domingo, 17 de maio de 2015

Lula, o eterno equilibrista


Há poucos dias, num comício na cidade de Rio Branco, capital do Acre, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apareceu ao lado das autoridades locais. Uma moradora contrária ao Partido dos Trabalhadores ficou assombrada não só pelo delírio que Lula despertou na rua, mas pelo número de pessoas que, simplesmente por vê-lo e ouvi-lo de perto, começavam a chorar de pura emoção.

O trabalhador sem instrução que perdeu o dedo mínimo numa fábrica de parafusos quando tinha 18 anos e foi presidente do Brasil entre 2003 e 2010 está afastado do poder há cinco anos, mas não perdeu sua aura de mito vivo entre os brasileiros. Especialmente entre os que menos têm. E não é só isso. Além de servir como referência para a esquerda do país, Lula é bastante ativo e ainda conta muito na suculenta e abjeta política cotidiana, à qual um ex-líder sindical como ele não está disposto a renunciar em troca da insípida estratosfera da história.

Nesta mesma semana, ele se reuniu em Brasília com o presidente do Senado, Renan Calheiros, do PMDB , para tentar desobstruir o relacionamento frio dele com a presidenta, Dilma Rousseff, e, assim, tentar desbloquear a hostilidade do Parlamento brasileiro com o Governo. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, nesta passagem por Brasília ele foi visto um pouco abatido -algo que é estranho para ele-, não muito confiante nem no curso econômico adotado por Rousseff para o país superar a crise nem na deriva perigosa que está tomando o caso Petrobras. "Não estou numa fase muito boa", chegou a dizer, em resumo, de acordo com a publicação.

Que Lula atue como bombeiro em um incêndio institucional do PT não é novidade. Na verdade, quando as coisas ficam feias, Rousseff joga a última carta, à qual não gosta muito de recorrer: a de Lula, com quem ultimamente não tem se entendido muito bem. Isso aconteceu em outubro de 2014, na reta final do segundo turno das eleições presidenciais e Dilma, que disputava o segundo mandato, estava empatada nas pesquisas. Lula, até então um tanto ausente na campanha, envolveu-se a fundo e animou alguns comícios graças ao talento de orador desenfreado (“Antes o pobre só comia frango e nunca sonhava em viajar de avião”), à capacidade algo demagógica para pisar o calo mais dolorido do adversário (“Eles só se lembram de vir a estas regiões pobres para descansar nas praias nos fins de semana, como filhos de papai que são”), ao magnetismo pessoal e à habilidade inata para entrar em sintonia com quem tiver pela frente, seja um lavrador miserável do deserto do sertão ou Chico Buarqueem pessoa.

Ultimamente, porém, sua popularidade sofreu junto com a da presidenta Dilma, ambos arrastados pela crise econômica que mina o país e pelos escândalos de corrupção que enlameiam boa parte da vida política brasileira. O próprio Lula foi acusado pelo principal delator do milionário caso de subornos da Petrobras de conhecer toda a trama. Mas não há nenhuma prova. Além disso, recentemente se tornou público que a Procuradoria Geral da República cogita investigar o papel do ex-presidente nos negócios internacionais da gigantesca construtora brasileira Odebrecht, para a qual Lula desempenhou o papel de intermediário. Seus defensores dizem que o objetivo final de muitas dessas denúncias é reduzir o capital político que o ex-presidente ainda detém.

Tudo o que rodeia Lula se polariza no Brasil. No site do instituto que leva seu nome foi criada uma seção para conjurar os falsos rumores mais frequentes e prejudiciais à sua figura: que apareceu na primeira página da revista Forbes como o homem mais rico do país ou que tem câncer de pâncreas –ele já venceu um de garganta– ou mesmo que está morto.

