segunda-feira, 23 de março de 2015

Brigar com os fatos

Agora que a inflação volta, sobem preços de alimentos e cortes na Educação estão aí, passemos por cima dos filmetes de campanha

Além da situação notória, da economia à ética, passando pela política, parte da crise de desesperança que o país atravessa tem a ver com a perda de confiança e o sentimento generalizado de que andaram mentindo muito. Ao longo do tempo, versões foram substituindo fatos. Muita gente acabou acreditando no simulacro sem perceber que não correspondia ao real. Se esse mecanismo se perpetua, a frustração é cada vez mais perigosa para o país. Para evitá-la, vale a pena não se afastar dos fatos.

Não custa lembrar. Investigação não é indiciamento — cuidado para não identificar os dois processos e depois se queixar de que houve arquivamento. Aliás, arquivar por falta de provas ou devido a investigações mal conduzidas não é engavetar geral. E manifestação de protesto não é terceiro turno, como se diz. Outra coisa: doação de empresa para campanha não é ilegal. Ilegal é esconder isso ou depois cobrar vantagens. Ou usar dinheiro que não era próprio, mas apenas repassado dos cofres públicos, vindo de um sobrepreço em serviços prestados ao governo, ou de empréstimos vantajosos vindos do Tesouro. No Japão, é lei: empresa que negocia com o governo não pode ter qualquer relação com funcionários do mesmo, nem para dar uma carona ou um presentinho. Ou seja, pode-se ter leis que controlem, sem precisar obrigar a votar na lista prévia feita pelo dirigente partidário, como tentam nos empurrar goela abaixo. E não precisa haver campanhas tão caras. Nem tantos partidos.

Leia mais o artigo de Ana Maria Machado

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