Edinho Silva, da Comunicação do Planalto, quase que agradeceu o número menor de manifestantes nas ruas como significativo de que "a população não abraçou o pedido de impeachment". Seria uma declaração lamentável de quem se desse ao respeito, mas não é o caso. Cumpre apenas mal e porcamente a função de pau mandado. Pena que pago com dinheiro público para desqualificar um gesto da imensa rejeição à presidente.
Nem o governo pode se dar ao luxo de divulgar tamanhas besteiras, nem outros têm direito de reclamar de menos gente nas ruas, procurar justificativas para a pouca participação. Isso é descaradamente condenar a democracia cidadã das ruas.
Qual o país já conseguiu promover cinco manifestações pacíficas, todas em domingo, na maior civilidade e democraticamente, com números tão expressivos?
Não importa a quantidade, ainda mais quando chega a centenas de milhares, mas o gesto. Estrangeiros ficam de boca aberta de o Brasil conseguir que o povo vá às ruas, em pleno domingo, para exigir a saída da presidente durante todo o ano.
Em lugar algum acontece gesto dessa ordem como os dos domingos de manifestação no Brasil. Mais ainda, sem qualquer iniciativa de partidos, sem bolsa lanche, vale transporte e outros estímulos.
É para colocar qualquer governo de cabelo em pé, porque ao lado dos milhares nas ruas há milhões em redes sociais, participando, aplaudindo, incentivando a participação.
O Brasil mostra que não mais para aos domingos apenas para ver Ayrton Senna correr, mas para fazer a presidente correr do governo, quiçá do país. É motivo para se bater palmas e pedir bis, hoje e sempre.
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