Lula nasceu em 1945, em uma família quase miserável de Pernambuco, de sete irmãos, cujo pai, violento, distante e irascível, abandonou quase à própria sorte durante um tempo em uma casa sem água, sem cadeiras e mesas. Quando tinha sete anos, com a mãe e os irmãos, migrou, como muitos milhares de pobres do Nordeste, ao Estado de São Paulo. Por um tempo eles ficaram alojados nos fundos de um bar alugado por um parente, dividindo o banheiro com os fregueses. Foi vendedor ambulante, engraxate, balconista em uma loja e, finalmente, aos 14 anos, operário de uma fábrica. Aos 19, depois de perder um dedo no torno, entrou no sindicato. Organizou greves, foi preso durante a ditadura e, em 1980, com um grupo de sindicalistas e intelectuais, fundou o Partido dos Trabalhadores (PT). Disputou a presidência em três fracassadas ocasiões. Venceu na quarta, em 2002. No início de sua carreira política, em um debate na televisão, foi perguntado sobre sua ideologia: “Mas, enfim, o que você é? Comunista, socialista ou o quê?” Ele respondeu: “Sou torneiro mecânico”.

Ele sempre soube falar com os pobres, porque veio de onde veio. Mas logo aprendeu a falar com os ricos: uma de suas primeiras viagens oficiais foi para o Fórum de Davos, aonde chegou diretamente procedente do alternativo Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, numa viagem que foi uma declaração de princípios. Lá, um membro da delegação brasileira lembrou que, quando perguntado como eram compatíveis Porto Alegre e Davos, ele disse: “Eu fiz muitas greves contra os senhores, mas quando em seguida eu me punha a negociar sempre sabia que havia mais coisas que nos uniam do que nos separavam”. Durante seus dois mandatos, o Brasil cresceu em média 4% e mais de 30 milhões de pessoas –em um país de 200 milhões–, saíram da pobreza e começaram a pagar impostos e a se integrar ao sistema.

É verdade, lembram os críticos, que para tanto se apoiou na crucial reforma monetária de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, e usou um modelo, o de estimular o crédito para as famílias, que agora sofre de exaustão. E que se cercou de colaboradores próximos que depois foram acusados de corruptos. O último, o tesoureiro do PT,João Vaccari, amigo pessoal desde os tempos duros do sindicato, foi preso recentemente sob a acusação de receber subornos para o partido e para ele no emaranhado putrefato da Petrobras.

Muitos especialistas o veem como o próximo candidato a presidente em 2018. Seria sua sexta eleição presidencial. Pesquisas eleitorais recentes o colocam na frente, empatado com Aécio Neves, o candidato do partido de oposição, o PSDB, nas últimas eleições. Inclusive, algo abatido. Eterno Lula.

Antonio Jiménez Barca

E se Jesus Cristo vivesse na era da internet?

Peço permissão para fazer tal analogia, guardado o respeito a um personagem sagrado e universal. Mas diante da passividade e embotamento que a civilização vai se submetendo diante do avanço tecnológico, maquinizado e escravizado por eletrônicos, me pus a pensar sobre o papel de um doutrinador e evangelizador em tempos de conectividade ilimitada. Poderia ser Buda, Maomé, Confúcio também.

Usaria Jesus para propagar seus ensinamentos as redes sociais? Teria página no Facebook, Instagram? Tuitaria o dia inteiro em sábias frases de 140 caracteres?

Faria uso de um canal do YouTube, em que relataria suas andanças por Canaã, sua decepção em Nazaré, ou suas palestras em Jerusalém? Teria com seus discípulos e seguidores um grupo de WhatsApp e de forma obsessiva mandaria e receberia textos cheio de abreviaturas e emojis? Mandaria e-mails reveladores correndo o risco de hackers roubarem seu conteúdo? Ok, é divagar muito não é? Mas, com tantos memes, radicalização, fofocas violentas virtuais, com certeza a vida dEle não seria fácil. A velha expressão “nem Cristo agradou a todo mundo” adquiriria dimensões impensáveis. Haveria uma guerra virtual com os romanos que dominariam o mundo internáutico, leões invejosos e raivosos devorariam os seguidores e curtidores cristãos. Ciberbullyng e montagens photoshopadas se multiplicariam a tal ponto que o conteúdo e essência de suas lições e falas se perderiam no ódio virulento que as multimídias propagam. Ufa! Temeria por adjetivos que o perseguiriam mais que os ortodoxos judeus ou romanos colonialistas e ditadores: charlatão, falso profeta, picareta entre outras pérolas, acompanhariam suas doutrinações. Nas caóticas aparições públicas amplamente noticiadas, encontraria fãs enlouquecidos e vaias homéricas. Perderia, com razão, a paciência com as imprudentes e incontáveis selfies.

