Muitos eleitores votaram em Bolsonaro por não aceitarem mais o desgoverno do PT e a tentativa de impor uma república sindicalista. O arrependimento desses eleitores de Bolsonaro só não é maior, porque a opção petista se tornara algo completamente abominável. Mas agora, depois dos primeiros 100 dias de governo, a situação se mostra sinistra.
Da mesma maneira que ocorria durante os governos petistas, continuamos a viver um tempo de radicalismo. A diferença é que antigamente tínhamos de aguentar os fanáticos petistas, que adoravam – e ainda adoram – a figura abjeta de Lula da Silva. E agora somos obrigados a conviver com os fanáticos bolsonaristas, que nada ficam a dever aos seus antecessores.
De repente, o país se envolve numa discussão ideológica totalmente ultrapassada, com o chanceler e o presidente defendendo a tese exótica e surreal de que Hitler era de esquerda, sem perceberem que estão desmoralizando o país no exterior, sem a menor noção do ridículo.
É um governo se move em termos de teoria conspiratória e enxerga inimigos em toda parte, como se vivêssemos no Teatro do Absurdo, em docudramas de caráter altamente surrealista.
O presidente da República demonstra desvios de personalidade, deveria ser submetido a uma junta médica, pois se julga perseguido pelos principais órgãos de imprensa. Continua dando “entrevistas coletivas” em que proíbe a participação de jornalistas do grupo Globo, Folha, Estadão, Valor, UOL, CBN etc., algo jamais visto em qualquer democracia minimamente organizada.
E o pior é que esse comportamento paranóico tem apoio de milhares de fanáticos que saem em defesa de Bolsonaro nas redes sociais e na mídia em geral, inclusive em blog e sites. Dividem o mundo entre bolsonaristas e petistas, esquecidos de que a imensa maioria dos brasileiros pode não se encaixar nessas duas denominações, fazendo parte da maioria silenciosa que prefere trilhar o caminho do meio.
Em lembrança ao slogan anarquista espanhol “Hay gobierno? Yo soy contra”, pode-se dizer que no Brasil a situação está pior ainda, porque aqui “no hay gobierno”. O presidente se abstém de governar, reina a inércia no país, enquanto o suposto chefe do governo faz seguidas viagens ao exterior, acompanhado do filho 03, que é uma espécie de “chanceler informal”, vejam a que ponto chegamos.
Pensava-se que um governo militar eleito democraticamente significasse uma luz no fim do túnel, mas era só aparência. Os militares do Planalto não conseguem conter Bolsonaro e os três filhos, que se comportam como príncipes-regentes. A omissão e o caos rondam o governo que recentemente tomou posse, mas não governa nem a si mesmo.
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