Cada vez mais convencidos de nossa própria inocência, também assinamos este manifesto – e falsificamos algumas assinaturas – para podermos ter o direito de quebrar algumas catracas sem sermos presos e termos a nossa cara estampada naquela revista de grande circulação, de forma vil e espetaculosa. Uma parcela significativa da população ainda não se deu conta disso.
Como bandidos, meliantes, punguistas, estelionatários, políticos e administradores que somos, exigimos o devido respeito das instituições as quais assaltamos. Não é possível que o monopólio do massacre – coisa que era exclusivamente nossa – agora também recaia sobre os justiceiros da justiça, os jornaleiros dos jornais, os revisteiros das revistas, os policiais da polícia e outras organizações não alinhadas com o nosso movimento.
Tão usando a mídia de forma inconsequente e irresponsável contra nóis, os bando. Querem que a sociedade fique contra nóis e nossas prática, uma vez que roubar, traficar, assaltar, mentir e dissimular faz parte da nossa cartilha de atuação sobre essa mesma sociedade, que deveria receber o assalto, o estrupo e a roubalheira como políticas de Estado. É o estado lastimável que nóis temos.
É de todo inaceitável que uma justiça achada na rua como a nossa queira agora nos culpar pelo que somos ou fazemos. Somos produto dessa mesma sociedade que nos quer presos. Batemos nossos tambores, colocamos nosso som alto e incomodamos a vizinhança com nosso churrasquinho de gato porque essas são as formas de aumentar a intolerância, fingir que somos arruaceiros e barulhentos e afugentar nossos desafetos.
Na verdade, precisamos de mãe. Nascemos sem ela. Por isso o nosso repúdio. O Estado de Esquerda está sob ameaça do Estado de Direita e o Poder Judiciário não pode esquecer de seus apartamentos luxuosos em Miami. Exigimos um julgamento justo e imparcial, de preferência com vista pro mar e smartphone liberado. Urge uma postura rigorosa de todos nóis contra essa sociedade tão injusta com a gente. Nóis constituímos uma gangue. Eles querem mesmo é acabar com a gente.
Assinado: É nóis.
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