E correndo o risco de ser chamado de arrogante, mal-humorado. Em entrevistas, bastaria uma palavra mal colocada ou uma edição distorcida de suas palavras para um tsunami de críticas ostentar manchetes. Suas curas e milagres seriam questionadas e ridicularizadas: cego voltar a enxergar, morto levantar do túmulo, água virar vinho? Céticos, cientistas, blogueiros em geral o reduziriam a pó. Seria crucificado diariamente, sofreria processos em todas as áreas jurídicas, seria chicoteado virtualmente num massacre midiático incalculável. Deus realmente sabe o que faz e 2.000 anos depois é um milagre que o “verbo” sobreviva. Aliás, percebam o termo para dimensionar nosso empobrecimento pós internet: “Verbo”!

Sim, meus caros, a palavra sempre foi o instrumento de compreensão mútua, de ensinar e aprender novos conceitos e mudar a mente. É a fonte que nutre nosso conteúdo mental, a matéria-prima que ao formular pensamentos, emoções e desejos, permite que a doutrina que Cristo nos passou tenha se eternizado. Mas, convenhamos, se fosse contemporâneo teria sido quem foi? Sem contar o carisma que desaparece nas telas, pois é uma energia que só o presencial nos permite.

Há na vida elementos que deveriam ser degustados, experimentados com calma e tempo, assim são as sensações. O mundo deveria entrar em nós pala audição, visão, olfato, paladar, tato. Ainda bem que milagres foram registrados há séculos. Hoje seriam chacotas, vitalizaria em piadinhas nas redes.

Tudo isso para concluir: como é difícil ser líder ou exercer novas ideias num universo virtual internáutico tão caótico e fútil. E olha que estamos carentes de lideranças.

Algum aplicativo poderia nos acolher?

Eduardo Aquino

A vantagem do capeta


Depois de milênios de guerra, o Capeta e o Padre Eterno decidiram entender-se, para bem da humanidade. Acertaram implantar uma ponte entre o Céu e o Inferno, de forma a se comunicarem sempre que suas tropas clamassem pelo Armagedon. Cada um construiria metade da obra. Passaram-se meses e quem prestasse atenção veria o perfeito andamento das estruturas que saiam das profundezas e chegavam ao meio do caminho para as alturas. O problema estava em que, de lá de cima, nenhum parafuso e nenhuma pilastra haviam sido assentados para chegar em baixo.

Um vazio completo fazia prever o fracasso da empreitada. Exasperou-se o Capeta e resolveu cobrar de seu oponente o cumprimento do contrato. Atendendo o telefone, o Padre Eterno ficou calado diante das múltiplas reclamações e impropérios. No final, falou: “Como é que você exige que eu faça a Minha parte da ponte, se você levou todos os empreiteiros para o Inferno?”

Assim estão as coisas por aqui. Não há mais um empreiteiro na cadeia. Estão todos livres para continuar celebrando com o governo as mesmas lambanças de sempre, lucrando horrores em obras públicas superfaturadas e até inexistentes. O problema da corrupção, entre nós, está em que enquanto existirem empreiteiras para fazer o trabalho devido ao Estado, o país permanecerá sendo a caverna do Ali Babá.

Descobriu-se por acaso a roubalheira na Petrobras, mas depois de algumas ameaças retóricas, não se cuida mais de investigar o que se passa nos setores elétrico, rodoviário, ferroviário, portuário, bancário, da saúde, da educação e da segurança, entre quantos mais? Tivesse o governo vontade de apurar o quanto de dinheiro escorre por suas mãos e não haveria necessidade do ajuste fiscal. Bastaria, simplesmente, fechar o ralo.

A participação do Congresso na farra das empreiteiras parece um detalhe, apesar de escabroso. O mal está nas regras do jogo. Obras públicas deveriam ser públicas. Não se tem notícia de que tivessem sido privatizadas e superfaturadas as construções do metrô de Moscou, das siderúrgicas nos Urais e de centenas de empreendimentos que culminaram no Sputnik e na viagem de Yuri Gagárin ao espaço. As denúncias sobre a execrável tirania de Stalin revelaram as mais abjetas perseguições políticas, mas jamais a presença de empreiteiras no regime soviético.

