John Kenn Mortensen |
Mas, e quando o quadro é invertido? A pessoa se mostra agitada, inquieta, acha que nenhum lugar está bom, se transtorna com facilidade, algumas vezes fica agressiva, reclama de tudo, não dorme bem e já acorda de mau humor. Num mundo acelerado, corrido, competitivo, a angústia e a depressão se mascaram, e a confusão mental se instala.
Ideias de ruína, cismas, mania de perseguição e nervo à flor da pele fazem surgir sintomas físicos. A dor no peito contínua, o corpo dolorido como se cada fibra muscular doesse ao mesmo tempo, coração disparado, respiração curta como se faltasse ar. O corpo acelerado, a ausência de relaxamento, uma “pensação” disparada, sofrimentos antecipatórios, preocupações irrealistas e monotemática, parasitam a mente. Erradamente interpretada como fase maniforme ou bipolaridade, tem levado a tratamentos que ou sedam, ou impregnam, ou agravam o quadro. O diagnóstico se complica e retiram da pessoa sua potencialidade, qualidade de vida.
Talvez essa nova apresentação da “dor na alma seja característica de nossos tempos: hiperconectados 24 horas, sete dias por semana. Sempre insatisfeitos, correndo atrás de algo que no fundo é sobreviver. Nossa maquinação, perda do humanismo, um tempo acelerado, a sensação de que nunca seremos ou teremos aquilo que achamos ser ideal: riqueza, aparência impecável, sucesso. Abandonamos coisas simples, olhos nos olhos, um bom colo, detox de eletrônicos, um pôr de sol, aquela música inspiradora, a paz de espírito de quem tem tempo para apenas observar a dádiva de uma natureza que insiste em nos encantar. Levante os olhos da tela e algo mágico acontecerá: o prazer e o relaxamento o convidam para um novo tempo.
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