terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Dez mandamentos da politicalha reinante

A proximidade do Natal nos lembra que todas as religiões históricas têm regras de conduta que, na doutrina de cada uma delas, aproximariam o ser humano do divino e da sua própria dignidade. É o caso das famosas ‘Tábuas da Lei’ da tradição judaico-cristã. Ao ver o desmoronamento do nosso sistema político, constato também que muitos negam aqueles preceitos tão enraizados na nossa cultura ocidental, ainda que os proclamem nas tribunas, púlpitos e palanques. De boca pra fora...

Pratica-se, no Brasil de hoje, uma contrafação grosseira, e tragicamente real, dos ‘Dez Mandamentos’, mencionados no livro do Êxodo, 34, 28, e no Deuteronômio, 4, 13, do Antigo Testamento. Sinal desses tempos em que tudo está de cabeça para baixo... Parece que a regra da ação política predominante é:

1 - Amar as coisas, em especial o dinheiro e o poder, sobretudo o que é transcendente e imaterial;

2 - Usar o santo nome de Deus em vão, para manipular em favor de interesses mesquinhos a fé ingênua de nossa gente;

3 - Desprezar domingos e festas como momento de reflexão, pois não pode haver descanso para as maquinações e negociatas no mundo do ‘time is money’;

4 - Desonrar os valores imorredouros que nossos pais e antepassados nos deixaram, como franqueza, respeito, justiça, simplicidade e altruísmo;

5 - Matar os sonhos da nossa juventude e destruir vidas, subtraindo pela corrupção o dinheiro que iria para a saúde e a educação;

6 - Pecar contra a pureza dos que ainda têm ideal e acreditam que podem fazer deste lugar um bom país, com oportunidade para todo(a)s;

7 - Roubar sem cessar, fortalecendo a cultura do individualismo e do levar vantagem em tudo;

8 -Levantar falsos testemunhos contra aqueles que ousam resistir às chantagens e tenebrosas transações;

9 - Desejar tudo o que é do próximo, no afã de acumular, seja aqui, seja no exterior;

10 - Cobiçar as coisas alheias, degradando pelo ambição do lucro o meio ambiente, e tirando dos pequeninos o teto, a terra, o emprego e o pão de cada dia.

Como quebrar essas tábuas e essas práticas, que trazem as ‘pragas do Egito’ para a vida nacional contemporânea? A Lei Maior do país, a Constituição de 1988, aponta o caminho. Para o primeiro passo, bastaria cumprir os princípios básicos da Administração Pública, inscritos no artigo 37, pelas quais o Supremo Tribunal Federal tem de zelar. Que todo(a)s os que exercem funções públicas vivam de acordo com os preceitos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência. Simples assim...

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