Já do outro lado do mundo, o complexo industrial-militar enriqueceu muita gente e levou à apologia de pequenas guerras permanentes para sustentar a economia americana. Enquanto o privado continuar substituindo, dominando e roubando o público, nada mudará. O Padre Eterno permanecerá com suas vastas mãos abanando e o Capeta celebrando a aliança com seus novos auxiliares. O Diabo, com perdão da referência, é que os empreiteiros já dominam o inferno…

A política do absurdo

Dilma Ultima palavra e  minha sim senhores temer cunha e Renan B

O desgoverno da presidente Dilma Rousseff, ápice dos 12 anos de domínio petista sobre a máquina pública, tem agido como fertilizante na produção de absurdos políticos. Tudo está ao avesso. Dentro da lama e de costas para o país.

Diante de uma impopularidade jamais experimentada, o PT aprofunda-se na esquizofrenia. Apoia e combate o seu próprio governo. Precisa agradar as bases sindicais que são contra o pacote fiscal de Dilma e, ao mesmo tempo, manter-se no poder. Até para garantir os cargos públicos dos companheiros, incluindo os sindicalistas. Depende eleitoralmente do sucesso da presidente, mas quer porque quer manter distância dela.

Síndrome psíquica semelhante acomete o PSDB, que, para aumentar o sangramento da mandatária petista, nega voto a teses que defendia até ontem.

Fez assim na votação do ajuste fiscal - princípio pelo qual o partido sempre zelou - e do fator previdenciário, criado por FHC em 1999. Os tucanos se protegem com argumentos toscos: dizem que se tivessem vencido com Aécio Neves fariam um ajuste fiscal duro, mas sem aumentar impostos. Reduziriam gastos, cortariam ministérios e cargos de confiança.

Tudo urgente e necessário, mas sabidamente insuficiente para cobrir o gigantesco rombo das contas públicas.

Enquanto PT e PSDB embaralham-se em um espesso cipoal, confundindo seus eleitores, o PMDB de Eduardo Cunha e Renan Calheiros empunha alfanjes como se fosse o único partido capaz de colocar ordem na lavoura. Ao débil governo Dilma, só oferecem vitórias seguidas por doídas e danosas derrotas.

À presidente sobra pouquíssimo espaço. Sem mando na economia, que ela desorganizou por completo, e distante da política por inapetência e inexperiência, Dilma é hoje o inverso da imagem de gerente exemplar, inigualável, durona. Encobre a incompetência com a nova silhueta e faz da dieta de sucesso assunto principal em todas as rodas.

Tendo errado feio na previsão quanto ao desempenho de sua pupila, Lula tem de se superar na prática ilusionista, da qual é mestre. Sem constrangimento algum, ele se opõe a Dilma e defende o governo dela. Em um só fôlego, livra o PT e se arvora a combatente da corrupção. Como se o mensalão e a roubalheira confessa de R$ 6 bilhões da Petrobras não tivessem sido patrocinados pelo seu partido, por gente que ele próprio nomeou.

Na política do avesso todos perdem. O país não tem tempo para o oportunismo dos contorcionistas. Nem paciência.

Não de pode mandar contrariando a opinião pública

 


A verdade é que não se manda com os janízaros. Assim, dizia Talleyrand a Napoleão: «Com as baionetas, Sire, pode-se fazer tudo, menos uma coisa: sentar-se sobre elas». E mandar não é atitude de arrebatar o poder, mas tranquilo exercício dele. Em suma, mandar é sentar-se. Trono, cadeira curul, banco azul, poltrona ministerial, sede. Contra o que uma óptica inocente e folhetinesca supõe, o mandar não é tanto questão de punhos como de nádegas. O Estado é, em definitivo, o estado da opinião: uma situação de equilíbrio, de estática. 

O que sucede é que às vezes a opinião pública não existe. Uma sociedade dividida em grupos discrepantes, cuja força de opinião fica reciprocamente anulada, não dá lugar a que se constitua um mando. E como a Natureza tem horror ao vácuo, esse oco que deixa a força ausente de opinião pública enche-se com a força bruta. Em suma, pois, avança esta como substituta daquela. 
 
