A mecânica perversa de irrefreada ampliação dos gastos públicos foi disparada no regime militar e compreensivelmente exacerbada pela incapacidade política e pelo despreparo econômico de uma social-democracia hegemônica ante as legítimas pressões sociais de uma democracia emergente.
A tragédia brasileira registra o mais longo esforço anti-inflacionário da história universal.
A corrupção e o desemprego são sintomas de um duplo colapso: teremos de mudar ainda neste ano nossas formas de fazer política e tocar a economia. A reforma política e a mudança de regime fiscal seriam a confirmação do amadurecimento de nossas instituições.
Na política, os sucessivos escândalos refletem uma transição inacabada do Antigo Regime para a Grande Sociedade Aberta. É inaceitável que a única forma de conduzir as atividades políticas, desde o financiamento de campanha até a obtenção de maioria parlamentar, seja esta roubalheira.
Na economia, a essência de uma estabilização rápida e com pouco sacrifício da produção e do emprego é a fulminante reversão das expectativas sob um novo regime fiscal, acompanhado de reformas de modernização.
Em poucos meses teremos a definição do atual impasse político. O aprofundamento da recessão e o aumento do desemprego garantem o desgaste cada vez maior do governo perante a opinião pública. E medidas de sempre, como o aumento dos juros e dos impostos para controlar a inflação, agravam o quadro recessivo, contribuindo também para a impopularidade do governo.
Não compreendo como possa a presidente desperdiçar a oportunidade de dar um cavalo de pau nos gastos públicos espetando a conta política no Plano Temer, do PMDB, antes que seja tarde.
Paulo Guedes
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