segunda-feira, 15 de junho de 2015

A revolução verde de Copenhague

A Capital Verde Europeia de 2014 possui uma política ambiental defendida por todos
Praça no centro da cidade preparada também para grandes chuvaradas
Uma colina inesperada ergue-se no coração de Nørrebro, um distrito de Copenhague com forte concentração de imigrantes que passa por um rápido processo de gentrificação. A elevação, insólita numa cidade assustadoramente plana, é rodeada por edifícios do século XIX, mas também por construções modernas. A grama está cuidadosamente cortada, e duas estudantes conversam tranquilamente deitadas sobre uma manta numa tarde instável de primavera. O campo não tem árvores, apenas arbustos. Mas a colina é uma ilusão de ótica, não existe: na verdade, é o teto de um ginásio e foi construída dentro de um plano da capital da Dinamarca para criar a maior quantidade possível de jardins e terraços – seja como parques, para plantar hortas urbanas ou para aproveitar a água da chuva, com o objetivo de refrigerar os edifícios no verão.

Escolhida três vezes consecutivas pela revista britânica de tendências globais Monocle a cidade mais habitável do planeta, eleita Capital Verde Europeia 2014 e designada por uma pesquisa da The Economist Intelligence Unit como a capital mais sustentável da Europa, Copenhague está imersa numa revolução verde que afeta todos os aspectos de sua vida urbana. Uma das escolas financeiras mais prestigiosas do mundo, a London School of Economics, publicou recentemente um estudo sobre o processo que levou Copenhague a se transformar na "líder mundial em economia verde”. O relatório conclui que a redução de emissões e a aposta em políticas ambientais não apenas são positivas para o planeta, mas também se transformaram num belo negócio para o país nórdico. A cidade dinamarquesa pretende se tornar a primeira capital neutra em emissões de carbono até 2025. E seus habitantes estão certos de que vão conseguir: houve uma redução de 40% nas emissões desde 1990, e a partir de 1980 o PIB da Dinamarca cresceu 80%, enquanto o consumo energético se manteve estável.

“O que estamos fazendo aqui é novo, ocorre pela primeira vez”, explica em seu gabinete o ministro dinamarquês de Clima, Energia e Construção, Rasmus Helveg Petersen, de 46 anos. A inclusão dessas três pastas num só Ministério é uma verdadeira declaração de princípios. “Há 20 anos, a Dinamarca era famosa pela indústria pornô e pelo bacon. Hoje, é conhecida pela transição rumo a uma economia sustentável”, diz esse político do centrista Partido Social Liberal. Em seu escritório com uma vista magnífica para os canais do centro de Copenhague, Petersen mostra um mapa da Groenlândia, território ártico pertencente à Dinamarca. “Se esse gelo derretesse, a água inundaria toda a nossa cidade. É uma questão de bom senso, mas também é algo bom para a economia do país.”

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