O general João Batista Figueiredo, último presidente da ditadura, também apelou certa vez para um verbo incomum. Reagindo às tremendas pressões sobre ele, vindas tanto dos civis quanto da linha-dura militar, Figueiredo explodiu: “Olha que eu recrudesço!”. O país parou, expectante. Parecia uma ameaça —mas de quê, como e contra quem? No Pasquim, Jaguar botou seus dois calunguinhas para discutir. Um deles pergunta: “O que é ‘recrudesço’?”. E o outro: “Não sei. Mas tem cru no meio”.
Jânio Quadros passou à história por ter justificado sua renúncia à Presidência da República com o imortal “Fi-lo porque qui-lo”. Depois tentou emendar, dizendo que o certo era “Fi-lo porque o quis”, mas isso não alterou seu gambito politicamente suicida.
Michel Temer, por sua vez, deixou saudades por seu domínio da mesóclise: “Se perceber algo errado na condução de meu governo”, ele disse, “consertá-lo-ei”. E fê-lo bem ao dizê-lo —mas, se a Justiça continuar procurando algo errado em seu governo, encontrá-lo-á.
E Dilma Rousseff, que levou o pensamento lógico a níveis patafísicos, usava os verbos como ninguém, como nesta passagem que ainda intriga os filólogos: “Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar ou perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder”.
Só resta ao povo aloprar ou recrudescer.
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