segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O custo da desordem

É possível, claro, argumentar que foi fatalidade. Imaginar que a culpa é dos outros. Que a crise é internacional. Que tudo vai passar rápido. Que após a travessia, brilha a terra prometida. Possível é. Mas não é verdadeiro. Muito menos verissímil.

Diante da monumental falha nos sistemas de governança da pátria amada, convém refletir. Vale a pena ser (ou tentar ser) objetivo. Entender que a chave é prevenir a repetição do desastre. Ou no, mínimo, desse tipo de desastre.


Surpreende, portanto, a falta de preocupação com a correção dos elementos que, afinal de contas, foram responsáveis pelo sofrimento presente e futuro. Que ninguém se engane. Este é somente o começo da crise. A duração e a extinção vão depender, em grande medida, da maneira como o país, suas instituições e suas empresas reformarem (ou não) seus sistemas de governança.

Prevenção é trabalho ingrato. Requer competência, desprendimento e determina cação. E, em troca, oferece benefícios intangíveis como credibilidade, estabilidade, e, por falta de palavra melhor, desenvolvimento.

Por isso, intelectuais, reguladores, investidores, empresários, políticos e, principalmente, a sociedade civil, deveriam estar debruçados sobre as reformas necessárias à prevenção de desastres futuros semelhantes aos atuais.

É preciso cobrir uma pletora de considerações, ações, estruturas, hierarquias, e processos para que se garanta o efetivo sucesso e qualidade da gestão publica e privada. Do trabalho, contraria interesses, e é coisa para muitos anos. Talvez seja essa a primeira razão para a indiferença com que o tema é tratado. Em um ambiente em que tudo o que importa parece ser os próximos dias, pensar em reforma de instituições, mudança de valores e melhorias no controle parece mesmo ser sonho destinado ao esquecimento.

Mas, mais forte do que a indisposição para o trabalho de longo prazo, talvez seja a teia de interesses envolvendo todos os aspectos da vida nacional. A ausência de lideres combinada com a inerente falta de credibilidade das instituições causa medo de perda. E medo paralisa.

Tudo isso torna a todos os autores involuntários de enredo pobre e trágico. Trágicos atores de tragédia que, olhada de longe, pareceria. Mas que, ao final, não vai resultar em aplausos. Apenas em lamentações. Novamente.

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