segunda-feira, 23 de março de 2015

A pressão precisa continuar

PMDB, acuado pelos indiciamentos do petrolão e assustado com as manifestações que encheram as ruas do país, pedindo impeachment e moralização, reagiu sem pestanejar durante a semana que passou. Ainda mais com a cabeça a prêmio de suas principais lideranças congressuais e de seus governadores.

Apresentou, na vigésima quinta hora da crise, propostas de austeridade que merecem ser levadas a sério. Cortar na carne dos governos e das administrações públicas despesas e gorduras.
Passou da hora de se fazer essa justiça. Soa, sem dúvida, pura demagogia saindo da boca de quem mais atuou (PMDB) para escancarar os cofres públicos ao assalto de quadrilhas. Última e recente proposta: conceder a cota de passagens para parentes de parlamentares. O acinte durou poucas horas, o suficiente para mostrar a indigência moral que assola o Congresso Nacional.
Resta entender a capacidade de um mesmo partido gerar propostas monstruosas e outras que seguem ao encontro do bom senso, tudo isso em poucos dias e sem mudar de paletó.

Aperceberam-se, com milhões de pessoas nas ruas, que falta autoridade moral aos governantes e à Corte para pedir mais sacrifícios ao contribuinte, exatamente a quem trabalha de verdade e dá sustento à nação. A sensação de ser roubado e feito de palhaço deixou de ser sentida apenas na classe média. As pesquisas apontam uma queda de popularidade do governo, que teve precedente nos piores momentos da história republicana, como foi a cassação do presidente Fernando Collor.
Os senhores parlamentares se atribuíram um aumento salarial de 50% a partir de fevereiro, outros aumentos de verbas de gabinete, ajudas de custos no mesmo índice, em cascata atingindo Assembleias estaduais e Câmaras municipais. Ainda se preparou um aumento de repasse de dinheiro público para as cotas dos partidos. Isso passando de R$ 1 bilhão a cada ano.
Pouca-vergonha.

Há de se esperar que a proposta do PMDB avance, receba emendas e se aperfeiçoe, que a sociedade civil se mobilize e exija urgência e prazo máximo de 60 dias de tramitação para os cortes propostos. Mesmo que seja um lance demagógico de quem tem pouca moral, que se leve adiante.
A proposta é que os ministérios sejam limitados por emenda constitucional ao número de 20. Já é um começo, apesar de existirem fórmulas de deixar tudo igual. As reduções deveriam ser orçamentárias e alcançar todos os Poderes e todas as instâncias.

O Poder Legislativo, que o PMDB preside no Congresso, virou um ralo por onde saem, a qualquer título entre os mais esfarrapados, salários estratosféricos, mordomias de figuras que apenas se dedicam a assaltar finanças públicas e montar mensalões.

Cortar em um terço os cargos do Legislativo e cortar pela metade seus orçamentos, a começar dos municípios, seguindo pelos Estados e subindo até o Congresso Nacional.

Cortar os cartões de crédito ou ao menos dar-lhes total transparência, assim como aos empréstimos do BNDES que vão para outros países bancar obras de infraestrutura que aqui faltam tanto quanto ou até mais que lá fora.

Obviamente não é tarefa fácil, mas a mobilização popular, apenas ela, poderá estimular a vergonha que até hoje faltou para termos um sistema mais justo.

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