O assunto já parecia esgotado,
mas não: agora começo a receber pedidos de assinaturas em manifestos de
desagravo e de apoio à d. Dilma, como se os xingamentos que recebeu na abertura
da Copa fossem algo nunca ouvido. “Não porque ela é a presidente. Nem porque é
do PT. Nem precisa gostar dela ou do PT. É porque uma senhora deve ser
respeitada. Imagino que todos tenham mãe, irmãs, esposas ou mulheres próximas
que não gostariam que fossem xingadas” escreveu uma amiga ao me encaminhar o
terceiro pedido que recebi em menos de dois dias.
Ela está enganada. Como tanta
gente já observou, não há figuras mais desrespeitadas em estádios do que as
mães, e não é de ontem. Mas nunca, jamais, ninguém propôs um manifesto a favor
das mães dos juízes, todas, suponho, senhoras de certa idade. Os manifestos
estão surgindo exatamente porque Dilma é a presidente, porque é do PT (que
sempre foi especialista em agitprop) e, sobretudo, porque estamos em ano
eleitoral, e o partido ainda vai fazer o que puder para explorar politicamente
o episódio. Como, aliás, faria qualquer outro partido — embora, mais uma vez,
os petistas estejam forçando a mão na odiosa divisão de classes e raças que tem
sido a sua marca registrada, ricos versus pobres, eles contra nós, cronópios e
famas.
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