O Estadão deu show, ao publicar uma impressionante entrevista com Thales Rodrigues de Miranda, ex-coordenador jurídico da Petrobras, que participou das negociações para a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Miranda se recusou a assinar um parecer favorável à compra da unidade de refino no Texas, que se encontrava em péssimo estado de manutenção e chegou a ser apelidada de “Ruivinha” pelos engenheiros da Petrobras, devido à ferrugem em atinge suas instalações.
O advogado, que entrou na Braspetro por concurso, afirmou que houve “orientação do Rio” – em referência à sede da estatal – para fossem aceitas as polêmicas cláusulas do contrato e omitidas as informações aos membros do Conselho de Administração.
Outra matéria do Estadão revela que o ministro Vital do Rêgo, do Tribunal de Contas da União, determinou que a área técnica do tribunal reavalie a responsabilidade da presidente Dilma Rousseff e de demais ex-integrantes do Conselho de Administração da Petrobras, na compra da refinaria de Pasadena. O ministro também requereu que se analise eventual culpa de representantes da Astra Oil, antiga sócia da estatal brasileira no negócio.
Um comunicado sobre os novos passos da investigação será feito por Vital aos demais ministros da corte de contas em sessão marcada para esta quarta-feira. Vital, que é relator dos processos que apuram dano ao erário na compra da refinaria americana, mandou juntar ao processo a íntegra da delação de Agosthilde Monaco de Carvalho, engenheiro da Petrobras, que trabalhava na Área Internacional
Carvalho disse que, em 20 anos de empresa, nunca tinha visto o Conselho de Administração ser convocado para aprovar uma decisão da diretoria no dia seguinte, como ocorreu com a aquisição da refinaria do Texas. No depoimento, o braço direito de Nestor Cerveró disse que só com a ordem de “alguém de muito poder na Petrobras” poderia haver uma convocação expressa do Conselho de Administração, sem questionamento.
Na Veja, uma instigante reportagem de Daniel Pereira, Robson Bonin e Hugo Marques revela que a Diretoria Internacional, na gestão de Nestor Cerveró, foi transformada pelo então presidente Sérgio Gabrielli num órgão arrecadador de recursos para as campanha políticas do PT, com destaque para a campanha de Lula à reeleição, em 2006.
Uma das negociatas foi a exploração de poços secos em Angola. A Petrobras pagou US$ 300 milhões e Cerveró disse ter ouvido de Manuel Domingos Vicente – então presidente do Conselho de Administração da Sonangol, a estatal angolana do petróleo – que até 50 milhões de reais oriundos de propinas produzidas pelo negócio foram mandados de volta ao Brasil para irrigar os cofres da campanha de Lula.
Segundo Cerveró, a negociação foi conduzida pelas cúpulas dos dois governos. O delator apontou como negociador do lado brasileiro o então ministro Antonio Palocci, da Fazenda, que era membro do Conselho de Administração da Petrobras. A empresa perfurou poços secos e teve gigantesco prejuízo com a operação em Angola, mas, como explicou Cerveró, isso pouco importou, pois o objetivo era cozinhar os números e deles arrancar propinas para financiar a campanha presidencial de Lula.
Bem, com tanta notícia ruim, pode-se dizer que foi mais um fim de semana de inferno astral para Lula, Dilma & Cia., que inutilmente lutam para ganhar tempo e se preservar no poder, sem perceberem que o tempo conspira contra eles.
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