Por isso, se se quer expressar com toda a precisão a lei da opinião pública como lei da gravitação histórica, convém ter em conta esses casos de ausência, e então chega-se a uma fórmula que é o conhecido, venerável e verídico lugar comum: não se pode mandar contrariando a opinião pública. 
José Ortega y Gasset (1883 - 1955), in "A Rebelião das Massas" 

Internet brasileira reage ao plano Facebook de oferecer acesso à web


Dilma, no Panamá, fez "agenda positiva" ao lado
de Zuckerberg para trazer o serviço gratuito da Internet.org
Mark Zuckerberg quer oferecer acesso gratuito à internet para brasileiros de baixa renda. E o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) quer saber como e por que o CEO do Facebook pretende fazer isso. Na última Cúpula das Américas, organizada em abril no Panamá, Zuckerberg posou ao lado de vários líderes latino-americanos, entre eles a presidenta Dilma Rousseff, com quem anunciou uma parceria para oferecer conexão de graça para a população de baixa renda. O anúncio formal da chegada do Internet.org ao Brasil foi marcado para junho, mas o CGI.br pretende ouvir o Facebook sobre o assunto antes disso.

O comitê começou a debater a questão no início do mês e vai enviar nos próximos dias ao Facebook um questionário com perguntas sobre a parceria. Os conselheiros querem saber detalhes sobre a possível limitação de acesso a conteúdos e o que estará associado a essa oferta de internet, questões que podem afetardireitos fundamentais estabelecidos no Marco Civil da internet, como o direito ao fluxo livre de informações. Outros pontos em questão são a privacidade do usuário e a infraestrutura que será utilizada para viabilizar a parceria — haverá de dinheiro publico no processo?, a que empresa vai ser direcionado recurso?

Diretor presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e conselheiro do CGI.br, Demi Getschko destaca que o comitê ainda não tem posição sobre o assunto e só se manifesta por meio de suas resoluções. Segundo ele, por enquanto "a discussão está sendo feita a partir de especulações", porque não se sabe detalhes sobre as intenções do Facebook, e o mais importante é "defender a neutralidade do acesso à internet" no Brasil. "O mal desse negócio é que não devia se chamar Internet.org, mas 'Facebook.org'. Já é uma certa arrogância, porque está dizendo que é internet".

Exageraram

O termo “república” passou a identificar um sistema de governo cujo poder emana do povo, e não mais por hereditariedade (monarquia) ou direito divino (teocracia). Do latim “res”, que significa “coisa”, e “publica”, que dispensa tradução, seria a forma de garantir a “democracia”, quer dizer, do grego “demos”, “povo”, e “cratos”, “poder”. Poder exercido pelo povo em favor dele. A realidade é outra. Vivemos a Renostra (Cosa Nostra do mafioso).

Faz tempo que no Brasil o povo não é beneficiário, mas vítima do sistema democrático via confisco exagerado de suas rendas (cerca de cinco meses dos frutos de seu trabalho) para receber de troco um mísero retorno, uma vergonha que grita nas filas da saúde pública, nos atrasos e desserviços que já se incorporaram como condição permanente.

Sinais de exaustão se enxergam por todo lado. Tem quem desfile pedindo a volta dos militares, por que razão. Descrença em todos os lados. Apesar de 40 partidos, não se enxerga um que possa ser garantia de redenção.

Tivemos partidos bons, honrados e bem-intencionados. Hoje a palavra “mensalão” cola em qualquer um. Com maior ou menor cara de pau, os partidos são regidos pelo desfrute da República, feita como Cosa Nostra. O poder é coisa deles, de uma casta que legisla e executa políticas e partilhas em favor deles, não em benefício do povo.
Nos últimos tempos, apesar de a crise assolar a nação, o desemprego se abater como praga, a carga tributária e os custos financeiros terem explodido, a “casta política” se atribuiu um aumento de 320% da cota partidária. Uma vergonha, uma violência contra esses desempregados e essas pessoas que se deitam em corredores de hospitais ou morrem nas calçadas.

A medida priorizada pela “Cosa Nostra” foi aumentar de R$ 289 milhões a bolada destinada aos partidos para R$ 867,5 milhões. No país tudo despenca, tudo está em crise, menos as rendas que os encastelados, na maior e mais despudorada atitude, se atribuem.

