segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Dizer que existe democracia no Brasil é uma enganação surrealista

Um dos maiores pensadores da História Moderna foi Lord Kenneth Clark, nascido em Londres em 1903, especialista em arte, professor em Oxford, diretor do Museu do Reino Unidos e que se notabilizou como um dos maiores historiadores do mundo, autor da obra clássica “Civilização, Uma Visão Pessoal”, lançada em 1969, quando ganhou o título de Barão. Um de seus pensamentos mais conhecidos diz tudo sobre ele: “Civilização? Jamais conheci alguma. Mas tenho certeza de que, se algum dia encontrá-la, saberei reconhecê-la”

Esta conclusão de Clark se adapta perfeitamente à atual situação do Brasil, porque aqui se diz que vivemos num regime democrático, mas isso “non ecziste”, como diria o célebre padre Óscar Quevedo.

Para que haja democracia é preciso que exista independência dos Poderes, como ensinou Charles-Louis de Montesquieu, que também era Barão, mas por nascimento. De família nobre, atacou duramente o regime monárquico absolutista. Era considerado filósofo, mas na verdade se consagrou como historiador e cientista político.


Este pressuposto fundamental de Montesquieu raramente foi obedecido no Brasil, de forma satisfatória. Pelo contrário, temos uma tradição de governos autoritários e ditatoriais, em que não houve a necessária separação entre poderes.

Agora, 33 anos depois da última ditadura, assiste-se ao crescimento da promiscuidade entre os três Poderes, que se tornaram dependentes entre si, a pretexto de “descriminalizar” a política, através da inviabilização da Lava Jato, tendo como contrapartida a blindagem da família presidencial e dos demais envolvidos em movimentações atípicas em qualquer dos três Poderes.

O mais curioso é que no Brasil esse tipo de conspiração se faz às claras. A proteção aos corruptos é feita sob argumento de garantir amplo direito de defesa. Foi o que justificou a libertação de José Dirceu, através de um habeas corpus que sua defesa nem pedira. E agora é a mesma justificativa para a pressão destinada a libertar Lula da Silva, o mentor do maior esquema de corrupção da História Universal.

Essas distorções não podem acontecer em regime democrático, mas o Brasil foge à regra. O economista Armínio Fraga declarou semana passada que “o maior problema do país é a desigualdade social”. A jornalista Miriam Leitão perguntou se ele era de esquerda. Fraga respondeu que estudara a questão e concluíra que nenhum país pode se desenvolver sem reduzir a desigualdade social.

Aqui no Brasil, um procurador que ganha média de R$ 80 mil mensais considera esse rendimento um “miseré”, sem perceber que isso significa 80 vezes o salário mensal da grande massa de trabalhadores brasileiros, diferença que não existe em nenhum país minimamente civilizado.

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