Depois de 12 anos de PT, a esquerda se tornou conservadora, e a direita pressiona por mudanças. Só que Dilma não pode ignorar as reformas reivindicadas
"Nada de experimentos!
Manter o curso! Continuemos assim!" Quem diria que justamente os velhos
slogans eleitorais dos conservadores alemães se aplicariam ao Partido dos
Trabalhadores (PT) brasileiro? A legenda da presidente Dilma Rousseff se tornou
conservadora. Ela quer preservar o status quo, prosseguir como fez até agora.
A maioria dos eleitores
brasileiros tampouco queria experimentos: 51,64% deram seu voto a Dilma; o
adversário Aécio Neves, do conservador PSDB, ficou com 48,36%. Em especial os
eleitores das camadas mais pobres temeram que as reformas prometidas por Aécio
também não fossem poupar os programas sociais.
É paradoxal, mas, depois de
12 anos de PT no poder, os conceitos políticos se deslocaram. A esquerda se
tornou conservadora; a direita, por sua vez, pressiona por mudanças. Mas todo o
Brasil não está ansiando por revolução e mudança? Os enormes protestos de junho
de 2013, pelo menos, foram interpretados como indício inconfundível da
insatisfação crescente com o governo da presidente Dilma.
Aécio não conseguiu usar em
favor próprio essa insatisfação crescente. Sua campanha anti-Dilma teve sucesso
sobretudo junto àqueles que já estavam céticos em relação ao PT. Os eleitores
indecisos ou os simpatizantes do Partido dos Trabalhadores, esses ele não
conseguiu convencer de seus méritos.
Dilma, por sua vez, reagiu
com habilidade aos protestos de 2013 e "mandou ver". Ela trouxe
médicos cubanos para o país e se empenhou para que o Congresso aprovasse duas
leis que há anos estavam na gaveta: o emprego da receita adicional da
exploração do petróleo nos setores de saúde e educação; assim como a definição
da corrupção como crime hediondo.
Dilma não podia nem pretendeu
acabar com a polarização da sociedade brasileira. Vencida a eleição, os
petistas se encontram diante de um monte de destroços políticos. Escândalos de
corrupção abalam o partido, investidas verbais abalaram relações pessoais, uma
burocracia inflada fornece guarida a aproveitadores políticos.
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