terça-feira, 13 de janeiro de 2015
O lugar que gosta de novidade, mas não gera o novo
Certamente não por falta de bons profissionais, instituições ou criatividade. Faltam sistemas que premiem as boas ideias e as coloquem a serviço do crescimento
Olhando (talvez excessivamente) de perto, parece ser local abençoado com vida econômica vibrante, dinâmica, excitante. Onde um dia não é igual a outro. Tudo é sempre novidade. Sempre desafiador. Afinal de contas, não é todo lugar em que as paginas policiais invadem o noticiário politico e econômico e lhes confere emoção, cor e textura. De perto, tudo é (ou parece ser) emocionante, enfim. De perto, realmente, nada nem ninguém é normal.
Vista a distancia, entretanto, tudo muda, inclusive, e principalmente, a percepção. Distancia e o tempo servem para adicionar frieza na analise. Colocar fatos em perspectiva. Decodificar o caos, transformando-o em realidade.
Realidade, infelizmente, não tem coração. Nem preferencia. Nem favoritos. Ela apenas é. Cerca a tudo e a todos sem ser jamais conhecida por inteiro. Mas, mesmo assim, distancia e tempo nos aproxima dela. E olhando, desde onde alcança a vista, o ambiente econômico verde e amarela decepciona.
No longo prazo, É letárgica, lenta, sem dinamismo. Carece de renovação, inovação, invenção. Parece acontecer em dimensão paralela onde os avanços ocorrem em outro compasso. Tem sempre jeito de pão dormido. E sabor de café frio.
Olhando de fora, a pátria que frequentemente veste chuteiras, se esforça para apressar o passo em relação à irrelevância. Isola-se, não inova, não renova, não cresce, não age. Anda em passos de tartaruga como se fosse possível ganhar a corrida sem ser mais veloz que os adversários. E se conforma com isso.
Foi assim, insolando-se, que sempre se perpetuou um capitalismo oligopolizado, estatizado, protecionista, e sem dinamismo. E é assim que, cada dia mais, o país, e em regra (com raras exceções), as suas empresas, caminham para seu isolamento na cadeia global de produção.
As novidades ou inovações não vêm de dentro. Certamente não por falta de bons profissionais, instituições ou criatividade. Falta algo mais. Faltam sistemas que premiem as boas ideias e as coloquem a serviço do crescimento.
Enquanto o mundo, em poucas décadas gerou o Facebook, o Google, a Microsoft, a Apple, a Samsung, a Hyundai; a Kia, e muitas outras grandes empresas, negócios e ideias, nosso potencial de inovação dorme em berço expendido.
Potencial inexplorado. Pertencente ao país do futuro. Que certamente não está morto. Que talvez esteja bêbado. Em cujas terras habitam população cansada de esperar pelo futuro próspero que nos foi vendido, prometido. Mas que tempo insiste em não deixar chegar.
Gente aparentemente condenada a gostar de novidade sem conseguir gerar o novo.Leia mais o artigo de Elton Simões
Malditos sejam os pecadores
Dois milênios depois, os pobres do mundo sabem que a dívida é um pecado que não tem expiação. Quanto mais você paga, mais você deve; e no Inferno está à sua espera com os credores.
Eduardo Galeano
Picaretagem chove a cântaros
as tiranias se alimentam
de grandes e pequenas covardias!
tt catalão
Em Secretário, distrito de Petrópolis, a população já se movimenta contra um empreendimento, absurdamente considerado viável pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que prevê a construção de cinco hotéis, quatro campos de golfe, shopping center e condomínios verticais e horizontais, numa área abastecida apenas pelo rio Maria Comprida, de pequena vazão.
O problema, que já se configura na serra fluminense, é o mesmo instalado na litorânea Maricá, reduto do petista Quaquá, onde o problema da água vem se agravando desde que o coroné passou a controlar a Prefeitura com sua quaquadrilha. No entanto, pouco se lixando para o problema, incentivou a instalação de condomínios por todo canto, que renderam trocados à prefeitura. Sem falar no discutível projeto na Restinga com shoppings, campos de golfe e muito condomínio. Aumentou-se a população, mas água não há, nem pensar em saneamento, com uma lagoa para despejar tanta bosta.
Sem ter o que inventar para ficar na crista da onda municipal e dar o que discutir aos seus quase 5 mil comissionados, novamente dispara seu estilingue contra a Cedae, como qualquer moleque disposto a quebrar a vidraça do vizinho. Só por pirraça, para fazer jus a sua fama de revolucionário, que precisa de um batalhão de policiais de aluguel para se proteger.
