Um certo dia, os bancos da Argentina recusaram-se a restituir o dinheiro aos seus clientes.
Norberto Roglich depositara no banco todas as suas economias para evitar que os ratos as roessem ou que os ladrões as roubassem. Quando foi assaltado pelo banco, o senhor Norberto estava muito doente, porque os anos nunca vêm sozinhos e a sua reforma não bastava para pagar os medicamentos.
Não tinha outra opção: desesperado, entrou na fortaleza financeira e, sem pedir autorização a ninguém, abriu caminho até ao gabinete do gerente. Fechada na mão, empunhava uma granada:
– Ou me devolve o meu dinheiro, ou vamos todos pelos ares!
A granada era de plástico, mas realizou o milagre: o banco restituiu-lhe o seu dinheiro.
Depois, prenderam-no. O procurador sentenciou dezesseis anos de cadeia. Para o senhor Norberto, não para o banco.Eduardo Galeano
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