O grande Stefan Zweig, com seu livro-exaltação “Brasil, país do futuro”, de 1941, se esqueceu de acrescentar que era um futuro do subjuntivo, que vem sempre acompanhado de um “se”. Deixa de ser um país do futuro, se atender a determinadas condições, se cumprir tais e tais exigências, se.... Senão, corre o risco de daqui a 75 anos continuar sendo o país do futuro. No famoso poema “Se”, de Rudiard Kypling, que embalou a adolescência de minha geração, há mais de 30 “se”, ou seja, de metas a cumprir para que alguém possa considerar-se um verdadeiro homem: “se, enganado, não mentir ao mentiroso”/ “Se, odiado, ao ódio te esquivares” e assim por diante. Esses são os “se” condicionais.
Mas são os “se” de ações hipotéticas, aquelas possíveis ou até prováveis, as que mais inquietam e afligem hoje o mundo político. Por exemplo: e se o TSE cassar a chapa Dilma-Temer? E se Eduardo Cunha conseguir se safar mais uma vez? E se o Senado não aprovar o impeachment da presidente afastada? E se a bala de Sérgio Moro atingir todos os que estão na sua lista de investigados? E se fracassar definitivamente o pacto de Romero Jucá para “estancar a sangria” da operação? E se a República não resistir à “República de Curitiba”?
Mas vamos parar de pessimismo. O Brasil é maior do que a crise, sempre dá a volta por cima, é abençoado etc etc. Vai dar tudo certo, se Deus quiser e se a Lava-Jato deixar.
Zuenir Ventura
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