Como uma nostalgia caricata da monarquia, uma das piores
distorções do presidencialismo brasileiro é a sua atitude imperial. Os
governantes falam eu fiz isso/eu fiz aquilo como se tivessem feito com as
próprias mãos, pagando do próprio bolso.
O governo federal se mostra como um magnânimo monarca quando
repassa verbas públicas aos estados e municípios, como um grande favor e um
gesto de bondade a ser retribuído. Quando era ministro do Trabalho, Carlos Lupi
apresentava em rede nacional estatísticas de emprego e eu quase acreditava que
tivessem sido criados por ele e seu ministério, e não pela indústria, comércio
e serviços… rsrs.
Não é só uma cara de pau algumas vezes hilariante, e outras,
constrangedora, mas símbolo de uma cultura popular em que o presidente é imaginado
como um imperador, que distribui dinheiro, empregos, progresso e justiça por
vontade soberana, como se não existissem o Congresso, os tribunais, o
Ministério Publico, a imprensa, as redes sociais e a opinião pública.
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