Alguém reclamando? Que nada, um imbecil de um parlamentar respondeu numa entrevista que é justo receber isso para disputar em paridade de oportunidade. Ele quer fazer de palhaço quem não tem como pagar a conta de luz que dobrou ou comprar os remédios.

Nesse período a oscilação provocada e monitorada pelo Ministério da Fazenda fez mais bilhões para os bancos que o petrolão para os empreiteiros.

O cidadão tem a sensação de ser estuprado cada vez que surge o sol.

Pátria não Educadora

As trapalhadas dos governos petistas de Lula e Dilma são de morrer de rir, misto de indignação e gozação para não enfartar, e poderiam compor quadros de humor do “Zorra total” ou “A Praça é nossa”. As duas figuras estão presentes nas charges de toda a ordem com autores e atores profissionais e amadores. Vídeos em profusão. Humor negro.

Do apoio a Zelaia que pretendia se perpetuar no poder em desacordo com a Lei Magna de Honduras, fiasco da diplomacia ao transformar a Embaixada do Brasil em palanque do “companheiro”, ao livro do Mujica com destaque na confissão de Lula sobre o mensalão. Do gesto obsceno do assessor Marco Aurélio, face ao desastre da TAM, que lhe valeu o apelido de TOP TOP, à devolução dos pugilistas cubanos ao ditador Castro, perpassando pelo asilo ao terrorista italiano Cesare Battisti, pela declaração do “vamos expulsar do partido os petistas corruptos”, pela ação da Petrobrás a pretender indenização face aos prejuízos provocados pelas empreiteiras, etc.
A penúltima trapalhada vem da expressão jeitinho brasileiro como incentivo e criatividade aos mais de 11 mil brasileiros participantes do programa Ciências sem Fronteiras nos Estados Unidos. Não é que o Institute of International Education parceiro do Governo brasileiro no intercâmbio sugere que os alunos se virem como puderem enquanto não chega a verba destinada ao transporte, estada e alimentação que lhes é destinada como suporte fundamental à permanência naquele país.

Claro que reina descontentamento e revolta entre os estudantes. O Ministério da Educação pediu que se desconsiderasse a nota anterior e que a verba já foi depositada. Mas, não deixa de ser uma trapalhada no planejamento e por em risco os estudantes que podem dispor ou não de recursos para tais fins.

As famílias reclamam dos desagradáveis avisos de cobrança enviados pelas Universidades, alegando que as mensalidades não estão em dia, que a responsabilidade é do Governo Federal além do baixo valor da bolsa, questionando como alguém de baixo poder aquisitivo poder fazer uso do programa.

O mais grave, no entanto é a absorção da expressão “jeitinho brasileiro” como meio de resolver qualquer dificuldade momentânea mesmo empregando desvios de conduta. Já tão corriqueiros nas atividades governamentais a tal ponto que um político da base de apoio, ex-ministro do Lula e Dilma, Carlos Lupi, presidente do PDT, disse que os petistas roubaram demais, que o PT esgotou-se, que o PT não inventou a corrupção, mas roubaram demais...

Em se tratando do esforço no mote Pátria Educadora, os exemplos das cúpulas administrativas do país não são bons. Dar “jeitinho” soa remendo, falta de escrúpulo e desrespeito como no balanço ajeitado da Petrobrás.

Criatividade como incentivo ao crescimento, vencer a rotina e ultrapassar obstáculos, sim, burlar normas, não.

O fiasco do FIES demonstra a falta de planejamento no longo prazo a considerar que sustentar um curso superior custa caro e o abandono no meio do caminho sem condições financeiras de prosseguir às próprias expensas deixou milhares de estudantes frustrados.

Pior, desiludidos com as instituições e esquecidos por suas entidades estudantis que no passado engrossavam os protestos nas ruas a lembrar contra o aumento do preço na refeição do restaurante do Calabouço. Nos dias atuais a falta de higiene geral em uma das maiores universidades públicas do país, a UFRJ, não incomoda as entidades estaduais e nacional dos estudantes.

Hoje, a UNE​ é governo. Foi tempo que significou o esforço maior no impeachment do Collor pelo Fiat Elba à frente dos caras pintadas.