Era uma vez um tirano,
com olhos frios de aço
e com ar de fazer dano
a quem lhe não desse abraço.
Governava gente bruta,
amiga de obedecer,
mas mais que baste astuta,
pra com isso enriquecer.
Como todos os tiranos,
que gostam de ver poder
a crescer, todos os anos,
deitou tudo a perder.
O tirano é incapaz
de matar a sua fome:
ter muito não satisfaz
o desejo que o consome.
Cria exércitos sem fim,
manda jovens para a morte;
a vida fica ruim
pràquele povo em desnorte.
Falta o pão e o café
e o calor que mata o frio,
e é tudo um banzé,
estando a vida por um fio.
O dinheiro desvanece
e os bancos ficam vazios:
ser banqueiro desmerece,
naqueles cofres baldios.
Mas o tirano não sabe
que pra rudo há um fim:
o universo não cabe
neste pífio folhetim.
Tirano acaba mal,
assim reza o passado:
lá pró fim já cheira mal
o patife estouvado.
Ou se mata ou o matam,
não há mesmo outra escolha:
quando os laços se desatam,,
a morte não é zarolha.
Visava ser imortal,
como são os mesmo grandes,
mas ficará tal e qual
os que são meros Fernandes!
Eugénio Lisboa
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