Trata-se, portanto, de começar uma ampla reforma política a partir de medidas que, entre outros, tenham o objetivo de reformar o sistema de organização partidária e fazê-lo com urgência, de modo que essa reforma vigore já nas eleições gerais programadas para daqui a um ano e meio. Esse foi um dos consensos resultantes do Debate Estadão.
A principal medida preconizada pelos debatedores para reformar o sistema político-partidário é a chamada cláusula de barreira, ou de desempenho, destinada a restringir o acesso a recursos públicos diretos, como os do Fundo Partidário, ou indiretos, como aqueles que patrocinam na mídia eletrônica o horário eleitoral dito gratuito. A existência desses recursos generosos é a principal razão pela qual a maior parte dos novos partidos é criada. Alguns dirigentes dessas legendas nanicas faturam tanto com a parte que lhes cabe na dotação anual do Fundo Partidário quanto, em períodos eleitorais, com a negociação do tempo de que dispõem no rádio e na TV.
De acordo com a Justiça Eleitoral, neste ano os 2 partidos nanicos que, entre os 35, receberão a menor cota de participação no Fundo Partidário – cuja verba total é de mais de R$ 720 milhões – terão direito, cada um, a R$ 260.184,96. Para o próximo ano, a pretexto de compensar a proibição de doações eleitorais de empresas, cogita-se de aumentar o Fundo Partidário para algo entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões, bem como da criação de um fundo eleitoral paralelo. Está claro, portanto, que a definição das fontes de recursos para as eleições de 2018 preocupa seriamente os políticos, que aparentemente não cogitam de reduzir os astronômicos custos das campanhas.
Em novembro do ano passado, o Senado aprovou, em segundo turno, por 69 votos a favor e 9 contra, a PEC da Reforma Política que estabelece a cláusula de barreira nos seguintes termos: continuarão desfrutando de todos os benefícios que têm hoje, como acesso ao Fundo Partidário, propaganda de rádio e televisão, estrutura funcional própria no Parlamento e outros, os partidos que obtiverem 2% de votos para deputados federais em todo o País, sendo um mínimo de 2% em cada 1 de pelo menos 14 Estados. Os partidos que não superarem essas barreiras terão reconhecidos os deputados que conseguirem eleger, mas não terão acesso a nenhum benefício.
Como toda PEC, essa precisa ser aprovada também em dois turnos na Câmara. Mas, até para demonstrar o quanto é necessária, foi engavetada pelos nobres deputados.
Editorial - O Estadão
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