Sediar uma Copa do Mundo e ter novos estádios não significa
que os clubes brasileiros oferecem boas condições em sua formação profissional
de base. Foi o que constatou o Ministério Público do Trabalho em 29 inspeções
realizadas em 22 clubes de futebol do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Roraima,
Mato Grosso e Minas Gerais, entre eles Flamengo, Corinthians e Atlético
Paranaense. Os principais problemas encontrados foram a formalização de
contratos firmados com os adolescentes e existência de alojamentos insalubres e
degradantes, com instalações sanitárias e vestiários precários.
As irregularidades nos contratos se referem à falta de
documentação dos adolescentes e crianças e a autorização dos pais. Em alguns
casos, faltam até contratos. Nos alojamentos de atletas adolescentes, há
condições degradantes e insalubres, como falta de armários individualizados e
condições de higiene inadequadas. Nem todos os clubes contam com estrutura
de acompanhamento interno de médico, psicólogo e fisioterapeuta para
atendimento dos atletas, por exemplo, em casos de grave lesão. Um dos quesitos
que a maioria dos clubes tem de positivo é a alimentação, que segue padrão de
higiene e nutrição balanceada.
Para o procurador do Trabalho Rafael Dias Marques,
coordenador nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do
Adolescente (Coordinfância) do MPT, o relatório das inspeções demonstra que “a
formação profissional de atletas no Brasil, em grande parte, ocorre em
desrespeito aos direitos fundamentais da infância, o que deve servir de alerta
ao sistema de garantia”. Segundo ele, os clubes serão chamados para ajustar
suas condutas ilícitas, podendo, ainda, sofrer ações judiciais para reparação
dos danos causados.
Foram inspecionados Botafogo, Fluminense, Flamengo (RJ); Palmeiras, Nacional, Audax, Corinthians, São
Paulo, Botafogo, Comercial, Guariba, Monte Azul, Olé Brasil, Sertãozinho (SP);
Mamoré, Nacional de Nova Serrana e Patrocinense (MG); Atlético Paranaense
e Centro de Excelência Alexandre Pato (PR); Genus (RO); Brasil Central e Cuiabá
(MT).
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