar a data da publicação da matéria tão marcante", como escreveram em um texto fazendo piada com a própria publicação. Segundo o portal, foi uma das mais vistas nas redes sociais. "Nem parece que faz quatro anos! Todo mundo se lembra onde estava quando Caetano estacionou o carro no Leblon", comentou um leitor.
A verdade inconveniente é que não é raro que algum editor de revista ou jornal diga que 'não colocamos pretos e pobres na capa [das publicações]'. Em um país onde mais de 10 milhões de pessoas ainda vivem abaixo da linha da pobreza, uma visita à banca de jornais ilustra bem a ausência de notícias sobre essa realidade.
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