Michel Temer, pelos erros cometidos na formação de seu ministério, somados ao que disse o delator, aumentou por ora a capacidade explosiva da bomba posta debaixo de sua cadeira. Provavelmente, seja porque o que disse o delator não é a verdade, seja até mesmo por questão de datas, dificilmente será alcançado pelo que delatou o ex-presidente da Transpetro (cujas regras internas tornaram a Petrobras “a madame mais honesta dos cabarés do Brasil”).
Em relação ao presidente interino, o que houve (até agora) foi o seguinte: Temer solicitou ao delator Sérgio Machado a quantia de R$ 1,5 milhão para a campanha do candidato Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo, em 2012. Em seu pedido, segundo o delator, “ficou muito claro, pelo contexto da conversa, que a solicitação envolvia a busca de recursos ilícitos de empresas que mantinham contratos com a subsidiária Transpetro, e que o dinheiro, depois, seria registrado na forma de declaração oficial”.
O difícil é disfarçar que esse tem sido, ao longo dos anos, com honrosas exceções, e não só depois da redemocratização, o “modelo” utilizado por partidos políticos, candidatos e eleitores aos mais diversos cargos eletivos. Fruto, sem dúvida, do patrimonialismo de um Estado corrupto. Talvez possa ter ficado fora a República Velha. Na época, o produto interno bruto era pouco atraente e não existia o “marketing político”. Nem por isso as eleições eram limpas e isentas das manipulações de poder.
Na entrevista ao penúltimo programa “Roda Viva”, o cientista político Antônio Lavareda, depois de observar que “a volta de Dilma é tão improvável quanto uma vitória do Lula na sucessão presidencial de 2018”, afirmou que os resultados obtidos na operação Lava Jato tornaram mais urgente uma reforma político-eleitoral, “que deveria começar por mudanças profundas no sistema utilizado nas eleições parlamentares”.
Lavareda defende, dentre outras medidas, “a adoção da cláusula de barreira e o fim das coligações nas eleições proporcionais”. A consequência do sistema utilizado hoje só poderia ser o Parlamento que temos aí, “no qual só 13% confiam”. Ou seja, só poderíamos eleger um Congresso fragmentado, que impede a governabilidade e estimula a corrupção.
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