Convoca mais uma vez, através de redes sociais, um movimento dos internautas para pressionar a empresa e logicamente o governo de Luiz Fernando Pezão, hoje adversário político do presidente regional do PT e alcunhado de prefeito. Quer usar principalmente seus mercenários internautas como massa de manobra para atacar o governo estadual e espalhar o quanto o revolucionário caiçara pensa no povo.
Ao apontar um culpado pela crise hídrica, da qual não cuidou durante seis anos, que ocorre desde outubro e vai se prolongar por mais um Verão, o desqualificado administrador volta a ocupar com destaque as páginas compradas na imprensa. Como segue à risca o lema de que a propaganda é a alma do negócio, assim administra petistamente.
Ninguém pode deixar de lado a imensa culpa da Cedae, que monopoliza o serviço, sob as bênçãos governamentais, mas cruzar os braços como se fez durante seis anos sem qualquer pressão sobre a empresa estadual quando se era aliado do então governador, é ser cúmplice no desprezo com que se trata a população, tanto na esfera estadual como, principalmente, na municipal.
Se esquece o digníssimo, que logo após eleito em 2008, se encontrou com o presidente da Cedae para discutir o convênio prorrogando por 60 anos os serviços de fornecimento de água e saneamento no município. Aquele que hoje reclama falava então: “A partir de agora, a Cedae e a Prefeitura de Maricá serão parceiras na captação de recursos. Iremos juntos a Brasília buscar verbas para o saneamento da cidade".
De lá para cá, o que mais fez foi brigar com o governo estadual, evitando qualquer diálogo quanto ao abastecimento. Simplesmente deixou de lado como prefeito a responsabilidade de cuidar dos interesses da população. Preferiu se empenhar em ações eleitoreiras para eleger a mulher e um companheiro às câmaras.
O digníssimo, que só não esquece de fazer farra com o dinheiro público, sequer vai se lembrar que anunciou a criação de uma empresa de águas municipal, nunca saída do papel. Em resposta, mesmo sem água, o município ganhou uma estação de tratamento e captação de água. Parece piada, mas ainda no bolo colocaram a construção de uma Estação de Tratamento de Água na Serra do Lagarto, próxima à divisa com Itaboraí, ao custo de R$ 70 milhões. E está tudo como antes. Nada mais se falou do assunto.
Mas como promessa é a única coisa que chove em Maricá, Quaquá, o digníssimo, anunciou que o município teria mais de 80% atendidos pela rede de abastecimento até o fim do mandato, em 2012. "Essa parceria com o governo estadual e a Cedae já garantiu água também para Bananal, Ponta Negra e Cordeirinho, além do aumento da vazão na região do Centro. Vale lembrar também que é mais um grande investimento que estamos levando para a região de Inoã, além dos que já estão em andamento, o que não ocorria havia mais de 50 anos". De mandato renovado, disse o dito pelo não dito e tome de incentivar, e angariar simpatias, por mais condomínios e shoppings instalados.
Está-se em 2015 e esse mesmo indivíduo volta a tocar na água com a maior desfaçatez de quem durante seis anos só levou o problema com a barriga e dele tratou apenas de boca, quando era interessante para ele. Como tudo, enfim, na seca, tórrida, desabastecida e punida cidade por um governo mafioso, que tomou de assalto a prefeitura.
Quantas vezes usamos 'mudança climática' no dia a dia?
Mudança climática. Duas palavras cada vez mais presentes na linguagem cotidiana dos latino-americanos, que em 2014 sofreram variações bizarras no clima, afetando seu dia a dia e surgindo como uma ameaça a ser levada a sério em 2015.
Não se trata de sermos apocalípticos, mas os sinais estão aí e não podem ser ignorados. Na América Latina, foram registradas as tempestades mais intensas e recorrentes nos últimos anos, períodos cada vez mais intensos de secas e desaparecimento das majestosas geleiras andinas.
Tudo como consequência de um mundo cada vez mais quente, que tem um impacto direto na agricultura e na pesca e, por isso, põe em risco a capacidade de produzir alimentos aos mais de 7 bilhões de habitantes do planeta.
Segundo o recente relatório Baixemos a Temperatura, a América Latina é responsável por apenas 12,5% das emissões de efeito estufa —destacadas como as principais causadoras do aquecimento global--, mas será uma das regiões mais afetadas se a temperatura mundial aumentar quatro graus centígrados, segundo previsões para 2100.
Esse panorama foi o centro das discussões na COP20, realizada em Lima, onde também foi analisado o impacto do aquecimento na saúde da população e na economia mundial.
Apesar das diferenças, em Lima foi acertado no último minuto um acordo para tentar frear a mudança climática, embora não seja vinculante. Agora as esperanças apontam para a conferência Paris 2015, onde deve ser selado um pacto definitivo que obrigue todos os países a adotar ações que reflitam uma diminuição real das emissões.
