A ressurreição da CPMF foi o novo produto dessa fábrica de trapalhadas. Ao propor o retorno de um novo imposto, o governo voltou a irritar a classe média e, ao mesmo tempo, afugentou empresários que se aventuravam a defender a presidente.
Na política, as reações também foram desastrosas. A oposição reforçou o discurso de que a sociedade paga a conta da crise, e o petismo se recolheu em silêncio envergonhado. O vice Michel Temer, cortejado por conspiradores, ganhou motivo para se afastar ainda mais de Dilma.
O tiro no pé poderia ter sido evitado com uma simples avaliação do cenário. Se a CPMF foi derrubada em 2007, quando Lula batia recordes de popularidade, a chance de aprová-la agora seria próxima de zero. Por que gerar tumulto com uma ideia que jamais sairia do papel?
Nunca antes um governo espalhou tantas cascas de banana na calçada em que pisa. No início da semana, Dilma já havia transformado uma boa notícia em armadilha ao anunciar os cortes na Esplanada. Como ela não informou os alvos da navalha, criou-se um novo terremoto na base aliada. Partidos que se estapeavam por cargos de segundo escalão agora estão em pânico com a ameaça de perder ministérios.
Na sexta-feira, um ministro petista lamentava a sucessão de trombadas: "Estávamos saindo da mira, mas terminamos a semana com todos os canhões apontados para nós".
Na noite de sábado, o governo se rendeu ao óbvio e desistiu da ideia funesta de retomar a CPMF. Mesmo assim, Dilma será criticada pelo recuo. Sua política econômica voltou à roleta do improviso, e o buraco nas contas públicas continua aberto. As Organizações Tabajara não fariam pior.
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