Enquanto isso, na América Latina os países continuam trabalhando arduamente para reduzir sua marca ambiental e frear o aquecimento global.
A região é uma das mais ativas na promoção dos mercados de carbono, que oferecem incentivos às empresas e comunidades para emitir menos CO2 e ajudam na conservação das vastas zonas florestais. A Costa Rica, por exemplo, se transformou em 2014 no primeiro país da América Latina a ter acesso, por enquanto, a esse sofisticado mercado.
Mesmo assim, a região latino-americana está na vanguarda da chamada “agricultura inteligente”, com o Uruguai na liderança. Esse país, com apenas três milhões de habitantes, passou de uma produção de alimentos para 9 milhões de pessoas em 2005, para 28 milhões de pessoas atualmente, e sua ambição é chegar até 50 milhões de pessoas.
“A agricultura focada no clima se apresenta como uma oportunidade para abordar a segurança alimentar de forma integrada, com benefícios de adaptação e mitigação de impactos”, disse Mohamed Bakarr, especialista ambiental sênior do Fundo para o Meio Ambiente Mundial (FMAM).
É que as mudanças no clima têm um impacto direto na produção alimentar e poderiam gerar instabilidade social nos países em desenvolvimento. Segundo José Antonio Cuesta, economista do Banco Mundial e um dos autores do relatório Alerta sobre o Preço dos Alimentos, “em uma sociedade com maiores níveis de insatisfação é mais provável que se reaja de forma mais violenta às consequências de uma crise alimentar”.
“No último relatório Alerta sobre o Preço dos Alimentos, calculamos que nos últimos seis anos foram registradas 53 manifestações violentas no mundo (relacionadas à escassez de alimentos), das quais oito foram na América Latina”, acrescentou em uma entrevista.
Os vaivéns do clima também podem deixar muitas pessoas sem trabalho. No âmbito macroeconômico, o impacto não é menor: o setor de agricultura dá emprego a quase 20% da população na América Latina e no Caribe, e representa 21% do PIB regional.
Especialistas preveem que o impacto da mudança climática na produção de grãos básicos pode ser muito maior do que imaginamos. Na Argentina, por exemplo, estimativas do Banco Mundial apontam que os produtores perderão 2,5 bilhões de dólares (6,6 bilhões de reais) na produção de soja e milho, por causa das mudanças no clima.
Mas a mudança contra o aquecimento global não se trata apenas de reduzir emissões, mas também de saber gerenciar recursos, e na América Latina a água ocupa o primeiro lugar na lista de prioridades.
O crescimento demográfico e econômico, somado às mudanças climáticas, aumentará a pressão atual sobre os recursos hídricos. De fato, segundo especialistas, entre 43% e 50% da população mundial viverá em países com escassez de água em 2080, comparado com a parcela atual de 28%.
Os desafios em relação à água são muitos e requerem soluções multisetoriais. Alimentar 9 bilhões de pessoas que devem habitar o planeta em 2050 vai exigir duplicar a disponibilidade de água para fins agrícolas. A irrigação é, de longe, a atividade que mais consome água e representa quase 70% da extração e 90% do uso destinado ao consumo no mundo.
O mesmo acontece com a energia. Atualmente, mais de 1,2 bilhão de pessoas não têm acesso à eletricidade. Calcula-se que para produzir energia hoje em dia seja necessário cerca de 15% dos recursos hídricos. Mas as estimativas indicam que o gasto global com eletricidade aumentará cerca de 35% em 2035 e, embora o consumo de água seja mais eficiente, o consumo real desse recurso pelo setor de energia pode subir 85%.
Leia mais o artigo de María José González Rivas, editora do Banco Mundial
O crescimento demográfico e econômico, somado às mudanças climáticas, aumentará a pressão atual sobre os recursos hídricos. De fato, segundo especialistas, entre 43% e 50% da população mundial viverá em países com escassez de água em 2080, comparado com a parcela atual de 28%.
Os desafios em relação à água são muitos e requerem soluções multisetoriais. Alimentar 9 bilhões de pessoas que devem habitar o planeta em 2050 vai exigir duplicar a disponibilidade de água para fins agrícolas. A irrigação é, de longe, a atividade que mais consome água e representa quase 70% da extração e 90% do uso destinado ao consumo no mundo.
O mesmo acontece com a energia. Atualmente, mais de 1,2 bilhão de pessoas não têm acesso à eletricidade. Calcula-se que para produzir energia hoje em dia seja necessário cerca de 15% dos recursos hídricos. Mas as estimativas indicam que o gasto global com eletricidade aumentará cerca de 35% em 2035 e, embora o consumo de água seja mais eficiente, o consumo real desse recurso pelo setor de energia pode subir 85%.
Leia mais o artigo de María José González Rivas, editora do Banco Mundial
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